Candor Lunar - Livro 1 escrita por Denise Kellner, AngusMarcos


Capítulo 24
Capítulo 24 – O Adeus a Renesmee


Notas iniciais do capítulo

Coração apertado nesses ultimos momentos de Candor...
Curtam aí...
Diê.



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No lado leste da casa de meu avô há uma porta de vidro imensa que permite que os primeiros raios do sol incidam diretamente na sala de estar, eu estava sentada no chão em frente a essa porta olhando o nascer do sol. Meu braço pendia em uma tipóia que meu avô providenciou assim que percebeu que eu não me sentia confortável com o braço balançando livremente, minha perna ainda não firmava bem e meu peito continuava doendo, muito lentamente a pele de diamante de meu rosto estava cicatrizando e voltando ao normal... mas as marcas de minha batalha ainda eram evidentes e apenas aumentavam o clima pesado em minha família.

A aurora cintilou silenciosa no horizonte, as árvores que rodeavam a mansão passando rapidamente de uma tonalidade verde escura para um verde claro e translúcido, era lindo o amanhecer... uma pena que meu coração agora parecia contar os dias para o fim. Eu ouvia não muito nitidamente os sussurros de minha família fechada no gabinete de meu avô, meu pai pediu para que eu não participasse desta reunião para que eu dormisse um pouco... obviamente eu não consegui fechar os olhos durante toda a noite.

Agora, nesta penumbra que se forma entre o nascer do dia e o adormecer da noite, as palavras do velho Cain Fog ecoam em minha mente com o som de um trovão: “...os filhos dos Quileutes sofrerão ainda mais, pois, por escolha própria, da tempestade apenas um Grande Alfa retornará”.

“... apenas um grande Alfa retornará”.

  No silêncio opressivo de minha solidão as palavras reverberavam em minha mente, eu balancei violentamente a cabeça procurando afastar de mim aquelas palavras proféticas tentando convencer-me de que tudo ainda estava incerto. Alice sempre me dizia que o futuro não está escrito de forma definitiva e que cada pequeno acontecimentos ou escolha poderia muda-lo e que nem mesmo uma vidente como ela era capaz de compreender todos os percalços sinuosos do futuro.

Mas os quileutes tinham uma magia antiga em seu sangue e predizer o futuro com um dom como o de Alice era diferente de ser informado sobre ele por espíritos do outro mundo. Durante a noite toda eu quis pensar como Emett que considera a magia uma bobagem sem tamanho, mas eu sabia que não era assim e que meu avô tinha razão... afinal, nós somos criaturas de contos e histórias e seria uma hipocrisia além da conta que um vampiro não acreditasse no sobrenatural.

Mas aqui e agora, eu me questiono sobre vida e morte e sobre perder aqueles que amo e que direito tem os Volturi de virem até aqui e arrancarem a felicidade de nossa família... fico me perguntando qual é a essência da maldade e porque os maus fazem o que fazem. Fico pensando o que levou meu avô a desejar uma família grande e amável e o que leva Aro Volturi a querer um exército de tolos poderosos... Aro se cerca de soldados... Carlisle de pessoas que o amam. Faces opostas de uma mesma moeda. Então, julgo que a diferença está no amor... a diferença está sempre no amor.

Minha família evita olhar para mim e se lembrar do que quase perderam, meus pais ficam próximos a mim mas não conversam comigo e Jacob está assim também... eu não os culpo, eles talvez ainda estejam em estado de choque. Mas eu vi a morte de perto e sei que o sabor da perda e do medo terrível que a antecede é algo capaz de parar até mesmo os guerreiros mais calejados; Jacob se culpa pela minha tragédia... todos se culpam quando, na realidade, a culpada sou eu.

Eu fui egoísta e pensei apenas no meu próprio bem estar, fui egoísta e quis resolver as coisas rapidamente... se bem que se eu não estivesse na floresta naquele momento nós jamais saberíamos que os Volturi nos rondavam... querendo ou não, há males que vem para bem.

O brilho do sol fulgurou solitário e triste num céu de anil ainda escuro, as estrelas empalideciam gradualmente seu brilho tênue para dar lugar ao azul absoluto do céu diurno, havia nuvens longas e estriadas cobrindo o horizonte e um vento fugaz e cálido balançava suavemente a copa das árvores. Foi neste instante que eu senti um par de braços fortes e quentes me abraçando, eu estava tão distraída que não percebi sua presença, eu me  encostei de encontro ao corpo escaldante de Jacob e senti seu cheiro de floresta invadir minha respiração.

- Como você está? - ele perguntou baixinho.

- Estaria mentindo se dissesse que estou bem. – eu respondi num suspiro.

- Você dormiu?

- Apenas alguns minutos.

- Você precisa descansar, Nessie.

- Como eu conseguiria sabendo que tudo o que conheço e amo está prestes a ser arrancado de mim?

- Isso não vai acontecer.

- Como você pode ter certeza? - eu perguntei me virando para ele, seu rosto estava sombrio e entristecido – Você ouviu a profecia do ancião... sabe que não há meios de eu ficar em paz depois do que ele pronunciou.

- Renesmee, você ouviu o que Sam disse sobre a profecia dos quileutes... elas geralmente são enigmáticas e imprevisíveis... podem ser alteradas por qualquer pequeno detalhe.

- Nós deveríamos fugir daqui... todos nós.

- Nessie, fugir não é a solução, eu conheço estes vampiros e sei que iriam atrás de nós até o fim do mundo se fosse necessário... nós temos que pará-los aqui e agora enquanto nosso poder é grande. Da ultima vez eles se assustaram e isso já é um ponto a nosso favor.

- Alguma coisa está errada, Jake, eu sinto isso. Você acha que os  Volturi viriam até aqui apenas com a guarda que eles tinham há dez anos atrás? Jacob, eles planejam algo terrível e eu sinto isso em meu coração, sinto que algo ruim realmente vai acontecer e não importa o quão bravos vocês sejam ou o quão fortes se mostrem... eu não vou permitir que você morra.

- Renesmee – Jake falou me olhando nos olhos – Se este for o momento de minha morte então assim será... mas de forma alguma eu fugirei. Os covardes e os maus só tem êxito neste mundo porque aqueles que podem detê-los se calam, os corajosos e os honrados se levantam e lutam contra toda injustiça e toda maldade, a morte lhes vêm porque eles ousaram enfrentar aqueles que estão errados... aqueles que proferem injustiças e aqueles que destroem o que o amor semeia.

- Eu morrerei ao seu lado então.... – eu falei e as lágrimas brotaram de meus olhos mas Jacob não respondeu e apenas desviou o olhar não ousando me encarar e eu soube, naquele momento, que havia algo de errado ali - Jacob? O que foi?

- Você não morrerá. – ele falou ainda sem me olhar.

- Nenhum de nós morrerá...

- Você é minha vida...

- Você é a minha... como espera que eu viva sem você? - eu perguntei chocada com a frieza em seu olhar.

- Há algum tempo você me perguntou se eu morreria por você e eu disse que sim... este é meu trabalho, este é meu destino. Você deve viver, Nessie... você precisa viver por nós... mesmo que eu não esteja mais aqui.

- Não – eu falei agarrando seu corpo contra o meu – Não.... eu não vou passar a eternidade me lembrando de você, não vou ficar como Kaori que perdeu o marido que tanto amava... eu prefiro morrer ao seu lado... morrer ao lado da minha família.... – mas Jacob segurou meu rosto entre suas mãos e me olhou com uma intensidade que até então jamais havia demonstrado.

- Renesmee... eu a amo mais que a minha vida, amo mais que tudo e não há palavras neste mundo ou neste universo que sejam capazes de fazê-la compreender o tamanho de meu amor... eu não permitirei que nada aconteça com você, mesmo que para isso eu tenha que morrer.

- Você não vai morrer... nem você nem ninguém...

Mas Jacob se colocou em pé e me puxou para junto dele, eu ouvia seu poderoso coração batendo em seu peito com uma força absurda... senti as lágrimas dele sobre meu rosto unindo-se às lágrimas que caiam de meus próprios olhos e soube que ele falava a verdade e que não permitiria que nada nos afastasse... mas, então, falando baixo ele disse.

- Edward... chegou o momento.

Eu o olhei estranhando e momentos depois, toda a minha família estava na sala... mudos e estáticos como perfeitas estatuas de mármore... seus rostos outrora luminosos estavam consumidos em preocupação e não havia nada ali a não ser uma dor desesperada; a mesma dor que habitava o rosto de Jacob e eu soube que eles tinham algo para me dizer... algo que haviam escondido de mim.

- O que foi? - eu perguntei com medo.

- Querida – disse minha mãe – Venha se senta conosco por um momento, sim?

Ela me conduziu até o sofá onde me acomodei entre ela e meu pai, Jacob permaneceu em pé e ele não ousava olhar em meus olhos, meus avós também se sentaram assim como Alice e Rosalie... mas Jasper e Emett permaneceram em pé e eles também não me olhavam, Kaori estava sentada na escada no lugar que sempre ocupava... Kate e Garret espalhados silenciosamente por ali.

- Nessie... – disse meu pai – Eu, sua mãe e Jacob conversamos durante a noite passada em nossa ronda com os lobos...

- Espere... – eu falei surpresa – Vocês dois estão se falando?

- Esta crise atual foi capaz de por de lado nossas diferenças... para um bem maior.

- Um bem maior?

- Querida – disse minha suavemente sobre o olhar de todos – Eu, seu pai, Jake e toda a nossa família... bem, nós temos um pedido a lhe fazer.

- O que está havendo? - eu perguntei e meu coração se encolheu em meu peito.

- Renesmee – disse meu pai me olhando nos olhos – Isso não é uma ordem, é um pedido de pai para filha... algo que apenas você pode fazer por nós... filha, nós queremos que você parta.

- O quê? - eu consegui perguntar sem esconder o choque, todos me olhavam com ansiedade.

- Renesmee – disse minha mãe – Este é um pedido nosso, um pedido que precisamos fazer a você... algo que nos dói demais mas que não pode ser postergado por muito tempo, nós estamos com problemas e sob uma ameaça cujo poder você desconhece mas que pode causar um estrago muito grande. Por isso, minha querida... minha filha amada, nós estamos pedindo para que você vá embora... para longe.

Eu sufoquei um gemido de surpresa e olhei, um por um, o rosto de cada membro de minha família e sabia que todos eles haviam decidido me fazer este pedido descabido; subitamente, meu olhar recaiu sobre Jacob e eu soube neste instante que ele concordava com o pedido e que havia decidido se afastar de mim. Eu me levantei, como um fantasma sem sentimentos, como um espectro sem cor e caminhei até ele, minha voz... quando conseguiu sair, malmente possuía um timbre audível.

- A idéia foi sua, não foi, Jacob?

- Nessie... – ele começou mas sua voz morreu ao encarar a tristeza em meu rosto.

- Não... – eu respondi num sussurro ainda olhando para ele.

- Querida – começou meu pai, mas eu o interrompi

- Não, eu não me afastarei de vocês.

- Filha, você não entende o que é que pode estar por vir... E você ouviu o conselho de Cain Fog, nós precisamos proteger a jóia mais preciosa de nossa família.

- E quem foi que disse que eu sou a jóia mais preciosa?

- Renesmee – continuou meu pai com cuidado – Felix esteve na floresta e queria você, ele deixou isso bem claro, se os irmãos Volturi estão interessados em você é obvio que a atenção deles está voltada para conseguí-la... eu não sei para qual propósito, mas sabemos que eles a desejam e por isso você precisa ir para longe.

- Vocês não entendem? - eu disse enquanto olhava para todos – Como eu poderia ficar distante de vocês? Como eu poderia viver sabendo que vocês podem estar lutando e morrendo longe de mim? Não, eu não posso fazer isso... vocês não podem me apartar de dentro da minha própria família num momento como este... se vocês morrerem, eu morrerei junto. Aliás, eu não sou uma inútil... eu me virei contra três vampiros puros no meio daquela floresta.

- Nessie – chamou meu avô – Você apenas está viva porque Felix seguia ordens expressas para capturá-la e não matá-la... se ele a desejasse morta, meu bem, acredite, você estaria.

- Não podem me pedir isso – e então eu corri até minha mãe e me ajoelhei não chão em sua frente escondendo meu rosto em seu colo, minhas lágrimas brotando de meus olhos – Mãe, eu não vou deixar você... eu jamais poderia, não me peça isso, por favor, peça qualquer outra coisa menos isso...

- Você não entende, querida – disse minha mãe sorrindo ternamente para mim – Você não é mãe, não sente o medo que uma mãe tem de perder um filho... não é natural que um pai ou uma mãe vivam mais que os filhos, Renesmee. Eu não consegui nem ao menos conceber a idéia de perdê-la e ... –  neste momento a voz dela falhou.

- Me é estranho este pensamento – continuou meu pai segurando meu rosto – Perdê-la. Você é minha obra mais perfeita... durante décadas, antes de o destino me conduzir a Forks para conhecer sua mãe, eu considerava que viveria sozinho para sempre e que minhas únicas obras seriam as músicas que eu compunha ao piano. Então, de uma forma que não sei explicar, os céus me presentearam com uma dádiva maior do que eu jamais pude imaginar ou desejar... o amor de sua mãe; e, como se não bastasse... eu ainda tive você. Eu sempre me questionei como seria o sentimento de criar algo perfeito, ou em que Deus pensava depois que criava algo belo como a água ou uma árvore frondosa... você consegue, Nessie, imaginar o dom da criação? Criar algo que apenas você é capaz e admira-la com um sentimento de plenitude? É assim que me sinto com relação a você, minha pequena criança, minha pequena obra prima... meu dom da criação.

Os olhos dourados de meu pai me consumiam, aqueles olhos luminosos e perspicazes que me embalavam quando era pequena e que agora me prendiam numa magnitude inimaginável, o amor de meus pais por mim pulsava como uma energia radiante e parecia emanar de seus corpos me acolhendo protetoramente.

- E como eu ficaria, pai, sabendo que as pessoas que mais amo no mundo estão correndo perigo? Não me afastem de vocês, por favor, se for para sofrermos então sofreremos juntos... eu jamais irei conseguir viver sem vocês... sem qualquer um de vocês... sem Jacob.

- Nessie – chamou Jasper e ele também me olhava com cuidado – Na verdade também se trata de uma questão estratégica. Se houver uma luta e nenhum de nós está dizendo que haverá uma... um ponto principal a ser defendido será a sua mãe. Apenas o dom de Bella pode nos proteger dos ataques de Alec e Jane que, por si só, já conquistaram muitas lutas para os Volturi.

- Você não sabe como é uma luta – continuou Emett – É uma confusão de corpos, Nessie, gritos e furor... sendo bem franco, você nos distrairia... distrairia Jacob e a força dele é fundamental se tivermos de lutar. Ele não conseguirá deixá-la nem por um segundo e isto pode ser fatal, um erro e tudo estará terminado.

- Nessie, meu bem – disse tia Rosalie – Sua mãe é nossa prioridade porque ela é nosso escudo e ela será a mais visada em um campo de batalha... será a primeira a ser atacada.

Apesar de toda a minha teimosia em sequer prestar atenção aos esforços de todos para me fazer partir... isso eu tive que ouvir e meu cérebro registrou rapidamente a lógica e a veracidade nas palavras de meus tios. Mamãe seria a mais visada num campo de batalha e mesmo eu tinha consciência disso, numa guerra, é fundamental que as defesas dos inimigos sejam arrasadas para que a vitória seja conquistada.... e minha mãe era a defesa de nossa família. Eu a olhei, minha doce e desajeitada mãe... mesmo sendo uma vampira, ela jamais deixou de ser desajeitada com tudo, mamãe não era uma lutadora e nunca foi... ela aprendeu em todos estes anos a dominar completamente seu dom, mas isso não quer dizer que ela conseguiria sair ilesa de uma grande batalha.

- Nessie – disse Jacob aproveitando a minha falta de resposta – Nós ficaremos bem.

- A profecia... – eu balbuciei.

- Toda previsão de futuro é incerta, querida – afirmou tia Alice.

- Vocês me querem longe justamente devido à profecia de Cain Fog.

- É apenas uma precaução, Nessie – disse meu avô – Entenda, eles sabem que você é nosso ponto fraco e tentarão de todas as maneiras possíveis nos atingir através de você... se você estiver segura e com pessoas que confiamos, nós nos concentraremos melhor para terminar com este problema de modo definitivo. Entenda, nós não estamos pensando em lutar... um embate é a última coisa que queremos, o importante agora é que você esteja segura.

Minha cabeça rodava e doía, só o pensamento de ficar longe de Jacob sabendo que ele poderia morrer era capaz de parar meu coração... e o medo terrível de perder meus pais ou qualquer outro membro de minha família não me permitia pensar direito... ainda assim forcei minha mente a tentar raciocinar. Por mais que eu detestasse admitir, Jasper tinha razão e ele era o estrategista militar da família... hipoteticamente falando, em uma luta eu seria realmente inútil porque sou muitas vezes mais frágil que um vampiro puro e muitas vezes mais lenta ou forte...

E agora surgiu um fator de risco: minha mãe. Ela ficaria mais vulnerável numa provável batalha caso eu também tivesse que ser protegida o tempo todo e Emett também tinha razão... Jacob não me deixaria um segundo sequer o que comprometeria a formação de batalha dos lobos. Mas o temor de perdê-los era imenso demais... se ficar eu poderia mais atrapalhar que ajudar em algo... se eu partisse, eu correria o risco de jamais rever qualquer uma das pessoas que eu mais amava em minha vida.

- Para onde vocês querem me mandar? - eu perguntei.

- Para o Brasil... – meu pai respondeu rápido aproveitando o meu interesse – Há uma ilha que pertence a Carlisle e que fica isolada algumas léguas mar adentro de uma das cidades mais populosas daquele país. Enviamos uma mensagem para Zefrina para que ela a encontre lá e tome conta de você caso o pior aconteça.

- E como eu poderei saber que vocês estão bem?

- Vamos pessoalmente buscá-la depois que tudo terminar – disse Jacob.

- E, teoricamente, quando eu partiria? - eu perguntei e vi que meu pai fez uma cara de dor.

- Hoje, no fim do dia. – respondeu minha mãe como se estivesse se livrando de uma ogiva nuclear armada.

- Mas... o quê? - eu sofri para dizer – Como assim, hoje no fim do dia?

- Não sabemos o que eles planejam, Renesmee – disse Jasper – Não sabemos se ou quando vão nos atacar e, principalmente, não sabemos porque estão esperando tanto. Eles aguardaram seis meses até que por sorte, toparam com você no meio da floresta e sozinha... eles nos espreitam há meses... talvez anos... não temos tempo a perder.

- Eu não posso... – eu sussurrei novamente.

- Querida... – disse minha mãe segurando minhas mãos – Faça isso por nós, por favor?

- Eu não posso mãe... algo ruim vai acontecer, eu sinto isso.

- Nessie – chamou Jacob – Por favor?

Eu olhei para ele... depois olhei para meus pais e, seguidamente, para toda a minha família e para Kaori... Kate e Garret.

- Está bem – minha voz saiu falhando – Com uma condição.

- Qualquer coisa, filha – disse meu pai.

- Jacob e eu nos casamos assim que tudo isso terminar.

- Hum... – gemeu meu pai.

- Sim... Alice já irá planejando tudo. – disse minha mãe e eu ouvi minha tia Alice bater palmas com um sorriso no rosto.

- Bella? - chamou meu pai.

- Quieto, Edward... isso já foi longe demais. Se os dois querem se casar então se casarão e pronto. – disse minha mãe para o espanto de todos – Você tem a minha benção, querida... vocês dois têm... depois que este grande mal entendido passar, seu pai terá a honra de conduzi-la até o altar para se casar com Jake. Não é mesmo, Edward?

- Sim, será uma honra – disse por fim meu pai, suspirando e um pouco mal-humorado – Se esse infeliz puder fazer o favor de realizar um pedido decentemente.

- Ah, eu nem comprei o anel nem nada... – Jacob disse e ele estava completamente confuso pelo rumo da história.

- Sem problemas... – disse minha avó sumindo pela escada e voltando num piscar de olhos com uma caixinha vermelha nas mãos que ela entregou a Jacob – Pertenceu à avó de Carlisle e ele entregou a mim em nosso noivado...

- Vó – eu disse – Não precisa...

- Ah, que bobagem, Renesmee... eu quero que seja seu... vamos lá rapaz, não é hora para acanhamentos – ela disse sorrindo para Jacob.

Jake me olhou espantado segurando desajeitadamente a caixinha vermelha nas mãos e eu sinceramente senti meu coração acelerar em meu peito, na verdade não imaginei que as coisas rumariam para isso tão rapidamente; me coloquei em pé e tirei a tipóia do braço com a ajuda de minha mãe, todos nos olhavam com sorrisos nos rostos e tia Alice dava pulinhos mal contidos no sofá da sala; o dia agora raiava belo lá fora e o sol refulgia nossas peles de cristal. Jacob estava apenas com um tênis, uma calça jeans e uma eterna camiseta básica preta mas para mim estava perfeito... ele respirou fundo e caminhou em direção a meu pai por primeiro.

- Edward... você me daria a mão de sua filha em casamento?

Era uma cena que ninguém poderia jamais ter imaginado, meu pai e Jacob, inimigos mortais no passado... agora prestes a se unirem eternamente numa mesma família, realmente o destino era algo inexorável e completamente imprevisível. Meu pai olhou para Jake com resignação, em seguida levantou-se e o encarou demoradamente nos olhos.

- Eu sabia desde o começo que você só me traria problemas, Jacob Black – ele disse muito sério, mas em seguida sorriu e abraçou Jake – Mas eu concedo a mão de minha filha para você, com muito apresso.

Todos se mexeram nos lugares e tia Rosalie cutucou Emett para ele se conter e evitar falar alguma coisa estúpida para estragar o momento... agora a expectativa cresceu de forma descomunal e todos aguardaram ansiosos quando Jacob se virou para mim e se ajoelhou na minha frente.

- Bem, eu jamais planejei fazer isso com tanta gente olhando, mas... Renesmee Carlie Cullen... eu a amo desde o primeiro dia de sua existência e irei amá-la até o último dia da eternidade, você poderia me dar a honra de se tornar a minha esposa?

E então ele abriu a caixa que minha avó havia lhe dado e o anel que um dia pertencera à avó de meu avô fulgurou num brilho azul e prateado na sala lotada, era singelo e o aro dourado era adornado pequenos filetes de prata trançando-o em toda a sua extensão, sobre ele uma pequena pedra de diamante esculpida pelo mais magnífico dos ourives e multifacetado de tal forma que fragmentava até mesmo o mais finíssimo fóton de luz. Era, sem duvida alguma, o anel mais lindo que eu já vira e todas as mulheres na sala prenderam a respiração ao admira-lo.

- Sim... – eu respondi simplesmente enquanto ele deslizava o precioso anel para o meu anelar direito.

Então, Jacob, ignorando a sala abarrotada com toda a minha família, levantou-me nos braços e beijou-me sob o olhar atento de meu pai. O que eu sentia não poderia ser definido na palavra dos homens e quiçá na língua dos anjos; eu estava feliz e triste ao mesmo tempo e meu corpo não foi capaz de represar as lágrimas dentro de mim escoando-as pelo meu rosto num misto de fogo e gelo. Este era o momento mais feliz da minha vida e o mais triste... pois no instante em que ficava noiva de Jacob seria o mesmo em que o deixaria, sem a certeza de que o veria novamente.

Todos na sala aplaudiram e eu ouvia o zum-zum-zum das fofocas aumentando, em meio a este caos que estávamos, minha família ainda era capaz de sentir amor, alívio e união... era isso que nos tornava uma família, nossa capacidade de nos agarrarmos aos mais levianos fiapos de esperança e a mais diáfana bruma de amor e amizade... nossa união era insubstituível e a jóia mais rara que possuíamos.

- Está bem, está bem... pelo amor de Deus, Jake... o pai da noiva está na sala – disse meu pai rindo e Jacob me soltou no chão me olhando com um sorriso faiscante...

Minha mãe correu me abraçar e de repente tudo ficou completamente alvoroçado... havia risos e festejos para onde eu olhava e a sala se encheu de um som melodioso de alegria, Jacob estava radiante recebendo os cumprimentos de todos e eu sentia minha lágrimas, mas, desta vez, de felicidade.

Kaori me abraçou assim que conseguiu chegar até mim e tia Rosie veio fazer inveja em meu anel de noivado dizendo que era a jóia mais linda que ela já vira na vida, meus pais estavam felizes e eu não pude deixar de notar que meu pai sorria com uma sinceridade incontida... para quem temia tanto ver a filha se casando, o noivado até que foi fácil para ele.

- Não, está muito sem graça isso – reclamou Alice – Foi muito de repente, está certo que foi emocionante mesmo assim... pegou todos de surpresa, inclusive o noivo, mas nós deveríamos ter dado uma festa imensa... e eu e você, querida sobrinha, ainda teremos que ir à Paris confeccionar o seu vestido... Há um alfaiate maravilhoso lá...

- Eu sei tia, eu sei... – eu falei sorrindo – Mas nós nem sabemos o dia de amanhã...

E então, sem querer, eu atirei sobre toda a minha família um balde de água fria trazendo novamente todos à realidade. Era uma ocasião feliz tragicamente colocada no seio de um momento de tristeza e de medo, eu me acabei de me tornar noiva de Jacob e, no mesmo dia, iria ser afastada dele.

O silêncio tomou conta do ambiente e o alvoroço repentino agora jazia esquecido num passado próximo e estranhamente distante, eu segurei a mão de Jake com força imaginando que poderia ficar viúva antes mesmo de me casar... imaginando que mesmo que tudo acontecesse e Jacob se salvasse, muito provavelmente, algumas pessoas aqui reunidas não presenciariam meu casamento.

- Bem, acho que agora deveríamos terminar de planejar a partida de Nessie – disse meu avô nos tirando do estupor.

- Sim... acho que sim. – sussurrou minha mãe.

Eu me sentei novamente no sofá e Jacob acomodou-se ao meu lado, eu senti seu corpo quente comprimindo o meu e me arrependi de ter aceitado partir, entretanto, eu estava consciente que minha família teria mais chances sem mim... afinal, eu era fraca demais para poder ajudá-los e no fim apenas atrapalharia. Eu jamais colocaria a vida de minha mãe em risco apenas para poder participar de uma batalha cuja qual eu dificilmente faria alguma diferença.

- Acho que precisamos continuar do ponto onde paramos anteriormente... – disse meu pai.

- Pensei que havíamos descartado todas as hipóteses anteriores. – disse Jasper.

- Não temos certeza disso, Jass.

- Mas Edward... enviar uma escolta junto de Nessie até o aeroporto é sinalizar para todos os possíveis espiões dos Volturi que estamos mandando Renesmee para longe...

- Então, o que você propõe? Já discutimos dezenas de estratégias e até agora nada.

Eu me sentia uma inútil estando ali apenas ouvindo o que todos planejavam para mim, já não bastava quase ter morrido na floresta... parecia que todos se dedicavam ao máximo para me proteger e eu passei, pouco a pouco, a me considerar um peso dentro desta família.

Há medida que a discussão seguia eu pude compreender um pouco da estratégia traçada para a minha partida; há muitos anos, acho que depois do primeiro embate de minha família contra os Volturi e logo após minha mãe revelar seu plano secreto para que Jacob partisse comigo e nunca mais voltasse, meu avô adquiriu um pequeno avião bimotor que era capaz de voar determinadas distâncias. Carlisle achou interessante manter um veiculo que pudesse se locomover com mais facilidade e autonomia que um carro, é claro que o pequeno bimotor não atravessava oceanos mas servia para cruzar o país ou alguns estados rapidamente.

O avião de meu avô ficava guardado em um hangar alugado no aeroporto de Port Angeles, a idéia principal era me levar até lá e voar para São Francisco, na Califórnia, onde eu pegaria outro avião para o México e, finalmente, para o Brasil. O problema, ao que eu pude entender, era a minha viajem até Port Angeles sem nenhum espião Volturi me interceptar ou perceber a intenção de meus pais.

- Se me permitem – interveio Garret com sua voz profunda – Acho que teremos de preparar algumas iscas para podermos levar Renesmee até Port Angeles sem despertar suspeitas muito grandes.

- Continue, por favor – pediu meu avô.

- Bem, pelo que entendi até agora, há alguns vampiros com a habilidade de se camuflarem o que inviabiliza quase que totalmente os nossos sentidos, é desta forma que eles tem rondado vocês por todos estes meses. Sob esta linha de pensamento, é totalmente improvável que Nessie viaje até Port Angeles sem ser vista... a não ser que criemos uma distração considerável para qualquer possível espião que esteja nos espreitando.

- E o que você sugere, Garret? – perguntou Jacob atento.

- Temos que criar uma distração e dividir a atenção deles em duas ou três frentes diferentes...

- Uma distração? – interessou-se Jasper.

- Raciocinem comigo – continuou Garret – Se todos escoltarmos Renesmee.. dará na cara que estamos planejando algo, os lobos não podem acompanhá-la porque não há qualquer cobertura de floresta durante muitos quilômetros entre Forks e Port Angeles e eles não teria aonde se esconder... principalmente à luz do dia como requer nosso plano. Teríamos, então, que nos dividir. Um grupo seguiria para o norte como se tivesse interesse em caçar, outro para o sul ou leste e apenas um de nós levaria Nessie de carro até o aeroporto. Se houver na floresta apenas um pequeno grupo de intrusos cujo trabalho seja nos espionar... bem, eles não conseguiriam seguir nós todos de uma só vez ainda mais porque não podem se separar pois seu anonimato depende de ficarem sempre juntos.

- É um plano... – opinou meu avô.

- E como faríamos com que eles não desconfiassem de algo? – quis saber Emett.

- Desconfiar eles desconfiarão... – objetou Garret – Mas podemos dificultar para eles, os membros principais desta família teriam que estar nos grupos que serviriam de isca... eles não são tolos e sabem que Renesmee não pode sair de casa pois está debilitada, por isso podem julgar que ela permaneceu aqui esperando que tragam alimento para ela. Alguém que não seja tão chamativo deveria levar-lhe ao aeroporto enquanto os outros grupos cumprem seu papel de isca...

- Edward e Bella terão de ser iscas... senão daria muito na cara... – disse Kate.

- Assim como Emett ou Jasper – completou Garret.

- Ou Jacob.. – disse meu pai.

- Então, quem se dispõe a levar Renesmee ao aeroporto? – perguntou Carlisle.

- Eu levo – disse a voz firme e angelical de Alice.

Toda a atenção voltou-se para a pequena e delicada Alice, cujos olhos dourados faiscava em uma certeza indestrutível, seu semblante perfeitamente harmonioso e lindo estava endurecido e ela encarou meu pai tornando a falar numa voz inflexível.

- Eu a levo até o aeroporto... todos sabem que eu não sou uma eximia lutadora e acho que eles não darão por minha falta, é importante que você e Bella assim como Jasper e Emett saiam para caçar... são os mais fortes e talentosos e a atenção será dirigida a vocês. Ninguém me seguiria, pois eles sabem que meu dom está inutilizado e que eu não sirvo muito para batalhas...

- Você tem certeza? – disse Jasper ajoelhando-se na frente de Alice e olhando-a com atenção e cuidado.

- Sim, Jass... eu faço isso.

- Ótimo, assim está bom – falou Garret – Agora acho bom dividirmos os grupos de forma que tudo pareça o mais natural possível.. Esme deveria ficar em casa com Kaori uma vez que esta rotina era a que se estabeleceu. Se Kaori sair de casa eles poderão estranhar.

- Então será feito assim – sentenciou Carlisle – Nos dividiremos em grupos para caçadas enquanto os lobos protegem o perímetro, Esme e Kaori ficam em casa enquanto Alice leva Nessie até o aeroporto... nosso bom amigo, o comandante Epps, já está avisado desta viajem repentina de Nessie... e você Garret, alguma noticia de Ícaro?

- Ainda não, eu telefonei para ele hoje antes do alvorecer e tive que deixar uma mensagem pois ele raramente responde a telefonemas... mas espero que até o anoitecer ele possa me dar alguma informação sobre a movimentação em Volterra.

-          Seria realmente um bom começo – respondeu meu avô.

Assim que a tarde começou a avançar o meu estado de espírito deteriorou-se rapidamente. Era muito difícil partir num momento como este e meu coração protestava a cada minuto que se escoava rumo à minha partida e a inevitável separação de minha família. Mas minha razão sabia que era a decisão mais certa a ser tomada... eu apenas os atrapalharia em uma luta e diminuiria a possibilidade deles se defenderem... eu não queria ser um estorvo.

Jacob passou todo o tempo ao meu lado e apenas saiu para dar alguma orientação aos lobos, Seth me fez ir até o jardim para abraçá-lo na forma de lobo mesmo, ele queria me desejar os parabéns pelo noivado apressado... Emett até brincou que parecia que eu estava grávida, mas eu não liguei, as brincadeiras dele me fariam falta depois e nós todos sabíamos que o noivado fora às pressas porque ninguém tinha certeza sobre o amanhã.

- Querida – chamou minha mãe – Você tem que arrumar suas coisas para partir...

- Está certo... – eu respondi com o coração na garganta – Você vem comigo?

- Claro que sim, nós já voltamos. – ela disse olhando para meu pai e Jacob.

A tarde estava fresca e acolhedora, mais um dia lindo desperdiçado com tristezas... mamãe e eu andamos lentamente e em silencio até o rio e o atravessamos agilmente, eu abracei minha mãe enquanto caminhávamos pela trilha sinuosa que conduzia até nosso pequeno chalé.

Eu encarei meu quarto com um sentimento saudoso e terno, sentiria falta dele... bem como sentiria falta de tudo o mais aqui, Forks me era estranhamente aconchegante e diferente de minha mãe que antes considerava esta cidade isolada e deprimente, eu realmente adorava o lugar. Sentia-me em casa aqui cercada pela mata e pelos amigos quileutes... me imaginava sempre vivendo aqui com todos... sem nunca envelhecer e sem nunca perder alguém. Eu abri o closet e fiquei parada na porta sem saber o que fazer em seguida, eu não queria partir... e não deveria.

- Você não precisará de roupas quentes... lá faz muito calor e prepare apenas uma bagagem leve de mão, se precisar poderá comprar mais coisas quando chegar ao Rio de Janeiro.

- Foi por isso que desde pequena você fez questão de eu ter aulas de português ao invés de espanhol como todos em minha classe?

- Um pouco – respondeu minha mãe enquanto pegava uma pequena mochila e a abria sobre a cama – Eu sempre imaginei que um dia Aro voltaria para nos assombrar... o Brasil pareceu-me um lugar seguro e é lá que mora Zefrina... ela cuidará bem de você.

- Por favor, não fale como se jamais fosse voltar para mim. – eu falei zangada.

- São apenas arranjos para que você não fique sozinha, Nessie... não se preocupe tanto.

- Eu sinto que algo ruim irá acontecer, mãe.

- É apenas o seu medo tomando conta de você, querida.

- E os meus sonhos? - eu perguntei.

- São apenas sonhos...

- Você tinha sonhos assim quando humana e eles sempre se mostraram com um fundo de verdade... quase como uma premonição.

- Renesmee... nem eu ou você somos videntes e se até mesmo os videntes estão fadados a errar, imagine nós?

- Você está desconversando tudo. – eu falei segurando as lágrimas.

- O que espera que eu diga, filha? Que eu não estou sofrendo por ver você partir? Que eu ou seu pai... ou Jacob não estamos despedaçados por dentro apenas de pensar na possibilidade de jamais reencontra-la? Mas em períodos como este, Renesmee, em períodos difíceis, nós temos de fazer o que é certo e neste momento o mais certo é manda-la para longe de nós.

- Não pense nem por um segundo que eu viverei um dia a mais que vocês... se vocês se forem, eu partirei logo em seguida. – eu falei.

- Não vamos falar em morte agora, Nessie... por favor – fungou minha mãe enquanto atirava algumas roupas dentro da mochila – Seu passaporte?

- Aqui – eu disse enquanto retirava o pequeno livrinho de dentro de uma gaveta.

- Não converse com ninguém quando chegar lá e siga exatamente o que seu pai lhe mostrou nas lembranças dele... você memorizou bem o caminho e como fazer para chegar à Ilha de Esme?

- Sim.

- Não comente nem com o comandante Epps onde você está indo.

- Está bem.

- E não faça essa carinha – completou minha mãe me abraçando – Tudo terminará bem.

- Você promete...?

- Sim, Renesmee... eu prometo.

Eu tinha que estar no aeroporto às cinco horas da tarde e como fiz questão de me despedir de Charlie antes de partir, seria obrigada a sair de casa muito antes... os grupos que serviriam de isca estavam formados e deixariam a casa de Carlisle com meia hora de antecedência à minha partida. Com o sol do meio da tarde iluminando tudo e todos... iniciou-se a despedida dolorosa que abriria um rombo irreparável em meu coração... eu tive que me obrigar a acreditar que eu fazia isto pelo bem da minha família.

- Cuide-se, criança... e não se preocupe... tomaremos conta de sua família – disse Garret sorrindo e me abraçando.

- Tente ficar bronzeada para a festa de noivado que Alice dará assim que tudo se arrumar e você voltar, está bem? - brincou Kate com um sorriso amarelo no rosto dando-me um beijo carinhoso.

- Então, baixinha... – disse Emett sem jeito – Vejo você em alguns dias...

- Lembre-se que sempre a amaremos, não importa onde estivermos – disse Rosalie me abraçando com força, seu rosto entristecido por me ver partir.

- Cuide-se, Nessie... e procure se manter em segurança, está bem? - disse Jasper dando-me um beijo em minha testa.

- A imortalidade não corresponde apenas aos que vivem para sempre, querida – disse meu avô me abraçando com força -  Mas também para aqueles que são lembrados para sempre... não importa o que aconteça, enquanto se lembrar de nós, estaremos com você.

Agora vinha a parte mais difícil.

- Amo você – disse minha mãe e ficou longamente me apertando contra seu corpo, o cheiro doce de morango em seus cabelos me fazendo lembrar de anos de paz, harmonia e felicidade.

- Amo você mãe... – eu disse entre lágrimas e soluços.

- Vai terminar tudo bem... – ela disse por fim e se afastou de mim um pouco dando passagem para meu pai, eu sabia que minha mãe não conseguiria dizer mais nada e que a dor de nossa separação a estava matando.

- Apesar de ser mais fraca que nós por fora... – começou meu pai – Por dentro é a mais forte, eu agradeço por ser forte e por atender o nosso pedido, você sempre será minha não importa o que aconteça... sempre estará em meu coração. Nem que eu fizesse você diretamente de meus pensamentos teria saído tão perfeita como eu imaginava que sairia... você é teimosa como sua mãe e eu a amo assim... e amarei para sempre.

- Ah, pai... – eu solucei em seu ombro e por mais que me esforçasse... por mais que tentasse... eu jamais conseguiria dizer adeus a eles.

Então, um a um eles saíram correndo pela mata até que sobrou apenas eu, Kaori, Alice, Esme e Jacob... eu os vi sumirem entre as árvores como fantasmas pálidos neste lindo dia de sol e, possivelmente, eu jamais tornaria e revê-los novamente. Meu coração pareceu parar de bater em meu peito e eu não sentia mais nada a não ser um grande vazio em meu estomago... tudo parecia errado.

- Nós vamos lhes deixar sozinhos... – disse minha avó, gentilmente.

Jacob me abraçou tentando em vão minimizar os meus soluços e minha lágrimas, ele não compreendia que agora eu ficaria ainda pior pois ele estava prestes a partir também. Eu o olhei nos olhos... aqueles olhos profundos cor de madeira nova, olhos que eu conhecia desde que nasci e que eram um lugar seguro aos meus medos, eu não conseguia dizer o que tinha que dizer pois temia que estas fossem nossas ultimas palavras.

- Apenas prometa que voltará para mim... – eu sussurrei para ele.

- Eu prometo... – ele disse novamente e nós ficamos por um bom tempo apenas ali, abraçados.

- Nessie, eu quero que saiba que...

- Não... – eu o calei com um beijo – Não quero que estas sejam nossas ultima palavras... apenas diga que me ama pois é a única coisa que preciso ouvir de você...

- Eu te amo... – ele falou e me beijou com força assegurando-me que jamais deixaria de me amar e que faria de tudo para voltar para mim.

Seus lábios se afastaram dos meus e ele deu um passo para trás, lentamente... depois outro e mais outro até que ficou mais próximo das árvores da floresta e longe de mim. Eu não queria que ele fosse, como eu também não desejava partir... mas era necessário, Jacob nascera como Alfa e era seu dever liderar os lobos contra qualquer ameaça, ele era isso e eu não poderia impedi-lo de lutar.

Então, subitamente ele sorriu para mim... o mesmo sorriso maroto de sempre, que continha toda personalidade vívida de Jacob Black, o sorriso que dizia que tudo ficaria bem e que ele me amava e, um segundo depois, um lobo descomunal castanho-avermelhado me encarava com seus olhos marrons escuros... Jake farejou o ar por um instante e depois virou-se partindo para o meio da floresta e sumindo da minha vista... e meu coração partiu com ele.

Eu entrei para dentro da casa vazia e me atirei no sofá no colo de Esme e chorei sem parar por tanto tempo que perdi a noção do horário e de tudo, nada aplacaria minha dor... nem mesmo a voz serena de minha avó dizendo que tudo ficaria bem.

Antes do que eu esperava, eu senti a mão delicada de Alice tocando meu ombro.

- Querida... temos que ir, chegou a hora. – ela disse com sua voz de fada.

Vovó me abraçou com força não permitindo que eu falasse nada, pois ela também não conseguiu dizer qualquer palavra... assim como eu, Esme tinha a esperança que todos nós voltássemos a nos reunir depois da tempestade... mesmo que esta esperança fosse minguante.

- Tchau, linda Renesmee – conseguiu dizer Kaori me dando um abraço apertado, ela tentou dizer mais alguma coisa mas sua voz falhou e ela se afastou com tristeza.

Eu peguei minha pequena mochila de viajem e me sentei no Porsche ao lado de Alice, ela ligou o carro e saiu acelerando em alta velocidade pela estradinha de chão que cruzava a propriedade de Carlisle até a estrada asfaltada que nos conduziria através de Forks até Port Angeles.

- Liguei para Charlie nos encontrar na rodovia de saída de Forks... eu achei melhor não entrarmos na cidade para não nos atrasarmos ou darmos motivos para desconfianças caso estejam nos vigiando.

- Você acha que eles estão? - eu perguntei temerosa.

- Rezo para que não.

Alice conduzia o carro velozmente pela estrada, o dia agora esmaecia-se numa tarde bela e luminosa, os raios do sol já desmaiavam pelos troncos nodosos das árvores e tudo tornava-se mais suave com uma coloração levemente dourada. As árvores passavam velozmente por nós e a cada metro... cada quilômetro... eu me sentia mais distante de todos que eu amava e, secretamente, amaldiçoei a existência dos Volturi e sua gana sem precedentes por adquirir vampiros poderosos à sua causa.

Distraída em meus pensamentos eu malmente notei quando Alice diminuiu a velocidade e saiu para o acostamento, um pouco mais à frente um carro de patrulha nos aguardava parado na pista, a porta do carro pintada com tinta branca: Chefe de Polícia. Charlie esperava do lado de fora encostado na lateral do veículo, seus cabelos e seu bigode agora já estavam tingindo-se de branco o que deu a ele um certo charme maduro... quando o avistei eu me obriguei a mais uma vez conter minhas lágrimas... eu amava Charlie, meu avô desajeitado.

- Nossa... o que foi que te deu? - ele disse rindo quando eu deixei o carro e me atirei em seu pescoço, Charlie não era muito receptivo a demonstrações de carinho e sempre ficava meio travado, ainda assim, ele retornou o meu afeto.

- Nada, apenas saudade – eu menti – E vim me despedir...

- Alice me contou que você vai viajar... porque tão de repente...?

- Vou visitar uma amiga minha... só isso, devo voltar em alguns dias.

- Sabe, querida – disse Charlie me olhando – Eu me orgulho de em todos estes anos como chefe de polícia sempre saber quando alguém está mentindo para mim... mas também sei que eu aceitei que esta família tem seus segredo e que não posso fazer nada para interferir nisso.

- Saiba que sempre vou amá-lo, vovô. – eu consegui dizer para ele abraçando-o com força.

- Lembre-se de voltar para casa, criança. – ele me disse respondendo meu abraço – Agora vá ou vai perder seu vôo...

Alice se despediu de Charlie também prometendo que minha mãe o visitaria em breve... entrei no carro e sequei uma lágrima que teimou em escorrer de meu rosto enquanto acenava para meu avô... do espelho retrovisor eu vi que Charlie nos acompanhou com os olhos até que Alice seguiu por uma curva fechada e a imagem dele desapareceu completamente.

- Charlie é um homem perspicaz – comentou Alice – E tem um grande coração apesar de ser travado com declarações sentimentais.

- Sim... ele é um bom homem. – eu consegui dizer.

A tarde agora dava sinais de que a noite se aproximava e tia Alice ligou a meia-luz do carro, as árvores já assombreavam-se e a escuridão caia sobre o mundo, pequenos pontos brilhantes já cintilavam no longínquo espaço e minha solidão me oprimiu cada vez mais. Eu estava perdida em pensamentos e tia Alice havia me deixado em paz em respeito a minha dor, eu sabia que ela também estava sofrendo com tudo isso... Alice era de longe a mais sentimental entre todos nós.

E foi assim, perdida em pensamentos que eu malmente percebi quando tudo aconteceu. A estrada estava levemente na penumbra e tia Alice dirigia com segurança quando, subitamente, um homem surgiu no meio da pista... um homem grande e forte. Alice, com seus sentidos apurados de vampira, guinou rapidamente o carro puxando o freio de mão para que o veiculo rodasse na estrada e desviasse o homem, mas logo ficou claro que não se tratava de um ser humano.

Rápido como um raio, o vampiro se moveu para o carro que ainda deslizava pela pista em alta velocidade... com um murro feroz ele acertou a dianteira do veículo achatando-o contra o chão... com a velocidade e com a súbita parada, o carro se desgovernou e voou para o alto em uma pirueta violenta sendo atirado para fora da pista e capotando seguidas vezes até se chocar contra uma árvore.

Os air-bags explodiram num som oco assim que o carro foi atingido pelo vampiro, o braço de Alice voou em minha direção para evitar que meu corpo se chocasse contra o carro, mas, mesmo com a proteção de minha tia e dos air-bags... eu senti um filete fino de sangue escorrer de meu supercilho e meu corpo, que já estava machucado, protestou de agonia assim que o veiculo chocou-se contra a árvore.

Rapidamente, eu ouvi a porta do carro ao meu lado ser arrancada e tia Alice surgir me tirando do carro e me colocando atrás dela, seu rosto estava mórbido e assustado e eu sabia que estávamos encrencadas.

- Fique atrás de mim, Renesmee... – ela disse num sussurro rápido.

- Onde ele está? - eu perguntei assustada.

- Não sei... e acho que não é apenas um.

Então, como um vento violento eu senti meu corpo ser empurrado para trás contra uma árvore e todo o ar foi expulso de meus pulmões, quando me levantei eu vi que Alice fora levantada no ar e o vampiro a segurava pela garganta... Felix. Eu imediatamente me movi, o mais rápido que pude em direção a ele, de jeito nenhum eu permitiria que aquele monstro machucasse Alice... mas, antes de sequer conseguir me aproximar dele eu senti uma dor excrucitante queimar como fogo dentro de mim, minhas pernas perderam a força e eu caí no chão me contorcendo de agonia, minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento e meus músculos se retesaram em angustia... eu desejei morrer para que a dor parasse e, ainda assim, pude ouvir a voz sufocada de Alice gritando em pânico.

- JANE... DEIXE-A EM PAZ... JANE.... JANEEEE

E a dor subitamente desapareceu. Eu me levantei arqueando e buscando o ar em meus pulmões, Alice correu para mim assim que Felix a soltou e me acolheu em seus braços num aperto desesperado.

- Calma, irmã... – disse um rapaz jovem e bonito, muito bem vestido que surgiu detrás dos destroços do Porsche – Nosso mestre deseja as duas vivas...

- Vivas, Alec... – disse a menina de olhos rubros e cabelos loiros, tinha a face igualmente jovem e sustentava uma beleza feroz e fria em seu rosto marmóreo – Vivas... mas ele não falou nada em levemente machucadas.

- Interessante, vejo que temos uma sorte impar, Jane. Duas das vampiras Cullen mais desejosas por nosso mestre... realmente... uma sorte sem precedentes.

- O que vocês querem? - perguntou Alice entre dentes e eu notei que o vampiro jovem e o mais velho que me atacaram na floresta também estavam ali, assim como um outro vampiro de porte majestoso que eu não reconheci mas que também estavam na memória de minha mãe quando eu a vasculhei na clinica outro dia.

- Bem, nossos mestres desejam a sua companhia minha cara senhorita Cullen... – disse o rapaz polidamente.

- Isso não é um pedido- disse Jane de forma escarrada.

- Nós não iremos com vocês... – respondeu Alice.

- Seria uma pena, porque eu detestaria machucar sua sobrinha... não é mesmo, Felix? Felix está muito desapontado consigo mesmo desde seu ultimo fiasco em falhar na captura desta híbrida tão peculiar... ele está sedento por vingança.

- Vocês não têm o direito... – Alice sussurrou vencida.

- Bem, não é você quem decide isso... vidente. Felix... Demetri... por favor, escoltem nossas convidadas agora... e sejam gentis, nossos mestres não desejam que elas sejam feridas.

- Para onde vão nos levar, Alec?

- Não se preocupe, Alice... não é tão longe e eu sugiro que vocês não façam nenhum barulho impróprio para chamar a atenção dos seus cães de guarda... Miguelito usara seu dom para nos esconder de todos os seus amigos... e apesar de Aro e Caius desejarem vocês duas vivas... bem, acidentes acontecem, não é mesmo, irmã?

- Ah sim, e eu adoro quando acidentes acontecem.- disse Jane com um sorriso malévolo se espalhando pelo rosto.

Tia Alice me abraçava com força e eu não conseguia pensar em qualquer saída, a minha fragilidade a colocava em uma situação complicada... realmente, eu era o elo fraco em minha família por ser tão vulnerável. Instintivamente, eu toquei a mão de Alice para me comunicar com ela através do meu dom, seria a forma mais segura de impossibilitar que os nossos inimigos nos ouvissem conversando.

“Alice... – eu falei – O que faremos?”

“Acho que não teremos outra escolha a não ser acompanhá-los, Renesmee... por hora, espere até nos embrenharmos na floresta e talvez eu consiga formar algum plano em minha cabeça.”

- Então, senhoritas... – chamou Alec - Vamos?

- Não pense que você irá se safar desta, Alec... um dia, a retribuição pelos seus pecados virá e você terá uma morte tão rápida que nem ao menos se dará conta de que está morto. – rugiu Alice.

- Palavras proféticas de uma vidente sem poderes? - riu Alec – Acho difícil, Alice... muito difícil, agora, por favor, nos acompanhem... e eu espero que realmente não tentem nada, detestaríamos ter de machuca-las e como pode ver, vocês estão numa clara desvantagem numérica.

E com isso, Alec tomou a dianteira e começou a caminhar lentamente para o alto da depressão aonde nosso carro fora atirado, o vampiro jovem que se chamava Miguelito e que era o camuflador seguindo-o de perto, o velho vampiro logo atrás... Demetri e Felix nos ladeavam para evitar qualquer tentativa de fuga e a odiosa Jane e seu olhar superior fechava o cortejo nos vigiando com um fogo rubro nos olhos.

Atravessamos a pista e nos embrenhamos na mata fechada, logo eu notei que estávamos seguindo em direção ao norte e me peguei imaginando aonde a guarda real dos Volturi estaria nos conduzindo. Passado um pouco de tempo eu pude ouvir, muito distante, a corrida desabalada dos lobos pelas fronteiras das Reserva e eu soube que havíamos nos afastado de La Push e para fora do perímetro de buscas dos lobos e de uma possível ajuda; também, a cada passo dado, deixávamos nossas esperanças para trás.

“Eu acho que conseguiria distrair Felix e Demetri para você escapar correndo rumo a La Push, Nessie.” – disse Alice através do elo mental que criei.

“E você?” – eu perguntei aflita.

“Não se preocupe comigo...”

“Não, tia Alice... eu não vou deixá-la sozinha com estes assassinos, seja lá o que for que nos espera, enfrentaremos juntas. Não quero que eles a maltratem por minha causa, além disso, eles estão em muitos e Jane me derrubaria apenas com um pensamento em minha direção... e desconfio que com a minha perna ferida eu não consiga correr tão rápido assim”.

“Muito coragem de sua parte não querer me abandonar...”

“Eu não a deixaria por nada”. – eu respondi num desalento.

- Alec, caminhe mais devagar – rugiu Alice – Renesmee está ferida graças ao seu brutamontes aqui e não está podendo andar num ritmo tão rápido.

- Eu posso carrega-la se você desejar. – riu Felix.

- Prefiro ir mancando por todo o caminho, obrigada. – eu respondi furiosamente.

A caminhada se estendia noite adentro, minha perna doía muito e tia Alice passou a sustentar o peso de meu corpo auxiliando-me no trajeto aonde o terreno da floresta era totalmente irregular; ninguém falava nada. Hora ou outra eu ouvia um risinho cínico vindo de Jane e sentia uma vontade insana de me virar e golpeá-la, mas eu sabia que isso seria uma tolice muito grande pois ela possuía um poder ofensivo devastador e era uma das preocupações de minha família durante uma luta.

Tia Alice sorriu para mim tentando me encorajar enquanto caminhávamos rumo ao desconhecido sob esta guarda funesta, mas logo seu rosto se tornava sombrio como uma noite sem lua e eu sabia que ela pensava em Jasper e se haveria a possibilidade de algum dia reencontrá-lo.

Eu baixei meu olhar e ele repousou sobre o meu anel de noivado que Jake tão apressadamente pôs em meu dedo; a jóia refulgiu num brilho triste e frio sobre a luminosidade insinuante das estrelas, minha família procurou me afasta para me proteger do que estava por vir e, despropositadamente, atirou-me justamente nas mãos dos inimigos.

Todos entraram em pânico ao ouvirem a profecia do Ancião Quileute, de que a jóia mais rara de nossa família seria arrancada, eles consideraram que eu era esta jóia mas estavam todos errados... a união era esta jóia rara que possuíamos e ela realmente fora despedaçada, afinal, a partir de agora, estávamos inexoravelmente separados.

Eu aceitei partir pois acreditei que sem mim para distraí-los eles teriam uma chance maior de sobrevivência, acreditei realmente que eu apenas atrapalharia nos planos de defesa de minha família e mesmo com o coração despedaçado e não querendo partir eu aceitei este fardo correndo o risco de jamais revê-los novamente... agora, isso se tornou uma maldição pois escolhemos errado e estávamos em uma evidente desvantagem. Aro nos usaria como moeda de barganha para o que quer que esteja planejando.

Então, sob o brilho das estrelas tristes meu coração perdeu toda a esperança que havia teimado em armazenar... ali, sob a escolta irascível dos Volturi eu sabia que não restava mais nada a ser feito...

E, silenciosamente e apenas para mim mesma... eu me despedi de meus pais.

E de Jacob...


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Notas finais do capítulo

Queremos saber o que achou...
Deixe-nos um review...
Beijinhos e até semana que vem...
Diê.