Zombie Apocalypse escrita por mandyoca


Capítulo 3
Capítulo Dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178410/chapter/3

  O meu nome é Jully Cooper. Eu não gosto de falar sobre mim porque isso só se descobre quando alguém convive comigo ou conhece a minha vida, o que é um pouco complicado, já que eu adoro me envolver em um mistério e fazer segredo sobre diversas situações. Eu sou bem decidida, nunca penso em desistir, e raramente conto para alguém os meus sentimentos, principalmente as minhas fraquezas e meus medos. O meu ego é extremamente alto e eu simplesmente gosto de estar certa, já tendo problemas em admirar aqueles que logo de início me contrariam.

  Eu tive um pouco dessa aversão a Jack Gunner, o meu psicólogo, que tem vinte e seis anos e é formado em medicina. O que estaria fazendo um médico estudando o meu modo de agir e os problemas da minha vida pessoal? Acontece que ele é parente de uma amiga da minha mãe, e ela confia muito nas indicações dela. Jack estava passando por uma decadência financeira, por isso precisava urgentemente de um emprego extra. Como a minha família já estava dizendo que eu precisava de um psicólogo, a conversa entre meus pais não durou mais do que meia hora para decidir se eles me entregavam na mão dele ou não. E no encontro seguinte da minha mãe e sua adorável amiga, Jessie Thiele, ela aceitou.

  - O que você tem para me contar sobre essa semana, Jully? Aconteceu alguma coisa que você queira que eu saiba? – perguntou Jack como quem se interessava, olhando para mim com aquelas profundas íris negras. – Algo que eu possa aconselhar?

  - Faz muito tempo que você me faz as mesmas perguntas, e você sabe as suas respectivas respostas. – Revirei os olhos. – Por que você me trata como se você se importasse com a minha vida e meus problemas? Eu não conto os meus sentimentos nem para a minha melhor amiga, por que eu ia contar para alguém que está sendo pago para me ouvir?

  - Você podia pelo menos fazer valer a pena esse dinheiro que está sendo gasto comigo. – Ele deu um sorriso cínico apenas para me provocar, e isso me deu um arrepio tão forte que eu tive vontade de dar um soco nele. – E ninguém disse que eu não me importo. Já tenho essas consultas com você há dois meses.

  - E para mim, você continua sendo um homem qualquer. – Virei o rosto. – Você realmente não quer que eu comece a falar sobre a minha vida. Você ficaria com medo de mim, o que seria, diga-se de passagem, uma boa ideia para te mandar embora daqui.

  - Por que você não tenta? – sugeriu.

  Pigarreei.

  - A vítima de ontem era fraca e foi fácil de calá-la. A tortura foi ótima, porque ela tinha cabelos longos e eu podia puxá-lo para lá e para cá para fazê-la tentar gritar. Mas nada foi melhor do que quando eu arranquei a unha do dedo do pé dela, ela começou a se mexer para afrouxar a corda, mas a coitada não teve sucesso...

  - Tudo bem, já entendi. – Ele me interrompeu. – Ontem você foi ao shopping com Allison e vocês assistiram a um filme de terror juntas no qual teve muito sangue. O que estava passando? Você já sentiu vontade de fazer o que foi feito na telona? Uma coisa ruim ao próximo?

  - Sim, com você. – respondi. A propósito, Allison Stewart é a minha melhor amiga, e ele só sabe que eu fui ao shopping com ela porque minha mãe provavelmente contou com a intenção de ajudá-lo a puxar assunto.

  - Não, você não quer. Você só está dizendo isso porque acha que eu teria medo de ficar por perto, não é?

  - Você me enoja. – Revirei os olhos.

  - Vamos, Jully. – insistiu. – Essa é a primeira consulta do ano! Vamos tentar começá-lo bem, ok? Conte-me algo em que você pensou durante muito tempo. Algo que ocupou a sua mente enquanto você tentava dormir.

  Eu pensei com seriedade naquilo. Talvez eu realmente pudesse compartilhar aqueles pensamentos perturbantes com alguém. Jack definitivamente não era a pessoa certa, mas se fosse apenas para o tempo passar mais rápido... Bem, não era uma má ideia.

  - Ontem eu vi uma notícia na televisão sobre uma doença. – murmurei. – Mal começou o ano e já temos uma nova epidemia. Eu sei que a equipe da mídia pode ter feito isso só para conseguir audiência, mas ainda assim... Eu não consigo pensar nessa possibilidade.

  - Quem diria. – Ele riu. – Jully Cooper tem medo de morrer.

  - Não é exatamente isso o que eu quero dizer. Essa doença parece pior. É exatamente como nos filmes que as pessoas tanto temem.

  - Seus olhos denunciam quando você está preocupada. – Jack deu de ombros. – Posso perceber que você não está mais brincando comigo. Pela primeira vez em tantas consultas semanais, você finalmente está me contando alguma coisa de verdade! Eu te parabenizo pelo avanço.

  Eu respirei fundo e soltei o ar devagar, virando o rosto para a janela. Eu não queria contar os meus segredos, como, por exemplo, sobre o que existe por trás da máscara de santa da minha mãe, ou que meu pai e eu temos uma relação distante porque já o escutei ameaçando matar sua mulher com as armas clandestinas que ele fabrica. Ou que eu nunca fui uma garota corajosa o suficiente para admitir tristeza por causa dessas pequenas coisas que nem sequer fazem diferença na vida alheia. Não importa.

  - Se você quisesse que eu falasse mais sobre seus problemas, você devia fingir melhor que quer me ajudar com eles. Parece que você quer ganhar a minha confiança me deixando brava. Qual é o seu problema?

  - Você sabe que pode confiar em mim, só não quer demonstrar.

  - Cala a boca. – joguei. – Como eu iria confiar em alguém que nem sequer conheço? Para mim, você é só mais um cara irritante que faria qualquer coisa para ganhar dinheiro, já que está na pior. Você só está se aproveitando disso, e eu só não discuto sobre isso porque a minha opinião é a mesma coisa que nada nessa família.

  De repente, alguém começou a bater desesperadamente na minha porta, como quem em silêncio implora para que o dono da casa o deixe entrar. Eu estava com receio, eu não sabia se abrir seria a coisa certa, mas a minha ignorância me fez correr até lá. Em um dramático momento, mordi os lábios e abri.

  - Puta que pariu. – Balancei a cabeça.

  - Jully, tem uma coisa estranha acontecendo. – sussurrou a garota, mas eu não pude olhar para ela porque meu sangue estava correndo rápido demais e a minha garganta estava fechada. – Ei, por que você está assim?

  - Eu pensei que fosse alguma coisa pior!

  - Tipo o quê?

  - Não sei explicar, eu só estava cogitando numa hipótese idiota.

  - Sobre a “nova doença”, Jully? – Jack se aproximou, pronto para colocar lenha no fogo para me deixar ainda mais irritada. – Você não devia se preocupar tanto, isso vai te deixar paranóica.

  - Deixa ele para lá, Allison. – Fechei os olhos e coloquei minha mão na testa. – O que é que você veio me contar dessa vez?

  - Na verdade, é sobre essa tal doença.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zombie Apocalypse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.