Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 8
O Caçador de Crianças


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo para vocês, se tudo correr bem, o próximo sai ainda amanhã. Vamos lá! Espero que gostem!



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               Presa em um círculo de fogo.

               As chamas, como os seres vivos que não eram, bruxuleavam. Todas as quatro paredes estavam cobertas por seu calor mortal e Mellany tinha a impressão de que logo iriam se espalhar até ela. Não há para onde fugir.

               Se soubesse quem era seu pai/mãe divino, faria uma prece para ele. Como não tinha ideia de quem poderia ser, orou para os Deuses, de uma maneira geral e esperou que ao menos um deles não estivesse ocupado demais para ouvir.

               Voldemort encarava a garota. Inclinou a cabeça levemente para a esquerda e ergueu sua mão direita. Sua varinha se materializou.

               - Ah – disse ele, olhando para a fonte de sua magia –, é bom segurar minha varinha novamente. É engraçado, é das pequenas coisas que mais sentimos falta no Mundo Inferior, sabia? E adivinhe só, fiquei surpreso quando não me deram os Campos Elísios... Mas não estamos aqui para falar disso, estamos? Eu tenho uma simples pergunta para você: você virá por bem?

               Mellany avaliou as possibilidades. Ela poderia tentar sair pela porta, atravessando o fogo. Iria acabar com queimaduras nada agradáveis e provavelmente Voldemort a atacaria com magia, antes que conseguisse fugir. Lutar, certamente estava fora de cogitação. Ela nem sequer tinha uma adaga – e duvidava ganhar de um homem adulto usando apenas a força do braço.

               Se ao menos pudesse se livrar da varinha dele... Talvez pudesse correr e atravessar a porta. Encontraria Percy e Harry e então ficaria tudo bem. Mas... como tirar a varinha dele?

               - Eu perguntei – Voldemort tentou novamente – Você virá por bem?

               Mellany assentiu com a cabeça, dando um passo para a frente, aproximando-se de Voldemort.

               - Hm, então não é tão idiota quanto parece. Vamos sair daqui...  Aquamenti!

               Um pequeno jato de água saiu de sua varinha, abrindo uma pequena fresta na parede de chamas. A porta da sala ficou mais uma vez visível.

               Ele encostou o braço no ombro dela. A brecha que ela estava esperando. Agarrou a varinha de Voldemort com seu braço esquerdo e, antes que ele tivesse tempo de entender o que estava acontecendo, atirou-a ao fogo.

               - Não! – foi tudo que ele teve tempo de dizer, antes que a varinha mergulhasse nas chamas. Ele correu até lá, mas foi tarde demais.

               Virou-se para Mellany. Seus olhos, que até então eram ódio, transformaram-se em surpresa: a garota tinha sumido. A porta da sala estava aberta.

               A garota havia planejado bem. Fingira aceitar ir pacificamente com Voldemort, para que ele baixasse a guarda e, quando ele já estava suficientemente distraído, ela jogou a varinha dele no fogo. Sabia que aquilo iria distraí-lo e dar-lhe alguns segundos de dianteira. Enquanto o bruxo ia até o fogo, ver se sua varinha podia ser salva, ela esgueirou-se para fora da sala.

               - Socorro! – Voldemort podia ouvi-la gritar lá fora – Alguém me ajude!

               - Miserável! – gritou ele, enquanto se punha a andar atrás da garota.

               Não havia motivo para correr. Ela nunca sairia do Ministério. Estava perdida no segundo andar, dificilmente encontraria o elevador. E, mesmo que encontrasse, nem sequer saberia para que andar ir, ou onde ficava a saída. Além disso, ele tinha tempo. Todos os funcionários ficariam distraídos com os centímanos no primeiro andar.

               No corredor, encontrou um funcionário morto. Pegou a varinha dele. Precisaria arranjar uma nova, mas por hora, essa teria que servir.

                Ele sorriu. Uma caçada, pensou ele, nada melhor para dar as boas vindas a um bruxo das trevas do que uma caçada...

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               - Em qual sala ela está? – perguntou Hermione, abrindo a mais próxima a ela. Vazia, como todas as outras.

               - Temos que continuar procurando – respondeu Thalia – O centímano disse que ela está aqui.

               - E se ele tiver mentido? – perguntou Nico.

               - É uma possibilidade – admitiu a filha de Zeus – Mas, a não ser que você tenha uma ideia melhor, vamos procurar aqui.

               O segundo andar tratava do uso indevido de magia. Era um Departamento grande do Ministério. Haviam muitas salas. Como todos os funcionários estavam lutando no primeiro andar, as salas estavam vazias. Apenas mesas, papeis e formulários, o de praxe. De tempos em tempos, encontravam um funcionário deitado no chão, morto. Provavelmente, havia centímanos em outros andares – além do primeiro.

               Vamos lá, Harry, pensou Gina, onde estão vocês?

               Hermione interrompeu seu passo, olhando para a frente.

               - O que foi? – perguntou Thalia.

               - Shh... – ela falou.

               - Escuta aqui – estressou-se a filha de Zeus –Não faz "Shh" pra mim não!

               - Cala a boca e escute! – Annabeth falou – Não está ouvindo nada?

                A punk aguçou seus ouvidos. No começo era uma espécie de zumbido, mas foi ficando mais forte a cada segundo. É um grito, compreendeu Thalia, alguém está gritando... Mas o que está dizendo?

               A resposta logo ficou audível.

               - Socorro! – gritava alguém. A voz era fina. Quase como se fosse de uma criança.

               - Mellany – compreendeu Annabeth, começando a correr em direção a voz, com sua adaga em mãos, colada a coxa. Todos logo se puseram atrás dela.

               Fizeram três curvas e encontraram a menina. Ela corria desesperadamente, parecia cansada. Estava com o cabelo bagunçado e gotas de suor desciam por sua testa. Seus olhos se arregalaram quando ela percebeu que havia outras pessoas naquele corredor, mas pareceu aliviada quando notou que conhecia aquelas pessoas.

               Correu para Annabeth e abraçou-a. Estava com medo.

               - Desculpe... Desculpe... Desculpe... –pediu Mellany.

               - Está tudo bem, tudo bem – a filha de Atena tentou acalmá-la – O que aconteceu? Onde estão Harry e Percy?

               - Por que está se desculpando? – notou Thalia, erguendo a sobrancelha.

               - Harry e Percy... – a garota estava tão cansada que mal conseguia falar – Perdi eles. Não sei onde estão... Não consegui impedir... Desculpe! Ele... Ele voltou... Desculpe!

               - Quem voltou? – perguntou Nico.

               - Ele! – ela apontou para trás.

               Nesse instante, Voldemort apareceu na linha de visão de todos, fazendo a curva. Ele andava calmamente. Quase como se não fosse um criminoso e não estivesse no Ministério. Seus olhos se arregalaram quando encontrou os bruxos e semideuses.

               - Ora, ora, ora... Se não são os Oito Escolhidos que supostamente iriam acabar comigo e com o plano de Cronos...

               - De fato acabamos com você – notou Rony, tomando coragem.              

               - É mesmo? Obviamente não fizeram um bom trabalho, ainda estou aqui.

               - Não fomos nós que o derrotamos, Rony – Thalia fez uma cara sarcástica, provocando Voldemort – Foi Cronos, lembra? O Aliado dele.

               O Lorde das Trevas fechou a cara.

               -Não me lembre daquele traidor. Tínhamos um acordo. Ele governaria o Olimpo e eu o mundo Bruxo. Mas, a julgar que vocês ainda estão vivos, diria que ele fracassou, estou certo?

               Hermione assentiu.

               - Destruímos ele com...

               Thalia colocou uma mão na frente de Hermione.

               - Isso não é da sua conta, Voldemort.

               - E realmente não é. Estava apenas curioso. Espero que tenham derrotado Cronos de uma maneira particularmente dolorosa e que ele esteja apodrecendo no Tártaro até agora.

               - Ele não está no Tártaro. Foi destruído. Permanentemente.

               - Melhor assim...

               - O que você quer? – perguntou Nico, indo direto ao ponto.

               - O que eu quero? Oras, e voltei a vida para completar aquilo que comecei: vou acabar com o mundo Bruxo. É claro, ninguém renasce sozinho... Precisei fazer um acordo para poder voltar a vida. É um contratempo inconveniente admito, mas logo que minha parte for cumprida, estarei livre.

               - Meu pai não faria nenhum acordo com você – disse Nico – Ele nunca deixaria que voltasse a vida.

               - Não disse que fiz um acordo com seu pai, garoto idiota – cortou Voldemort – Seu pai deve estar até agora perguntando-se o que aconteceu. Não. Eu fiz um acordo com outra pessoa... Minha parte no acordo é bastante simples e não é segredo: tudo que tenho que fazer é levar Mellany até a mulher que me renasceu e estarei livre. Ridículo, não?

               "Ela me trouxe de volta a vida apenas para que eu encontrasse essa garota e a levasse até ela. Achei que seria um pouco mais difícil, entendem? Mellany, esperava que você ainda estivesse no orfanato... Ninguém sabia que você estava lá, estaria segura se tivesse apenas continuado lá. Mas não, renasço e dou de cara com a menina que busco. Engraçado, não é?"

               - Quem é está mulher e por que ela quer Mellany? – perguntou Annabeth.             

               - Não direi quem ela é, e não me incomodei em perguntar o que quer com Mellany. Trato é trato. Ela me renasce, eu localizo Mellany e a entrego. Somente isso. Agora, se me dão licença, tenho a minha parte do acordo a cumprir. Entreguem-me a garota.       

               - Nunca – disse Hermione – Expelliarmus!

               Voldemort defendeu-se com um feitiço não verbal.

               - Bombarda! – tentou Rony, atingindo a parede e destruindo-a. Pedaços de tijolo voaram para todos os lados e a poeira tomou conta da sala.

               - Para o elevador! – gritou Annabeth.

               Se conseguisse chegar até o primeiro andar. Talvez estivessem salvos. Havia dezenas de Funcionários do Ministério lá. Nem mesmo Voldemort se arriscaria tanto a perder a vida que acabara de ganhar.

               - Miseráveis! – gritou Voldemort através da poeira, sem enxergar nada –Avada Kedavra!

               O feitiço não acertou ninguém. Todos corriam com a maior velocidade que podiam, tentando desesperadamente chegar ao elevador.

               - Bombarda! – gritava Rony para trás, de tempos em tempos, com a esperança de que seu feitiço atrasasse o Lorde das Trevas.

               Por fim, chegaram ao elevador.

               Para a sorte deles, ele já estava aberto. Entraram correndo e Thalia apertou o botão que dizia primeiro andar. Nada aconteceu.

               - Aperta o maldito botão! – bradou Gina.

               - Estou tentando! Estou tentando! – retorquiu a filha de Zeus, apertando o botão com ainda mais força – Deve estar com algum tipo de mal contato, o botão não está funcionando!

               - Isso não é hora para não funcionar! APERTE ESSE BOTÃO!

               Nesse momento, eles viram Voldemort virando o corredor.

               - Não vão escapara de mim! Avada Kedavra!

               - Protego!          

               A magia das trevas foi defendida. Voldemort começou a atirar vários feitiços em uma grande velocidade. Rony e Gina defendiam.

               - Que os Deuses nos ajudem... – sussurrou Hermione levantando a varinha acima da cabeça.

               - O que está fazendo? – perguntou Annabeth, segurando Mellany perto de si.

               - Salvando nossas vidas... Eu acho. Bombarda!

               A magia atingiu o teto do elevador. O elevador balançou, primeiramente e, em seguida, caiu em queda livre. Todos começaram a gritar desesperadamente.

               Não tinha como prever para que andar estavam caindo. O elevador do Ministério possuía um funcionamento complexo que ia muito além de somente subir e descer. Ele também podia andar para os lados.

               No momento, desciam. Continua e indefinidamente. Não tinham como prever aonde iam parar. Gritavam a plenos pulmões enquanto caiam

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               Harry e Percy vasculhavam o oitavo andar. Começaram no quarto andar e foram descendo. O Ministério era um prédio subterrâneo – para não atrair a atenção dos trouxas. O primeiro andar ficava mais próximo a superfície, e o segundo ficava logo abaixo, o terceiro, mais abaixo. E assim sucessivamente.

               Já haviam vasculhado quatro andares e até agora, nem sinal da garota. Estavam próximos do elevador quando tiveram a impressão de ver o elevador passar a uma incrível velocidade. Harry pensou ter ouvido gritos – vozes conhecidas, quando pensou ter visto o elevador cair.

               - Ouviu alguma coisa? – perguntou ele.

               - Ouvir o quê? – indagou o semideus.

               - Nada, devo estar imaginando coisas... De volta à procura!

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               - Arestum Momentum! – gritou Hermione desesperadamente.

               O elevador parou no ar, fazendo com que todos tombassem no chão.

               - NO QUE ESTAVA PENSANDO?! – explodiu Thalia – QUER MATAR A TODOS NÓS?!

               - Muito pelo contrário – defendeu-se Hermione – Eu salvei a todos nós. Era isso, ou encarar o Voldemort...

               - Eu não estou bem certa do que era melhor...

               - Eu não posso segurar esse feitiço para sempre – pediu Hermione – é melhor sairmos do elevador.

               E assim fizeram.

               Depararam-se com uma pequena sala circular. Tudo ali era preto, inclusive o piso e o teto; a intervalos regulares, havia portas pretas idênticas, sem letreiros, nem maçanetas, separadas por candelabros de chamas azuis, a toda volta das paredes; a claridade fria e tremeluzente refletida no piso de mármore polido dava a impressão de que havia água escura no chão.

               - Onde estamos? – perguntou Nico.

               - Hermione... – notou Rony – Já estivemos aqui antes...

               A garota assentiu.

               - Esse é o nono andar – notou Hermione – Departamento de Mistérios... – ela engoliu em seco. Como um simples lugar podia estar tão impregnado com lembranças ruins? Ela ainda se lembrava da sala das profecias. A sala dos cérebros. Dos Comensais perseguindo-os... Estiveram ali durante o quinto ano, quando eles, comandado por Harry, invadiram o Ministério da Magia. Ela sabia que atrás de uma daquelas portas negras estava a Sala do Véu. O lugar sombrio onde a vida de Sirius, padrinho de Harry, foi tirada...

               - Não devíamos estar aqui... – sussurrou Gina.

               Mas o feitiço de Hermione já tinha se extinguido e o elevador já tinha continuado sua queda, rumo ao chão. Até onde sabiam, estavam presos ali.

               - Deve haver uma escada, em algum lugar... – disse Nico.

               - Com certeza há...

               - Por que não aparatamos? – perguntou Annabeth.

               - O Ministério possui um sistema anti-aparatação, é similar à Hogwarts nesse aspecto... Ou encontramos a maldita escada, ou estamos presos aqui até que a confusão no primeiro andar acabe e alguém nos econtre...

               - Vamos encarar o lado bom disso... – tentou Nico – Pelo menos Voldemort dificilmente nos encontrará aqui...

               - Isso ainda não muda o fato de que ele está de volta ao mundo dos vivos.

               Um dos bruxos mais perversos de todos os tempos voltara a vida. Não havia nenhum lado bom nisso. Todo o trabalho que eles tiveram meses atrás, tentando impedi-lo de destruir o mundo estava prestes a recomeçar. Bom, pelo menos, as horcruxes haviam sido destruídas no processo de renascimento. Se o matassem mais uma vez, seria para sempre.

               - Por qual das portas começamos a procurar a escada? – perguntou Gina.

               - Pelo Hall das Profecias – respondeu Hermione – Tenho a impressão que vi uma escada lá, da ultima vez que invadimos esse lugar.

               Eles caminharam em direção a porta escura mais próxima. Os candelabros de chamas azuis, ao invés de iluminar o local, davam-lhe um aspecto muito mais sinistro. Quando abriram a porta, Hermione pode ver que a sala ainda era exatamente da forma que se lembrava.

               Tão escura quanto a primeira. Mas essa era muito maior. Havia milhares de prateleiras metálicas e cada uma delas agrupava centenas de esferas azuis. Profecias. Algumas tinham autores conhecidos, e essas estavam marcadas com fitas. Outras eram simplesmente profecias, guardadas e esquecidas pelo tempo. No geral, a sala era um labirinto de prateleiras.

               Se Hermione realmente vira uma escada ali, eles poderiam passar horas procurando.

               - O que são essas esferas? – perguntou Mellany.

               - Profecias – respondeu Rony.

               - Profecias? Como às do Oráculo?

               - Mais ou menos... – tentou explicar Hermione – Alguns bruxos nascem com o dom da visão do futuro. Podem ver o futuro em folhas de chá, ou simplesmente têm insights do que vai acontecer. Bom, os bruxos foram formados a partir da magia dos Deuses que caia na Terra, correto? Imagino que os nossos profetas sejam aqueles que receberam uma parte da magia de Apolo, deus das profecias.

               - Isso quer dizer que nosso Oráculo é infinitamente mais poderoso? – perguntou Thalia.

               - Não tenha dúvidas quanto a isso. Mesmo os bruxos com uma grande capacidade de visão do futuro ainda estão muito abaixo do Oráculo, que teve seus poderes recebidos diretamente de Apolo.               De qualquer maneira, o Ministério guarda todas as profecias realizadas aqui, supostamente para terem controle sobre a situação. Mas não sou capaz de dizer como eles mantém controle de qualquer coisa no meio dessa bagunça...

               Começaram a andar. Caminharam por vários minutos, até que finalmente se dessem conta de que estavam perdidos no labirinto de profecias.

               - Como sairemos daqui?! – Rony estava começando a desenvolver uma espécie de fobia de ficar preso ali para sempre.

               Annabeth estava prestes a responder qualquer coisa quando uma sombra passou voando por cima deles. Era uma espécie de fumaça negra. Uma risada ecoou pela sala.          

               A fumaça chocou-se contra o chão à frente deles e tomou forma: Lorde Voldemort.

               - Por fim, encontrei vocês... – ele sorriu sarcasticamente.

               - Como?! – Hermione não compreendia – Achei que o Ministério tinha um sistema anti-aparatação.

               - Não seja idiota. Estou acima do Ministério há anos. Esse sistema não funciona mais comigo, posso me movimentar livremente aqui dentro... Enquanto vocês, por outro lado, estão perdidos aqui embaixo... Sozinhos...

               Todos empunharam suas armas.

               - Entreguem-me Mellany – disse Voldemort sério – É só isso que quero. Entreguem-na para mim e eu juro que deixo vocês todos vivos, procurando pela saída. Vocês tem que admitir, esse é um acordo bastante justo. Uma vida de uma criança, pela vida de seis adolescentes...

               - Mellany – disse Nico com sua espada em mãos – Vá para trás.

               A garota fez como era comandada.

               - Você terá que matar a todos nós para pegá-la.

               - Ah, mas eu estava esperando que dissessem algo assim. Não seria tão divertido se vocês simplesmente me dessem a criança. Não, é mais divertido caçá-la. E vocês não podem dizer que não dei chance a vocês. Vão todos morrer aqui, sozinhos. Daqui há algumas horas, um funcionário vai encontrar o corpo de vocês e perguntar a si mesmo o que será que aconteceu.  Avada Kedavra!

               Eles desviaram-se do feitiço, que acertou uma das prateleiras.

               - Sectumsempra! – gritou Rony.

               Voldemort defendeu-se com maestria, usando apenas um simples movimento de varinha.

               - A quem estão enganando? Nunca ganharão de mim! Crucio!

               Rony saltou para fora do alcance da magia, acertando uma prateleira e derrubando varias profecias.

               - Ei, Voldemort! – gritou Nico – Você pode até ser bom magia, mas seu físico é péssimo!

                Ele reuniu sua coragem e saltou para cima do bruxo, com sua espada em mãos. Desviou de todas as magias que o Lorde das Trevas lançava e por fim alcançou-o. Mas, quando sua espada atravessou o tórax de Voldemort, o bruxo desapareceu em fumaça – rematerializando-se há alguns metros dali.

               - Não preciso ter um físico bom enquanto puder aparatar, seu jovem tolo.

               - Depulso! – Hermione aproveitou-se do momento de distração do bruxo.

               O feitiço atingiu-o com ferocidade, jogando-o para trás. Ele atingiu uma prateleira com bastante força, soltando um gemido abafado. A enorme estrutura metálica que continha as profecias começou a cair no chão, derrubando as esferas azuis. A prateleira acertou outra, que acertou outra, e outra... Várias prateleiras caíram em série.

               - Corram! – gritou Rony, aproveitando-se do momento de atordoamento de Voldemort.

               - Não, isso será inútil – notou Thalia – Enquanto ele puder aparatar e nós não, ele terá a vantagem. Não importa o quanto corrermos, ele nos alcançará no segundo em que se levantar. Fugir apenas irá nos cansar – ela apertou o punho de sua espada mais fortemente – É melhor que acabemos com isso de uma vez por todas. Aqui e agora. Estão comigo?

               Todos, encorajados pelas palavras de Thalia, concordaram. Realmente, eles não sabiam onde estava a escada e nunca conseguiriam chegar ao primeiro andar – para pedir ajuda aos funcionários do Ministério – antes de Voldemort alcançá-los. Eles teriam que resolver o problema sozinhos. Ou morrer tentando.

               O Lorde das Trevas levantou-se lentamente, com um pequeno projeto de sorriso sádico estampado no rosto. Balançou sua veste negra, para retirar os pequenos fragmentos de vidro azul que as profecias haviam lançado para todos os lados, quando se quebraram.

               - Honestamente – disse ele com escárnio – Não sei se admiro a coragem de vocês. Ou se rio de sua idiotice. Acabaram de condenar a vocês mesmos. Vão todos morrer e levarei Mellany comigo.

               - Salvar Mellany – disse Annabeth – Essa é uma causa pela qual morreremos felizes.

               A garota de cinco anos não sabia o que dizer. Nunca tivera nada próximo de amigos e agora essas pessoas, a qual conhecia há apenas dois dias, lhe diziam isso. Por quê?

               Ela tomou sua decisão. Não poderia deixar que todos morressem por ela. Eles não mereciam isso. Eram bons demais. Não deixaria que morressem por ela.

               - Parem! – disse ela, jogando todos os olhares para si – Leve-me!

               - Mellany, o que está dizendo? – Thalia estava confusa.

               - Voldemort, é seu nome, não é? – perguntou a menina – Se eu prometer ir com você em paz. Prometa que irá deixar todos vivos e sem ferimentos.

               - Mellany, você não... –tentou Thalia, mas foi interrompido por uma risada de Voldemort.

               - Você não percebe? Eu já dei essa oportunidade a eles quando cheguei nessa sala. Disse-lhes exatamente a mesma coisa que você está propondo agora. Eles não aceitaram naquela hora e não estou disposto a propor novamente. Eles morrerão. E fim. Ainda não me esqueci do que fizeram há três meses, durante a Grande Guerra. Depois, levarei você comigo, Mellany.

               - Mas...

               - Não. – cortou Voldemort – Já lhe disse o que acontecerá. Não vê? Se tivesse ficado no seu orfanato, como devia, nada disso teria acontecido. Bastava dizer que não iria com os semideuses. Eu iria renascer e buscaria você lá. Ninguém morreria nesse processo. Você condenou a todos eles. Você é a responsável por isso tudo...

               - Por favor... – tentou a garota.

               - Espere aí – Annabeth havia notado uma coisa. Algo que estava extremamente mal contado na história de Voldemort – Você disse que alguém te renasceu para que você encontrasse e capturasse Mellany. E aparentemente você já sabia previamente que Mellany era órfã e estava num orfanato. Somente você tinha essa informação. A minha pergunta é: como você poderia saber onde Mellany estava, enquanto ninguém mais sabia?

               - Ora, a resposta é óbvia – Voldemort sorriu – Eu sabia disso porque sou o pai dela.


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Notas finais do capítulo

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