O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Bom, pouco mais de meia noite, oficialmente domingo. Vou postar agora porque também sou leitora e detesto quando o capítulo não sai na data "marcada" e como estou com uma gripe que mais parece que um caminhão me atropelou, é melhor garantir...
Obrigada aos leitores que comentam, que dispensam alguns momentos do seu dia para vir aqui, ler e dizer o que achou. Isso me motiva a continuar.
Agradeço também aos 15 que favoritaram a fic e aos 29 leitores que o Nyah me apresenta.
Jéssica, obrigada pela recomendação. Mesmo.
Até as notas finais.



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CAPÍTULO 4

POV BELLA

A semana passou rápida e eu não havia conseguido contar à Amanda sobre meu recente namoro com Jasper. Minha pequena andava cabisbaixa, tristonha e, por mais que eu insistisse para que me contasse o que estava havendo, ela sempre se esquivava, dizendo que eu sempre me preocupava demais... Claro que eu me preocupava... A observei durante toda a semana e sabia que ela não havia encontrado mais nada a respeito do pai, ninguém informava pra onde fora, quando e nem a data em que retornaria. Ela parecia ter deixado de lado, não perguntara mais se eu odiava o pai, não quisera mais que eu contasse como nos conhecemos e nem quis saber sobre os avós e tias. Isso sim me deixou alarmada; ao menos uma vez por semana eu contava a ela alguma coisa, mas dessa vez ela se mostrou alheia a tudo o que dizia respeito a Edward.

Eu sabia que essa indiferença não era verdadeira; ela queria fazer parte da vida dele, queria saber como ele estava e o mais importante, queria que ele soubesse sobre ela, que tivesse conhecimento de sua existência. Por mais que Ben sempre comparecesse às festinhas da escola, não era a ele quem ela chamava de pai, não era pra ele que ela fazia inúmeros desenhos e os guardava numa pasta especialmente decorada...

Tentando evitar que minha pequena sofresse com uma possível rejeição por parte da família de seu pai, eu a estava fazendo sofrer não dando a eles o benefício da dúvida. Era óbvio que Rosalie viria com quatro pedras nas mãos, mas e os outros? Eles também achariam que eu estava usando minha filha pra dar o golpe do baú? E Edward? Ele ia gostar de saber que tinha uma filha? Ele queria ter uma filha? Respirei fundo. Pela primeira vez eu sentia o peso da culpa sobre meus ombros. E era uma culpa só minha... Eu jamais poderia culpar Edward ou qualquer outra pessoa de sua família; afinal fui eu quem escolheu não procurá-lo, quem escolheu não correr atrás dele e evitar mais sofrimento.

Mas agora era tarde; eu não tinha como voltar no tempo e mudar o rumo que minha vida tomou, e nem se pudesse eu o faria... Mudar o passado me faria perder meu bem mais precioso. Jamais considerei Amanda um erro, uma inconsequência; jamais culpei minha gravidez precoce por não ter ido à faculdade e muito menos por ter brigado com meus pais. Eu seria capaz de brigar com Deus se Ele dissesse que minha filha era um erro. Por ela eu era capaz de tudo. Capaz, inclusive, de procurar por Edward, se assim fosse a vontade dela.

Pensando em tudo aquilo, decidi contar de uma vez à Amanda sobre Jasper. Ela ia acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde e o melhor é que fosse por mim. Jamais houve segredos entre nós e não seria justamente aquele que eu esconderia. Encaminhei-me até seu quarto e não pude deixar de sorrir ao ver minha pequena tão entretida com suas miniaturas de carros de corrida. Bonecas? Só teve até os cinco anos, que foi quando lhe contei sobre seu pai.

— Hei! Posso interromper um pouquinho? — perguntei, logo me sentando em sua cama.

— Eu só estava brincando... — disse ela, deixando tudo de lado.

— Quero conversar com você. Tenho uma coisa pra te contar.

Seus olhinhos brilharam em expectativa. Toda a esperança de que fosse algo relacionado ao pai estava estampada neles e meu peito se apertou. Quando eu teria coragem de procurar Edward e acabar com o sofrimento de Amanda?

— Conta, mamãe! — pediu ela, vendo que eu havia parado de falar e fitava o nada.

— Oh! Claro, vou contar. — respirei fundo numa tentativa de reorganizar as palavras e tornar tudo mais fácil — mas como contar? Tudo de uma vez ou dar uma explicação mais detalhada?

— Anda mamãe! — ela insistiu.

— Bom... Você sabe que eu namorei seu pai há muito tempo não é? — ela apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo — Depois disso eu só quis saber de você e nada mais me importava, mas agora encontrei uma pessoa de quem gosto muito e ele também gosta de mim. Ele me pediu em namoro e aceitei. — acabei de falar e vi surpresa em seus olhos.

— Ele... Ele vai tirar você de mim? Vai me mandar pra longe? Nunca mais vou te ver? — uma enxurrada de perguntas saiu de forma desordenada.

Dei uma risadinha diante de seu desespero. Se ela soubesse quem era...

— Claro que não, meu amor! Eu jamais ficaria com uma pessoa que não gostasse de você, que não te aceitasse. Você o conhece e gosta dele.

— Quem é? Eu conheço um montão de gente!

Ri mais uma vez e ela me olhou torto, aquele mesmo olhar tão característico de seu pai.

— Vamos fazer o seguinte; a senhorita vai tomar um banho, ficar bem bonita e cheirosa e eu vou ligar pra ele, pra que venha jantar aqui. Que tal?

— Tudo bem.

Ela guardou os brinquedos e correu para o banheiro. Deixei sua roupa sobre a cama e depois liguei pra Jasper, pedindo que viesse até minha casa. Minha cabeça ainda estava muito confusa para preparar qualquer coisa que fosse, por isso Jasper logo se ofereceu para levar uma pizza e agradeci imensamente. Era melhor que as coisas corressem de forma descontraída mesmo. Amanda não precisava de mais pressão em sua vida.

Eu parecia uma criança assustada. Ficava olhando o relógio de cinco em cinco minutos, esperando o momento em que a campainha tocaria e toda aquela angústia acabaria. Se Amanda não aceitasse meu namoro, como eu agiria? Claro que ela sempre pensaria no pai e veria qualquer outra pessoa como um intruso. Eu já começava a me arrepender de ter aceitado namorar Jasper...

— Mãe! A campainha! — Amanda gritou, me tirando da letargia na qual me afundara.

Levantei rapidamente e andei de forma apressada até a porta. Era melhor acabar com tudo de uma vez... Jasper logo viu os cabelos avermelhados de Amanda e por isso não me beijou nem nada do tipo; cumprimentamo-nos de forma amigável, apenas com dois beijos na bochecha. Assim que Amanda o viu, logo soube que era ele. Seus olhos vagavam de mim pra ele e ela coçou a cabeça, como se algo muito complicado a estivesse incomodando.

Nos acomodamos no sofá e deixei a pizza trazida por Jasper sobre a mesinha de centro. Eu sabia que tinha que falar algo, mas não sabia o que e nem como começar. Jasper notou minha insegurança e sorriu, segurando minha mão.

— Acho que se estou aqui é porque sua mãe já conversou com você, não é? — perguntou ele diretamente a Amanda.

— Sim. Mas você é meu anjinho! Não pode ser meu pai! — ela parecia indignada, mas não com raiva.

— E vou continuar sendo seu anjinho. Você tem um pai e não quero e nem vou tomar o lugar dele. Lembra que sou seu amigo? Não é por estar namorando sua mãe que isso vai mudar.

— Mas... Eu... Como vou te chamar? Jasper? Tio? Senhor?

Eu ri da confusão de minha pequena.

— Pode me chamar do que quiser. Mas eu não sou velho pra ser chamado de senhor, não sou irmão da sua mãe, então não sou seu tio e... Jasper? Quando meu pai me chama assim... Já sei que é bronca...

— Oh! Então posso continuar te chamando de Anjinho? — Jasper conseguira fazer com que Amanda o chamasse pelo apelido de uma forma tão simples, que me senti uma idiota por complicar tudo.

— Claro minha princesa! Nunca esqueça que sempre serei seu amigo, então, pode conversar comigo, me contar sobre os namoradinhos da escola, das fofocas... Sabe? Aquelas coisas que as meninas sempre escondem das mães... — ela riu e seus olhinhos brilharam.

— Jasper! Isso é coisa que se diga? E que história é essa de namoradinhos? — repreendi falsamente.

Amanda riu e revirou os olhos.

— Viu? Eu disse que quando me chamam de Jasper é só pra dar bronca...

O clima estava leve e acabei relaxando. Resolvemos nos sentar no chão da sala mesmo e, após esquentar a pizza, comemos entre risos e conversas. Amanda havia aceitado meu namoro, embora sua cabecinha tivesse ficado confusa de inicio. Eu estava feliz sabendo que a vida me dava uma segunda chance. Agora só me restava conseguir amar novamente e retribuir o amor que Jasper me oferecia...

Depois que Jasper foi embora Amanda veio até mim, pediu que eu nunca a deixasse e que nunca a esquecesse. Me sentia angustiada por esses pensamentos que ela tinha, mas sabia que no fundo a culpa era minha. Se eu tivesse procurado por Edward, se tivesse contado sobre ela, agora minha pequena não viveria com essa sensação de abandono; ela saberia que tinha um pai, que era amada por nós dois.

Repensei aquela semana e como eu estava me sentindo. Dizer que estava morrendo de felicidade e pensando em me casar, era mentira. Isso. Era isso o que eu estava vivendo; uma mentira. O sentimento que eu nutria por Jasper estava longe de ser mais do que carinho, mas eu queria me enganar, dizer pra mim mesma que era possível manter um relacionamento com outra pessoa, que nem todos são iguais.

Angie estava certa quando disse que eu havia vivido apenas para minha filha e que era minha hora.  Talvez eu estivesse errando novamente, mas agora, caso acontecesse, eu já teria experiência em me levantar, por mais que eu estivesse disposta a não levar aquele relacionamento a algo tão sério; que pudesse chegar a me machucar algum dia. Por isso deixei as coisas bem claras com Jasper; pra que ele não tivesse ilusões futuras.

Anos poderiam passar, os cacos seriam colados aos poucos, mas nunca mais eu estaria inteira; sempre estaria faltando pequeninos pedaços de mim. Um pedaço de alegria, de felicidade, de ilusão, de sonho... Sempre, por mais que o tempo passasse; algo estaria me faltando.

Pov Amanda

Quando mamãe entrou em meu quarto e disse que queria conversar, pensei que fosse sobre meu pai, mas não... Ela estava namorando Jasper, meu Anjinho. Eu gostava dele, mas não queria que casasse com minha mãe. Era só meu amigo! Mas eu também não podia pedir que ela não fosse feliz. Eu sabia que minha mãe tinha me criado sozinha, que meu pai tinha ido embora e que nem sabia de mim.

Mamãe me contou sua história, contou como conheceu meu pai, como ficou feliz quando começou a namorar... Contou também como ficou quando ele foi embora. Mesmo sendo criança eu sabia que ela ficava triste quando me contava essas coisas. Ela ficava muito séria e com os olhos vermelhos.

Ela também disse que não amava mais meu pai e não entendi muito bem, então perguntei a minha tia Ang... Ela disse que o amor era um sentimento muito forte e que quando alguém nos magoava muito, ele poderia deixar de existir e que foi isso o que aconteceu com minha mãe.

Eu não sabia se amava meu pai. Mas minha mamãe... Quando eu estava na escola, ficava contando as horas pra que pudesse chegar logo em casa e ficar pertinho dela. Eu gostava do cheiro que ela tinha, de ouvir sua voz e de quando ela me segurava no colo igual se faz com bebês.

Meu maior sonho era ter uma família, como meus colegas da escola... E eu sabia que meu sonho não ia se realizar. A única coisa que eu sabia de meu pai era o que eu via pela TV. Eu sempre procurava por programas de esporte ou de fofoca — era assim que minha tia Ang disse que se chamava os programas que falavam da vida das pessoas famosas — , só pra saber um pouco mais. Ele não sabia de mim, mas eu queria saber o que ele fazia, como estava... Minha tia Alice sempre estava com ele, mas Rosalie e meus avós nunca apareciam. Claro que eu queria saber mais sobre eles, conhecer... Já sonhei muitas vezes com meu pai... Em muitos sonhos a gente estava bem juntinho, passeando e rindo... Já pensei em pedir a minha mãe que fosse atrás dele e contasse de mim, mas ela poderia ficar zangada e achar que eu não gostava mais dela... Até pedido no Natal eu fiz!

Mas agora ela tinha o Jasper e eles poderiam casar algum dia, ter outros filhos e, quando ela não me amasse mais, eu pediria pra ela procurar meu pai e me deixar com ele... Ele não me amava, mas eu era filha dele e minha mãe teria outras coisas pra fazer...

Depois que meu anjinho foi embora, ainda vi um pouco de TV com minha mãe e procurei por algum programa de esporte, mas ninguém falou nada sobre meu pai.

— Posso dormir aqui? — perguntei a minha mãe. Eu estava em sua cama.

— Claro meu amor. — ela respondeu e desligou a TV, deixando só o abajur aceso — Eu te amo.

— Eu também.

Dei um beijo em sua bochecha e a abracei. Eu sabia que ia sonhar com meu pai... Eu sempre sonhava com ele...


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Notas finais do capítulo

Por hj é isso. Quarta feira tem mais.
Aos que chegaram até aqui, não custa deixar um review. Se já leu, o que custa dizer alguma coisa? Já deixei muitos reviews e meus dedos nunca caíram ou doeram por isso.
Nada é mais frustrante do que SABER que tem gente lendo, favoritando e que não deixa um review.
Prometo não me estender tanto assim outra vez.
bj bj e até o próximo