O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Pessoas! Eu sei que demorei e demorei demais. A inspiração simplesmente sumiu, mas o capítulo saiu. Demorou, mas saiu.
Creio que não tenha ficado bom, mas... Foi o que consegui. E não me odeiem por isso.
Sah Paiva, seja bem vinda mais uma vez.
Não sei se ainda tenho leitoras, mas se eu ainda as tiver, deixem um review se for possível e não deixem de passar na fic nova que eu postei; chama-se Superando. Espero que leiam, gostem e comentem, como tem sido com O Peso.
bjks e vamos ao cap!



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CAPÍTULO 26

POV ROSALIE

Eu estava ansiosa. Em breve Isabella teria o fim que merecia e eu... Eu teria apenas o meu começo feliz ao lado do meu Edward. Foi muito difícil sequestrar uma criança com as mesmas características da filha da golpista, ainda mais tendo pouco tempo, mas eu consegui. Agora, era só ir até a casa de Isabella, ligar pra ela e dizer que eu estava com sua filha... De longe e com a adrenalina correndo, a diferença entre as crianças não seria notada e eu teria minha chance de acabar com a raça daquela cadela. Isabella não ficaria com meu Edward. Não mais. Era a minha vez de ser feliz.

O choro daquela menina estava me irritando, mas seria útil para convencer a cadela de que a irritante estava mesmo comigo. Mesmo sem ter dormido durante a noite, eu estava muito bem disposta e decidi acabar com aquilo logo pela manhã. Antes de sair, conferi a arma e o endereço, repassei tudo o que falaria e, em minha cabeça, o resultado final seria esplêndido. Era só colocar em prática.

Eu queria que Esme e Carlisle estivessem presentes, assim o espetáculo estaria com plateia lotada, mas... Talvez não fizesse bem a eles ver o cérebro de Isabella indo pelos ares... E muito menos o daquela menina que estava comigo.

Segui para a casa onde Isabella morava e até coloquei uma música pra abafar o choro daquela garotinha chata. O destino, que não estava muito ao meu favor ultimamente, resolveu me ajudar... Mal estacionei e um carro parou do outro lado da rua, de onde saíram meu Edward e aquela desgraçada. Rapidamente saí e pensei em chamar por Isabella, mas ela me viu antes disso. Depois... Depois eu tive que agir muito rapidamente; dois policiais vinham em minha direção e pensei em atirar nela, mas... Atirei nos dois policiais e entrei rápido no carro; eu tinha que sair logo dali.

— Droga! Nada está dando certo! Aquela vadia anda com seguranças, agora! Mas isso não vai me impedir... Não vai mesmo!

Aquilo não poderia ter acontecido! Eu tinha que ter acabado com tudo naquele instante! E os gritos daquela garotinha estavam me tirando a concentração...

— Fique calada! Eu juro que se você não calar essa boca, nunca mais verá sua mãe!

Imediatamente ela ficou quieta e pude começar a pensar... Isabella não deixaria que uma criança pagasse por seus erros... Sim, aquela menina ia mesmo me ajudar.

Minha mente passou a trabalhar de forma frenética e eu já sabia o que fazer... Só teria que aguardar anoitecer...

POV EDWARD

Depois de toda a confusão que Rosalie arrumou, as coisas estavam mais calmas. Bella, após acordar do desmaio, não parava de chamar por nossa filha, de dizer que ela estava no carro com Rosalie e que a havia visto. Pra deixá-la tranquila, tive que buscar Amanda antes do horário. Estávamos em sua casa ainda e Ângela tentava me ajudar a não deixar que minha pequena percebesse nada. Quando alguns policiais foram falar conosco, Amanda foi pra casa da madrinha. Seria melhor assim; ela não precisava saber de tudo.

Teríamos que prestar depoimento e estavam à procura de Rosalie. Mas ela não se deixaria pegar assim tão fácil... Ficou claro que sua intenção era mesmo matar Bella e só de pensar nisso, meu corpo inteiro arrepiava. Uma vontade de ir atrás de Rose e acabar logo com tudo... Mas eu não podia. Não depois de prometer à Bella que não faria nada e que deixaria a polícia cuidar de tudo.

O mais difícil foi contar aos meus pais, mas não era algo que dava para encobrir. Minha mãe estava inconsolável e se culpava — mais uma vez — pelo comportamento de Rosalie. A culpa não era dela. Absolutamente. Finalmente me convenci de que Rose estava realmente doente, e, apesar de tudo o que ela havia feito; aquilo me deixava verdadeiramente triste. Algumas boas lembranças de quando éramos crianças vinham à minha mente e eu não conseguia entender como ela havia mudado tanto; como havia se transformado em uma pessoa sem coração, mesquinha e cruel.

Olhei novamente para Bella, que estava deitada, conversando com Ângela e o medo de perdê-la veio outra vez. Pelas intenções de Rosalie, agora não seria um mal entendido que nos separaria.

— Minha cabeça ainda dói... Será que não tem nada de errado mesmo? — disse Bella e Ângela riu.

Andei até ela e sentei-me ao seu lado, tentando sorrir.

— Está tudo bem, meu amor. Seus exames neurológicos não apresentaram nenhum problema. A dor é por causa da pancada mesmo.

— Claro... Até porque, não dá pra piorar aquilo que já não presta... Sabemos que sua cabeça nunca foi muito boa, não é?

Só Ângela pra nos fazer rir de tudo aquilo... Ela era uma figura e eu tinha até medo de quando se juntasse à Alice. Não daria certo...

— Gente, ficar aqui, olhando pra esse homem absurdamente gostoso era tudo o que eu mais queria da vida, mas... Meu marido está em casa e tenho que dar atenção a ele também... Me liguem pra qualquer coisa, ok? Amanhã eu levo Amanda pra escola.

Bella olhou meio atravessado pra amiga, que fingiu não notar. Ela era cara de pau mesmo, não tinha jeito.

— Não nos conhecemos “de verdade” da melhor forma, mas eu queria agradecê-la por ter cuidado delas, por amar minha filha e cuidar dela como se fosse sua e por estar ao lado de Bella quando ela mais precisou. — falei e, pela primeira vez, vi Ângela ficar sem graça.

— Não me agradeça Edward. Eu amo a cachorra da sua namorada e Amanda... Ela é a filha que eu ainda não tenho.

— Se nos conhecêssemos antes, com certeza você seria a madrinha de Amanda. Bella fez uma boa escolha.

— Ah, merda! Pensei que você ia dizer que se me conhecesse antes eu teria uma chance... — nós rimos — Mas não tem problema... Tenho sonhos eróticos com você e bem, me contento com isso.

Ela não esperou resposta e saiu, nos deixando ali, rindo dela. Mas durou pouco. Muito pouco. A expressão de Bella tornou-se preocupada e novamente a abracei.

— Vai ficar tudo bem, não vai? — perguntou Bella e eu realmente não sabia a resposta.

— Espero que sim...

Já era noite e meus pais estavam na casa de Bella. Achamos melhor que ela ficasse repousando, já que sua cabeça ainda estava doendo e as emoções foram fortes demais. Minha mãe não estava mesmo nada bem, mas infelizmente não havia nada que ela pudesse fazer pra solucionar aquele problema. Meu pai havia passado na delegacia e as notícias não eram animadoras; mesmo Forks sendo pequena, não acharam uma pista sequer de Rosalie e ainda informaram que ela havia sequestrado uma criança. Onde ela iria parar?!

— E os policiais atingidos, como estão? — perguntei ao meu pai, que estava comigo na sala.

— Amanhã mesmo sairão do hospital. Foi um tiro de raspão e estão bem agora.

Pelo menos isso... Confesso que não esperei muito pra ver como eles estavam, uma vez que ao desmaiar, Bella havia batido com a cabeça no chão e logo fui socorrê-la.

— Filho, eu não sei onde Rosalie vai parar... Estou muito preocupado com tudo isso...

— Também estou... Mas só nos resta deixar nas mãos da polícia. Outros dois policiais estão lá fora e qualquer coisa, eles darão um jeito.

E eu esperava mesmo que eles pudessem colocar Rosalie atrás das grades...

POV BELLA

Já era tarde, os outros estavam dormindo, mas minha cabeça ainda incomodava bastante e não consegui ficar muito tempo deitada. Conferi as horas e já havia passado tempo suficiente desde o outro remédio que tomei e achei melhor tomar outro. Mesmo um pouco tonta; desci as escadas, em direção à cozinha e, assim que coloquei os pés no ultimo degrau, meu celular começou a tocar. Olhei no visor e era um número desconhecido. Rosalie. Eu tinha certeza que era Rosalie.

— Alô?

Isabella... Você ainda está viva...

Mais uma vez, estremeci ao ouvir a voz de Rosalie. Meu Deus, ela nunca nos daria paz?

— Nos deixe em paz! Você não vê que só está prejudicando a si mesma?

Ela deu uma risada e ao fundo, eu ouvia o choro de uma criança. Aquilo me deixou angustiada; poderia ser minha filha ali, nas mãos daquela louca.

— Devolva essa menina, Rosalie... Ela não te fez nada; é só uma criança.

Mas eu vou devolvê-la! E você e Edward virão buscá-la. Escute bem, Isabella: só vocês dois. Se a polícia ou mais alguém aparecer por aqui, eu mato você e essa menina. Entendeu?

Eu fiquei sem saber o que falar. Ela queria que eu fosse buscar a menina? Mesmo se eu fosse sozinha, Rosalie não me deixaria sair viva... Mas eu não poderia deixar uma criança nas mãos dela; eu sentia o desespero daquela mãe.

— Tudo bem, Rosalie. Onde teremos que encontrá-la?

Eu sabia que você não deixaria uma criança morrer assim... Mas a culpa de tudo isso é sua, sabia? Você não tinha que ter insistido em ficar com Edward.

— Não tenho culpa de nada. Nós nos amamos, Rosalie.

— Cale a boca! Você não vai ficar com ele! O Edward é meu!

Calma. Eu precisava manter a calma. Minha filha estava com a madrinha, todos que eu amava estavam por perto... Eu só tinha que pensar e fazer com que ela acreditasse que tudo sairia conforme seus planos.

— Rosalie, onde teremos que encontrá-la? Eu sei que você vai me matar, mas essa menina não tem culpa de nada.

É... Eu vou mesmo te matar. E farei isso na frente do Edward, que é pra ele ver o que sou capaz de fazer... E é por ele. Só por ele.

— Se você não disser onde temos que te encontrar, eu vou desligar e avisar a polícia.

Ela gargalhou e disse que eu estava com pressa pra morrer. Os gritos e choro daquela menina não estavam me fazendo bem. Minhas mãos suavam, meu coração batia de forma acelerada e minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, mas eu tinha que me manter firme.

Por fim, depois de dizer coisas desconexas, ela passou o endereço onde deveríamos encontrá-la. Ficava afastado, quase na divisa com La Push e no meio da floresta. Assim que desliguei e com as pernas ainda bambas, corri até o quarto e chamei por Edward. A cada palavra que eu dizia, eu via raiva em seus olhos. Temi pelo que ele seria capaz de fazer.

— Fique aqui. Vou chamar meu pai e comunicar aos policiais.

Apenas assenti e, após ele sair, troquei de roupa e liguei pra Angie. Meu peito estava apertado e senti muito medo de não voltar a ver minha filha. Eu não queria causar aflição em mais ninguém, mas foi inevitável que minha amiga não ficasse nervosa e quisesse me impedir de ir até Rosalie. Mas nada me faria mudar de ideia. Aquilo tinha que acabar.

Na sala, contei tudo o que me fora dito e uma série de telefonemas foi dada. Em menos de meia hora minha casa estava cheia de policiais e relatei tudo outra vez. Eles também tentaram me demover da ideia, mas não conseguiram. Em momento algum Edward tentou fazer com que eu voltasse atrás e muito menos quis desistir. Ele também não aguentava mais aquilo.

Esme estava nervosa, chorando e queria nos impedir. Infelizmente, não cederíamos.

— Querida, tudo dará certo. A polícia estará por perto e nada vai acontecer a eles. Sinto muito por tudo isso e o que vou dizer é horrível, mas... Não hesitem em atirar.

Carlisle estava aparentemente calmo, mas eu sabia o quão nervoso ele estava. Mesmo com todos os problemas e diferenças, Rosalie era sua filha.

— Mesmo sendo uma situação crítica, não podemos permitir que estejam armados; ela pode se irritar e o desfecho pode não ser o melhor... Mas estaremos bem próximos e garantimos que nada irá acontecer a vocês. Faremos o possível para preservar todas as vidas envolvidas.

Enquanto tudo era acertado no andar de baixo, segui com Edward até o quarto e só então ele mostro todo o seu nervosismo.

— Por favor, fique viva. Só isso. — disse ele, me abraçando apertado.

— Você não vai se livrar de mim, Edward. Ficarei viva. Nós temos uma filha pra criar, outros pra planejar... Não posso morrer agora.

— Não pode mesmo, Bella. Você não pode me deixar.

— Amor... Sabemos que pode acontecer de tudo... Rosalie quer mesmo me matar e não sei o que passa na cabeça dela, mas farei o possível pra ficar bem. E você... Por favor, não...

E eu não consegui mais me segurar. Com Edward, eu não precisava me fazer de forte e apenas chorei. Eu tinha certeza ele ficaria bem, que Rosalie não o machucaria, porém, quanto a mim... Eu não sabia nada... Aquela poderia ser a última vez que nos abraçávamos, que estávamos juntos.

— Eu sei que é difícil, mas tente ficar calma e seguir o que nos foi dito, ok? — disse Edward, ainda me apertando em seus braços.

— Vou tentar... E, por favor, me prometa que se algo acontecer a mim, qualquer coisa, você vai cuidar da nossa filha.

— Nós vamos cuidar.

Por mais que eu me esforçasse, não consegui acreditar que realmente sairia viva daquele “encontro”, mas preferi ficar calada; todos nós estávamos aflitos o suficiente.

Segui com Edward em seu carro e durante todo o percurso, mantive-me calada, pensando em como as coisas acabariam. Edward, embora tentasse aparentar calma, tamborilava os dedos no volante, aumentando meu nervosismo. Mas tudo tinha que dar certo. Nada poderia sair errado. De forma alguma.

Tivemos que fazer grande parte do percurso a pé e quando chegamos ao local que Rosalie indicou, não dava pra distinguir muita coisa entre a densa floresta; apenas uma casa minúscula, que mais se comparava a uma choupana. Antes que eu pudesse pensar em falar alguma coisa, a porta se abriu e Rosalie apareceu, sorrindo de forma grandiosa ao notar a presença de Edward. Talvez, esquecendo o que nos levava até ali, ela correu até ele, o abraçando e ainda relutante, ele retribuiu. Pensei em aproveitar aquele momento de distração dela e correr até a casa, mas isso poderia colocar tudo a perder.

— Eu estava com tantas saudades! Você não imagina o quanto senti sua falta... Mas isso não importa mais, falta tão pouco pra ficarmos juntos!

Ouvir aquelas sandices era pior do que estar ali. Rosalie estava completamente desequilibrada e, por sua atitude, pensei nem ter sido notada, mas vi o ódio em brilhar em seus olhos.

— Onde está a menina? — perguntou Edward, chamando a atenção de Rosalie pra si.

— Não se preocupe com ela, meu amor.

— Não estou preocupado; quero apenas que nada nos atrapalhe.

Mais uma vez, Rosalie sorriu, acreditando mesmo nas palavras de Edward. E ela tinha que se manter assim, confiando nele. Olhando pra mim, ela soltou-se dele e veio em minha direção. Um calafrio percorreu minha espinha e, antes que eu pudesse pensar, uma de suas mãos agarrou meus cabelos, puxando com força.

Nada vai nos atrapalhar, querido. Nada.

Daquela forma, fui puxada até a casa, tendo Edward andando ao nosso lado. Vi quando ele fez menção de parar a irmã, mas sem a menina, ainda não era a hora de fazer nada. O chão rangeu assim que passamos pela porta e um gemido de dor me escapou quando fui jogada contra a parede, sentindo minhas costas doerem por conta do impacto.

— Onde está a menina, Rosalie? Como conseguiu pegá-la? — mais uma vez, Edward tentava desviar a atenção da irmã.

— Isso deu um pouco de trabalho... Eu queria mesmo pegar a filha dessa cadela, mas não consegui... Então, vi essa menina andando por Forks e a peguei. Ela é bem chata, mas pelo menos serviu pra trazer essa vagabunda até mim.

Os insultos não me incomodavam mais. Eu só queria que aquilo tudo acabasse, que Edward pudesse pegar a menina, embora eu não soubesse como ele faria para devolvê-la à mãe.

— Cadê a menina? — Edward falou pausadamente e pude notar que ele já estava perdendo a paciência. E isso não podia acontecer.

— Não sei. Larguei na floresta.

Aquilo mudava tudo. Sem a menina, Edward não pensaria duas vezes antes de tomar qualquer atitude impensada. E a forma como ele me olhava não me deixava com dúvidas quanto a isso. E Rosalie, mesmo tendo aquela atitude comigo, aparentava muita calma e eu não estava gostando nada disso... Mais uma vez ela se aproximou de mim e puxou meus cabelos, fazendo com que eu a olhasse e em seus olhos apenas havia o brilho do ódio e da raiva.

— Sabe Isabella, até pensei em acabar logo com isso e te matar de uma vez, mas vai ser tão divertido te ouvir implorar por sua vida... Sem contar que você tem que sofrer.  Muito. Só assim vai saber o quanto sofri todos esses anos.

Edward deu um passo em direção à irmã e eu o olhei, num pedido mudo pra que parasse.

— Rose... Matar Isabella só vai fazer com que eu te odeie. — disse Edward.

— Não! Você não entende! Se ela não tivesse aparecido, nós teríamos ficado juntos!

E ela puxou mais meus cabelos, fazendo com que a dor que eu sentia antes voltasse com mais intensidade.

— Somos irmãos, Rosalie. Isso jamais aconteceria.

— Ora, Edward! Sabemos que sou adotada!

Aquilo nos pegou de surpresa. Rosalie sabia que não era irmã biológica de Edward e ele me pareceu bem desconcertado.

— Isso não muda nada. Sempre te vi como minha irmã e nunca seria diferente.

— Chega! Cale a boca!

Mais uma vez, fui empurrada contra a parede e Rosalie levou a mão atrás do corpo, retirando sua arma. Só consegui olhar pra Edward e logo depois, fechei os olhos; eu não queria ver a expressão dele quando ela atirasse em mim.

Ela pediu que Edward ficasse ao lado da porta, longe de mim e talvez, querendo evitar que ele a impedisse de alguma forma.

— Agora, vamos brincar. — disse ela e ouvi algo sendo arrastado.

Não ousei abrir os olhos; eu só queria que aquilo acabasse logo. Eu queria voltar pra casa, abraçar minha filha e ficar com a minha família.

Um barulho. E outro. E outro. Era o click da arma. Senti as lágrimas em meu rosto e só me restava esperar. Em uma roleta russa, as chances não são muitas.

— Parece que você está com sorte, cadela... Quer dizer algo? Se despedir, quem sabe? A próxima vez que eu puxar o gatilho o azar pode surgir pra você.

Permaneci calada e, por um momento, o silêncio absoluto se fez presente; nem mesmo nossas respirações eu ouvia. Meu coração batia acelerado, o medo crescia cada vez mais por não saber o que viria a seguir.

— Tudo bem. Se você não quer falar... Pode querer gritar.

Ela estava bem perto de mim e senti algo frio raspando em minha barriga. Ela ia me torturar; me fazer implorar. E Edward estava ali, vendo tudo e sem poder fazer nada, uma vez que Rosalie passou a ameaçá-lo também.

— Imagino que você saiba o que aconteceu à Claire... Eu pedi que ela sumisse; que deixasse Edward em paz, mas ela não quis me ouvir... Então, eu tive que fazer com que ela sentisse, sabe?  — disse ela e em seguida, a ponta de alguma coisa perfurou um ponto da minha barriga — E você vai sentir também... — o objeto foi arrastado, perfurando outro local.

Aquilo estava doendo como o inferno e eu fazia um esforço sobre humano pra não gritar, embora as lágrimas fizessem seu trabalho.

— Está doendo? Eu preciso que você me diga...

Não falei e ela repetiu o ato, me causando mais dor.

— Olha pra mim. Quero ver a dor que você sente.

Como não fiz o que ela pediu, sua mão atingiu meu rosto, deixando o local bem ardido e quente.

— Abra os olhos. — as palavras foram pronunciadas pausadamente, exprimindo bem a raiva que ela estava sentindo.

Sem saída, acabei cedendo, mas seria melhor não fazê-lo; ver a expressão de Edward não ajudou em nada. Onde estavam os policiais? Por que não acabavam logo com aquilo?

— Quando eu matar sua filha; espero que seja mais divertido.

— Você não vai encostar um dedo na minha filha. — eu não sabia de onde havia reunido coragem pra falar, mas quando dei por mim, já havia falado.

Outra vez, Rosalie perfurou minha barriga com o que notei ser um canivete e não consegui conter um gemido, o que fez com que ela risse, adorando ver a dor que estava me causando. Não era nada profundo, mas que doía e sangrava um pouco, me causando náuseas.

— O que acha Edward? Já está bom? Eu acho que não...

— Pare com isso, por favor. — disse ele, mas ela não se importou e pegou a arma novamente — Rosalie... Não faz isso. Eu estou pedindo.

— Sinto muito meu amor. Mas eu tenho que fazer isso; só assim você vai ver o quanto eu te amo, vai entender que tudo o que fiz foi pra que ficássemos juntos.

Não havia mais volta. Olhei pra Edward e em seguida fechei os olhos. Tudo ia acabar.

POV EDWARD

Não deu tempo de pensar. No mesmo instante em que Rosalie puxou o gatilho, um tiro a atingiu e seu corpo caiu aos meus pés. Eu fiquei sem ação; não conseguia mover um músculo sequer e parecia que eu estava preso às tabuas do chão.

Rosalie estava morta? Como...? Todos os pensamentos vinham ao mesmo tempo, deixando tudo mais confuso do que poderia realmente estar. Num piscar de olhos, a movimentação das pessoas e o burburinho tornaram-se algo insuportável e eu queria sair dali. Aquela imagem não parava de se repetir em minha mente.

Me senti ser arrastado pra fora, pra longe daquele lugar e só depois de algum tempo que eu nunca saberia precisar, foi que me dei conta do que havia visto. Minha mãe me olhava com um misto de medo e alívio. Meu pai... Acho que ele também não havia se dado conta de tudo o que acontecera e Bella. Milagrosamente, ela não estava mais ferida do que antes; estava consciente, andando e aparentemente, bem, embora estivesse chorando. Afastei-me um pouco quando a vi vindo em minha direção. Eu queria pensar. Assimilar o que vi e o que aconteceu.

Como minha mãe teve coragem de matar a própria filha? Era realmente necessário matar? Rosalie estava doente, precisava de tratamento e, mesmo tendo feito tudo o que fez, eu não desejava sua morte. Nunca desejei. E agora... Agora nada mais poderia ser feito.

— Edward... Filho o que você tem? — meu pai se aproximou de mim, me abraçando.

— Por que minha mãe fez isso?

— Eu comecei com isso quando a adotei. Eu tinha que dar um fim também. — a voz da minha mãe nos interrompeu e não acreditei no que ouvi.

— Se esse era o único fim pra ela, não precisava que a senhora a fizesse encontrá-lo. Apesar de tudo, Rosalie era sua filha.

Minha mãe chorava e meu pai, assim como eu, não havia aceitado aquilo muito bem. Eu não me via fazendo qualquer coisa contra minha filha.

— As coisas não estão fáceis meu filho... Naquele momento, era Bella ou Rose... Mas agora não é o momento pra isso; você viu o que aconteceu e Bella também está muito abalada com tudo isso. Acho que agora, você deveria estar ao lado dela.

— Eu sei. Quero ir pra casa.

Meu pai assentiu e se afastou com minha mãe para falar com o delegado. Bella se aproximou de mim e a abracei, enquanto ela chorava. Mas eu não consegui. Eu estava feliz e aliviado por ela estar ali e bem, mas não consegui sorrir ou chorar. Creio que minha reação nem era por conta da morte de Rosalie e sim por quem havia lhe tirado a vida.

Alguns policiais vieram até nós e queriam nos levar para uma ambulância, mas eu só queria saber de sair dali. Bella também não quis, mas estava tremendo bastante e não foi preciso usar muita força pra conseguir levá-la e aplicaram um calmante; apenas o suficiente pra que ela conseguisse dormir um pouco e puderam também, ver os ferimentos em sua barriga.

O delegado conversou comigo, disse que haviam encontrado a menina e, mesmo sendo necessário nosso depoimento, ele achou melhor que fôssemos pra casa. Não me opus a isso e coloquei Bella na viatura que nos levaria. Ela ainda estava bem consciente e eu já pensava que o calmante não faria efeito; não havia sinais de que ela dormiria.

Em casa, ajudei Bella com o banho e tomei um também. Deixei que a água quente caísse bastante tempo em meus músculos, talvez aliviasse tudo aquilo. Assim que saí, encontrei Bella andando pelo quarto, mais desperta do que nunca e seu olhar dizia que ela queria conversar.

— Era pra você estar dormindo. — falei, enquanto a abraçava.

— Acho que não vou conseguir. As coisas estão confusas na minha cabeça... Eu... Parece que... Não...

— Bella, durma um pouco; você não está falando nada que seja coerente.

— Só estou tentando entender o que está acontecendo. Desde que saímos daquela casa que você está estranho... Parece que o fato de eu estar viva não importa.

Mais aquilo! O que mais faltava acontecer? Bella achava mesmo que eu não estava me importando com ela? Desfiz o casulo que meus braços formaram e fui em direção à cama, quase desabando ali. Eu estava cansado.

— Não precisamos disso. Não hoje. Enquanto estávamos naquela casa, sem saber o que aconteceria no segundo seguinte, eu não parava de pensar um minuto sequer em você e em nossa filha; não parava de pensar em como eu olharia pra Amanda caso algo te acontecesse e eu não podia fazer nada! Toda vez que você evitava olhar pra mim e eu tentava me aproximar de Rosalie, ela apontava a arma pra mim também.

Bella sentou-se ao meu lado e a olhei, notando que seus olhos estavam quase fechando.

— Eu queria que aquilo acabasse, é claro, mas não da forma como acabou. Rosalie era minha irmã, Bella. Antes de se tornar o que vimos, nós fomos realmente irmãos e, se eu tive uma segunda chance, porque ela não poderia ter também? Me perdoe se não demonstrei o que estou sentindo, mas não dá. Não tem como, agora, eu sorrir e dizer que tudo acabou bem.

— Me desculpe por isso... Acho que realmente não estou pensando direito... Claro que está sendo difícil pra você, ainda mais por Esme. Eu sinto muito por tudo.

Apenas a abracei e em poucos minutos ela estava adormecida.

Quem dera a parte difícil tivesse passado... Ainda havia Alice, que não sabia de nada. O dia não demoraria a amanhecer e eu já sentia que ele seria longo. Muito longo...


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Notas finais do capítulo

Aí está. Por hj é só.
bjks e até o próximo (que espero mesmo não demorar tanto)