Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 9
A Dança da Morte


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou bastante pesado em conteúdo. Não há revelações, mas há muitas perguntas que serão importantes no futuro. Provavelmente, vocês não vão entender algumas frases agora, mas acho que vão se divertir tentando adivinhar o que é (ou melhor, quem é - quando lerem, entenderão esse trocadilho). Espero que gostem!



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               A Sala das Profecias mergulhou num silêncio total. Nenhum barulho vinha do exterior de suas paredes, e nenhum dos indivíduos no lado de dentro fizeram muito esforço para criar algum tipo de som.

               Eles apenas ficaram lá, parados de pé, encarando-se por vários segundos. Pai, pai, pai... Em algum lugar da sala, Rony pensou que ainda podia ouvir o eco da frase de Voldemort.

               - P-Pai? – perguntou Mellany confusa.

               Voldemort abriu um sorriso sarcástico.

               - Ui – explodiu Gina – Que nojo! Já é ruim pensar em Voldemort, e ele... espalhando esses genes por aí... Ui! Ui! Ui!

               Ninguém deu muita atenção para a bruxa.

               - Esperem aí... – interrompeu Thalia – Eu pensei que Mellany fosse uma semideusa...

               E todos perceberam, estupefatos, o que essa revelação queria dizer.

               - Quem é a mãe da garota, Voldemort? – perguntou Annabeth muito séria.

               Ele soltou um pequeno chiado.

               - Não é hora para revelar isso. Ainda...

               A voz que falava com eles. Era feminina. Poderia aquela misteriosa voz ser da mãe de Mellany? Annabeth estava confusa, diante dessa hipótese. Mellany era uma semideusa – Quíron confirmara no Acampamento – o que quer dizer que ela era filha de uma Deusa. Se a voz fosse da mãe da garota... Então, isso significaria que uma Deusa havia traído o Olimpo? Difícil de pensar nisso...

               Quem poderia ser? Hera, Deusa do Casamento, havia jurado fidelidade a seu marido e mantido seus votos durante milênios. Certamente, ela estava isenta de qualquer dúvida. Assim como Artemis, que recusava qualquer tipo de relação com homens. Ainda mais alguém como  Voldemort... Ainda sobrava Afrodite, ou Atena...

               Annabeth balançou a cabeça. Não, sua mãe nunca seria capaz de uma coisa dessas. Tinha que ter sido Afrodite então. Ou, talvez, um dos Deuses Menores, alguém como Deméter, quem sabe? Quem poderia ter traído o Olimpo.

               Isto é, supondo que alguém tenha de fato traído o Olimpo, é claro. A questão é: alguma Deusa era a mãe de Mellany. E alguém renascera Voldemort, pai de Mellany.

               - A voz que renasceu você, Voldemort – perguntou a filha de Atena – é uma Deusa?

               - Já lhe disse, ainda não é hora para revelar certas coisas... Ainda existem detalhes que precisam se manter obscuros...

               - Como você sabia que eu estava no orfanato? – perguntou Mellany – Por que nunca foi me ver, me tirar de lá?

               - Bom, acho que não faz mal revelar algumas coisas... – admitiu o bruxo das trevas – Quando Potter me derrotou, enquanto ainda era apenas um bebê, eu fiquei fraco demais para poder continuar a destruir o mundo bruxo. Meu poder se esvaiu de mim. Mas, há quatro anos, meus planos começaram a dar certo. Consegui voltar a ser tão poderoso quanto era. Estava em um cemitério e Rabicho teve de fazer um ritual para me reviver.

               "Quando finalmente restaurei minhas forças, tive a infelicidade de me encontrar com uma bruxa. Nunca entendi direito o que se passou comigo. Era como se eu estivesse enfeitiçado. Passei alguns dias com essa bruxa, até que ela foi embora. Por anos, não soube quem era.

               "Três anos mais tarde, terminei descobrindo a verdade sobre os Deuses e sobre a Mitologia Grega. Foi nessa época que uma outra bruxa, sabe-se lá quem era ou de onde veio, apareceu em minha vida. Ela apenas me disse que eu tinha uma filha – fruto das relações que tive com a misteriosa feiticeira, logo após renascer. Ela me disse também onde encontrar a minha filha, contou-me o orfanato no qual você estava Mellany.

               "Admito, fiquei curioso. Fui visitá-la algumas vezes, Mellany, você apenas não se lembra de mim. Não a tirei do orfanato, pois você teria uma vida melhor lá. Não poderia ficar comigo, correndo pelo mundo e destruindo tudo. Seria melhor se você nunca soubesse que era seu pai.

               "Mas ainda assim, não conseguia parar de deixar de pensar em quem era sua mãe. Na época, perguntei a Cronos se ele sabia algo sobre isso e ele respondeu-me que não. Em poucas palavras: uma bruxa aparece, engravida e desaparece para sempre. Curioso, não é?

               "Foi apenas quando já estava no Mundo Inferior que a verdade foi revelada. A voz falou comigo. Ela explicou-me tudo, todo o seu plano. Entendi então sobre sua mãe, Mellany. É uma história impressionante, um dia talvez lhe conte. Mas ainda havia um detalhe. A voz, precisava de você, Mellany. Você faz parte do plano.

               "Infelizmente, ninguém além de mim sabia de sua localização. Provavelmente, a bruxa que me contou que você estava no orfanato sabia também, mas ninguém sabia onde encontrá-la. Assim sendo, somente eu poderia encontrar você. Eu entrei num acordo com a voz: ela me tirava do Mundo Inferior e eu levava você até ela".

               - Que horror! Você vendeu a própria filha?! – Thalia estava chocada – Como pode querer entregar sua própria filha apenas para renascer a si próprio?

               - Não entenda mal. Esta história toda é mais complexa do que você imagina. Existem outros detalhes que você não pode ver. Tudo estava predito. Tudo. Ela armou tudo de forma que as coisas acontecessem exatamente como ela queria. Vocês ainda não entendem, mas entenderão, logo.

               - A mãe de Mellany é uma Deusa – notou Annabeth, ainda focada na teoria de que uma das Deusas traíra o Olimpo – Está dizendo que a "bruxa misteriosa" que você mencionou era, na verdade, uma Deusa disfarçada?

               - Nada lhe escapa, Annabeth – concordou Voldemort – Sim, mais tarde descobri que sim. A bruxa era uma Deusa disfarçada. Mellany é filha de um bruxo e uma Deusa, não é ótimo?

               - Isso quer dizer – conclui a filha de Atena – que uma das Deusas traiu o Olimpo. Alguém teve uma filha com você e, como você mesmo disse, esse alguém tem um plano. Ela está tramando algo grande. Mas quem poderia ser? E por que faria uma coisa dessas?

               Era lógico. Uma Deusa tinha um plano, para fazer algo – que Annabeth ainda não tinha certeza do que era – e para isso decidira criar Mellany. Por que com Voldemort? Isso ainda era um mistério. Mellany era uma parte fundamental do plano, como o próprio Voldemort dissera. Voldemort era o único que sabia onde a filha deles se encontrava. O que acontecera com a mãe nesse meio tempo, para que ela perdesse a filha? Quem era a bruxa que contara a Voldemort sobre o orfanato? Tudo isso era extremamente confuso... Ela apenas tinha fragmentos da verdade e nada parecia fazer sentido. Toda essa história estava mal contada.

               Afinal, quem era a mãe de Mellany?

               - Você está indo longe demais em suas deduções, Annabeth – riu Voldemort – Temo que talvez tenha revelado demais. Mas, no final, não importa, vocês não sairão daqui com vida mesmo. Entreguem-me Mellany para que possa levá-la. A voz me renasceu, mas ainda tenho que cumprir minha parte no acordo...

               - Terá que passar por cima do meu cadáver frio e sem vida para chegar em Mellany – disse Thalia colocando-se em frente a garota e segurando sua espada.

               - Com muito prazer. Avada Kedavra!

               Thalia usou o Bronze Celestial para refletir o feitiço, que acertou uma das estantes de profecias.

               - Depulso! – gritou Gina.

               - Expelliarmus! – tentou Rony.

               Nico saltou para cima do bruxo das trevas, brandindo sua espada no ar. Voldemort defendeu-se de todos os feitiços que eram disparados contra ele com muita maestria e, quando Nico se aproximou, ele aparatou para mais distante.

               - Crucio! – gritou ele acertando o filho de Hades.

               O garoto caiu no chão, contorcendo-se e gritando desesperadamente. Seus pensamentos foram inundados por dor, ele não conseguia se lembrar de alguma vez ter sentido algo tão excruciante quanto aquela magia.

               - Solte-o! – gritou Annabeth, correndo com sua adaga em mãos. Ela conseguiu tirar um fiapo da roupa de Voldemort, antes que ele aparatasse para outra fileira, sumindo da vista dos adolescentes.

               Nico estava caindo no chão. Pelo menos não estava mais gritando. Respirava pesadamente e Thalia o ajudou a se levantar.

               - Onde ele está? – perguntou Rony.

               - Por perto. Voldemort ainda está nesse andar – notou Hermione – Ele quer brincar conosco antes de nos matar. Ele quer nos caçar no meio desse labirinto de profecias.

               - Temos que sair daqui – choramingou Mellany – Não gosto dele. Ele é mau. Não é meu pai!

               Ótimo, a garota de cinco anos decidira que agora era uma boa hora para entrar em uma crise familiar.

               - Temos que encontrar a escada para o oitavo andar. E rápido. – notou Hermione.

               - Certo, não temos tempo para ficar procurando uma escada num labirinto – reclamou Gina - O Ministro que me perdoe: vou por isso aqui abaixo. Bombarda Maxima!

               E varias estantes metálicas voaram para longe. As profecias caíram no chão, rompendo-se e estilhaçando-se. Barulho de vidro se quebrando tomou conta do ar.

               - Gina – Annabeth estava em choque – O que você está fazendo?! Voldemort vai nos achar facilmente assim!

               - Ele nos achará de qualquer maneira, se demorarmos para achar a escada - respondeu a bruxa – Temos que sair daqui, antes disso. Custe o que custar.

               - Se chegarmos ao elevador. Vamos para o primeiro andar e lá teremos ajuda dos funcionários do Ministério.

               As estantes caídas não ficavam nada bonitas, mas todos tinham que admitir, ajudava a encontrar a saída. Era como se as paredes do labirinto fossem derrubadas. Destruindo tudo, era apenas uma questão de tempo até que encontrassem o caminho para fora daquela insanidade.

               Hermione e Rony juntaram-se a Gina e juntos começaram a demolição da Sala das Profecias. Os semideuses cuidavam da retaguarda, para o caso de Voldemort aparecer de supetão.

               Ouviram a risada de Voldemort, ecoando pela sala, através do barulho de vidro se quebrando.

               - Podem tentar fugir – gritou ele, com seu feitiço sonorus – Mas nunca irão conseguir.

               - Mais rápido... Mais rápido... – falou Thalia, defendendo as costas dos bruxos que abriam caminho  – Ele deve estar perto agora...

               - Não dá. Bombarda! Para abrir. Bombarda! Caminho. Bombarda! Mais rápido! – respondeu Hermione, derrubando as prateleiras.

               Então, ele apareceu. Voldemort mostrou-se no campo de visão dos semideuses. Ele caminhava pelos pedaços de vidro quebrado como se fossem seda. Aquele cenário parecia de filme de terror. A frente deles: prateleiras inteiras. Às suas costas: prateleiras quebradas, caídas. Vidro quebrado e restos de profecias espalhados por todo o chão negro.

               Voldemort riu.

               - Entreguem-me Mellany. Prometo que farei da morte de vocês algo rápido. Não ser indolor, mas ao menos não durará muito.

               Os bruxos não se intimidaram e continuaram a quebrar o caminho à frente. Os semideuses, de costas para os bruxos, encaravam Voldemort, enquanto davam passos lentos para trás.

               - Cai dentro, Voldemort – disse Nico.

               - Já se recuperou de minha maldição? Não seja por isso: Crucio!

               O filho de Hades defendeu-se usando Bronze Celestial, fazendo com que a magia ricocheteasse contra a parede.

               - Avada Kedavra!

               Os semideuses apenas defendiam os golpes, da melhor maneira que conseguiam, enquanto os bruxos tentavam encontrar a saída. Um erro seria fatal. Seus movimentos braçais eram sincronizados e seus pés moviam-se calmamente para trás. O segredo estava em manter a calma. Era preciso ficar com a cabeça fria, do contrário, acabariam fazendo uma visita não agendada para o Deus do Mundo Inferior.

               Era uma espécie de Dança da Morte.

               A música eram as magias soltadas por Voldemort, as prateleiras sendo estraçalhadas e as profecias se rompendo ao ir de encontro ao chão.

               O Lorde das Trevas aproximava-se cada vez mais. Rony, Hermione e Gina não conseguiam abrir caminho tão rápido quanto ele avançava. Eles tinham alguns segundos, no máximo, até que fossem alcançados. Então, teriam que lutar sério.

               - Vamos tornar isso aqui mais interessante – disse o bruxo das trevas – Fogomalditus!

               Uma gigantesca serpente de chamas criou forma a partir da ponta da varinha de Voldemort. Ela alastrou-se pelos lados, mergulhando a sala em chamas.

               - Eu posso aparatar – disse o bruxo – Mas, se vocês não encontrarem a saída à tempo, morreram carbonizados pelo fogo. Dizem que Fogo Maldito arde como o inferno, será verdade? 

               - Vai matar sua própria filha! – gritou Thalia – Ela também irá pegar fogo conosco!

               - Não irá... Vocês são bons de mais para isso. Protegê-la-ão até o fim. Quando a chama lhes alcançar, irão se colocar entre o fogo e Mellany. Morreram primeiro. Salvarei minha filha e irei levá-la até a voz. Então, o plano poderá ser cumprido.

               -Monstro sem coração! – gritou Mellany – Você não é meu pai! É mentira!

               - Pode gritar! Pode negar! Mas nada disso muda o fato de que, sim, sou seu pai. Isso não altera em nada o seu futuro, minha querida filha. Você vem comigo.

               O fogo tomava todas as prateleiras da sala e aproximava-se deles rapidamente. Voldemort havia parado de andar e apenas observava-os tentar fugir. Foi circundado pelas chamas e aparatou. Provavelmente observaria os semideuses e bruxos de outro ponto de vista.

               - Gina, Hermione, Rony... – disse Thalia encarando o Fogo Maldito  – Não é por nada não... Mas se vocês não encontrarem essa maldita saída agora, vamos todos ficar mais quentes que Apolo. E olha que Apolo já é quente, se é que vocês me entendem...

               - Isso não é hora para piadas! Bombarda!

               - Estamos tentando o máximo aqui. BOMBARDA MAXIMA!

               E então, a saída apareceu.

               Sem a menor cerimônia. Era uma escada negra, numa parede negra, sobre um chão igualmente negro. Não é a toa que não tinham percebido que estavam próximos antes. Tudo naquela sala parecia exatamente igual a tudo.

               - E agora? – perguntou Rony.

               - Como assim e agora?! – explodiu Hermione – E agora você SOBE!

               E os seis puseram-se a correr escada a cima. Não sabiam se Voldemort estava atrás deles, mas tinham um palpite de que sim. E mesmo que não estivesse, eles tinham que avisar os funcionários do Ministério sobre o Fogo Maldito antes que ele devorasse toda a construção.

               A escada corria em círculos e, em um certo ponto, começaram a ouvir vozes.

               - Pelos Deuses – disse uma voz extramente conhecida – Onde será que essa garota se meteu?!

               - E onde está o diadema? – perguntou Harry.

               Eles fizeram a curva na estrutura da escada e depararam-se com ninguém menos e ninguém mais que Harry Potter e Percy Jackson.

               - Agora vocês aparecessem?! – explodiu Annabeth.

               - Annab... Mas o quê?! – perguntou Percy – Vocês não deviam estar em Hogwarts à essa hora? – ele notou Mellany – E o que é que Mellany está fazendo com vocês, no nono andar?

               - Aquilo ali atrás é fogo? – perguntou Harry, esticando o pescoço.

               Annabeth e Gina lançaram um olhar mortífero para os dois. Se olhar matasse, os dois tinham caído mortos ali mesmo. Annabeth foi quem falou primeiro.

               - Vocês dois, com certeza, nos devem uma.

               E continuaram a correr.

              


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Notas finais do capítulo

Então, postem aqui suas opiniões, medos e anseios. Afinal de contas, quem é a mãe de Mellany e de que maneira ela se encaixa na história? Estou curioso para saber o que vocês acham...