Abri a porta e vi Damon escorado na mureta com os braços cruzados olhando para o lado com uma careta estranha, seria e infeliz ao mesmo tempo.

– Você não parece muito bem. – comente fechando a porta atrás de mim e me escorei no batente. Damon torceu os lábios dando de ombros indiferente.

– O whisky esta em falta em casa. – disse ele de forma despreocupada me olhando nos olhos.

– Ainda bem que temos o Grill aqui. – comentei divertida cruzando os braços em frente ao peito. – Um lugar cheio de todos os tipos de bebidas para um vampiro alcoólatra.

– Vejo que depois de tudo ainda esta de bom humor, Annie. – ele desencosta da mureta e vem caminhando devagar em minha direção. Seus olhos não saíram dos meus. – Esta se sentindo bem? Soube que levou uma pancada e tanto.

– Sim. – falei confusa. Em um momento demonstra estar serio e agora esta preocupado, bebida realmente faz muita falta para o caráter do Damon.

– Isso é bom. – disse ele se aproximando mais com um sorriso torto no rosto.

– Obrigada, eu acho. Você esta bem, Damon? – perguntei espalmando minhas mãos em seu peito fazendo ele parar de se aproximar de mim.

– Mason falou de você. – disse Damon deixando o sorrido de lado e tomando uma expressão seria no rosto. – Ele te chamou de loirinha Ateniense e que eu deveria ter cuidado com você. Ele ouviu dizer que meio-sangues não são muito confiáveis quando se tratam de monstros e tecnicamente eu sou um monstro.

Franzi o cenho confusa. Eu não estava entendendo nada sobre o que ele estava falando e quem era esse Mason que sabia sobre meio-sangues?

– Eu devo tomar cuidado com você, Annabeth? – Damon segurou o meu queixo fazendo com que nossos olhares se cruzassem a poucos centímetros de distancia.

Antes que eu pudesse se quer pensar no que lhe responder Damon foi bruscamente afastado de mim e minha visão foi bloqueada por alguém usando uma jaqueta preta que se postou na minha frente.

– Não é assim que se trata uma dama, amigo. – ouvir a voz de Klaus soando fria e de forma repentina me assustou um pouco. Eu não imaginava que ele estaria fazendo aqui e o que pelo raio de Zeus ele estava fazendo aqui?

A porta da sala se abriu abruptamente me fazendo virar rapidamente. Percy segurava a porta com uma certa força olhando preocupado para mim, mas seus olhos logo foram para Klaus na minha frente brilhando perigosamente.

Ele me puxou para dentro de casa e colocou seu corpo em frente ao meu de forma protetora o que me deixa feliz por um lado, mas muito chateada pelo outro. Eu não precisava que ninguém me protegesse, eu sabia me cuidar sozinha mesmo contra vampiros.

Klaus se virou em nossa direção e sorriu, um sorriso debochado direcionado a Percy.

– Não é comigo que deve se preocupar. – disse Klaus de forma despreocupada. Outro, o que será que esse vai aprontar agora.

– Hum, não foi o que eu andei ouvido por ai. – comenta Percy desdenhoso.

– As coisas não deveriam ser ao contrario? – perguntou Damon sarcasticamente se levantando do chão. Quando olhei nos olhos de Damon eu vi além de tristeza, eu vi dor. Isso justificava e muito seu comportamento de agora a pouco.

Eu naté conseguia entender esses comportamentos de Damon. Uma hora um cara sarcástico legal, outra hora um cara sarcástico brutamontes e tudo movido ao que esta sentindo no momento. Depois dizem que vampiros desligam suas emoções.

Seja a lá em que dilema Damon esteja isso pode ser muito prejudicial para ele e para quem se meter no caminho dele, se for humano e um vampiro mais fraco que ele é claro.

– Pelo que eu me lembre, caro Damon, eu nunca ameacei a vida da doce Annabeth. – disse Klaus, mesmo não vendo o seu rosto eu poderia apostar que ele estava sorrindo, e vi Percy fechar as mãos dele em punho com força, ciumento.

– Eu não a ameacei, só fiz uma pergunta. – disse Damon e tombou a cabeça para o lado para olhar melhor para mim. Piscou um olho para mim e abriu um sorriso maroto. – Ares.

Ok. Definitivamente Damon não esta batendo bem da cabeça hoje e essas suas ações e coisas sem sentido que ele esta falando esta me dando uma boa dor de cabeça com as perguntas que elas me trazem. O que Ares têm haver com tudo isso no fim das contas?

– Vou indo, tenho que me preparar para uma festa. Vejo vocês a noite. – disse Damon dando um tchauzinho pra gente e depois nos deu as costas indo para o seu carro, que só vi agora, estacionado do outro lado da rua.

– Agora é a sua vez de ir embora. – disse Percy olhando para Klaus. O maxilar de Percy estava travado e uma de suas mãos tinha ido para o bolso da calça que estava usando a onde eu supus que estaria sua caneta/espada contracorrente.

– Oh que meigo. – disse Klaus se virando para nós com um sorriso torto zombeteiro. – Você tem um namorado super protetor.

Klaus levantou as mãos em forma de rendição e em um piscar de olhos um homem apareceu ao seu lado com um tipo de uma caixa em mãos assustando a mim e a Percy que me empurrou para trás colocando seu corpo completamente na frente do meu.

Esse homem deve ser um dos híbridos de Klaus que ele deve ter criado usando o sangue que ele tirou de Elena um tempo atrás, só pode.

– Poderia dar licença, Percy, quero entregar um presente a senhorita Chase. – disse Klaus me fazendo franzir a sobrancelha. Eu havia contado meu sobrenome para ele? Bom, de qualquer maneira não seria difícil para ele descobrir algo assim.

– Vamos acabar logo com isso, Percy. – falei empurrando meu namorado para o lado. Eu já estava cansada desse jogo, eu precisava era de uma massagem isso sim. – Eu pego o seu presente e vocês vão embora, certo? – perguntei apontando para ele e o homem ao seu lado.

– É claro. – disse Klaus sorrindo amavelmente para mim. Eu acho que eu vou me arrepender de ter aceitado esse “presente” seja lá o que ele for.

Assim como prometido quando peguei a caixa Klaus e o homem misterioso saíram de nossas vistas. Ouvi Percy suspirar aliviado atrás de mim.

– É muito difícil me controlar para não atacar esses dois. – disse Percy nervoso. Arqueei uma sobrancelha confusa. – Acho que eu esqueci de contar que a condição para eu vir para cá era para eu não fazer nada contra esses seres sobrenaturais a não ser que façam alguma coisa contra mim. Não posso interferir em sua missão se eu for ficar aqui.

– E você vai ficar aqui até o final da missão? – perguntei esperançosa.

– Se eu não fizer nada de errado, sim. – disse ele coçando a nuca sorrindo timidamente.

– Então eu acho que você vai embora amanha. – fiz minha melhor cara de triste. – Do jeito que você atrai confusão... – dei de ombros e ele riu sem humor.

– Muito engraçadinha. – disse ele parecendo estar bravo, mas seu rosto logo mudou para preocupado ao olhar atentamente para mim. – Me de essa caixa aqui e vá descansar um pouco. – ele pegou a caixa das minhas mãos equilibrando ela em uma única mão e me guiou em direção as escadas.

– Acho que você esta muito mandão. – falei me desvencilhando do seu braço e indo para o sofá. – Prefiro o sofá, já fiquei na cama tempo de mais e coloque a caixa em cima da mesinha, quero ver o que tem dentro dela.

Sentei no sofá e Percy ao meu lado rolando os olhos colocando a caixa em cima da mesinha. Desfiz o laço vermelho que tinha nela prendendo a tampa.

Joguei o laço no rosto de Percy que riu da minha atitude infantil. Tirei a tampa e coloquei ela no chão. Havia um papel cobrindo o conteúdo que Percy tirou rapidamente.

– Deuses. – falei ao ver o que tinha dentro da caixa.

Peguei a peça e a tirei da caixa ficando de pé para poder vela inteira. Um lindo vestido de cetim azul com detalhes plissado e aplicações de seda.

– O que ele quer dando isso a você? – perguntou Percy visivelmente enciumado.

– Eu não sei. – olhei para dentro da caixa e vi que tinha uma caixa preta de veludo retangular e o que parecia ser um convite com o meu nome completo escrito no verso.

Coloquei o vestido com cuidado no sofá e peguei o convite primeiro.

– “Por favor junte-se a família Mikaelson esta noite as sete, para danças, coquetéis e comemoração.” – li em voz alta. Então era dessa festa que Damon estava falando e isso justificava o presente.

– Quem é família Mikaelson? – perguntou Percy confuso.

– A família de Klaus. Os originais. – respondi rapidamente e fiquei momentaneamente estática. Como eu sabia disso? Pelo que eu me lembrava ninguém tinha me contado sobre isso. Estranho, muito estranho.

Virei o convite e vi que tinha uma mensagem nele. “Guarde uma dança para mim, carinhosamente Klaus.”

Olhei para Percy e vi que ele não tinha reparado que havia uma mensagem junto ao convite e ele não parecia muito feliz com o presente de Klaus então resolvi guardar essa mensagem somente para mim, não quero mais problemas.

Só para deixar claro, eu não vou guardar dança nem uma para Klaus.

– Hum, belo nome para a família. – disse Percy desdenhoso pegou a caixa de veludo e estendeu para mim. – Vamos ver o que mais ele lhe mandou. – disse por entre os dentes. Eu sei que é chato sentir ciúmes, mas o Percy fica tão fofo assim.

Peguei a caixa e a abri revelando um colar com uma correntinha fina de prata segurando um pingente com uma pedra de safira incrustrada, muito linda que combinava com o vestido.

– Ah, mas esse cara é um abusado. – disse Percy vermelho de raiva.

– Ok. – fechei a caixa preta e a coloquei de volta na outra caixa. Me sentei ao lado de Percy envolvendo meus braços em torno de seu pescoço. – Não fique assim, aposto que ele fez isso de proposito. – dei um beijo em seus lábios e baguncei seu cabelo.

– Você vai nessa festa? – perguntou ele fazendo biquinho.

– Acho que sim. – dei de ombros. Senti um frio percorrer a minha espinha. – Algo me diz que eu devo ir... Porque não vai tomar um banho para relaxar, para você funciona melhor de que para todas as pessoas? – mudei de assunto. Esse frio que eu senti foi bem sinistro.

Com um sorriso nos lábios ele tomou os meus com um beijo urgente. Ele se afastou de mim dando curtos selinhos e me olhando nos olhos.

– Essa foi uma boa ideia. Vou tomar um banho e já volto. – disse Percy me dando um beijo na testa. – Fique quietinha aqui. Você não pode fazer muito esforço, ainda parece estar cansada.

– Do jeito que você fala parece que eu sou uma pessoa muito doente, ou invalida. – cruzeis os braços fazendo bico. – Estou a horas te falando que estou melhor.

– Não há horas, mas tudo bem... E eu sei. – disse ele divertido. Não era ele que a pouco estava enciumado? – É que eu adoro te deixar bravinha assim. – ele pisca com um sorriso maroto nos lábios para mim e pula por cima do sofá escapando do tapa que eu pretendia dar nele.

Guardei o vestido na caixa de novo e tampei-a. Coloquei o convite em cima dela e fui até o balcão deixando a caixa por lá mesmo.

Só foi eu me sentar no sofá que a campainha tocou mais uma vez, muito tempo com Percy esta fazendo minha sorte ir para o caminho errado. Levantei com preguiça e fui até a porta.

– Quem será agora? – murmurei e rezei mentalmente para que não fosse nem um vampiro, minha cota de visitas de vampiros já espirou com Damon e Klaus, um agindo mais estranho que o outro.

– Oi – disse Matt sorrindo timidamente quando abri a porta.

– Matt. – falei sorrindo. Ufa, nem um vampiro ou ser sobrenatural.  – É bom ter uma visita de um humano. Vamos, entre.

– Pelo jeito que falou acho que recebeu algumas visitas sobrenaturais meio turbulentas hoje, não é? – perguntou ele me dando um abraço antes de entrar.

– Deuses, não faz ideia. – falei fechando a porta e indicado o sofá. – Vou ter muito disso hoje à noite. Klaus veio pessoalmente me convidar e Damon estava aqui também.

– Hã, então foi eles. – começou sentando no sofá. Sentei de lado na outra ponta do sofá. – Também recebi um convite para a festa. Rebekah me entregou pessoalmente hoje cedo antes de eu vir para cá.

– Então os irmãos originais pensam igual. Klaus também entregou o meu pessoalmente. – falei apontando para o balcão a onde estava à caixa com o vestido e o envelope contendo o convite em cima dele. – E ainda veio com alguns presentes.

– Hum, o meu só veio o convite mesmo.  – disse fazendo nós dois rirmos. – Então, você esta bem? – perguntou olhando nós meus olhos.

– Sim. – falei rolando os olhos, seria assim por um bom tempo, e uma coisa passou pela minha cabeça. – Pode me contar o que aconteceu naquele dia? – perguntei curiosa.

– Acho que tenho tempo. – disse olhando para o seu relógio.

– Se for te atrapalhar eu acho outro informante. – Matt sorriu com o que eu disse e balançou a cabeça negativamente.

– Não tem problema. Bom, Caroline disse que você estava ajudando à senhora Lockwood quando um dos vampiros da cripta te pegou e te jogou contra o carro lhe causando uma grave concussão na cabeça. – disse Matt calmamente.

Vários flashes vieram rapidamente na minha cabeça com o que ele havia falado fazendo eu me sentir tonta e fechar os olhos novamente. Tudo que aconteceu naquele fim de dia veio a minha cabeça. Caroline indo enfrentar os vampiros, Thalia e Luke se beijando, algo me acertando e fazendo minha visão ficar completamente escura.

O que me deixou inquieta foi depois que minha visão ficou escura e novos fleches vieram a minha cabeça. Mas esses flashes não estavam fazendo sentido para mim até que uma mulher apareceu neles seguida de um homem.

Ela usando um vestido e ele vestia um terno sem gravata preto, me pareciam familiar. Algo em meu subconsciente dizia que eu deveria saber quem era eles

Mas quanto mais eu tentava entender e descobrir quem eram eles mais minha cabeça doía e isso estava acabando comigo.

– Sabidinha? – ouvi a voz de Percy e senti alguém tocando meu rosto gentilmente.

Fechei os olhos com mais força tentando tirar esses pensamentos da minha cabeça para que a dor passasse, mas eles vieram com mais força me fazendo soltar um gemido de dor por entre os lábios involuntariamente.