– Como o plano poderia ter dado errado? – perguntei a mim mesma confusa. Olhei para Clarisse. – Como você sabe que o plano deu errado?

– Tenho meus contatos. – disse ela sorrindo de canto olhando para cima.

Franzi o cenho. Isso quer dizer que algum Deus a estava ajudando? Mas qual Deus e por que se todos queriam que eu completasse essa missão?

Menos Ares.

Acho que seja Ares quem a esteja ajudando, quando eu o vi das outras vezes ele mostrou seu interesse em não aniquilar os originais, principalmente Klaus pelo fato de somente ele poder criar híbridos. Talvez ele quisesse que um de seus filhos tivesse essa “honra” ou sei lá, uma guerra contra eles.

Isso explicaria a confusão que os filhos de Ares fizeram no acampamento, oque Clarisse esta fazendo aqui, como ela consegue ser invulnerável a minha magia e como ela sabe de tantas coisas. O pai dela a esta ajudando. Será que os outros Deuses sabem disso?

Espera. Então tudo isso quer dizer que o plano de Esther deu mesmo errado?

O plano era bom demais para ser arruinado em poucas horas. Será que os originais descobriram e armaram algum plano para arruinar o plano? Teria que ser algo bem grande para arruinar o plano de Esther.

Será que eles a mataram? Não, isso seria impossível. Ela estava preparada para tudo, ou quase tudo. Tem que ser outra coisa.

– Hum, você não parece estar desapontada com isso. Você desonra os heróis, Annabeth. – disse Clarisse com desprezo me tirando dos meus pensamentos. – Meu pai me contou que você se juntou com os vampiros e esta bem amiguinha deles.

– Cala a boca, Clarisse, você não sabe de nada. – falei por entre os dentes.

Eu estava certa em supor que Ares era quem a estava ajudando esse tempo todo. Isso não pode ser um bom sinal. O que será que Ares esta armando?

– Sei mais que você, princesinha. – odeio quando Clarisse, ou qualquer um, me chama assim. Eu já estava com raiva da filha de Ares, agora eu estava mais ainda. – Sei o mais importante ainda de tudo isso.

“Sei que se essa fosse minha missão eu não ficaria amiga de lobisomens, vampiros ou o que quer que sejam, eu já teria aniquilado eles e acabado com isso de uma vez. Vou começar pelo vira-lata chupador de saquinho original.”

– Então vai em frente. – falei apontando para todos os lados. – Se o plano deu errado como você diz encontre-o e mate Klaus se conseguir. – vira-lata chupador de saquinho original só poderia ser Klaus. – Ele é um hibrido poderoso e pode se qualificar em ser imortal mais do que os vampiros se qualificam.

– Que seja. – disse ela com desdém. – Existem formas de mata-lo e eu vou ficar feliz em descobrir com varias tentativas. Será o chalé de Ares que se glorificará por ter acabado com essa raça de seres sobrenaturais.

– Para de ser assim, Clarisse. – falei com toda a calma que eu conseguia reunir nesse momento. Clarisse estava me tirando do serio. – Essa arrogância vai te levar a morte.

“Com Klaus você não vai ter tentativas. Se você não conseguir mata-lo na primeira a segunda nunca vai chegar e você será mais uma daqueles que tentaram matar Klaus e foram mortos por ele logo em seguida.”

Clarisse gargalhou alto jogando a cabeça para trás, definitivamente ela não estava nem ai para o que eu estava falando acreditando que realmente poderia vencer Klaus, e foi quando um vulto negro se aproximou dela por trás. No segundo seguinte a filha de Ares parou de respirar e seus olhos se arregalaram.

Prendi a respiração com o que eu estava vendo.

O vulto negro era Damon que prendeu Clarisse pelo pescoço se posicionando atrás dela. Clarisse soltou sua faca no chão e tentou tirar a mão de Damon de seu pescoço, mas ele era, obviamente, muito mais forte que ela e seus esforços se resultaram em absolutamente nada.

A cor do rosto de Clarisse estava mudando rapidamente, ela já estava ficando com o rosto roxo pela falta de ar, e isso não parecia incomodar nem um pouco Damon.

– Damon, soltei-a. – pedi voltando a respirar soltando minha faca no chão que cravou no solo. – Ela vai morrer se continuar assim.

– Uma pessoa fraca como você não deveria ser arrogante a esse ponto. – Damon afrouxou o aperto no pescoço de Clarisse e ela pode finalmente voltar a respirar.

– Me soolte seu mostro. – a voz de Clarisse saiu rouca e um pouco falha.

– Monstro? – Damon sorriu sarcasticamente para Clarisse. – Eu ouvi o que estavam dizendo e Annabeth tem razão. Você não pode me vencer como pensa em vencer Klaus? Ele é que é o verdadeiro monstro aqui.

– Você não sabe nada sobre mim, seu m... – Damon apertou o pescoço de Clarisse mais forte interrompendo ela.

– Só te dei um aviso. Meu assunto aqui é com outra pessoa. – Damon voltou seus olhos para mim antes de olhar novamente para Clarisse. – Você é só uma bolsa de sangue agora.

– Damon não faça isso. – falei já entendendo o que ele queria fazer, mas já era tarde de mais.

Damon cravou os dentes no pescoço de Clarisse. A filha de Ares arregalou os olhos assustada e abriu a boca, mas o grito saiu asfixiado. Ela começou a se debater tentando inutilmente se soltar de Damon.

– Por favor, pare com isso Damon. Solte-a. – pedi. Tudo bem que Clarisse às vezes, na verdade, quase sempre, ela pode ser muito chata e idiota, mas não merecia morrer assim.

E por incrível que pareça Damon fez o que eu pedi. Ele soltou Clarisse que no instante que seu corpo caiu no chão levou uma mão até a onde Damon havia a mordido e com a outra tentou encontrar desesperadamente a faca que tinha deixado cair.

– Que doce da sua parte. – disse Damon sorrindo sarcasticamente enquanto chutou a faca de Clarisse para longe das mãos delas. Ele passou a língua sobre os lábios ainda com um pouco de sangue dela assim como envolta de sua boca. – Ou deveria dizer estupida decisão de ainda tentar lutar contra mim.

– Fi-fique longe-e de mmim. – a voz de Clarisse saiu baixa e amedrontada, algo que eu nunca ouvi nos anos todos que eu a conheço. Ela começou a se arrastar para ficar longe de Damon.

– Mas era você que queria chegar até mim. – disse ele dando o seu sorriso sexy de canto. Damon abriu os braços. – Sou um charmoso lindo vampiro que esta bem aqui, a poucos passos de você. É sua chance... ham... Clarisse. Pode praticar comigo enquanto tenta pegar Klaus. Farei valer a pena nossa pratica.

Damon piscou um olho para Clarisse deixando claro oque realmente seria essa “pratica”. Tenho certeza que para Clarisse não vai ser nem um pouco boa.

Clarisse olhou em minha direção amedrontada e suplicando por ajuda me dando até pena. Ela não tinha ideia de como os vampiros eram realmente. Saber os pontos fracos deles, a forma de mata-los não ajudaria quando você nunca encontrou um na sua frente.

– Não vai fazer nada comigo? – perguntou Damon fazendo bico e fingindo estar chateado com a “decisão” de Clarisse. – É uma pena.

– Não mate ela, Damon. – pedi e dessa vez seria bem difícil que ele me escutasse. Como diz o velho ditado, um raio não duas vezes no mesmo lugar.

Com velocidade vampiresca, sem dar chance alguma para Clarisse, Damon se posicionou bem na frente dela dando um forte empurrão nela jogando Clarisse em direção a uma arvore a poucos metros de distancia.

Clarisse caiu de cara no chão e pela forma como seu corpo caiu no chão ela provavelmente estava inconsciente e eu corri em direção a ela. Tomara que Clarisse tenha alguma ambrosia com ela – eu já tinha usado a que eu tinha trazido para mim, um pequeno acidente enquanto eu estava aprendendo uma magia – porque ela vai precisar se ela ainda estiver viva.

– Foi só um pouquinho. – disse Damon antes de se postar na minha frente me impedindo. – Ela ainda esta viva, não se preocupe. – Damon mais uma vez deu seu sorriso de canto. – Mas deveria se preocupar com você.

– O que quer dizer com isso? – seja lá o que estava se passando na cabeça de Damon, ele estava me dando muito medo agora.

– Você sabia o plano de Esther? Você nem atendeu ao celular, deveria ser mais...

– Eu sabia sobre o plano da Esther, Damon. – falei o interrompendo. – Eu não podia interromper e o mesmo vale para o celular. – indiquei Clarisse caída no chão desacordada. – Não podia atendê-lo se eu quisesse continuar viva.

– Que seja, mas fico pensando se realmente tenho algum ganho tendo você no meu time. – disse Damon perigosamente caminhando em minha direção.

O que aconteceu a seguir foi tão rápido que só senti a forte ardência nas minhas costas e cabeça quando meu corpo caiu no chão depois de ter se chocado contra uma arvore.

Meu corpo parecia ter entrado em colapso. Minhas pernas e meus braços tremiam tanto que eu não conseguia me apoiar para ficar de pé. Eu sentia o gosto metálico do meu sangue na minha boca e estava difícil de respirar. Eu mal conseguia pensar em alguma coisa coerente que pudesse me ajudar nesse momento de tanto que minha cabeça estava doendo.

Ouvi Damon se abaixar ao meu lado e envolver uma mão entorno do meu pescoço me puxando um pouco para cima para que desse para eu ver o seu rosto. Minha visão estava um pouco turva, mas deu para ver o rosto serio e nada sarcástico no momento de Damon.

– Pensei que poderia confiar nas palavras de uma Deusa, mas parece que nem Atena é confiável. – um forte trovão cortou o céu com essa frase de Damon.

Minha cabeça estava girando, ficando mais confusa com o que ele tinha dito. Damon havia encontrado minha mãe alguma vez para ter falado assim?

– Hum... – Damon olhou para o céu parecendo procurar por algum tipo de sinal e fechou os olhos. – Bom, parece que ela discorda. – Ele abriu os olhos e os voltou em minha direção. – Eu caio bem no papel do cara mal e não tenho nem um problema com isso, então, Annabeth, seja cuidadosa e carinhosa comigo que isso nunca mais voltara a acontecer.

Eu já não fazia a mínima ideia do que ele estava falando, ou se era isso mesmo que ele tinha falado. Tudo parecia estar sumindo de foco, do meu foco, e que logo eu apagaria, mas de algum jeito eu ainda estava “acordada” ao sentir Damon segurar meu rosto com uma mão e com a outra me estabilizar para eu não cair.

Meus olhos pegaram o movimento na boca dele quando Damon mordeu seu lábio inferior forte, até sangrar, e foi quando ele se aproximou de mim tomando meus lábios nos seus com força de modo que seu lábio inferior estava entre os meus lábios.

Eu estava com a boca levemente aberta, eu não tinha retribuído beijo algum, provavelmente algo em minha mente captou o que ele iria fazer e eu acabei abrindo a boca em choque.

Senti o gosto metálico de sangue se intensificar na minha boca e aumentar não me dando outra escolha se não engolir. Eu não tinha mais forças para resistira nada.

Quando senti o sangue de Damon passando pela minha garganta foi como se ele tivesse acionado todas as células do meu corpo, eu fiquei completamente em alerta, e minha força parecia estar voltando rapidamente conforme eu bebia o sangue de Damon.

As dores nas minhas costas e cabeça sumiam gradativamente. Tudo a minha volta estava voltando em foco novamente, minha visão estava melhorando. Mais do que isso, era como se todos os meus sentidos estivessem amplificados.

Então esse era o efeito de se beber sangue de vampiro? Se for um sim devo dizer que é bem parecido como quando nós, meio-sangues, bebemos néctar ou comemos ambrosia.

Sentindo minhas forças voltarem completamente tentei empurrar Damon para longe de mim e para meu total espanto eu havia conseguido mais do que isso. Eu tinha jogado Damon a uns bons dez metros de distancia de mim.

Por algum acaso esse era mais uma das coisas que aconteciam se bebermos sangue de vampiro? Ter super força? Não. Não é isso, tem que ser outra coisa.

Pelo que Damon havia me falado sobre o que acontece com alguém mortal que bebe sangue de vampiro ele somente faz a pessoa se recuperar mais rápido mesmo que esteja a beira da morte, ou seja, não importa que tipo de ferimento, ou quantos.

Então o que significava tudo isso que esta acontecendo comigo? O que significa essa enorme força que eu havia adquirido? Eu tenho certeza que essa não é uma habilidade latente que somente alguns filhos de Atena poderiam ter. Talvez surto de adrenalina? Duvido, mesmo sendo isso não teria forças o suficiente para jogar Damon tão longe.

Mesmo que eu tivesse me tornado uma vampira – o que é impossível já que essa era a primeira vez que eu tomei sangue de vampiro e nem tinha morrido com o sangue em meu sistema – eu não seria pareio para Damon que estava vagando pela terra há quase duas décadas. Ele era muito mais forte do que eu.

Será que é algo que só acontece com quem é meio-sangue? Com quem é filho de algum Deus? Isso poderia explicar o porquê de eu estar assim, mas ainda não me diz por que isso acontece com meio-sangues se esse for o caso e se o caso for eu?

Argh, que raiva. Odeio não saber das coisas. O que esta acontecendo comigo?

– Nossa... Foi como Atena disse. – falou Damon se levantando do chão limpando sua calça. Ele olhou para mim abrindo seu sorriso torto que trazia a mensagem que ele sabia de mais alguma coisa e estava fazendo isso só para me deixar mais curiosa.

– O que você quer dizer com isso? – perguntei levando uma mão até a minha cabeça. As dores no meu corpo já haviam passado, agora eu só sentia um formigamento aonde tinha doido.

– Ah, eu logo lhe contarei, Annie, mas primeiro agora que enfim fiz o primeiro teste... – Damon voltou a andar em minha direção me fazendo semicerrar os olhos desconfiada e institivamente fiquei em posição de luta.

– O que você quer dizer com primeiro teste? – para ser sincera eu estava com muito medo de Damon agora ainda mais por ele parecer saber o que tinha realmente acontecido comigo ao beber o seu sangue.

– ... Hora de partir para o segundo teste. – continuou Damon ignorando a minha pergunta e em velocidade vampiresca ele se aproximou de mim.