Kira escrita por atalanta


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

*.* Finalmente!
Já não aguentava de saudades dessa fic. v
Espero que gostem!
Kissus



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Eu também fazia minhas próprias preces, invocando Bastet e qualquer deus que pudesse interceder. Isso me surpreendeu, eu mesma nunca fui muito religiosa e agora eu era aprendiz de sacerdotisa num santuário pagão. Eu não tinha forças para assistir aquele evento. Parecia tão brutal para mim e atmosfera era tão familiar, eu podia comparar aquele momento às competições no Coliseu. Incontáveis espectadores para uma batalha.

E então começou, o arrepiante som das espadas cruzando o ar, o choque do metal conta metal, eu implorava que continuasse assim e que os golpes não atingissem seu objetivo.

— Como será definido o vencedor? — perguntei a Derek. Ele me olhou sério, enigmático, mas não respondeu. Isso me preocupou, só havia uma possibilidade então. Aquele que sobrevivesse sairia com a honra da vitória. Apenas o pensamento me deixou sobressaltada.

A verdade é que eu estava preparada para aceitar que Sed me detestasse, mas não compreendia a necessidade de se envolver em algo tão perigoso. Deus! Sed quase foi cortado pela espada de bronze, mas ele ainda sorria. No centro daquela arena improvisada eu só ouvia o som dos gritos da platéia animada, embora eu não gostasse, eu podia ver tudo. A fúria que Theo investia contra Sed, a velocidade que ele se desviava e novamente contra-atacava. Não imaginava que ele fosse tão forte e tão preparado nas artes da guerra. Nunca ouvi falar de um filho de sacerdote que trocara o fino papiro pela adrenalina da luta. Isso só provava que Sed era único e surpreendentemente preparado para essa competição.

Os golpes ficaram mais rápidos e vigorosos. Apressados em atingir logo, sob o sol quente eles se cansariam rapidamente. Então tudo seria decidido logo. Sed tinha um corte superficial no ombro direito, mas ainda conseguia empunhar a espada. Ele não recuara nem por um segundo, mas Theo também se mantinha firme. Sed era ágil como um puma, esquivo, mas não conseguia atravessar a defesa do seu oponente. Ele investiu mais uma vez, a espada de bronze brilhou e segou Theo por um instante. Foi o suficiente para que Sed o golpeasse com a mão esquerda. Theo cambaleou, mas não caiu.

O que eu devia esperar? Que Sed vencesse ou eu deveria torcer por Theo? Os olhos de Farah tinham a mesma dúvida, ela também estava dividida pelos laços que ela tinha com ambos. Compartilhávamos a mesma incerteza, o mesmo drama. Mas será que eu realmente tinha laços tão fortes com Sed? A compreensão veio rápida como uma flecha. Eu não estaria tão nervosa se não estivesse realmente preocupada com a segurança dele. Isso me surpreendeu e me encantou.

Ele era importante, ele fazia parte de um dos momentos mais espetaculares da minha vida, eu nunca o esqueceria, assim como não esqueceria Derek e Anath, Iaret também. Embora com ele seja diferente. Eu tentei pensar nele como um irmão, um primo, mas tudo havia mudado. No instante em que ele me beijou tudo mudou. Se o destino corria de modo determinado até então, agora as coisas estavam se reorganizando por causa daquele momento. Agora ele também fazia parte do meu destino.

— Preciso falar com ele! — eu quase gritei para Derek. — Por favor, eu preciso. — ele sorriu calmante para mim, apenas o sorriso dele foi tranqüilizante.

— Está bem. — ele se virou para Hathor e lhe falou ao ouvido, o líder se ergueu e ordenou que eles parassem.

— Interrompam a luta! — ele bradou e todos se calaram, Sed e Theo pararam com as espadas no ar.

Ambos estavam confusos, Hathor acenou para mim e eu corri para o meio da arena, Farah também se aproveitou desse momento para amparar Theo, eles sequer pareciam cansados. Eu me aproximei dele, cuidadoso ele baixou a espada e estendeu a mão para me receber.

— Tem mesmo que fazer isso? — eu apertei forte a sua mão. Queria poder arrastá-lo de volta para casa.

— Tudo se baseia em agilidade e força. Sou treinado para isso, você já sabe o resultado, então se acalme.

— Sed, eu quase não consigo olhar.

— Fique atenta, está perto do fim.

— Faça o que for, mas vença. Espero que realmente valha a pena.

É definitivo, Sed está cheio de coragem e adrenalina, provavelmente ele lutaria com um exército e teria absoluta certeza de vencer. A luta recomeçou com uma ordem de Hathor. Era fascinante observar. O modo como o corpo dele fluía na luta, a força que ele demonstrava. Parecia invencível, mas ele é apenas um garoto. Um garoto portando uma espada afiada, com ela Sed conseguia causar algum estrago, mas ele disse que estava perto do fim, mesmo com a minha interrupção.

Agora eles pareciam ainda mais estimulados, os golpes se tornaram mais fortes. É admirável a resistência deles, mesmo cansados e com alguns ferimentos eles continuavam. Eles se encaravam, trocaram palavras que eu não consegui ouvir. Ameaças, talvez?

Quero que isso termine logo, eu repetia. Somente para saber que ele era o melhor. Tudo aconteceu muito rápido, eu mantinha meus olhos em Sed. Ele avançava vagarosamente em direção a Theo. Ele era firme enquanto estava na defensiva, mas Sed insistia com ataques rápidos. Ele mirava por todos os lados, mas Theo escapava facilmente. Então Sed recuou um pouco dando espaço para que ele atacasse. Quando Theo se posicionou e investiu, Sed já não estava lá. Desaparecera num segundo e agora estava atrás dele, desprotegido Theo não conseguia se defender pelas costas.

Sed aproveitou-se desse momento e o atingiu com o cabo da espada, nesse momento Theo tinha duas escolhas: derrubar a espada e se manter de pé, ou cair desarmado no chão. Bem, acho que guerreiros não podem abandonar a espada, porque ele caiu na areia. Sed se adiantou e ficou de pé a sua frente, a ponta da espada estava no seu pescoço. Theo parecia não ter idéia do que aconteceu. Ele perdeu toda a ação, durou poucos segundos e a luta estava definida. Theo bufou e a soltou a espada.

Eu só ouvi gritos depois disso, fortes urros de celebração. Sed venceu! Eu repetia. Aliviada eu procurei por ele na multidão que comemorava. Farah correu até Theo e o abraçava. Mas eu não via Sed.

— Venha comigo, Kira. — Derek segurou minha mão.  Ele parecia satisfeito com o resultado, mas ele não gritaria isso.

— Para onde vamos?

— Para o rio. Depois de toda luta há um ritual de purificação.

As pessoas se afastavam quando percebiam que Derek queira passar, simplesmente abriam caminho e faziam mesuras, chegamos rapidamente a margem. Sed estava com Theo e Farah, eles conversavam como se não tivesse acabado de acontecer a luta mais angustiante da minha vida. Contentes e animados numa conversa de amigos. Farah me chamou, eu me aproximei lentamente. Estava realmente feliz, mas não ia demonstrar.

— Parabéns. — eu disse. Não is dar a satisfação de saber que eu fiquei contente.

— Eu disse que tudo estava sob controle. Da próxima vez confie um pouco mais em mim.

— Não quero uma próxima vez.

— Eu por outro lado, estou ansioso para ter minha revanche. — Theo interrompeu. — E aquele golpe não vai funcionar de novo.

— É claro que está, mas agora temos a purificação e depois a festa de comemoração.

— É mesmo necessário? — Theo lançou-lhe um olhar inocente para Fora.

— Sim, se não quiser que os deuses se aborreçam com você. Sabe que eles não gostam do combate. Exceto quando é extremamente necessário.

— Tanto faz. — Sed murmurou. Ele é sempre o rebelde.

— Sed! — Farah o repreendeu. — Seu desrespeito me assombra.

— Só quero ir para casa. — Virou-se para mim. — Não é Kira?

— Acho que sim.

— Está certo, vou levá-la.

— Faremos o ritual e depois você pode ir embora. — Farah vaticinou já impaciente. Não permitiu que eles argumentassem.

— Prefiro encarar outra luta de espadas do que contrariá-la. — Theo disse.

— Que seja então.

— Kira, eu vou precisar da sua ajuda. — Farah pediu.

— Você não precisa fazer isso. É só um ritual. — Sed interrompeu

— Não, eu quero. — ele não pareceu feliz com a minha resposta. — O que eu faço?

Caminhamos juntos até o rio, todos observavam atentamente o que estava para acontecer. Theo e Sed entraram na água. Farah me disse que a água do rio iria purificar a energia negativa da luta. Eu não fazia idéia do que eram as palavras que ela murmurava, mas eu apenas repetia os movimentos que ela fazia. Entramos na água também, ela parou na frente de Theo e eu fui até Sed.

— Não tenho idéia do que estou fazendo. — eu com certeza parecia totalmente esquisita para as pessoas que observavam.

— Eu disse que era melhor irmos para casa.

— Você me ouviria se eu tivesse dito para não lutar?

— Não.

— Então estamos quites. — Farah jogou um pouco de água sobre a cabeça de Theo, eu fiz o mesmo, mas ele acabou ficando molhado demais.

— Você é péssima nisso. — ele provocou. Eu acabei o empurrando um pouco para o fundo, ele reclamou.

— O que aconteceu com seu temperamento sereno?

— Ele desaparece quando você está perto. — Como eu imaginava ele ia se vingar. Jogou água no meu rosto que acabou manchando o cajal.

— Você ficou bonita assim. — ele disse rindo.

— Obrigada.

Eu o empurrei de novo e dessa vez ele caiu na água. Eu segurei sua cabeça debaixo d’água por firmes e prazerosos dez segundos. Sed voltou a tona ofegante.

— Você me paga.

Ele me puxou e dessa vez ambos caímos, mas ele não me soltou, estava quase perdendo o fôlego. Então se iniciou nossa batalha na água. Farah olhava para nós chocada, até que Theo também a jogou na água. Agora os quatro estavam totalmente molhados brincando na água como crianças. Eu tentei me desvencilhar e sair, mas Sed sempre me puxava de volta. Eu não via as pessoas a nossa volta, mas Derek com certeza estava rindo de tudo isso. Acabamos nadando no rio enquanto as pessoas esperavam que concluíssemos o ritual. Tudo se tornou uma brincadeira divertida.

— Sed já chega! — quase implorei. Ele parou no meio do caminho.

— Diga que eu venci. — provocou.

— Você venceu. — eu murmurei.

— Que bom que admite. Agora me deixe ajuda-la a sair.

— Está bem. — eu concordei esperando que ele me guiasse para a margem, mas Sed foi muito mais prático. — Ele! Pare! — eu reclamei enquanto ele me pegava no colo. Ele me levantou como se eu não pesasse nada e me levou em segurança até a terra.

— Acho que agora podemos ir. — ele sugeriu.

— Certo, eu estou exausta.

— Na verdade não podem ir ainda. — Theo surgiu atrás de nós. Igualmente molhado e Fora também cansada.

— O vencedor deve levar o prêmio. — ele disse.

— Mande para o templo amanhã.

— O que é? — eu perguntei.

— Sed pode te mostrar.

— Quando voltar vamos procurar novas roupas para você. — Farah gritou.

Theo apontou na direção atrás das tendas. Um estábulo construído recentemente abrigava muitos cavalos, de todos os tipos e magníficas raças. Fortes e potentes cavalos árabes. Antes de encontrar aquele que pertencia a Sed eu queria aproveitar que estávamos sozinhos para perguntar algo que estava me incomodando desde que chegamos, mas eu não queria parecer intrometida.

— Sabe, Sed. — eu comecei. — Eu fiquei um pouco surpresa quando Farah contou que você estava noivo.

— Nunca estive noivo. — lacônico como sempre.

— Então qual é a história?

— Isso não tem nada a ver com você.

— É claro que não. Nada do que você faz me afeta. — eu disse um pouco alterada. Ele se virou para me olhar.

— Foi há muito tempo. — ele se aproximou. — Não é nada com que você deva se preocupar.

— Tarde demais para isso. Você sempre trata tudo como se fosse insignificante. Vai fazer o mesmo comigo, quando eu for embora? Vai simplesmente fingir que não aconteceu? — eu gritava revoltada.

Ele segurou meu braço nervoso, com raiva eu não quis me virar para encará-lo. Eu queria sair dali e encontrar paz no meu quarto, mas eu tinha que ficar e encarar seu mal-humor.

— Será que você podia pelo menos olhar para mim. Há coisas que eu preciso dizer e elas são importantes.

— Quer me dizer algo? — eu olhei para ele impaciente. — Esqueça! Não te cobrei nenhum tipo de explicação.

— Você parece alguém que quer uma explicação, então sente e escute. Quero resolver isso rapidamente de modo que não haja outras confusões no futuro.

Ele continuava segurando meu braço. Bem, se ele queria contar eu podia ouvir e esclarecer tudo.

— Está bem. Seja breve, não disponho de muito tempo.

— Seu tempo é meu princesinha. Se eu decidir que você ficará comigo é assim que vai ser.

— Seu prepotente! — eu acusei. — Você não tem nenhuma autoridade sobre mim.

Eu me levantei para ir embora. Dessa vez ele não me segurou. Eu podia ser bem raivosa e impulsiva quando provocada. Como ele.

— Kira, por favor. — ele pediu. — Preciso de um momento com você e não desistirei até que você conheça essa história.

— Porque quer tanto me contar? Você nunca quis saber nada sobre mim.

— Pode ser que amanhã você não esteja aqui e eu não terei tempo para dizer. Então só escute.


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