Kira escrita por atalanta


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Desculpem interromper as postagens da história. No entanto, pretendo continuar com mais regularidade. Alguns capítulos foram alterados e reorganizados.



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A caminhada para casa estava se tornando mais demorada do que eu esperava, eu ainda estava no mercado quando a chuva caiu. Pouca no início, mas depois se tornou uma chuva forte e eu tive que correr para casa. Passei pelas ruas agora vazias. Pisando em poças d’água, enlameando meus pés. Apressada eu tropecei e quase caí. Cheguei em casa completamente molhada. Eu havia parado na entrada para me proteger da chuva.

 

 

A primeira chuva desde que eu cheguei ao Egito me deixou apreensiva, logo chegaria a cheia do rio e eu ainda não havia concluído meu aprendizado. Eu via que Anath não tinha pressa, mas eu continuava preocupada. Quase impotente diante de algo que o destino determinou há milênios. O que eu tinha de especial, afinal?

 

 

O céu escuro era cheio de presságios, o ar denso e quente, tudo era incomum e quanto mais eu me aproximava de casa, mais eu me sentia incomodada com essa sensação no ar. Não era medo, mas um desconforto, não era natural, porque a casa de Derek era carregada de boas e poderosas energias. Alguma coisa forte me atraia para casa, encontrar meu refúgio dessa chuva.

 

 

Eu estava molhada e com frio. Com a água da chuva minha roupa estava grudada no corpo como uma segunda pele, meu cabelo úmido e desalinhado. E eu ainda estava ofegante por ter corrido tanto. Entre um ofego e outro a porta se abriu e eu quase esperei que Derek estivesse em casa para me receber.

 

 

No entanto foram os olhos de Sed que encontraram os meus, foi seu olhar reprovador que me impediu de dizer qualquer coisa. Ele saiu segurando uma toalha nos braços, mas sua expressão impaciente se modificou para algo que eu não consegui identificar, preocupação, talvez. Ele parecia realmente sério por algum motivo, ou talvez só não quisesse me ver de novo. Seus olhos tinham um brilho diferente. Ele percorreu meu corpo, lentamente. Os lábios se curvaram num sorriso tímido, mas cheio de significado.

 

 

Ele se aproximou e colocou a toalha na minha cabeça.

 

— Vai ficar doente.

 

 

— Como se você se preocupasse. Posso cuidar de mim mesma.

 

 

Ele tentava secar meu cabelo e meus ombros, passado suas mãos fortes por ele. Eu não sabia o que dizer, mas estava gostando.

 

 

— Pense como quiser, mas existem muitas formas de demonstrar minha preocupação.

 

 

Ele olhou bem fundo nos meus olhos, ainda segurando a toalha. Ele suspirou uma vez e me beijou. Simplesmente num momento ele me olhava, no outro ele estava me beijando. Se eu não estivesse tão surpresa e atordoada eu teria correspondido.

 

 

No início foi um leve roçar nos lábios, depois ganhou intensidade. Ele segurou meu rosto e me prendeu naquele momento, eu apenas fechei meus olhos e me permiti sentir o gosto daquele beijo. Sed me mostrou mais naquele beijo do que em todos os dias que passei com ele. Foi forte, mas cuidadoso, havia uma pressa para se saciar, como se a muito ele esperasse encontrar minha boca. E no fim senti um pouco de frustração.

 

 

Ele se separou de mim, com um suspiro. Ele passou a mão pelos cabelos jogando-os para trás e baixou os olhos. Eu podia ver pela forma como ele segurava meus braços que ele estava tentando se controlar. Que tipo de furor é esse que Sed demonstra para mim? Sua raiva por mim ia além da implicância e entrava numa nova fase, cheia de sentimentos confusos e algumas discussões. Mas Sed, como eu, era do tipo que não fugia de uma briga.

 

 

— Eu peço desculpas por isso. — ele me disse e me puxou para dentro de casa.

 

Não era algo que eu esperava muito menos algo que tivesse uma explicação. Era mais fácil lidar com ele quando ele não tentava me beijar. E ele fez isso no meio da rua! Qualquer um podia ter visto aquilo. Onde andava Derek, num momento como esse?

 

 

— Melhor tomar banho e trocar de roupa, não quero que fique doente.

 

 

Eu estava quase entorpecida quando entrei em casa, muda e extremamente surpresa. Ele me guiou pelo corredor como se eu fosse incapaz de fazê-lo, abriu a porta do espaçoso banheiro e esperou que eu entrasse. Eu me voltei para ainda espantada com o que aconteceu, queria dizer algo, mas não consegui. Desistindo, eu apenas fechei a porta e tomei banho.

 

 

Sai do banho recomposta e pretendia falar com Sed, mas eu acabei descobrindo que ele se trancou em seu quarto. E por mais que eu precisasse de esclarecimentos, eu não sabia se ele estava disposto a dá-los.

 

 

Na sala eu olhei para a janela, a tarde estava clara e ensolarada, havia apenas o luminoso céu azul. Nada indicava que a pouco caíra uma chuva. As ruas já estavam cheias novamente, o mercado funcionava plenamente. Questionei-me se era apenas mais um dos muitos acontecimentos incomuns que ocorriam nessa cidade. Eu esperava na cozinha e preparei um pouco de chá de ervas, eu não sabia exatamente o que era, mas o sabor era bom.

 

 

A porta se abriu, revelando o rosto de Derek, eu estava ficando ansiosa esperando que ele voltasse. Talvez ele, a única família de Sed pudesse explicar algo, eu só não sabia se eu tinha coragem suficiente para contar a ele o que aconteceu.

 

 

— Desculpe-me, Kira. — ele começou quando me encontrou na cozinha.

 

 

Seu olhar estava terrivelmente abatido, ele havia me deixado no templo e com certeza o motivo era grave. Eu o fiz sentar no sofá e parti para a cozinha para trazer-lhe um pouco de chá.

 

 

— Você não precisa se preocupar comigo, eu cheguei bem em casa. O que houve?

 

 

— Um nobre acabou de falecer e eu tive que cuidar dos ritos fúnebres. Não queria deixá-la, mas precisei sair rapidamente.

 

 

— Não se preocupe.

 

 

— Sed está em casa?

 

 

— Sim, ele está em seu quarto. Quer falar com ele? — ele se trancou lá depois que me beijou. Eu não diria isso a ele.

 

 

— Não, eu só preciso descansar um pouco. — ele me disse indo para as escadas.

 

 

— Derek, antes que você vá eu preciso perguntar uma coisa. — Hesitei um pouco, afinal, não era um assunto simples de se lidar.

 

 

— Pode falar. — ele me disse.

 

 

— Sed, ele já teve alguma namorada? — eu perguntei um pouco envergonhada por fazer essa pergunta, contudo, não era exatamente isso o que eu queria saber.

 

 

— Namorada?

 

 

— Sim, eu falo de um relacionamento, com alguma garota. — eu expliquei.

 

 

— Não. Pelo menos ele nunca me disse nada. Você sabe o quanto ele é arredio quando se trata desse assunto. — eu me lembrava muito bem das negativas dele, quando Anath lhe dizia para casar.

 

 

— Entendi.

 

 

— E você? — ele perguntou com um pouco de curiosidade. O assunto era Sed, mas ele mudou completamente o foco para mim.

 

 

— Eu? Não, o que eu tive não pode ser chamado de relacionamento. — Foi antes das férias, apenas alguns encontros nada produtivos com um colega de escola.

 

 

— Não consigo imaginar que uma bela moça como você esteja só. Talvez possamos mudar isso. — ele comentou antes de sumir pelas escadas acima.

 

 

Derek me deixou sozinha novamente. E isso me deixou curiosa sobre aquele beijo, foi inesperado, mas não posso deixar de dizer que foi bom. Surpreendentemente bom.

 

 

Eu passei a tarde curiosa, Sed aproveitou o tempo me evitando e Derek estava ocupado demais para perceber que havia certa tensão no ar. Estávamos reunidos na sala logo depois do jantar, tentei algumas vezes fazer com que Sed conversasse, mas foi improdutivo. Simplesmente ele respondia com respostas simples ou acenava a cabeça.

 

 

— Eu não me ofendi, Sed. Por favor, não se sinta culpado. — ele revirou os olhos e me encarou.

 

 

— Não estou me sentindo culpado, estou arrependido. — ele declarou calmamente. Ele não parecia arrependido, não ouve sequer um pedido de desculpas.

 

 

— O que? — eu gritei com ele e me levantei do sofá. Derek do outro lado da sala olhou para nós.

 

 

— Quieta! — ele me puxou de novo. Ele olhou para Derek querendo confirmar se ele ainda nos observava. Eu esperei um pouco antes de continuar.

— O que foi? Não quer que Derek saiba?

 

 

— Não me importo com isso. Mas acho que isso deve ficar entre nós. — agora ele queria ser discreto. Com certeza muitas pessoas viram o que aconteceu.

 

 

Eu quase podia imaginar os comentários sobre o filho do sacerdote e sua sobrinha desconhecida. Chamar esse tipo de atenção não estava nos meus planos. A vida no Egito era diferente, não se pode beijar uma moça sem que exista algum tipo de compromisso. Eu sabia disso, conhecia muito dessa cultura, mas Sed parecia gostar de estar acima das regras.

 

 

— Eu não entendo. Se você está tão arrependido, por que me beijou? — eu sussurrei.

 

 

— Foi só um impulso. — ele justificou. Homens…

 

 

— Você faz isso sempre? Aborda as mulheres na rua e as beija?

 

 

— Claro, eu pratico sempre que posso. — ele respondeu irônico.

 

 

— Iaret não vai gostar nada disso. — eu sabia que se envolvesse o nome dela ele ficaria ainda mais nervoso.

 

 

— Ela não tem nada a ver com a história, somos apenas eu e você.

 

 

— Certo, manterei segredo. Desde que você consiga se controlar. — sussurrei. Ele sorriu confiante e piscou um olho para mim. — Afinal não foi tão ruim para o seu primeiro beijo.

 

Sed ficou perplexo com a minha afirmação e enquanto tentava montar uma resposta a altura, bateram na porta. Antes que ele se recuperasse eu me levantei para abrir. A noite estava quente e iluminada, mas eu realmente não estava atenta a isso e sim a figura parada na entrada.

 


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Notas finais do capítulo

Maio este ano tem um significado muito importante para mim. Nesta data a Kira completa um ano. Pensando nisso, grande parte da história foi reformulada e refeita e muitos outros acontecimentos adicionados. Sou diferente da Vanessa de um ano atrás e meu amadurecimento resultou numa história mais completa.


Já faz um ano também, que eu deixei de ser exclusivamente uma leitora, para começar a escrever. Hoje eu percebo que de alguma forma ou de outra isso aconteceria, escrever se revelou tão natural para mim quanto ler e igualmente fantástico.


Tenho alguns agradecimentos importantes: à minha grande amiga Nayara Uchiha, por me apresentar o Nyah. Pelas horas de debates sobre nossas histórias, espero ter contribuído. Tenho profundo respeito pelas pessoas que me inspiraram personagens, incluindo minha irmã. A Aryel, tão fanática por livros quanto eu e que adora uma boa ficção. Não posso esquecer de um amigo que me ajudou no início desse projeto, mesmo que agora não sejamos tão próximos. Ainda me lembro de nossas primeiras conversas.


Obrigada ao Nyah, à todos que me apoiaram e mandaram reviews e mensagens, moram todos no meu coração, pois participaram de grande momento para mim.


Grandes experiências e aprendizados marcaram as horas que eu passei escrevendo, foram muitas e espero que venham muitas outras.



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