O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Bom, era pra eu ter postado ontem, mas doença não escolhe dia...
Vocês foram ótimas nos reviews e aí está o capítulo adiantado pra vocês!
bj bj, espero que gostem e até o próximo!
100 reviews não é muito, não é mesmo?



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CAPÍTULO 7

POV BELLA

Edward teve que me chamar novamente pra que eu voltasse a ser um ser humano pensante. Eu já estava mesmo era desistindo de tudo aquilo... Quase dei meia volta quando ele me convidou para entrar. Edward, por mais que tentasse demonstrar calma, estava apreensivo com minha presença.


— Fique à vontade, eu vou... Vou lá em cima um instante.


Apenas acenei afirmativamente com a cabeça e o vi andar rápido em direção à escada. Ainda pude ver, mesmo que de relance, que havia uma tatuagem em suas costas, mas não pude distinguir o que era. Voltei minha atenção para a sala. Os móveis, por incrível que possa parecer, eram os mesmos, apenas alguns eletroeletrônicos eram mais modernos, mas de resto tudo parecia o mesmo. Era realmente estranho estar ali depois de tanto tempo... Em minha mente, todos os momentos passados ao lado dos Cullen vieram que força total. Era tudo tão vívido! Eu via Esme e Carlisle sentados no sofá, assistindo televisão enquanto eu, Edward e Alice fazíamos as lições da escola... Ouvia a gargalhada graciosa de Alice quando assistíamos a algum seriado idiota... Ou então a voz de Edward, quando brigava com a irmã por ela comer todo o seu estoque de bolinhas de chocolate... Até mesmo de Rosalie eu lembrava.


Levantei-me do confortável sofá e segui para a janela que dava para o jardim. Quantas vezes não fiquei ali, parada, observando enquanto a louca da Alice fazia poses malucas para fotos insanas... Quantas vezes eu mesma não fiquei sentada naquele mesmo gramado, sentindo a brisa gelada soprar em meu rosto... Aquela casa, mais do que qualquer outra coisa, me trazia muitas lembranças.


Os passos na escada me fizeram voltar ao mundo real. Agora era a hora da verdade, só me restava saber por onde começar...


— Bella? — a voz de Edward penetrou em meus ouvidos e respirei fundo, ansiando não estar ali, não ter que passar por nada que estava por vir, mas agora não havia volta.

— É a terceira vez num mesmo dia que você me chama assim, como se eu não fosse eu. — falei ainda sem fitá-lo e ele riu.

— Bom, a primeira vez foi pela surpresa mesmo e as outras duas foi porque percebi que, mesmo estando aqui, não queria estar.


Virei-me calmamente em sua direção e vi que agora ele trajava uma blusa, deixando os músculos de seu peitoral definido mais evidentes. Estava parado a pouca distância de mim e eu sentia as ondas de tensão que emanava de seu corpo; pois eram as mesmas que saíam de mim.


— E é verdade. Mas, mesmo não querendo, é aqui que tenho que estar nesse momento.


Edward coçou a cabeça e ficou me olhando meio de lado; reação típica de quando estava confuso com algo. Como eu queria contar tudo de uma vez! Acabar logo com tudo aquilo e voltar pra casa...


— Não quer sentar? Quer beber alguma coisa? — perguntou ele, sentando-se no sofá maior.


Sentei-me no sofá que ficava de frente para o dele e pensei por um segundo. Aquela casa estava muito silenciosa; decerto que Alice não estava em casa; pois se estivesse, não teria acatado a um pedido do irmão e teria descido há tempos! Decidi tirar a dúvida e perguntei... Engoli seco quando ele disse que estava sozinho...


— Pensei que todos estivessem de volta. — comentei, tentando assim, descobrir algo mais.

— Não existe mais “todos”, Bella. Meu pai não fala comigo há oito anos, só falo com minha mãe por telefone e quando ela raramente briga com meu pai e vai me encontrar. Rosalie continua morando com eles e também não tenho contato.


Fiquei chocada com a notícia. Carlisle e Edward brigados? O que aconteceu deve ter sido muito grave, pensei comigo mesma. Eles se adoravam!


— Mas hoje você estava com Alice...

— Sim, estava. Alice continua sendo meu calo; não me abandona! Mas ela tem sua vida, seus problemas e apenas fugiu de seu trabalho pra almoçar comigo.


De repente, Edward me pareceu um homem solitário; amargurado até. Bem diferente daquele cara de riso fácil que aparecia na TV e jornais... Quem de fato era Edward Cullen? Um garoto um tanto irresponsável, um homem solitário ou apenas mais um cara famoso tendo um ataque de estrelismo?


— Como soube que eu estava aqui? — perguntou ele, me tirando dos devaneios.

— Intuição... — lembrei-me das palavras de Jared.

— Estou curioso... Era pra você estar me xingando e nem ao menos querer olhar na minha cara, mas não... Você está aqui, conversando comigo. Com certeza não veio me matar, senão já o teria feito, creio que também não vá me xingar nem nada do tipo e mais certeza eu tenho que não veio aqui pra dizer que sentiu saudades. Então, Isabella, o que está acontecendo?

— Está certo com relação a algumas coisas. Não tenho motivos para te xingar, não tenho pretensão de te matar, mas acidentes acontecem, nunca se sabe... Não tenho problemas quanto a olhar pra sua cara — porque vejo o rosto de sua filha há oito anos, adicionei mentalmente — e realmente não senti saudades. Ah, e antes que eu esqueça; não vim aqui para relembrar os velhos tempos, se é que me entende.


Me espantei com o tom frio de minha voz. Edward me olhava de modo estranho, como se minhas palavras o tivessem afetado de alguma forma. Tentei reorganizar meus pensamentos e não falar besteira, mas as coisas estavam meio que saindo do controle por ali.


— Eu realmente apreciaria se tivesse mais alguém presente, mas como não há, tenho que contar com a sorte. — falei e Edward me olhou torto. Ele estava ficando irritado e vi aquele olhar que Amanda me dera algum tempo atrás.

— Não precisa se preocupar com sua integridade física e muito menos moral. Sei que já a machuquei uma vez e não vou fazer isso outra vez.

— Sei que não; pois só aconteceria se eu deixasse e não estou disposta a passar por nada daquilo outra vez. Minha quota de sofrimento já se esgotou há muito tempo!


Edward respirou fundo, me fitando intensamente. Aqueles orbes traziam um quê de tristeza, sofrimento; mas eu não estava disposta a saber o motivo daquilo.


— Olha Edward, não vim aqui para lhe cobrar nada, para fazer com que se lembrasse de nada. Em momento algum julguei suas atitudes, muito pelo contrário. Desde que o conheci que sabia de sua paixão pelo mundo da Fórmula 1, das suas conquistas no kart e de como adorava tudo isso desde criança. Mais cedo ou mais tarde você iria atrás de seus sonhos e foi o que aconteceu... Sei o quanto é persistente e como fica quando quer muito alguma coisa — e Amanda é igualzinha... — Você não errou comigo, apenas fez o que era certo pra você. Éramos adolescentes e um dia, aquilo que pensávamos que era amor ia acabar — a merda toda é que eu te amava de verdade —, cada um ia seguir sua vida... Uns sofrem mais que outros, dão mais importância a certas coisas do que outros e foi assim conosco; eu me importei mais do que você.

— As coisas não aconteceram assim, Bella. Eu sempre me importei com você. Tanto me importei que preferi me afastar. Pode não ter sido a forma mais correta, mas com certeza foi a menos dolorosa. Tenha certeza disso. Eu gostava de você e também sofri muito quando fui embora, mas fiz o que era necessário naquele momento.

— Aí é que está a diferença! Enquanto você “gostava” de mim, eu te amava! Não havia alguém mais importante pra mim além de você. Mas tudo bem, não vim até aqui pra pôr os sentimentos de ninguém numa escala; tenho uma coisa muito importante pra te contar.

— Estou ouvindo. — ele disse simplesmente.


Desejei ser uma pessoa muito forte, mas sabia que não era. Agora, só o que me restava era contar sobre Amanda e deixar o medo que ele quisesse tirá-la de mim ficasse de lado. Respirei fundo e comecei.


— Uma semana antes de sua partida nós fomos até a clareira; você disse que havia algo importante pra me dizer... Como bem sabemos nada de importante foi dito naquele dia, mas o que fizemos...

— E o que tem o que fizemos? — ele me interrompeu — Como se nunca tivéssemos transado antes!

— Quer calar a boca e me deixar terminar? — minha voz se elevou — Juro que minha vontade era estar bem longe daqui, mas agora não posso; portanto, fique quieto e me deixe falar!


Edward me lançou seu típico olhar torto, daqueles que diziam: “Você está passando dos limites... Já, já perco a paciência...”


— Bom, como eu estava dizendo... Nós não fomos muito cuidadosos naquele dia e acabei engravidando, mas...

— O quê?! — ele gritou e deu um pulo do sofá — Você está tentando dizer que teve coragem de abortar um filho meu? É isso? — ele estava furioso, sua atitude parecia mais com a de um touro bravo, daqueles que ficam presos antes do rodeio... E minha dúvida quanto ele vir a não gostar de ter um filho se dissipou.

— Dá pra você calar a boca e me deixar falar?! — gritei — Se me interromper mais uma vez eu vou embora e dou um jeito de te mandar um email explicando tudo, assim não vou me estressar ouvindo seus gritos!


Ele bufou e passou a mão pelos cabelos, chegando ao rosto e esfregando, como se estivesse se controlando pra não voar em meu pescoço e arrancar toda a história de uma vez.


— Ok. Vou ficar quieto... Eu acho. — ele resmungou.

— Continuando... Não Edward, eu não abortei. Quando soube da gravidez, já estava com dois meses e não tinha mais contato com você ou com qualquer pessoa de sua família. Mesmo estando sozinha, aquela criaturinha que eu carregava não tinha culpa de nada e não merecia que eu me desfizesse dela, como se fosse um peso. Claro que quando seu rosto apareceu em cada jornal ou em cada canal de TV do país eu poderia tê-lo procurado; mas você, por mais que já fosse rico, estava começando sua vida com aquelas corridas e por nada no mundo exporia um bebê. Além do mais, Rosalie, como sempre fizera, iria me acusar de dar o golpe do baú, como se eu precisasse de mais aquilo pra minha lista.


Edward levantou do sofá e ficou andando de um lado pra outro na sala. Ele coçava e sacudia a cabeça de um lado pra outro.


— Por Deus, Bella! Você tinha que ter ido atrás de mim! — ele falou por fim — Mesmo com tudo o que fiz, eu tinha o direito de saber! Eu largaria tudo, voltaria pra Forks... Ai, Jesus! Eu tenho um filho! — ele quase gritou. Acho que só naquele momento ele se dera conta de que era pai...

— Filha. Você tem uma filha. — informei.

— Uma menininha? — ele perguntou e abriu um largo sorriso. Eu sabia que seu sonho era ter uma menina e todo o peso que estava sobre meus ombros se esvaiu — Como ela é? Qual é o nome dela? Ela sabe de mim? Vai me deixar conhecê-la? — as perguntas eram feitas sem intervalos, me deixando tonta.

— Ela é perfeita, Edward... — sorri ao me lembrar de minha filha — Nenhuma descrição faria jus ao quão perfeita Amanda é... Parece uma bonequinha de porcelana. A pele branca, cabelos avermelhados, olhos grandes e verdes... Contei sobre você quando ela tinha cinco anos, mas confesso que nunca a questionei se o queria conhecer; até hoje, quando te vi no restaurante.

— E o que ela disse Bella?! Pelo amor de Deus, conte de uma vez! Ela me odeia?


Edward estava mesmo nervoso com aquilo...


— Como ela poderia odiar? É apenas uma criança! Ela disse que quer te conhecer, mas não havia dito antes por medo que eu brigasse. — levantei e fiquei de frente a ele — Eu jamais o proibiria de conhecer sua filha, de conhecer o ser mais especial que existe...


O que veio a seguir me pegou desprevenida. Fui envolvida por dois braços fortes em um caloroso abraço, me deixando surpresa e sem ar. Edward não parava de repetir “obrigado” e eu já estava ficando sem graça com aquilo. Há muitos anos que não havia qualquer tipo de proximidade entre nós e agora... Mesmo ele tendo afundado o rosto em meus cabelos, eu sabia que estava chorando e não me segurei, acabei chorando junto com ele. Escondi meu rosto em seu peito e deixei que todas as lágrimas fluíssem sem reservas, sem medo de parecer fraca.


Chorei pelo passado, que poderia ter sido diferente, por ter mantido minha filha longe do pai por tanto tempo, por mim, por Edward... E, principalmente, pelo futuro. Como eu tinha medo do que estava por vir... Mesmo sem saber o que era...


Após alguns minutos, já mais calmos, Edward se afastou e estava meio sem graça, mas nada disse. Acabamos sentando no mesmo sofá, um de frente para o outro e eu via o quão brilhante seus olhos estavam, mas ao mesmo tempo a insegurança pairava sobre eles. Minha mão estava entre as de Edward, que a apertava levemente. Tentei puxá-la, mas a pressão ficou maior e acabei deixando; afinal, que mal poderia haver? Era só um aperto de mãos...


— Eu sei que te magoei muito, que não merecia saber que tinha uma filha e te agradeço muito por ter passado por cima das mágoas que causei e ter vindo até aqui. Nesses oito anos, saber que tenho uma filha foi a notícia mais importante que pude receber. Nenhuma vitória teve um sabor tão bom quanto esse... Estou muito feliz. Só não mais porque não posso imaginar as dificuldades pelas quais passou... Mesmo tendo seus pais não dever ter sido fácil estar grávida, enfrentar uma faculdade e depois cuidar de um bebê. Me perdoe por isso, Bella...


Algumas gotas molharam minha mão e ergui meu rosto, vendo que Edward chorava. Naquele momento ele voltava a ser o garoto assustado. Instintivamente levei minha mão livre até seu cabelo e ele se inclinou em minha direção. Fiquei tensa com essa proximidade e piorou quando ele deixou que a cabeça tombasse sobre minha perna, enquanto ainda chorava. Aquele choro nada tinha a ver com a felicidade de se descobrir pai; mais parecia um choro de culpa, de dor. Meu coração se apertou, é verdade, mas eu tinha que me manter forte e racional.


— Não vou mentir — comecei a falar —; foi realmente muito difícil quando descobri que estava grávida. Ao contrário do que você pensa, não tive o apoio de meus pais; eles queriam que eu te procurasse de qualquer jeito, diziam que era sua obrigação e que tinha que assumir suas responsabilidades comigo e com Amanda e quando perceberam que eu não iria atrás de você, me deixaram por minha conta. — Edward respirou fundo — Como minha avó havia me deixado parte de sua herança, usei parte do dinheiro para comprar uma casa, vendi meu carro e utilizei o fundo da faculdade para começar minha vida. Depois que me mudei, não mais tive contato com meus pais e só soube deles algum tempo depois que Amanda havia nascido. Pena que a pessoa que me procurou foi pra me contar que eles haviam morrido em um acidente aéreo.

— Sinto muito. Eles não poderiam ter feito o que fizeram... — Edward comentou. Sua voz meio abafada pela posição na qual estava.

— Não sinta. Foi uma fatalidade. Retomei minha vida, cuidei de Amanda e quando o dinheiro começou a ficar escasso, arrumei um emprego com um amigo de meu pai, que me acolheu como se fosse sua filha. Sei como se sente agora, sabendo que tem uma filha. Quando peguei Amanda nos braços pela primeira vez, a enfermeira pensou que eu ia ter um ataque de tanto que chorei... Foi uma sensação indescritível ver aquele rostinho com duas bochechonas rosadas e, mesmo tendo nascido de oito meses, completamente saudável. Mesmo os médicos tendo afirmado que ela era perfeita, fiz questão de conferir cada dedinho. — sorri ao lembrar de minha inspeção minuciosa — Claro que quando você foi embora fiquei magoada, com raiva e desejando sua morte, mas ao saber que tinha um serzinho dentro de mim, precisando de cuidado e amor, passei a pensar apenas nela. Hoje Edward, não tenho mais nenhum sentimento destrutivo com relação a você. Tudo ficou no passado e agradeço muito por ter me deixado Amanda. Com ela aprendi o que é amor incondicional e não imagino mais minha vida longe dela.


Edward se remexeu no sofá e ficou de barriga pra cima, tendo a cabeça ainda em minha perna. Tirei minha mão de seu cabelo, mas a outra permanecia presa por uma das mãos dele. Seus olhos me fitavam de tal forma que me senti desnuda, como se ele, naquele momento, pudesse desvendar todos os segredos da minha alma. Mesmo estando avermelhado por conta do choro, o verde de seus olhos ainda era o mais lindo que eu já havia visto. Nem mesmo o de Amanda brilhava tanto quanto os do pai.


— Não sei o que dizer... Me sinto péssimo por ter causado problemas com relação a seus pais. Se eu não tivesse ido embora, poderia ter vivido cada segundo de sua gravidez ao seu lado, seus pais não a teriam expulsado de casa... Mas eu simplesmente não podia continuar. Agora não é momento de falar de coisas que perderam a importância, mas um dia vou te contar os motivos que me levaram a partir de Forks, mesmo que com minha atitude eu tenha te magoado.


Aquilo que eu lutei anos para esquecer estava ali, se mostrando pra mim. Eu não queria voltar ao passado e relembrar o dia em que Edward disse que partiria, não queria relembrar meu choro, implorando pra que ele não fosse e muito menos seu olhar de uma quase indiferença em minha direção. Agora os motivos que o levaram a me deixar já não mais importavam; eu havia aprendido a conviver com tudo o que ocorrera, aprendi que de nada me adiantaria ficar remoendo nada daquilo, que de nada me adiantaria passar a vida odiando e amaldiçoando Edward.


Era melhor lembrar apenas dos bons momentos, do tempo em que fui feliz, em que acreditei que era amada. Quando o sofrimento te encontra, o melhor a fazer é passar por cima dele e não se entregar. Nada que aconteça pode te fazer perder a fé que tudo vai dar certo, que todo o sofrimento vai passar e a vida vai voltar a seguir um curso normal. A felicidade é nosso estado natural, quando não optamos por nos entregar às coisas ruins que nos acontecem. E eu optei por ser feliz, por cuidar de minha filha e seguir minha vida.


Percebi que ficamos um longo tempo calados. Edward estava de olhos fechados e respirava calmamente, minha mão em seu cabelo e a outra presa entre a sua. Observei seu rosto, agora mais maduro, a barba um tanto crescida, o nariz reto... Seu queixo quadrado lhe dava um ar mais másculo. Era engraçado e estranho como eu o enxergava agora... Edward era um homem bonito, não havia como negar, mas eu o estava vendo apenas como o pai de minha filha, como um homem que eu encontraria na rua, ao dobrar a esquina. Posso dizer que o fascínio, o encanto que ele exerceu sobre mim havia acabado. Éramos apenas Edward Cullen e Isabella Swan, pais de Amanda Swan, mas que em breve, pela alegria que notei em Edward, passaria a Swan - Cullen.


— Edward... — chamei, mas ele nem se moveu — Edward, acorde. — o sacudi e ele resmungou.

— Eu não estava dormindo, apenas pensando em algumas coisas. — ele sorriu brevemente — Sei que já está tarde, mas... Me deixe ver minha filha? Prometo que não vou incomodar ou acordá-la; só quero vê-la. Por favor, Bella.

— Edward... Já está tarde e ela não está em minha casa. Tive que deixá-la com a madrinha pra vir até aqui.

— Por favor, Bella... Não me negue isso, por mais que eu a...

— Pare! Chega! — acabei levantando subitamente, fazendo com que Edward quase caísse no chão. Sorte que ele se apoiou com a mão livre... — Deixe o passado onde deve estar! Pare com essa história de “eu te magoei”, “me desculpe” e mais tantas outras coisas que ainda me dirá. Passou Edward! Hoje em dia não tem mais importância o que aconteceu ou deixou de acontecer. Não fique remoendo o passado e não pense que estou querendo me fazer de má, vindo aqui e te contando sobre Amanda pra depois te negar o prazer de conhecê-la. Apenas seja racional! Além de ser criança e estar dormindo, ela está na casa de outra pessoa.


Edward sentou-se direito no sofá e me olhou meio espantado, como se não me reconhecesse. E, na verdade, nem eu me reconhecia naquele momento.


— Você não pode me impedir que sentir pelo que houve, pelo que fiz, mas se não quer ouvir ou aceitar meu pedido de desculpas, tudo bem, não insisto mais. — disse ele quase num sussurro.

— Não se trata de aceitar ou não! Já lhe disse que não guardo mágoas do que houve no passado. Não se martirize, não se culpe. Amanhã você verá sua filha e garanto que ela está tão ou mais ansiosa que você.


Ele conseguiu sorrir, mesmo que fracamente.


— É tão estranho... Há poucas horas atrás eu me preparava pra dormir e agora... Agora só que passa em minha mente é a imagem do rosto de minha filha e nem sei se minha imaginação chega perto de como ela realmente é.

— Acredite; nada do que imaginar chegará perto de como ela é. Vim no carro de Ângela, nem minha bolsa eu trouxe, senão deixaria uma foto com você.

— Tudo bem, creio que a surpresa será melhor. — ele sorriu e seus olhos brilharam.


Vi um bloco de anotações sobre a mesa de telefone e o peguei, anotando meu endereço.


— Aqui. Estarei em casa por volta das dezoito horas. Trate de dormir; pois se sua filha o vir parecendo um mostro, jamais vai chamá-lo de “papai lindão” outra vez. — ele riu do comentário.

— Obrigado. Cinco para as seis já estarei em sua porta. — dessa vez, eu ri.

— Não duvido... Boa noite Edward.


Despedi-me dele, que me acompanhou até a porta. Antes que eu pudesse partir, ele se aproximou e deu um beijo em meu rosto. Depois disso, quase corri até o carro, mas não sem antes ouvir seu grito de “EU TENHO UMA FILHA!”.

Agora, no refúgio do carro, eu poderia respirar aliviada. Edward sabia da filha, estava feliz e pelo que pude perceber, não teria Rosalie para infernizar a vida de minha pequena. Apenas uma coisa me intrigava; o que acontecera de tão grave para que Edward e Carlisle se afastassem? Certamente não era algo ligado à sua escolha profissional, já que Carlisle era o maior incentivador de seu filho. Teria acontecido uma briga com Rosalie? Suspirei. De nada adiantaria especular. Já estava tarde e eu ainda tinha uma princesinha manhosa pra levar pra casa, já sabendo que o dia seguinte seria longo...


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Notas finais do capítulo

Bom, aí está.
Fantasmas, comentem! Se perde seu tempo lendo, perca mais meio minuto e diga o que achou!
bj bj