As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 1 escrita por Larissa M


Capítulo 14
Capítulo 14 - Mistérios


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, exatamente uma semana depois! Gente, não sei se eu vou postar semana que vem, pq sao meus testes, entao vou tentar adiantar o maximo pra poder postar, mas n prometo nada... Aproveitem!



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Aquela noite não fora agradável para Daniel. Sentia dores na cabeça, mas Srtª Pomfrey lhe assegurara de que iriam passar. Ele até tentou dormir, até certo ponto da noite. Srtª Pomfrey já fora há muito tempo para seus aposentos, por isso Daniel estava completamente sozinho na Ala Hospitalar. A não ser pelo outro paciente, mas nunca fazia nada, de qualquer jeito. Cansado de tentar cair no sono sem sucesso, Daniel sentou-se na cama. Receava por acender seu abajur e acordar o outro paciente, então apenas acendeu a luz da varinha, sussurrando o feitiço correto.

Daniel não pretendia levantar da cama, ainda se sentia muito fraco e indisposto para tal. Tateando na semiescuridão, encontrou o pomo de ouro em sua mesa de cabeceira. Ele estava fechado, numa perfeita bola, e Daniel perguntou se o feitiço nos pomos não cessava a algum momento, afinal, o pequeno objeto estivera parado desde que Daniel o colocara ali pela primeira vez.

Iluminado pela fraca luz de sua varinha, Dan começou a refletir sobre diversos assuntos do dia. Ainda não descobrira ao certo por que se jogara na frente daquele balaço. Srtª Pomfrey dissera a ele que, ao sofrer uma concussão, poderia desenvolver alguns sintomas, dentre eles o esquecimento. Mas não era esse o caso de Daniel. Lembrava-se do momento em que vira o balaço até o momento em que batera no chão e perdera a consciência. Assim que calculara o destino do balaço, todas as células do seu cérebro gritaram para que ele saísse do caminho o mais rápido possível. Ele, porém, fizera justamente o contrário. Assumira que fora tudo por causa da adrenalina, e porque não queria que Ellen se machucasse. Claro que ele poderia lançar um feitiço, mas fora tudo tão rápido que se parasse para pegar a varinha já seria tarde demais.

O pomo de ouro pareceu ganhar vida nas mãos de Daniel. Abrindo as delicadas asas, ele alçou voo tão rápido que Daniel não conseguiu segurá-lo. Sua mão se fechou no ar vazio a sua frente, enquanto o pomo, como se caçoasse dele, voava baixo, mas longe do alcance de sua mão. Depois de alguns momentos de desespero, em que Daniel pensou que tivesse perdido o presente de Ellen, ele notou que a Ala Hospitalar estava completamente fechada. Não havia como nem por onde o pomo fugir.

Um pouco mais aliviado, mas ainda assim nervoso, Daniel se recostou sem tirar os olhos do pequeno ponto dourado no alto da enfermaria. Se fosse o caso, inventava uma desculpa para Srtª Pomfrey, e dizia que o pomo alçara voo sozinho, enquanto estava dormindo. O pomo de ouro parecia confuso, voando de um lado a outro. Tão logo voltou a passar na frente de Dan, o garoto aproveitou a oportunidade e o pegou com a mão livre. E bem na hora certa.

De dentro dos aposentos de Srtª Pomfrey, Daniel ouviu sons que não poderiam ser confundidos com mais nada: ela estava se levantando. Tão rápido como pode, Daniel sussurrou o feitiço para desfazer a luz de sua varinha, jogou-a na mesa de cabeceira e se enfiou debaixo das cobertas, o pomo ainda em mãos.

Quase na mesa hora, Srtª Pomfrey abriu a porta que dava acesso aos seus aposentos e andou com passos rápidos e silenciosos para a Ala Hospitalar. Daniel fechou os olhos e manteve o rosto inexpressivo. O pomo se fechara, guardando as asinhas e voltando ao formato redondo. Daniel não se mexia, o pomo seguro em suas mãos.

O garoto ouviu quando Srtª Pomfrey passou por ele e foi em direção a outra cama. Por sorte, Daniel estava virado para aquele lado, e reabriu os olhos assim que a enfermeira passara por ele. Atrás da cortina, Srtª Pomfrey acendera o abajur da cabeceira. Daniel agora discernia a sombra dela contra o pano da cortina, e mais uma sombra, se mexendo em seu leito. A segunda sombra se sentou, enquanto Srtª Pomfrey remexia em algumas coisas na cabeceira. Daniel não conseguiu ver se era homem ou mulher, mas na certa era um adulto.

Subitamente envergonhado do que estava fazendo, Daniel, o mais silenciosamente que pode, voltou a guardar o pomo na cabeceira, e já ia se virando quando escutou uma coisa que o ver congelar:

– Aqui está seu remédio, Prof. Hunnigan.

A voz da enfermeira, mesmo não passando de um sussurro, chegou claramente aos ouvidos do garoto. No silêncio em que a enfermaria estava, poderia se ouvir até o bater de asas de um pomo. Voltando seu rosto para a cortina, tudo o que Daniel viu não passava de sombras, ainda indefinidas, apesar do garoto ter certeza de quem elas pertenciam.



Na manhã seguinte, depois de comerem seu café-da-manhã o mais rápido que podiam, o grupo de seis pessoas foi visitar Daniel. Holy comera com eles e agora os acompanhava como prometido, para visitar Dan.

Quando eles chegaram, a porta da Ala Hospitalar estava aberta, mas Srtª Pomfrey não ficou feliz em vê-los. Tinha acabado de entregar o café-da-manhã da Daniel e, apenas sob muita insistência (tanto de Ellen quanto do próprio paciente) ela cedeu.

O grupo, como sempre, juntou-se ao redor da cama de Daniel, com Ellen em seu lugar habitual. Holy se sentara numa outra cama, com Alice e Erick. Nathan e Ryan se sentaram na cama do lado oposto.

– O que é isso, minha guarda oficial? – Daniel brincou. – Preciso ser vigiado até para comer, agora?

– Claro, você pode se machucar. – Ellen disse, sorrindo.

– Com um garfo de plástico? – Daniel perguntou, levantou o garfo para mostrar que estava falando a verdade.

– Que horror, nem te dão talheres direito. – Ellen comentou.

– Foi só hoje. – ele respondeu, sua atenção desviada para o prato.

– Daniel, Holy veio te visitar. – Alice disse, e o garoto levantou a cabeça para olhar para ela.

– Me desculpe, eu nem te cumprimentei! – ele disse, envergonhado. Nem notara a presença da garota ali, de quieta que estava. – Que bom te ver!

Se levantando para apertar a mão de Daniel, Holy disse:

– É bom te ver também. Espero que melhore logo.

– Srtª Pomfrey disse que eu fico melhor em uma semana, talvez menos que isso.

Holy voltou a se sentar. Daniel estava alegre com essa visita, mas ainda sentia falta de outras pessoas. Não tinha visto Albus em nenhum lugar do castelo antes de sofrer o acidente, então assumira que o garoto fora para a casa, assim como sua prima. Outros colegas da Grifinória não tinham vindo visita-lo, e Daniel não sabia se tinham ficado no castelo ao ido embora.

Enquanto ele comia, o resto conversava num tom animado. Holy se encaixara bem no grupo, e Ellen nunca deixava ela ficar de fora. Todos os outros também simpatizavam com Holy e, até onde a tinham conhecido, achavam que era uma boa pessoa.

Enquanto Daniel estava concentrado no seu prato, fora da vista dos outros, que se distraiam, ele lançou um olhar para a cama do Prof. Hunnigan. Para sua surpresa, estava vazia.

Na noite passada, depois da descoberta, Daniel se mantivera quieto até que Srtª Pomfrey sumira de novo pelos seus aposentos. Daniel demorara mais ainda para cair no sono. Ele não parava de pensar porque Hunnigan estava ali, há mais de um dia, ou quem sabe quanto tempo, e porque precisava de tantos cuidados médicos. Sabia que o professor não se ausentara de nenhuma de suas aulas (ele fizera questão de fazer cada aula maior sufoco do que a outra), então quando ficara assim tão doente? Daniel sabia, claro, que poderia ser uma simples doença, que deixava alguém de cama por alguns dias. Tentou pensar em alguma que se adequasse a situação, mas ele ainda não via o porquê da cortina. Privacidade, apenas? Não podia ser. A não ser que a doença fosse de pele e Hunnigan estivesse receoso de que a notícia de que seu rosto (que não era bonito e já era tão odiado) estivesse coberto de sabe-se lá o que. Ou, a segunda opção era que Hunnigan não queria ser descoberto na Ala Hospitalar.

Refletindo sobre isso, Daniel nem percebeu quando seu olhar se perdeu sobre o leito que até a noite de ontem estava sendo ocupado pelo professor. Ellen abanou a mão na frente do rosto dele, seguindo seu olhar.

– O que foi, Daniel? – ela perguntou, voltando seu olhar para o dele.

– Bom, é sobre aquele paciente...

Daniel hesitou um pouco antes de falar. Pensou em Holy, e se seria seguro dizer essas coisas em frente e ela. Decidiu que, se Ellen confiava nela, é por que ele poderia também. Resumidamente, o garoto contou o que vira e ouvira na noite anterior para todos. Mantinha sua voz num tom baixo, para que Srtª Pomfrey não ouvisse. Depois que Daniel terminou a narrativa, Ryan perguntou:

– Hunnigan estava aqui? – falou um pouco alto demais, e os outros fizeram gestos para que ele baixasse o tom.

– Então isso justifica a ausência de Hunnigan por aí. – Alice concluiu.

– Que pena, ainda tinha esperanças que ele tivesse se demitido. – Nathan disse, em tom de brincadeira.

– Você esqueceu que ele estava numa enfermaria, sabe-se lá com o que. – Daniel disse.

– Mas ele recebeu alta. – disse Ellen. – Seja o que for ele já está curado.

Os outros tiveram que concordar.

– Mas isso não é o mais estranho. – Daniel disse, relembrando a eles a cortina que fechava a cama. Em nenhum momento Daniel, e nem os outros, vira a cama sem cortina.

– Tem razão. – Alice falou. Estava sentada na ponta da cama, assim como resto, para poderem sussurrar e serem ouvidos.

Daniel terminou seu café-da-manhã e deixou a bandeja de lado, dizendo a pergunta que estava na cabeça de todos:

– Por quê? – ele disse.

– Eu acho melhor a gente deixar esse assunto de lado. – Alice sugeriu. Estamos parecendo um bando de fofoqueiros.

– Não diria fofoqueiros, só curiosos. – contrapôs Ryan – E quem não ficaria diante desse mistério?

– Então você está sugerindo o que? – Ellen perguntou, ficando do lado de Alice – Que banquemos os detetives? – Ela tinha mais com que se preocupar, e a última coisa que queria pensar durante as férias era porque um dos professores (mesmo que fosse o pior) estivera internado na enfermaria.

– Era só uma dúvida, gente. – Daniel interrompeu Ryan, que estava prestes a dar uma resposta. Ele também só queria partilhar o fato, que achara estranho, com os amigos. Preferia também que deixassem o assunto de lado, mas não disse mais nada.

Erick e Nathan se mantinham em silêncio, com receio de que fossem desencadear mais discussões se expusessem seus pontos de vista. Para a surpresa de todos, foi Holy quem falou, quase esquecida em seu canto, mas prestando atenção a cada palavra dita.

– Em minha opinião, sem querer me intrometer... – ela disse, buscando com os olhos se sua opinião era bem-vinda. Tende sinal verde, foi em frente – Eu acho que vocês não deveriam procurar as respostas, mas – ela disse antes que pudessem interrompê-la – Caso descobrissem mais alguma coisa relevante, contar para os outros.

Era um plano neutro, que misturava ambas as ideias de Alice e Ryan. Todos concordaram com Holy, que satisfeita, voltou ao seu silêncio habitual.

O grupo mais uma vez mergulhara numa animada conversa, mal vendo o tempo passar. Ellen trouxera para Daniel um livro, sobre nada mais que Quadribol. Pensava que o garoto estaria entediado de passar tanto tempo (na verdade não era tanto, porque Ellen quase vivia na Ala Hospitalar, mas era o que pensava) sem fazer nada na solidão da enfermaria. Ellen sabia que ler não era o forte do garoto, mas, dependendo do assunto, ele devorava o livro com tanta vivacidade que nem mesmo Alice conseguia acompanhar o ritmo.

– Talvez você não queira ler, mas eu trouxe isso para você... – ela disse, puxando um pequeno livro de capa verde das vestes.

Quadribol Através dos Séculos, Daniel leu na capa. Agradecido pelo gesto de Ellen, ele pegou o livro das mãos dela.

– Eu passei na biblioteca hoje mais cedo, e esse livro me chamou a atenção...

– É perfeito! – Daniel exclamou, já distraído e folheando-o.

Ellen sorriu. Tinha quase certeza de que Daniel iria gostar.

– Está até falando sobre pomos de ouro. Sabiam que eles eram originalmente pássaros chamados de Pomorins? Algum bruxo introduziu eles ao Quadribol e desde então começaram-se a usar...

A voz de Ellen foi minguando à medida que percebeu que todos a olhavam.

– Espera, não sou eu quem faz isso? – Alice disse, e todos, inclusive Ellen, caíram na gargalhada.

Depois que cessou o riso, Daniel falou:

– Eu pensei que você tivesse pego o livro para mim!

– Oh, eu dei uma folheada e acabei lendo...

Daniel sabia que Ellen se interessava tanto por Quadribol quanto ele, se não mais. Também se interessava muito mais por leitura do que o garoto. Sabendo que ela estava de olho no livro, disse:

– Eu prometo ler esse livro em dois dias se você me trouxer outro. Depois, ele é todo seu.

– Fechado. – ela sorriu para ele – Eu posso escolher qualquer assunto ou...

– Mantenha-se no Quadribol mesmo. – ele a interrompeu, imaginando o que a garota arrumaria para ele ler.

Quando Srtª Pomfrey veio para dar mais remédios a Daniel, eles perceberam que metade da manhã já tinha se consumido. Se fosse por eles, ficariam do lado de Dan o quanto possível, mas a enfermeira, assim que terminou de colocar o copo na mesa de Daniel já estava insinuando que era hora deles saírem.

O grande grupo saiu relutante da enfermaria. Daniel, ficando mais uma vez sozinho na Ala Hospitalar, resolveu tentar a sorte com Srtª Pomfrey. Pensou que talvez ele pudesse ir perguntar, aos poucos, sobre Hunnigan, e descobrir mais sobre ele. Não estava necessariamente seguindo o plano traçado por Holy, mas não poderia desperdiçar a oportunidade.

– Srtª Pomfrey? – ele perguntou hesitante. A enfermeira olhou para ele. – Ahn, eu vi ontem que tinha mais um paciente aqui... Pra onde ele foi?

– Ele recebeu alta hoje. – ela disse apenas.

– Oh, que bom. – Daniel comentou. – Quem era? – disse ele, fingindo que não sabia a identidade do paciente – Eu nunca cheguei a ver quem é que estava ali, ele ou ela deve estar pensando que eu sou um pouco mal educado...

– Tenho certeza de que ele não pensa isso, querido. – A enfermeira respondeu, claramente não querendo estender o assunto.

Ele. Disso Daniel já sabia.

– É, bem, eu fiquei desacordado ou conversando a maior parte do tempo... Também nunca notei outros visitantes por aqui...

A enfermeira se limitou a assentir. Estava varrendo a enfermaria, e, talvez propositalmente, se afastando de Daniel, fazendo com que ele tivesse que aumentar o tom de voz.

– Tome o seu remédio, você precisa descansar. – ela disse, e se virou de costas para ele.

Não é com Srtª Pomfrey que eu vou conseguir respostas... ele pensou, enquanto tomava seu remédio. Ela sabe desconversar muito bem... Sendo o máximo que Daniel poderia fazer para descobrir qualquer coisa naquele estado, ele terminou o remédio e se recostou na cama, desistindo de fazer perguntar.

Abrindo o livro que Ellen lhe dera, ainda repousado em seu colo, Daniel mergulhou na interessante narrativa do livro, sobre o assunto favorito dele. O ferimento não o fizera desistir, em nenhum momento, de Quadribol. Era e sempre fora seu esporte favorito, portanto, ia lutar com fervor até alcançar o seu objetivo: entrar como apanhador para o time da escola e vencer a taça de Quadribol. Ele sabia que teria que derrotar Ellen no caminho, mas também sabia que a garota não ia se importar. Não se fosse uma vitória limpa. Avançando o livro para a parte em que falava dos pomos, Daniel se distraiu pelas próximas horas, enquanto lia sobre Pomorins e as primeiras vassouras inventadas.



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Notas finais do capítulo

Sim, as referencias ao Quadribol Atraves dos Seculos são verdadeiras. Eu baixei e li a parte sobre os pomos justamente pra esse capitulo... reviews?? :3