Candor Lunar - Livro 1 escrita por Denise Kellner, AngusMarcos


Capítulo 25
Capítulo 25 – O Desafio Insuperável


Notas iniciais do capítulo

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Eu não consegui, a princípio, discernir qual era este sentimento que parecia esmagar o meu coração contra o meu peito... pensei que talvez fosse a culpa e a agonia, mas logo eu soube que se tratava de algo a mais. A dor da separação me despedaçava como se uma lâmina ardente destrinchasse meu coração até não sobrar nem uma cinza sequer; a visão de Renesmee indo embora emudecia minha alma e quase me impossibilitava de continuar com tudo.

Em minha correria desabalada eu não pensava em nada a não ser em minha filha... em seu rosto manchado pelas lágrimas causadas pelo nosso pedido e eu me encolhi de repente me perguntando se o que fizemos foi realmente a escolha mais certa e manda-la para longe de nós realmente a protegeria do mal que nos aguardava... da tempestade que chegava.

Para continuar nossa farsa, nós encontramos e caçamos uma pequena manada de cervos que corria solta pelos arredores de La Push, eu olhei para Bella que corria ao meu lado e seu rosto não escondia a dor que a separação com Nessie causava; eu tenho que admitir para mim mesmo que eu jamais julguei que Bella seria tão forte a ponto de conseguir enviar Renesmee para longe de todos nós... mas era o que tínhamos de fazer.

Jasper, Carlisle e Garret estavam conosco enquanto Emett, Rosalie e Kate haviam corrido na direção oposta na esperança de desviar a atenção da fuga de Nessie... e eu rezava aos céus para que nosso ardil tivesse surtido efeito e que, há estas horas, minha filha já estive nos céus rumando para uma vida mais segura e distante de toda a maldade que os Volturi poderiam nos causar.


Subitamente, Bella parou e caiu ao chão de joelhos... com o susto todos paramos derrapando e eu me atirei ao lado dela levantando seu rosto para o meu. Bella estava sufocada e segurava o peito com as mãos como se tivesse sido vitima de uma punhalada, na penumbra da noite eu vi seus olhos brilharem numa tristeza fria e agitada.

– Edward... aconteceu alguma coisa...

– O que foi? - eu perguntei preocupado – O que você está sentindo, Bella?

– Não é comigo... eu senti algo, algo ruim está acontecendo.

– O que foi? - perguntou Carlisle.

– Bella não está se sentindo bem.

– Edward... eu sinto que algo ruim está acontecendo.... eu sei disso... por favor, temos que voltar. Temos que voltar agora... – ela me pediu suplicando.

Eu conheço Bella bem demais e sei que ela nunca foi uma garota estritamente sensitiva, há dez anos atrás, quando a conheci, pensei que talvez ela fosse um pouco maluca para se aproximar de um vampiro sem nem ao menos sentir medo... eu sempre soube que minha esposa nunca teve instinto de auto-preservação e sempre teve uma tendência antinatural de atrair problemas... mas, apesar de tudo, Isabella sempre foi muito sensível para coisas ruins...

Agora, nesta escuridão crescente e opressiva, eu encarava os olhos dourados de Bella e sabia que ela sentia algo ruim se aproximando, eu sabia sem nem ao menos querer saber, que algo de ruim realmente havia acontecido... e, apenas para comprovar o nosso medo, Cody Morninglow, um dos lobos jovens do bando de Sam que foi incumbido de nos seguir e servir de comunicação com as alcatéias, surgiu derrapando pelas folhagens e parou na nossa frente com o peito arfando em busca de ar.

“Edward...” – ele pensou rápido se dirigindo a mim – “Temos um problema... Esme pediu para vocês voltarem imediatamente”.

– O que aconteceu, Cody? - eu perguntei assustado.

“Ela não nos disse, mas pediu para vocês voltarem comigo o mais depressa possível”.

– Edward – chamou Carlisle – O que foi que houve?

– Esme pediu para que voltássemos urgentemente para casa...

– Por que? - questionou Jasper.

– Cody não sabe dizer, apenas lhe mandaram esta mensagem agora...

– Edward – Bella me chamou – Vamos, eu sei que algo aconteceu à Nessie.


A noite assolava minha tristeza e as estrelas frias que flutuavam insones no céu escuro apenas pareciam amplificar a minha aflição tornando tudo à minha volta um mar de sofrimento e angustia. A floresta escura me oprimia e a dor de Bella pareceu contaminar a todos, nos carregando de um fardo pesado que fazia com que nos movêssemos lentamente pela mata rumo à nossa casa.

Meus pensamentos se voltavam totalmente para Renesmee e nada que eu fizesse conseguia afastar o péssimo pressentimento de que alguma coisa ruim realmente havia acontecido com ela... senão Esme não teria nos pedido para voltar assim tão abruptamente. Com tudo acontecendo tão rápido, perguntas e mais perguntas se agitavam e fervilhavam em minha mente colocando toda a minha concentração à prova.

Teríamos feito o correto em afastar Renesmee de nós? Estaria ela segura viajando para um lugar desconhecido, totalmente sozinha? Afinal, ela não conseguiria se defender sozinha apesar de ter um coração corajoso, e o que faríamos sem ela? Como Bella ficaria sem a filha?

Os pensamentos de Jasper e Garret fervilhavam, Carlisle também estampava uma preocupação latente no olhar e Bella não diminuía o passo nem ao menos para reorganizar nossa formação quando passávamos por um lugar estreito, como um míssil, Bella se atirava pelo escuro e muitas árvores centenárias tiveram seus troncos lascados com o impacto que minha esposa causava nelas. Mas eu não culpava Bella... o medo de ter escolhido errado me martirizava também... o medo de ter feito uma escolha tão errada que comprometeria todas as decisões que viéssemos a tomar daqui para frente.

Depois do que pareceu uma eternidade nós nos aproximamos das propriedades de Carlisle e os lobos se agitavam ao nosso redor, boa parte das matilhas estavam reunidas ali para proteger nossa casa. Nós chegamos pelo quintal e sem esperar um segundo, Carlisle abriu a porta e nós entramos pela casa rumando direto para a sala... lá já estavam Emett, Rosalie, Kate e Kaori... além de Jacob, Esme estava em pé em frente à janela e olhava tristemente para fora; ela mandara chamar todos nós e quando li seus pensamentos, um medo terrível e avassalador tomou conta de mim...

– Esme – chamou Carlisle – O que aconteceu?

– Alice ainda não voltou... – disse Esme com uma voz aterrorizantemente preocupada.

– O quê? - disse Jasper rapidamente – Mas ela já deveria ter voltado há horas.

– Eu sei, por isso tive que chamar todos novamente...

– Será que Alice teve alguma visão e resolveu sumir como da última vez? - perguntou Bella esperançosa.

– Ela jamais partiria sem me avisar... – afirmou Jasper.

– Se isso significasse a sua segurança, Jass... talvez ela partisse. – ponderou Rosalie.

– Esme, você entrou em contato com o comandante Epps? - quis saber Carlisle.

– Sim... elas não chegaram lá, ele ainda as está esperando.

– Meu Deus... – sussurrou Bella.

E o silencio mortal tomou conta da sala, todos mantinham no rosto uma expressão de preocupação e medo, Bella se deixou cair no sofá e seu olhar se perdeu no vazio... eu não precisava ler seus pensamentos para saber que ela tinha razão e temia pela segurança de Nessie. Jacob também não afastava sua mente de minha filha e seu medo tornou-se o meu quando imaginei o que teria acontecido; Jasper se perguntava se tudo não passava de uma idéia pré-concebida da própria Alice.

– Você acha que poderia ser isso? - Eu perguntei olhando-o.

– Não sei, agora quando me recordo, Alice fez questão de levar Renesmee até o aeroporto em Port Angeles, fico imaginando se ela não teria nada em mente... você não captou nada de estranho nos pensamentos dela?

– Não, nem estava prestando atenção, estava preocupado demais para ler o pensamento dos outros naquele momento.

– Carlisle – chamou Bella – Você acha que há alguma possibilidade de Alice ter feito o mesmo que fez quando os Volturi estiveram aqui há dez anos atrás?

– Sinceramente, Bella, eu não sei. Da última vez havia um propósito para Alice fugir com Jasper: o de procurar Nahuel a fim de provar a Aro que existiam mais híbridos espalhados pelo mundo e de que eles não representavam um problema.

– Como eu disse, talvez ela tenha tido alguma visão. – Bella reforçou seu pensamento.

– Acho difícil – respondeu Carlisle – Ela estava impossibilitada de usar seu dom, muito provavelmente por influencia externa; a não ser que ela tenha tido uma idéia que não quis compartilhar conosco... talvez ela tenha resolvido mudar o lugar de fuga de Nessie para que Aro não extraísse isso de nossas mentes caso o escudo de Bella se torne... inútil.

– Não – disse Bella após um momento de silencio – Não foi isso, eu sei que aconteceu algo de ruim às duas... eu sinto isso.

– O que faremos então? - disse Emett se levantando.

– Eu, Edward, Jasper e Garret sairemos para procurá-las – disse Carlisle sem perder tempo – Você ficará aqui caso precisemos de ajuda mais tarde...

– Mas porque eu sempre tenho que ficar? - rugiu Emett.

– Por ser o mais forte, Emett... se eles quiserem nos atacar aqui nesta casa nós precisaremos de você para auxiliar Esme, Rosalie, Kate e Kaori... os lobos estão protegendo todo o perímetro mas não podemos permitir que se machuquem por nossa causa.

– Eu vou junto... – disse Bella e ninguém fez qualquer objeção quanto a isso.

– Como faremos isso? - quis saber Garret.

– Eu vou levar alguns lobos conosco... – disse Jacob – Talvez seja melhor seguirmos pelas estradas até Port Angeles e ver se encontramos algum rastro do carro de Alice se dirigindo em outra direção que não a do aeroporto. Se Alice pegou algum desvio então saberemos que ela tem outras intenções além daquelas que foram combinadas previamente por todos.

– Durante um longo trecho, próximo a Port Angeles, não há muita cobertura de floresta, Jacob – disse Jasper – Os lobos não terão aonde se esconder...

– Eu não me importo... preciso saber o que houve com Renesmee...

– Eu também – disse Bella apoiando Jacob e eu sabia que não haveria meios de fazê-la mudar de idéia.

– Então vamos, Emett, articule-se com os lobos que permanecerão aqui por perto para que o perímetro seja vigiado da melhor maneira possível... se precisarmos de algo, eu lhe telefonarei imediatamente. – disse Carlisle já na porta da casa.


Conosco vieram além de Jacob, Seth, Leah e Quill além dos irmãos Fog, Peter e Willian. Nos dividimos em dois grupos assim que chegamos à estrada principal que daria acesso à Port Angeles; eu, Bella, Jacob, Carlisle e Seth ficamos de um lado da rodovia enquanto Garret, Jasper, Leah, Quill e os irmãos fog vasculhavam o outro.

O céu estrelado com sua beleza transcendente parecia rir de nosso desespero, corríamos de forma alucinada de um lado para o outro enquanto seguíamos os rastros do carro de Alice, até que, subitamente, Seth nos fez parar com um rugido alto. Nos amontoamos ao redor dele e ali percebemos que fora o ponto de encontro com Charlie, Alice nos havia avisado que ela marcara de Nessie se despedir do avô.

“Peter, Willian... continuem as buscas e vejam até onde o rastro de Alice segue, se ela desviar do caminho nos avisem imediatamente, cada um de um lado da estrada... vão.” – ordenou Jacob para os irmãos Fog.

– Acham que Charlie tem algum conhecimento sobre o paradeiro das duas? - perguntou Garret.

– Não, Alice jamais comentaria algo com Charlie... além disso, elas só se encontraram com ele aqui porque era o caminho que fariam e Renesmee precisava se despedir do avô – explicou Jasper.

– Mas talvez meu pai tenha percebido algo... – disse Bella.

– Ah, com certeza Charlie sabia que havia algo de errado, minha querida – eu falei – Mas você conhece seu pai, ele jamais perguntaria... Charlie nunca se envolveu com os assuntos de nossa família pois ele sabe que jamais compreenderia todos os nossos segredos.

“Sabemos que este foi o ponto de encontro, Edward” – disse Seth – “E sabemos que daqui não há mais a possibilidade de Alice ter se desviado de Port Angeles, a encruzilhada ficou para trás e o cheiro delas continua estrada a fora rumo ao aeroporto... seja lá o que Alice ou Nessie resolveram... elas seguiram para lá” – ele terminou apontando o focinho em direção a Port Angeles.

– Seth tem razão – eu disse verbalizando o pensamento do lobo – Alice não poderia ter se desviado de Port Angeles a partir daqui, então é certeza que elas seguiram para lá... podem estar em qualquer lugar do país neste momento, talvez Alice realmente tenha mudado os planos para que Aro não arranque esta informação de nós.

– Bem, ela teria agido desta forma pela própria segurança também, que eu me lembre, Alice sempre nutriu um medo terrível de se tornar uma posse de Aro Volturi – comentou Garret.

– Alice não é uma covarde, Garret – respondeu Jasper – Ela jamais nos abandonaria pensando apenas em salvar a própria pele.

– Jasper – chamou Carlisle – Alice teria todo este direito, de todos nós é ela quem Aro mais deseja... o dom de prever o futuro seria de uma relevância extrema para que o poder dos Volturi sempre se mantivesse alto, eu não culparia Alice de ter fugido com Nessie para outro lugar...

– Alice jamais faria isso... – sussurrou Bella.


E então nós ouvimos, claros como gotas de chuva sobre as folhas das árvores... dois uivos distintos e límpidos romperem a noite, os uivos de dois irmão lobos: os Fog haviam encontrado algo.

“NÃO.....” – gritou Jacob em minha mente... na forma de lobo ele disparou na frente de todos rumando pela estrada sem se dar ao trabalho de se esconder pela mata, não tivemos escolha à não ser segui-lo.

“Oh, não...” – suspirou Leah e eu me virei instintivamente para a mente dela... então eu vi, fragmentos das memórias de Willian e Peter e do que eles haviam encontrado: o Porsche de Alice jogado para fora da estrada completamente destruído. Meu corpo se impulsionou automaticamente e eu me emparelhei ao lado de Jacob correndo feito um louco pelo meio da estrada, ouvia apenas o leve sussurrar de Bella atrás de mim e das garras afiadas de Jake raspando o asfalto cru; uma sensação de horrível urgência me tomava e não me permitia pensar em outra coisa a não ser em Nessie.

– Edward... – gritou Carlisle atrás de mim – O que houve?

– Os irmãos Fog encontraram o carro de Alice... – eu respondi simplesmente, mas o desespero em minha voz deixou claro que não se tratava de uma boa notícia.

Alguns quilômetros mais a frente, facilmente transpostos com nossa velocidade, nós encontramos Willian sentado à margem da rodovia, seus pensamentos estavam agitados, todos percebemos com uma pontada de medo a proteção do acostamento destruída, provavelmente aonde o carro de Alice bateu quando saiu da estrada... ao chegarmos na beira do asfalto, ao topo de um leve declive, nós vimos... lá embaixo, esmagado contra o tronco de uma imensa árvore, o Porsche amarelo de Alice.

– Meu Deus... – disse Bella correndo pelo barranco.

“Peter” – chamou Jacob – “Havia alguém...?”

“Não... ninguém” – respondeu ele simplesmente.

– Mas o que aconteceu aqui? - rugiu Garret – Alice jamais perderia o controle de um veículo, principalmente numa reta como esta...

– Não, ela jamais faria isso... Alice foi tirada da estrada... – disse Jasper de forma sombria.

“O cheiro dos vampiros está aqui” – declarou Seth.

– Maldição... – eu disse e em seguida olhei para todos – Os lobos sentiram o cheiro dos intrusos...

Bella emudeceu imediatamente e Jasper soltou um palavrão alto, de fato, quando eu me concentrava o máximo e procurava distinguir os odores em volta eu percebi uma leve fragrância de vampiro exalando pelo lugar, era quase inodora e mal podia ser percebida por

nós a não ser pelos olfatos apurados dos lobos... mas não foi o cheiro dos estranhos que me preocupou... eu dei a volta no carro destroçado e me coloquei ao lado da porta arrancada do passageiro, lá, no painel, sobre os restos murchos do air-bag jazia frio e seco o sangue de Renesmee.

Bella acompanhou meu movimento e se colocou ao meu lado, no momento em que viu o que encontrei, ela cobriu o rosto com as mãos sussurrando...

– Ela está ferida... eu não posso acreditar nisso...

“Vejam” – falou Jacob e todos me seguiram até a frente do carro, com um pequeno esforço eu afastei os destroços do automóvel que estavam grudados à arvore e lá, no capô do veiculo, a silhueta de uma grande mão se encontrava impressa na lataria retorcida.

– Elas foram atacadas... – sibilou Jasper.

– E levadas... – disse Bella em voz baixa – Eles a levaram...

– Mas como? - perguntou Garret – Como eles puderam saber de nossas intenções?

– O poder do vampiro camuflador – disse Carlisle – Talvez ele tenha conseguido se aproxima o suficiente para nos ouvir... ele estava nos vigiando o tempo todo...

“Impossível” – disse Jacob – “Nós o teríamos captado”.

– Talvez não, Jake – eu falei – Provavelmente, quando está sozinho, o vampiro consiga se omitir com mais astúcia do que carregando meia dúzia junto dele... ele provavelmente sempre esteve perto de nós o suficiente para se manter um passo a frente em tudo que fazíamos ou planejávamos... tanto que quando Nessie fugiu para a floresta depois da discussão com Kaori, eles a atacaram sabendo exatamente onde ela estava... esse maldito sempre esteve nos vigiando.

– E agora? - quis saber Bella – Temos que procurá-las...

“Peter, Wiliian... rastreiem o cheiro dos intrusos até onde puderem e me avisem” – pediu Jacob – “Leah, Quill, vão com eles e reúnam mais alguns lobos pelo caminho, não os quero sozinhos correndo atrás destes malditos... avisem-nos sobre qualquer novidade”.

– Eu vou com eles... – avisou Jasper quando os lobos partiram.

– É vital que permaneçamos juntos agora, Jass. – segurou-o Carlisle.

– É a minha esposa que está prisioneira daqueles malditos, eu não vou ficar aqui de braços cruzados...

“Nem eu tampouco...” – disse Jacob em meus pensamentos.

– E vocês irão correr para onde? - eu disse abruptamente – Norte, sul, leste ou oeste? Para dentro do oceano? Não sabemos qual direção tomar enquanto os lobos não confirmarem para onde eles foram...

– Edward... disse Bella me olhando angustiada – Nós temos que procurar Renesmee e Alice...


Mas eu não respondi, não consegui exprimir qualquer opinião sobre isso... eu jamais imaginei que algum diria teria uma filha e também nunca pensei em lidar com uma situação destas: seqüestro. Renesmee e Alice foram seqüestradas pelos Volturi e nestas ocasiões não importa se você é um humano, lobisomem ou vampiro, o seu cérebro simplesmente amortece e deixa de enviar as informações minimamente racionais para que você saiba como proceder.

Não há uma regra a seguir, não há aonde buscar informações... em nosso mundo sabíamos do poder quase imensurável dos Volturi e sabíamos que eles algum dia voltariam para nos assombrar.... mas sempre mantivemos as esperanças de que este nosso receio não se concretizasse. Agora, que tudo desandou e nosso harmonioso e perfeito lar caiu por terra, eu sinceramente não sabia o que fazer... correr para onde? procurar aonde? o que fazer? que direção tomar? Eu leio pensamentos, mas não sou um adivinho... a única adivinha em nossa família estava sendo neutralizada por alguma força externa...

– Acho que não há nada que possamos fazer neste momento a não ser esperar... – eu disse com a cabeça leve, sentia meus pensamentos amortecidos e minha voz não passou de um sopro.

– Você pretende abandona-las à própria sorte? - enfureceu-se Jasper.

“Mas o que deu em você, Edward? - bradou Jacob.

– Edward... do que está falando? - indagou Bella.

– Elas foram seqüestradas – eu disse forçando meu cérebro a pensar – E vocês sabem perfeitamente bem qual é o intuito de um seqüestro.

– Resgate... – sussurrou Carlisle em meio ao silencio dos outros.

– Mas o que estes loucos querem? - perguntou Garret.

– Eles... – respondeu Carlisle apontando para Bella e eu.

– Mas isso é um absurdo... – disse Jasper cuspindo as palavras – O interesse de Aro se estende a Edward e Bella assim como Alice e, ao que tudo indica, Renesmee entrou nessa para servir de moeda de troca para vocês dois.

– Não acho que funcione desta forma, Jass – disse Carlisle com o semblante sombrio – Aro não pretende negociar nada, se pretendesse não estaria usando de todos estes artifícios e nos vigiado durante tanto tempo. Desta vez, e depois de tantos anos, ele e Caius vieram aqui com um único intuito: aquisição. Renesmee nem ao menos é uma moeda de troca... e nem foi seqüestrado com esta pretensão... ela foi levada para que Aro possa chantagear Bella e Edward a acompanhá-los. Obviamente esta sempre foi a razão pela vinda deles até aqui, Renesmee é o elo fraco em nossa família e Aro sabia que faríamos de tudo por ela, desta forma ele a usaria para adquirir Bella, Edward e Alice para os Volturi... bem, para ele foi uma verdadeira sorte já ter conseguido levar Alice...

– Carlisle – rugiu Jasper – Temos que fazer algo...

– Receio, filho – disse Carlisle deprimido – Que Edward tenha razão e nós não temos o que fazer a não ser aguardar que eles venham até nós...

“Mas isso é uma loucura” – opôs Jacob.

– É? - eu respondi – Por que? O que faremos, então?

“Eu já pedi para Sam fechar todas as fronteiras... iremos encontrá-las”.

– Espere ao menos que o grupo que você mandou seguir os rastros deles retornem alguma notícia, Jake... sem saber a direção que eles seguiram é inútil prosseguir a esmo pela mata.

– Mas, mesmo que aguardemos alguma notícia deles, Carlisle – questionou Garret – Qual será a decisão de vocês? Bella e Edward os acompanharão até Volterra? Se vocês se oporem a isso eles atacarão e agora estamos numa desvantagem nítida uma vez que Alice e Renesmee já estão em posse dos Volturi.

– Nós perdemos esta partida, meu amigo – disse Carlisle – Posicionamos nossas peças de forma equivocada no tabuleiro que os Volturi armaram... agora não temos mais escolhas e nem saídas. Fomos apanhados e acuados contra a parede... de forma sutil e ardilosa, Aro estrategicamente conseguiu nos enfraquecer e nos sufocar, agora, infelizmente, estamos nas mãos dele.

– Então, não há nada que possamos fazer? - perguntou Bella desolada.

– Não... – respondeu Carlisle e todos caímos num silencio profundo.


Eu amaldiçoei Aro, Caius e Marcus pela sua gana insaciável de reunir vampiros talentosos para sua causa insana, os Volturi nos provaram que haviam perdido totalmente o rumo de suas próprias regras e não pretendiam mais ser um sinônimo de respeito à nossa raça, mas, sim, de poder e opressão. Aro seria um ditador único, um tirano imortal que se ergueria acima de todos e dominaria os vampiros sob uma lei acirrada e uma mão de ferro... seriamos oprimidos e sufocados pelos ditames distorcidos dos três irmãos Volturi.

E, no fim, que escolha teríamos eu, Bella e Alice a não ser nos juntarmos à causa deles?

– Teremos que lutar. – disse Jasper com firmeza.

– Não – eu respondi – Não quero que ninguém se machuque...

“Que outra alternativa temos, Edward?” – perguntou Jacob.

– Em último caso, você ficará responsável por Nessie caso Aro permita que ela seja libertada se eu e Bella aceitemos partir com eles... – eu respondi encarando seus olhos de lobo.

“O que?” – Jake perguntou pasmo.

– Edward – começou Carlisle.

– O mais importante é a liberdade de nossa filha.... – Bella reforçou segurando minha mão – Se eu e Edward precisarmos nos tornar Volturis por causa dela... assim o faremos.

– Mas vocês perderam completamente a razão? - protestou Garret – Como podem se permitir pensar em serem escravizados por eles? Saibam que é mil vezes melhor morrer como um Cullen do que viver como um Volturi. Vocês se tornarão o próprio inimigo.

– Não teremos outra escolha... – eu respondi.

– Pois eu jamais me tornarei um Volturi – disse Jasper – Prefiro que Alice e eu sejamos mortos em uma batalha do que viver ao lado daqueles italianos nojentos...

– Você não é pai – disse Bella categórica – Você e Alice podem escolher os próprios caminhos e seus próprios destinos... mas eu e Edward temos a obrigação de proteger Renesmee e a liberdade dela nos importa mais do que a nossa própria.

– Parem todos – disse Carlisle e sua voz saiu estranhamente irritada – Não tentemos adivinhar o futuro...

Mas um grunhido de ódio saiu da garganta de Jacob cortando a frase de Carlisle...

“O rastro deles acaba nos penhascos, os malditos usaram a água para fugir novamente...” – ele disse com raiva quando recebeu a mensagem telepática do grupo que seguia o cheiro dos intrusos.

– O que foi? - quis saber Jasper.

– Peter e Willian Fog seguiram os rastros dos malditos até os penhascos, eles usaram o mar para fugir e neutralizar totalmente a possibilidade de serem seguidos pelos lobos – eu respondi com a voz arrasada.

– Então, não há mais nada a ser feito... – disse Bella e eu senti toda a esperança ser arrasada em seu coração.

– Vamos voltar para casa – disse Carlisle enquanto discava um número no celular – Emett, pegue sua pick-up e o reboque da lancha... nos encontre no quilômetro 58 da rodovia de Port Angeles... sim, encontramos... não, acho melhor você vir... quem? Sério? Bem, isso não deixa de ser uma boa notícia. Obrigado, Emm...

– O que foi? - quis saber Jasper.

– Estamos com visitas – disse Carlisle com um brilho no olhar – Benjamin e um amigo acabaram de chegar à mansão.

– Ótimo – riu Jasper – Mais reforços à nossas fileiras.

– Se isso vier a virar uma luta, Jass – firmou Carlisle – E espero que não aconteça.

– Por que chamou Emett? – eu perguntei um pouco mais aliviado por ter mais dois vampiros com quem contar.

– Temos que levar os destroços do Porsche de Alice daqui, se Charlie encontrá-lo ele irá com certeza querer saber onde está Renesmee e Alice e isso apenas o aproximaria ainda mais do perigo que nos assombra.


Levou menos de meia hora para que Emett chegasse trazendo o reboque, Rosalie veio com ele e seu rosto se tornou uma máscara de fúria quando viu o estado do Porsche e com as notícias que relatamos.

– Eu juro que vou dilacerar um por um aqueles velhos malditos – ela disse enquanto abraçava Bella.

– Não há nada que possamos fazer? - perguntou Emett com a expressão igualmente furiosa.

– Infelizmente não... precisamos ir para casa nos organizar. – disse Carlisle.

Sem ajuda alguma, Emett ergueu o carro destruído e o colocou com cuidado sobre o reboque que era usado para a lancha que tínhamos em casa, amarrou-o com algumas cordas grossas e alguns cabos de aço firmando-o ao chassi do reboque. As peças soltas do carro nós recolhemos para que ninguém suspeitasse que o acidente ocorreu com o carro de Alice, era de sumo interesse nosso manter Charlie afastado dos problemas.

Perdidos e distraídos em nosso pensamentos, nos amontoamos na pick-up porque nenhum de nós tinha interesse em voltar correndo, parecia que nossas forças estavam exauridas... Jacob, por sua vez, se juntou ao seu bando junto com Seth e decidiu tentar encontrar alguma pista do paradeiro de Nessie... eu torcia para que ele conseguisse algo mesmo sabendo que esta minha esperança era totalmente remota.

Chegando na mansão fomos acolhidos por Esme e sua expressão de preocupação, um segundo depois Benjamin veio nos cumprimentar.

– Edward – ele disse sorrindo timidamente – Já faz algum tempo.

– Seis anos desde sua ultima visita... é bom tê-lo aqui Benjamin.

– Bella – ele disse recebendo um beijo no rosto de minha esposa.

– Este é Ahmed Ibn Fahdlan Dharr Dhul Fiqar, um grande amigo meu.

– É um prazer conhecê-los – cumprimentou Ahmed tocando com as mãos os lábios e a testa no habitual gesto islâmico, era um vampiro jovem e belo de uns vinte e tantos anos, a pele levemente azeitonada resplandecia num brilho peculiar sob as luzes da sala. Seus olhos, de um vermelho ígneo e vívido perscrutaram com interesse nossos olhos dourados e tranqüilos.

– O prazer é nosso, Ahmed, seja bem vindo à nossa casa. – eu respondi educadamente.

Momentos depois, estávamos todos reunidos espalhados pela sala e contávamos as terríveis notícias para Esme, Kaori e Kate... as três ficaram totalmente transtornadas com o rumo dos acontecimentos e Benjamin e Ahmed permaneceram em silencio num canto da sala. Após a narração dos fatos, dos medos e de nossas dúvidas, um grande silêncio invadiu nosso meio causando um vazio eterno e sem sentimentos que guardava nossos corações, era como se um buraco-negro se abrisse no núcleo de nossa família e sugasse nossas forças e nossas esperanças não permitindo que pensássemos numa saída deste pesadelo hediondo.


– Haverá uma luta? - perguntou Benjamin.

– Não há como saber – disse Carlisle – Não sabemos ainda o que Aro planeja especificadamente, talvez ele use Renesmee para conseguir Edward e Bella... talvez a intenção dele seja ficar com todos... eu não sei.

– Da última vez nós os paramos.

– Sim, Ben, mas não sei se durante estes dez anos eles ficariam sem planejar algo mais drástico para aumentar sua superioridade. Aro, Caius e Marcus são ardilosos o suficiente para terem ruminado durante estes anos uma tática capaz de nos sobrepor, mesmo com todos os nossos talentos presentes... durante todos estes meses eles nos vigiaram e surgiram aqui com pelo menos um vampiro com um dom singular: o de camuflar os outros. Segundo os relatos de Renesmee, eles simplesmente ficam invisíveis na sua frente e enquanto o vampiro camuflador não for atingido... bem, você se vê obrigado a enfrentar um oponente que não pode ser visto.

– Se eles atacaram Nessie... significa que vieram aqui para brigar – disse Garret.

– Se vieram para isso, então uma briga eles terão – ergueu-se Benjamin – Pois eu não vim aqui a passeio... o que me diz, Ahmed?

– Não gosto dos Volturi – respondeu o vampiro egípcio – Não tenho nada contra e tampouco a favor deles, mas não aprovo seus métodos de governo sobre os vampiros, Benjamin me contou o que houve no passado entre vocês e eles... e fiquei totalmente transtornado com a ousadia destes italianos. Agora, pelo que percebo, e pelo pouco que pude conhecer de vocês, a grande família de Carlisle apenas deseja viver em paz próximo aos seus amigos Lobisomens... É-me uma amizade estranha mas, quem sou eu para julgar? Ao que tudo indica, os Volturi vieram aqui para escravizar esta bela família e isto é revoltante... eu vim para ajudar Benjamin no que ele precisasse pois somos amigos de longa data e se numa luta ele se enfiar eu estarei ao lado dele... afinal, não vejo uma boa briga desde a queda da Babilônia.

Isso surpreendeu a todos e nos fez pensar o quão velho Ahmed era a ponto de ter participado das guerras babilônicas que ocorreram no ano 530 antes de Cristo. Mas não posso deixar de sentir um certo alívio por Bem e Ahmed estarem dispostos a lutar ao nosso lado.

– Ficamos honrados, Ben... – disse Carlisle – Mas nosso inimigo é poderoso demais...

– Ah, então ainda bem que o meu dom e o de Ahmed podem ser úteis. – disse Benjamin, rindo.

– Você tem um dom? - perguntou Jasper olhando para o egípcio.

– Sim – respondeu Ahmed – Um dom muito útil em batalhas.

– Ahmed é um escudo – declarou Benjamin – Mas não como Bella, ele não é um escudo mental e sim físico.

– Sério? - perguntou Emett interessado – E este dom funciona só com você?

– Não.... posso estendê-lo a muitos metros além de mim, cobrindo muitos aliados – respondeu Ahmed com um sorriso.

– Isso vai ser útil... – declarou Jasper – Agora temos um escudo mental e um escudo físico... poderemos ganhar uma vantagem se Ahmed puder proteger os lobos também.

– E com os poderes de Ben – disse Rosalie eufórica – Teremos uma vantagem interessante.

– Não temos vantagem alguma... – disse Carlisle de repente – Eles estão com Alice e Renesmee... lembrem-se que quem está no controle são eles e não nós... por enquanto, permaneceremos na defensiva e sob a mercê dos inimigos.


Num intervalo de silêncio prolongado, enquanto todos pesavam as palavras verdadeiras de Carlisle, o telefone celular de Garret tocou e ele olhou com espanto o visor do aparelho, instantaneamente ele pediu licença e saiu para os jardins; entrementes, eu estava tão absorto em tudo o que acontecia que não me dei ao trabalho de ler sua mente e descobrir o motivo de sua surpresa.

Agora tínhamos a companhia de Benjamin e Ahmed cujo dom de escudo físico iria complementar o dom de escudo mental de Bella... os dois juntos nos dariam toda a proteção que precisávamos. Ahmed possuía um dom de proteção diferente do de Renata que era o escudo físico de Aro, Renata lançava uma espécie de distúrbio sensorial em quem tentasse ataca-los e não conseguia impelir esta proteção a distancias tão grandes. Por sua vez, Ahmed era um vampiro velho e muito experiente, seu dom era estritamente físico, ou seja, era como um campo de força protetor que não permitia a ele ser atingido fisicamente e o melhor é que, pelo visto, Ahmed podia lançar este seu dom a muitos outros indivíduos... talvez ele tivesse força o suficiente para proteger todos nós e as matilhas também.

Aliando o dom de Ahmed ao de Bella... bem, nós poderíamos transpor totalmente incólumes uma batalha... afinal, nada poderia nos atingir. Mas foi neste momento que Garret voltou para a sala vindo lá de fora e sua expressão estava totalmente devastada.

– O que foi que houve? - perguntou Kate preocupada.

– Trago notícias terríveis para todos, infelizmente – ele falou numa voz fria.

– Mais noticias ruins? - disse Emett – E eu achando que já havíamos esgotado a nossa cota de azar.

– O velho Ícaro de Samos acaba de me ligar.

– O valete de Aro? - perguntou Carlisle assombrado.

– Sim, ele retornou a minha chamada....

– E o que ele contou?

– Muito pouco... apesar de Ícaro detestar os Volturi ele os teme mais que tudo na vida, mas agora temos certeza de que estamos com sérios problemas... segundo ele, Volterra está vazia há meses, Aro, Caius e Marcus não estão lá assim como toda a sua guarda.

– E as esposas? - perguntou Esme.

– Elas permanecem em Volterra... mas agora temos uma ameaça ainda maior e que não estava presente há dez anos atrás. – revelou Garret sentando-se ao lado de Kate e passando a mão pelo rosto cansado.

– Que seria? - perguntou Jasper.

– Flávius Aurélius está vindo junto com eles.... ele e os Mercadores da Morte.

– O quê? - disse Carlisle pulando do sofá – Ele tem certeza?

– Sim, Ícaro não mentiria... – respondeu Garrett.

– Do que estão falando? - perguntou Rosalie representando a dúvida geral.

– Flávius Aurélius é o arauto de Marcus – explicou Carlisle – E ele fora, há muitos séculos, um poderoso general que comandou a Décima Legião Felix das tropas do exército Romano. Pelo que sei, Marcus foi quem transformou Flávius e salvou-o da morte quando o encontrou em um campo de batalha totalmente destroçado, Flávius Aurélius jurou lealdade a Marcus Volturi e depois que estava transformado em vampiro ele ofereceu a vida eterna há todos os seus soldados e, desta forma, foi erigido um verdadeiro e poderoso exercito de vampiros totalmente leais a Flávius Aurélius que, por sua vez, era fiel a Marcus. A este exército temível, os Volturi deram o nome de Mercadores da Morte.

– E qual é o tamanho deste exército? - perguntou Jasper.

– Na época de seu auge, há quase mil anos atrás, os Mercadores da Morte mantinham um contingente de mais ou menos cinco mil vampiros.

– Cinco mil vampiros? - assombrou-se Bella – É isso que está vindo atrás de nós?

– Não – tornou rapidamente Carlisle – O exército de Flávius Aurélius já não é mais tão grande assim; houve, há séculos atrás pelo que eu sei, um oponente poderosíssimo que ameaçou o governo dos Volturi, um inimigo tão poderoso que Marcus se viu obrigado a convocar os Mercadores da Morte para detê-los e, na batalha, o exército invencível foi quase que totalmente dizimado.

– Espere um momento! – disse Emett – Então existiu alguém que algum dia desafiou os Volturi? Um único inimigo? Mas, Carlisle, quem teria poder o suficiente para sozinho desafiar os Volturi e mais... quem seria tão poderoso a ponto de destruir um exército inteiro de soldados-vampiro?

– Eu não sei, já lhes expliquei que certas coisas os Volturi guardavam apenas para si mesmos, esta batalha ocorreu há quase mil anos atrás e seus relatos estão gravados apenas nos registros pessoais de Aro dos quais eu jamais tive acesso. Tudo o que sei é através dos sussurros dos serviçais mais antigos de Volterra e mesmos eles não comentam tudo o que sabem, pois após a batalha Aro mandou matar quase todos os envolvidos... mas eu lembro de que os Mercadores da Morte quase foram extintos quando enfrentaram, no passado, este vampiro poderosíssimo que quase destruiu Volterra e os três irmãos.

– Que vampiro foi este? - assombrou-se Emett.

– Não sei... e julgo que jamais saberemos – respondeu Carlisle – Tudo o que podemos fazer é agradecer que este vampiro tenha praticamente dizimado os Mercadores da Morte e agora, pelo que sei, restam menos de 250 deles...

– Ainda é um número significativo... - eu falei.

– Sim, obviamente não se trata de um número pequeno principalmente se tivermos de enfrentá-los, afinal, eles foram soldados a vida toda... soldados romanos e 250 deles já assinala praticamente a nossa sentença de morte... mas é melhor enfrentar um exército de centenas do que de milhares... se é que haverá alguma luta.

– Você ainda tem dúvidas disso, Carlisle?

– Edward... eles estão com Alice e Nessie além de uma guarda real e mais um exército de vampiros... mesmo que os lobos nos ajudem, o que não terei coragem de pedir... nós estaríamos em uma desvantagem numérica na proporção de dois para um, imagine só o massacre que aconteceria.

– O que faremos? - quis saber Esme.

– Temos de chamar Jake e Sam e lhes explicar a gravidade da situação, por algum pressentimento estranho acho que amanhã será um dia no mínimo... interessante. Talvez Aro dê sinais de vida para explicar o que quer.

– Como você sabe disso?

– Conheço Aro... sei a forma como ele pensa.


Então nosso destino estava traçado e seria selado ante a ameaça descomunal de Flávius Aurélius e os Mercadores da Morte. Não havia nada a ser dito e todos nos recolhemos para o interior de nós mesmos, Bella segurava com firmeza a minha mão e meus pensamentos pareciam inférteis dentro de minha cabeça... os Volturi não cometeriam o mesmo erro de serem pegos de surpresa como a dez anos atrás. Agora eles trouxeram um desafio quase insuperável... uma legião de soldados-vampiro.


A provação estava próxima... e, caso Carlisle tivesse razão, Aro estava prestes a se revelar.


A tempestade estava sobre nós... quem dela se salvará?



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Notas finais do capítulo

Eita... O coração da gente fica apertadinho ao ler esses episódios...
Digam suas impressões...
Beijos e até a proxima.
DiÊ.