O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Bem, mais um capítulo pra vocês e espero que gostem. A fic já está na reta final, pessoinhas lindas (ufa!)
Muito obrigada pelos reviews do cap anterior; fiquei muito feliz por ler a opinião de vocês.
Dedico o cap à Marianaluisa pela recomendação que me deixou toda me querendo e à Charlize, que me faz rir horrores com toda a empolgação.
Bjks e ao cap! E nos vemos nas notas finais!
P.S: Não deixem de passar em Superando!



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CAPÍTULO 27

POV EDWARD

Enfim pude esclarecer tudo com a minha mãe. Ela de fato pensou que eu a odiava por ter matado Rosalie, mas não era assim; eu fiquei apenas surpreso e confuso com a atitude dela. Depois de tudo que passamos, eu jamais poderia odiá-la.

No dia seguinte, prestamos depoimento e não seria apresentada denúncia contra minha mãe, uma vez que o delegado entendeu que seu ato acorrera de forma a salvar outras vidas, mas mesmo assim, ela quis se recolher por uns tempos, indo logo após o sepultamento para uma clínica de repouso. Bella teve medo que minha mãe estivesse entrando em uma depressão, mas nos foi garantido que seu estado era bom e que ela ia apenas descansar. Meu pai também teve medo e conversou com os médicos, que mais uma vez lhe asseguraram que nem remédios seriam administrados.

Alice também ficou muito abalada e temi dar a notícia por conta do bebê e por ela estar sozinha em Nova York, contudo, ela reagiu bem e logo após o almoço já estava em casa, onde contamos tudo o que acontecera. E a surpresa estava estampada em seu rosto, quando ficou sabendo quem atirara em Rosalie. Assim como eu, ela também pensou em tudo que vivemos quando crianças, em como fomos realmente irmãos naquela época, mas acabou entendendo — como eu — que aquele caminho havia sido escolhido pela própria Rosalie. Não poderíamos fazer nada por ela.

O aniversario de Amanda ocorrera dois dias depois do sepultamento de Rosalie e ela entendeu o motivo de não ter uma festa. Bella conversou com ela e acabou chorando, quando nossa pequena disse que estava com “uma tristeza muito triste no coração e que não queria festa mesmo.” Ângela esteve conosco todo o tempo, assim como os outros amigos de Bella, que acabaram por nos ajudar mais do que pensaríamos que alguém poderia fazer. E, incrivelmente, conversei com Jasper sem aquela animosidade de antes.

Ele me contou sobre sua irmã e depois do que acontecera, acabou percebendo que não valia à pena deixar de lado uma pessoa que em nada lhe prejudicara e que só queria uma chance de mostrar que não era como a mãe. Bella ficou feliz com essa “aproximação” e era o mínimo que eu poderia fazer. Jasper de fato gostava muito de Amanda e estava apaixonado por Victória... Seria idiotice minha procurar problemas onde não existiam.

De fato os problemas pareciam estar evaporando da minha vida. E todos de uma só vez, o que me deixava aliviado. Não seria preciso que eu retornasse à Nova York pra finalizar minha saída da equipe, minha casa não mais seria vendida, uma vez que Bella manifestou a vontade de conhecê-la, Alice decidira seguir em frente e deixar que Peter fosse apenas o pai do seu filho e, pelos olhares que ela recebeu do pai de Emmett, eu poderia jurar que a baixinha não ficaria sozinha por muito tempo mais.

Amanda se mostrou uma criança muito altruísta ao oferecer o quarto que seria dela para que Alice fizesse o quarto do bebê e fez com que minha irmã chorasse por quase uma hora. Segundo minha pequena disse; “já que meu papai e minha mamãe vão morar na mesma casa, é melhor que seu bebezinho fique com a mamãe dele.” Ficamos orgulhosos dela, mas não sairíamos impunes... O quarto agora seria montado em Nova York.

Mesmo depois de quinze dias, eu ainda conseguia ouvir as palavras de Rosalie, o barulho do tiro... E a imagem dela maltratando Bella ficava em minha cabeça, mas com o tempo, acabaria. Eu simplesmente não poderia ficar preso a mais aquilo. Além de Bella, eu tinha Amanda, que também ficara triste com a morte da tia, por mais que nunca a tenha conhecido.

O grito de Ângela fez com que eu deixasse meus pensamentos de lado. Depois que conheceu Alice, elas não se desgrudavam e eu era alvo das piadas mais infames que alguém poderia inventar.

— Você é tão agradável... — comentei e ela riu.

— Sei que sou. Sua digníssima “namorida” pediu que eu viesse lhe chamar. Parece que chegou alguma coisa pra você.

Eu ainda me perguntava se Bella não tinha medo que Ângela me atacasse ou coisa assim... Ela era doida de pedra e a convivência com o restante das mulheres daquela casa só estava piorando seu estado. E o delas. Mas eu sorri com a notícia. Eu já sabia o que era; o presente de Amanda.

Assim que cheguei à cozinha, vi o envelope sobre a mesa e um bando de olhares curiosos sobre ele. Até meu pai, que eu nem sabia que já havia chegado, estava olhando, tentando ler de onde era.

— Ah! Chegou! — peguei o envelope e sorri, quando todos os olhares se viraram em minha direção.

— E o que é isso que chegou? — inquiriu Alice, com cara de inocente.

— Parece que é um envelope... Se ainda não mudou de nome, continua sendo um. — falei e recebi olhares furiosos.

— Estou grávida e esconder as coisas é maldade, ok?

— Sinto muito, mas sua filha nascerá com uma enorme interrogação na testa, já que eu não vou dizer o que é.

Victória engasgou de tanto que riu, assim como Ângela. Eu não contaria mesmo. Só quando minha pequena estivesse em casa. Bella até que tentou descobrir o que era, mas sua voz manhosa e o olhar pidão não surtiram efeito. Era uma surpresa pra ela também, por isso eu não quis falar nada. Saí da cozinha e fui para meu quarto, onde guardei o envelope.

Quando retornei à cozinha, acabei tropeçando em Jake, que vivia se esgueirando pelos cantos. O peguei no colo e quando me viu com ele, Bella riu e disse que era castigo... E era mesmo. Eu acabei me apegando àquele monte de pelos e ficava mais com ele do que seria saudável, causando ciúmes em Amanda. Meu pai me olhou e percebi que ele queria conversar. Talvez fosse alguma coisa com a minha mãe e imediatamente fui para a parte de trás da casa, onde soltei o monte de pelos. Meio minuto depois meu pai apareceu ao meu lado e perguntei logo o que estava acontecendo.

— Não aconteceu nada, meu filho. Apesar de tudo, estou feliz por ver que você está bem.

E não havia qualquer indício de que ele estaria omitindo algo. Passamos um tempo conversando sobre tudo e nada. Fiquei feliz por saber que minha mãe já queria voltar pra casa e que ela realmente estava bem, sem nenhum problema emocional.

— O que vai fazer agora? Vai trabalhar em algo ou será um vagabundo que terei que sustentar? — perguntou meu pai e eu ri.

— Sustentar... Se duvidar, tenho mais dinheiro que você! E por agora eu só quero ficar em casa... Nada de trabalho!

— E o casamento vai sair? Ou agora que você conseguiu se mudar pra casa da Bella vai enrolar a menina?

Ouvimos uma risada e olhei pra trás, encontrando Bella.

— Ele vai casar Carlisle... Ah, vai! Só estamos esperando um pouco mais...

— Entendo. — disse meu pai, rindo da ameaça de Bella — Bem, estou metendo o pé! Se resolvam, se resolvam!

Nós acabamos rindo do meu pai e suas gírias. Ele estava cada dia mais impossível! E o pior era que Amanda ia pelo mesmo caminho... Ela chegou a me chamar de “meu velho”! Quase surtei!

— Vamos sentir falta de tudo isso quando voltarmos pra casa. — disse Bella e eu ficava mais idiota do que já era quando a ouvia falando assim...

— Eu sei... Seria ótimo morar com eles, mas seria melhor ainda ter um cantinho nosso... Eu gosto mesmo da sua casa, sem contar que tudo tem seu jeitinho, seu cheiro...

— E quando tivermos outros filhos? Onde vamos acomodar a tropa?

— Outros? — e aquela ideia me agradava muito — Podemos deixar uns por cima dos outros, podemos montar uma barraca de acampamento no jardim, colocar alguns pra dormir dentro do guarda roupas, outros na geladeira... Ou podemos obrigar Ângela a nos vender a casa dela... Aí faremos uma grande reforma, juntamos as casas e ainda não teremos uma tarada perto de mim.

Bella gargalhou do que eu disse e ela estava mesmo feliz. De um modo que eu nunca havia visto antes.

— Não precisa tanto assim... Com certeza não teremos filhos suficientes pra montar um acampamento de guerra e não quero minha amiga longe de mim. Você bem sabe que ela desistiu da ideia de ter a camisa de volta e, segundo a mesma, só os sonhos são suficientes.

— Ainda não confio muito nisso... Mas a ideia de outros filhos me agrada bastante. Poderíamos ter mais uns cinco, seis...

— Claro... Não será você a sentir as dores. Trazer uma criança ao mundo dói, sabia? E dói bastante. Mas é tão maravilhoso... Saber que se é capaz de dar vida a alguém...

Eu olhava em seus olhos, que brilhavam mais do que tudo e ali, do jeito que estávamos, tive a mais absoluta certeza que jamais seria capaz de amar outra mulher como eu a amava. Não era um sentimento que dava pra medir, pra entender ou explicar. Ele apenas existia. E aquela Bella que estava ali em muito se parecia com aquela que conheci ainda adolescente, que trazia um ar sonhador e não cansava de fazer planos e no dia seguinte, refazê-los — ou, como ela dizia; aprimorá-los. Agora poderíamos fazer novos planos, realizar alguns que ficaram pelo caminho... E nos casarmos era um que eu queria realizar logo. Já havíamos conversado e esperaríamos que completasse um mês da morte de Rosalie para anunciarmos o noivado, assim, os ânimos já estariam mais calmos, minha mãe já estaria em casa e poderíamos nos focar apenas em nossas vidas.

— Edward! Estou falando e você me olhando com essa cara de idiota! — disse Bella, rindo de mim.

— Vou acabar acreditando que sou mesmo um idiota... Aqui nessa casa sou chamado assim todo dia! Falta só o Jake, porque até Amanda já me falou isso!

— Mas não é de uma forma ruim, sabe? Você é um idiota fofinho.

Agora eu virei “fofinho”... Eu simplesmente estava perdendo minha identidade! Uma me chamava de idiota, a outra de gostoso, a outra de lerdo, outra de lesado e a mais nova de todas me chamava de “meu velho”. Ah! Pelo menos tinha uma que me chamava de filho. Estava bom, não?

Ninguém apareceu para nos interromper ou rir da minha cara e assim, continuamos a conversar, o que nos era indispensável. Gostávamos de manter, além do lado “romântico” do nosso relacionamento, a amizade que sempre tivemos. A forma como ela expunha suas opiniões e ideias me deixava encantado; era tudo tão simples e direto, sem rodeios ou medo do que se poderia pensar a respeito. E saber que poderíamos falar de absolutamente tudo era muito importante; eu não precisava ficar pesando as coisas.

Ela tentou, mais uma vez, fazer com que eu falasse o que continha no envelope, mas me mantive firme. Só quando Amanda chegasse. E ela estava demorando demais! Emmett e Tânia vieram buscá-la logo após o café da manhã e passariam o dia com Jasper e os pais deles, mas já passava das dezenove horas e nem sombra da minha filha. Alice dizia que eu estava ansioso demais e que o melhor seria compartilhar a informação... Tudo uma tentativa de me fazer falar!

Ângela já havia ido pra casa, já havíamos jantado, Jake já tinha conseguido atenção suficiente da minha parte, meu pai estava cochilando e Alice estava com Bella — tentando fazê-la ceder à sua insistência em desenhar um vestido escandaloso — quando a campainha enfim tocou. Cheguei a respirar aliviado com aquilo. Emmett fez questão de relatar o dia que tiveram; o que comeram, os filmes que viram, as risadas que deram... E eu queria muito, muito mesmo estar com minha filha e com Bella naquele instante. Apenas nós três.

— Pensei que tinha perdido minha filha! — falei, quando finalmente ficamos sozinhos.

— Ah, pai! Não seja chorão! Eu estava com saudadinha, tá? Lindinho da Amandinha...

Deus! Onde essa menina ia parar? E Bella ainda ria! E minha filha estava apertando minhas bochechas como se eu fosse a criança da casa...

— Estava com saudades, é? Eu também estava. Com muita saudade... Do tamanho do mundo todinho!

A ataquei com beijos, ouvindo sua gargalhada gostosa. Como eu amava aquela garotinha! Quando ela estava por perto, tudo parecia simples e descomplicado.

Após tomar banho, Amanda voltou correndo para meu quarto e perguntou se poderia dormir conosco. Nem precisei pensar pra responder.

— Eu tenho um presente atrasado de aniversário pra você. — falei e ela bateu palmas.

— É um kart? Vou aprender a pilotar carrinhos também?

— Não mesmo! Mas eu acho que você vai gostar.

Bella me olhava de forma curiosa e só faltava roer as unhas; seus olhos não perdiam um mínimo movimento que eu fazia e, ao ver que entreguei o envelope à nossa filha, sua curiosidade aumentou. Eu tinha certeza de que ela saberia perfeitamente o que aquilo significava.

Seus olhinhos passaram pelo papel e encheram-se de lágrimas. Eu também não consegui me conter, ainda mais depois que ela abriu um sorriso enorme e pulou em meu colo, me abraçando apertado.

— É o melhor presente do mundo todinho! Obrigada, papai!

— Não precisa me agradecer meu amor. Entendeu direitinho o que está escrito no papel?

— Agora eu sou sua filha de verdade verdadeira!

Bella engasgou e levantou, pegando o papel das mãos de Amanda. Seus olhos estavam muito abertos quando leu a certidão e viu meu nome ali, onde deveria estar desde sempre.

— Você sempre foi minha filha de verdade e eu te amo muito, tampinha.

— Eu também te amo, coisinha linda.

Realmente minha filha estava andando muito com Alice... Aquilo não era bom pra uma criança... E Bella... Ela estava estranha... Ainda fitava a certidão e só então notei que ela estava chorando. Só me faltava ter feito algo de errado! Sentei-me ao seu lado, com Amanda ainda agarrada a mim, e passei o braço livre por seus ombros, puxando-a pra mais perto.

— Você é um filho da mãe! Estou chorando por sua causa! — e ela chorava e ria ao mesmo tempo...

— Não gostou mamãe? Eu gostei tanto...

— Não é isso, meu amor! Eu achei muito bonito isso que seu pai fez e estou muito feliz; só estou chorando porque sou uma boba mesmo.

Dei um beijo em Bella — nada escandaloso, apenas um selinho —, e Amanda soltou um “ew!”, nos fazendo rir.

— Eu te amo, sabia? — disse Bella, recostando a cabeça em meu peito.

— Sei disso. Mas e você? Sabe que eu te amo?

— Ah! Eu amo todo mundo! Lindinhos da Amandinha! Coisinhas fofas!

— Deixe essa menina longe da Alice! — falei e elas riram.

Não muito tempo depois, Amanda já dormia e desci com Bella. Estávamos sem sono e acabamos encontrando Alice e meu pai ainda acordados. Contei a eles o que havia no envelope e vi minha irmã quase se desfazer de tanto chorar. Grávidas são estranhas... Ou era só com Alice mesmo...

Contei à Bella que pedi a ajuda de Joseph e Jared para “regularizar” a certidão de nascimento de Amanda e eu podia ver como ela estava feliz com aquilo. Talvez tivesse passado por sua cabeça algo assim. Conversamos sobre o casamento — e Bella insistia em manter algumas coisas em segredo —, sobre minha mãe... Por fim, chegamos a uma conclusão: Teríamos, enfim, o nosso “felizes para sempre”.

POV BELLA

Eu jamais ficaria feliz com a morte de Rosalie, ainda mais por ter sido Esme a colocar um ponto final àquele desfecho. Mas saber que eu poderia viver sem me preocupar com alguém querendo me matar ou à minha filha era, sem dúvidas, um alívio.

Num primeiro momento, assim que tudo aconteceu, não entendi a reação de Edward; não entendi por que ele ficou tão abalado; mas depois, quando conversamos, pude compreender. Apesar de tudo, ele não esqueceu que eram irmãos e só queria que Rosalie tivesse a chance de um dia se recuperar. Assim como ele sentiu raiva pelas coisas que ela nos causou, eu também senti de meus pais quando eles me viraram as costas e me deixaram por minha própria conta, grávida e sem saber o que seria de mim no dia seguinte. Contudo, receber a notícia da morte deles não foi fácil. Eu queria que eles estivessem vivos; por mais que não mantivéssemos contato. Eu queria que minha filha os conhecesse.

Talvez, se estivessem vivos, eu não conseguisse perdoá-los, mas eles poderiam amar a neta, poderiam fazer por ela coisas que não fizeram por mim. Com ela, eles poderiam ter uma segunda chance. E era isso que Edward queria pra irmã; uma chance. Apenas uma chance pra que ela, um dia, pudesse voltar a ser o que era. Sabíamos que Rosalie sofria de um sério desequilíbrio e que, talvez, suas ações fossem resultado disso. Mas ela poderia realmente amar Edward; ainda mais por saber que não eram irmãos “de sangue”. Agora, não havia mais nada que pudesse ser feito.

Os dias que se seguiram foram mais fáceis do que pensei; o que aconteceu acabou naquela casa e não me permiti ficar pensando sobre aquilo; os machucados cicatrizaram com o tempo. Minha preocupação estava em Edward e Esme. Eu não sabia como ele poderia reagir com o passar dos dias e Esme... Depois de tudo ela manteve-se tão calma que temi por sua sanidade, mas tudo acabou bem para eles — ou quase. Mesmo tendo dito que fez o que devia ser feito e ter demonstrado não estar arrependida, eu via claramente como ela ficara abalada. Até tentei conversar, mas ela preferiu se manter afastada e aceitou apenas a ajuda de Carlisle.

Aos poucos as coisas foram se ajeitando, Amanda alegrava a todos com seu jeito espontâneo demais, Alice e Ângela estavam conseguindo mesmo me enlouquecer, Victória pensava tanto em Jasper que nem ligava mais quando a chamávamos de alienada e enfim meu amigo compreendeu a burrada que estava fazendo e se acertou com a irmã.

Tudo andava tão calmo que por vezes eu me assustava até quando Jake latia. Pelo menos Amanda não mais pensava em casar-se com ele... E eu estava feliz, por mais que coisas horríveis tivessem acontecido. Todos contribuíram muito pra isso, mas Edward tinha uma importância maior. Quando vi a certidão de nascimento de Amanda com o nome dele ali, creio que as palavras se perderam; eu nunca tinha falado com ele a respeito e fiquei realmente surpresa. Ver como os olhinhos de Amanda brilhavam me enchia de uma alegria sem tamanho.

Pensando em tudo isso e ainda fazendo planos, adormeci, tendo Amanda quase esmagada por mim e por Edward.

POV ESME

Eu ainda não me sentia bem o suficiente para voltar, para estar com minha família, mas eu teria que melhorar. Passar aquele tempo sozinha, sem olhar para ninguém, sem ver olhares piedosos estava me ajudando a superar o que fiz. Ter que escolher entre a vida de duas pessoas não é fácil; e quando uma delas é sua filha as coisas se tornam ainda piores. Mas Rosalie não me deixou escolhas. Eu já tinha falhado com Edward e Bella uma vez e isso não poderia se repetir.

Não planejei nada quando pedi que Carlisle me levasse onde seria o encontro, mas não fui desprevenida; eu queria apenas ter algo com que defender alguém, por isso, sem que ele visse, peguei a arma que era mantida em casa. Eu sabia que Rosalie não seria fácil, mas não pude imaginar o quanto.

Ficamos perto dos policiais, que esperavam um movimento em falso para que pudessem pegar Rosalie e eu não estava aguentando mais aquilo. De onde estávamos, dava pra ouvir as coisas que ela falava e o que fazia à Bella. Suas ações estavam me machucando demais.

Eu realmente não havia falhado como mãe. Rosalie, por mais que estivesse com algum distúrbio, sabia discernir o que era certo e errado, sabia que estava prestes a cometer um crime e, se os policiais não queriam entrar na casa e acabar logo com aquilo, eu teria que dar um jeito de fazê-lo. Aproveitei o momento em que eles se distraíram com o choro da criança que fora sequestrada e foram atrás dela e consegui me distanciar sem ser notada. Dei a volta pela casa e encontrei uma entrada pela cozinha, de onde eu conseguia ver a todos na sala. Minhas mãos tremiam quando peguei a arma e eu nem sabia se conseguiria atirar; eu nunca havia feito aquilo na vida.

Vi o que ela estava fazendo, vi cada vez que ela feriu Bella. Ouvi cada palavra, inclusive que ela sabia ser adotada. Pensei então se esse não fora meu erro: ter escondido. Talvez eu tivesse errado nesse aspecto, talvez não... Eu só sabia de uma coisa naquele momento; Rosalie não mataria Isabella.

Quando a vi pegar sua arma meu sangue passou a corre mais forte em minhas veias, tudo o que consegui pensar foi em dar um fim àquilo e, mesmo sem saber como, consegui destravar a arma e atirar. Não pensei em matá-la; eu queria apenas que ela parasse com o que estava fazendo, mas ao ver seu corpo cair e ela não mais se mover, vi que ali acabava o tormento de Edward e Bella.

Em questão de poucos segundos a casa foi tomada por policiais e o olhar de Edward cruzou com o meu, mas era como se ele não estivesse me vendo de fato. Havia incredulidade neles. A dor que existia não era por eu ter tirado a vida de Rosalie e sim por pensar que com isso, eu teria o ódio de Edward. Seria difícil, mas eu teria que seguir em frente caso isso ocorresse, mas eu nunca me arrependeria do que fiz. Não houve piedade por parte de Rosalie. Em momento algum ela pensou em ninguém, além de si mesma.

Foi por isso que respondi a Edward que eu tinha que dar um fim. Eu quis adotar Rosalie, eu insisti, por mais que Carlisle tivesse se mostrado relutante desde o início. De certa forma, eu fui responsável por tudo. E como responsável, era meu dever cuidar pra que nada mais acontecesse. E não mais aconteceria.

O sepultamento foi a cena mais triste que pude ver. Não consegui chorar. Talvez isso tenha feito com que todos pensassem que eu entraria em um colapso nervoso, mas não havia motivos. A partir do momento em que vi e ouvi tudo que Rosalie era capaz, não mais a reconheci como aquele bebezinho que adotei. Aquela não era minha filha.

Carlisle ficou mais calmo quando soube que eu não seria acusada. Pra mim, não faria diferença. Depois que consegui conversar com meu filho e vi que ele realmente não me odiava; um peso saiu de meus ombros. Assim como aconteceu comigo, ele ficou confuso com tudo aquilo. Eu queria um pouco de tempo pra colocar os pensamentos em ordem, queria saber se eu havia me tornado um monstro e achei melhor me afastar um pouco. Procurei uma clínica em Port Angeles, passei por avaliação psicológica, grupos de terapia... Os médicos sempre foram muito claros comigo; diziam que não havia nada de errado e um deles chegou a dizer que casos como o meu eram mais comuns do que se pode imaginar.

E eu estava disposta a seguir em frente sem que a sombra do que fiz ficasse me atormentando. Rosalie não tinha esse direito. Ela não me tiraria a paz.

Fora daqueles muros havia uma família me esperando, pessoas que me amavam, que se importavam comigo. Eu simplesmente não poderia me entregar a qualquer sentimento ruim e perder uma vida inteira. Eu tinha uma neta que estava deixando meu marido mais impossível do que ele já era, tinha Alice, que em breve teria seu bebê... Eu queria ver todos felizes, como tinha que ter sido desde o início. E eu veria. Porque tudo, absolutamente tudo de ruim havia acabado.

Em poucos dias eu voltaria pra casa e ninguém seria avisado disso; seria uma surpresa. Sempre é tempo de recomeçar, não importa a idade e eu estava recomeçando. Sem sombras, sem culpas, sem temores. Agora, mais do que nunca, tínhamos que ser felizes.


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso por hoje.
Tentei passar um pouco do que Esme sentiu e espero ter conseguido mais ou menos isso. Não me matem, não me xinguem e não desejem que um raio caia em minha cabeça.
Fui!