Quando uma coisa é simples demais, desconfie. Sempre vai ter algo para atrapalhar.

No caminho para a mansão Salvatore Thalia havia me contado o que tinha acontecido no porão da casa grande velha cheia de aranhas e provavelmente assombrada por bruxas que morreram ali. Sim, eu não gostei da casa mesmo.

O simples fato de que só precisávamos destruir um colar para que toda essa confusão de fantasmas fizessem eles voltarem para o outro lado estava se tornando difícil de se concluir.

No momento estávamos no quarto de Damon procurando o bendito colar da Elena que por sinal não o encontrávamos em nem uma parte. Caroline mostrou uma foto do colar para Thalia e Luke que ainda não sabiam como ele era. Por pensar no Luke...

– Alguém viu o Luke? – perguntei e todos pararam o que estavam fazendo, menos Thalia que ainda fingia que Luke não era uma coisa que valesse sua atenção.

– O garoto fantasma chegou e nossa... Como é bom comer. – disse Luke entrando no quarto comendo um sanduiche. – E é engraçado achar comida de verdade na casa de vampiros.

– É, agora que eu fiz o feitiço de manifestação você pode fazer tudo como uma pessoa normal. – disse Bonnie e Thalia, Luke e eu rimos.

– Esta enganada. – disse Thalia. Parece que ela esqueceu de ignorar qualquer coisa relacionada a Luke. – Ele podia fazer isso muito bem antes de você fazer o feitiço.

– É verdade. – confirmei quando Bonnie e Caroline olharam duvidosas em nossas direções. –Luke podia comer. Ele devorou um café da manhã completo hoje.

– Se é verdade, então como Luke podia comer antes de você fazer esse feitiço de manifestação? – perguntou Caroline apontando para o filho de Hermes ao meu lado.

Silencio. Trocamos olhares, mas parecia que ninguém sabia a resposta para essa pergunta. Bonnie abriu a boca algumas vezes, mas nada saia.

Eu até tinha uma ideia do porque ele conseguia comer. É com comida que Nico invoca os fantasmas e Luke também é um meio-sangue, isso deve influenciar em alguma coisa, então talvez não seja algo tão surpreendente assim.

– Simples. Sou especial. – disse Luke dando de ombros depois de comer o ultimo pedaço do sanduiche. – Vamos esquecer disso. Estamos em uma missão, lembram?

– Sim, mas não conseguimos achar o bendito colar em lugar algum desse quarto. – disse Thalia desanimada se jogando na enorme cama de casal de Damon. – Que cama confortável. Será que Damon não colocou em outro lugar da casa?

– Não, Damon disse que o colar estava aqui no seu quarto. – respondeu Caroline suspirando pesadamente e pegou seu celular. – Vou ligar para Damon.

– Eu estou com fome. – disse Thalia levantando da cama. – Alguém quer alguma coisa?

– Avisando que só da para fazer sanduiches. Não tem lá muita coisa na geladeira deles que seja de preparo rápido. – disse Luke dando de ombros.

– Por mim tudo bem. – disse Bonnie. – Faz tempo que não como alguma coisa.

– E eu aceitaria uma bolsa de sangue. – disse Caroline com o telefone na orelha. Thalia fez uma careta. – Tem um frízer no sótão com bolsas de sangue.

– Algum tipo sanguíneo favorito? – perguntou Thalia soando sarcástica, mas parece que Caroline não ouviu ou preferiu negar já que só deu de ombro e murmurou um tanto faz enquando discava novamente no celular.

Pela cara de frustrada que Caroline estava demonstrando parecia que Damon não estava atendendo suas ligações.

– Eu ajudo Thalia. – falei empurrando minha amiga em direção à porta do quarto.

– Eu vou pegar o sangue para a vampirinha loira. E vai ser um ‘o’ negativo no capricho. – disse Luke e como em um piscar de olhos ele sumiu de nossas vistas.

Depois de comermos alguns sanduiches e Caroline sua bolsa de sangue continuamos a procurar pelo bendito colar, mas ele não estava em nem um lugar e isso estava deixando todos muito frustrados.

Damon não tinha atendido nem uma das ligações da Caroline, até eu tentei e nada também. Caroline ligou para Elena, mas acabamos no mesmo lugar. Elena não sabia a onde estava.

Elena até queria que aguardássemos um pouco para Bonnie expulsar os fantasmas porque Lexi, amiga vampira de Stefan que o ajudou com seus momentos de estripador no passado e foi morta por Damon um tempo atrás, tinha voltado como os outros fantasmas e estava ajudando ela com Stefan tentando o fazer voltar ao antigo Stefan, ou coisa assim.

– Desisto. Não esta em nenhum lugar desse quarto! – disse Caroline por entre os dentes.

– Vou enfiar uma flecha de madeira em Damon por não atender o maldito telefone celular e estar nós fazendo procurar que nem loucas por uma coisa que claramente não esta aqui. – disse Thalia com raiva e eu não duvidava que ela faria isso assim que o visse.

Escutamos o barulho de alguma coisa, parecia um celular vibrando. Bonnie se aproximou de uma cômoda a onde estava um celular, mas assim que ela viu quem era se afastou olhando para Caroline não muito feliz.

A vampira loira, Luke começou a chama-la assim e acabou pegando, foi até a cômoda e pegou o aparelho atendeu-o rapidamente.

– O que você quer, Jeremy? – bem direta e uma pergunta se fez em minha cabeça.

O que Jeremy tinha aprontado dessa vez para Caroline estar assim tão... agressiva com ele?

– Ainda não. O que esta havendo? – eu estava longe dela e não dava para ouvir sobre o que estava falando, só ouvia ruídos. O volume estava alto no aparelho.

Caroline ficou surpresa com o que quer que Jeremy tenha contado a ela.

– Bem, não esta a onde deveria... – provavelmente ela estava falando do colar. Caroline soltou um suspiro pesado e fez uma careta. – ... A menos que alguém o tenha pego. – Franzi o cenho confusa. – ... Quem você acha?

– Do que ela esta falando? – perguntou Thalia sussurrando para mim. Vi que Bonnie tinha entendido o que Caroline estava falando. Eu devo ter perdido alguma coisa, ou elas esqueceram de contar alguma coisa.

– Eu não sei. – falei dando de ombros. – Talvez sobre alguém que tenha pegado o colar antes de chegarmos aqui por isso não o encontramos a onde Damon disse que tinha colocado. Bonnie e Caroline parecem que sabem que é esse alguém.

– E ela ainda diz que não sabe. Imagina se soubesse. – disse Luke divertido. Deu um tapa em seu braço e o mandei calar a boca.

– E você acredita... – disse Caroline sarcástica. – ... Você mais idiota do que eu pensei. Então, acorde Jeremy, antes que perca tudo. – ela desligou o celular com violência e o colocou em cima da cômoda.

– Uau. – solou Thalia. – Alguém pode explicar o que aconteceu aqui porque eu estou boiando.

– Vamos para a cidade. – disse Bonnie. – Explicamos no caminho.

Fomos até a onde estava os nossos carros e Bonnie Caroline nós explicaram rapidamente o que estava acontecendo e elas realmente não tinham contado tudo para a gente, não em relação a segunda coisa.

Se bem que a segunda coisa era algo pessoal entre Bonnie e Jeremy então não era da nossa conta mesmo. E agora eu entendo o porquê Caroline estava tão agressiva com ele no telefone.

Esse menino realmente tem problemas. Bom, nada muito diferente de quem esta envolvido com bruxas, lobisomens, vampiros, híbridos e agora fantasmas, mas ele parece procurar mais problemas ainda com suas decisões nada convencionais.

Contando o que descobrimos agora. Primeiro, os fantasmas da tumba dos vampiros mataram Tobias Fell, chefe do departamento de historia da cidade, e pelo que Jeremy disse esses vampiros estão indo atrás dos outros fundadores da cidade.

Vingança é realmente algo deprimente mesmo que seja algo compreensivo.

A segunda coisa era que Anna, a ex-namorada vampira de Jeremy que morreu, parecia que tinha pegado o colar de Elena porque ela não queria ir para o outro lado da porta, esse era o pensamento de Caroline e Bonnie. É até compreensivo, você teria uma nova chance, mas ao mesmo tempo era egoísmo da parte dela.

Vi a luz do meu celular acender em cima do painel do carro. Peguei o aparelho e vi que era Caroline que estava me ligando. Luke estava dirigindo novamente o que queria dizer que Thalia estava no banco de trás com fones de ouvido escutando Green Day no volume máximo e eu no banco do carona.

– Jeremy esta com o colar. – disse ela assim que eu atendi o telefone. – Ele vai leva-lo na casa das bruxas. – senti um arrepio percorrer pelo meu corpo. Odeio aquela casa.

– Ok né. Fazer o que. – resmunguei e a ouvi rir antes de desligar o celular.

– Então vamos voltar para a casa mal-assombrada? – perguntou Luke divertido.

– Você gosta de apanhar né, Luke? – como reposta ele só riu mais.

Antes que eu pudesse dar um tapa em Luke, algo que estava muito repetitivo para um único dia, ele freio bruscamente o carro.

– Imbecil. – gritou Thalia do banco de trás.

Do outro lado da rua tinha um carro que estava com a parte da frente destruída. Ele havia batido em um poste a sua frente, talvez. Algumas pessoas começaram a ir de encontro ao carro e não parecia do tipo de pessoas que iriam ajudar quem quer que estivesse no carro.

– Amiguinhos fantasmas. – disse Luke apontando para as pessoas que iriam de encontro ao carro no mesmo instante que vi Caroline sair do carro de Bonnie.

– Não me parece isso. – falei vendo Bonnie sair com os pneus cantando.

– Vão com a Bonnie. São os vampiros da tumba. – disse Caroline olhando para nós seriamente antes de se virar e avançar para cima daquelas pessoas que estavam somente olhando para dentro do carro acidentado.

– Ruim que eu vou. Uma ótima oportunidade de acertar alguns vampiros. Só encontrei vampiros que não podia machucar. – disse Thalia abrindo a porta do banco de trás.

Um arco apareceu em sua mão e uma aljava cheia de flechas apareceu em suas costas. Thalia subiu em cima do carro e sua diversão começou acertando flechas em um cara que ia pegar Caroline por trás.

– Se é assim. – falei tirando o cinto de segurança, mas antes que eu pudesse sair do carro Luke segurou meu braço me impedindo. – O que foi?

– Vai ajudar a pessoa no carro. Eu dou cobertura para a Thalia, já que como fantasma não posso morrer mais uma vez. E... – Luke hesitou me olhando como se estivesse em um debate interno e se decidia ou não falar.

– Luke, o que foi? –perguntei preocupada.

– Estude com Bonnie, peça ela para te ensinar sobre feitiços e tudo que tenha haver com as bruxas. E quando um vampiro vir para cima de você agora, tente projetar alguma coisa com seu pensamento em relação à dor para ele. Só precisa se concentrar que vai dar certo no momento. – disse Luke rapidamente e saiu do carro.

Fiquei um pouco atordoada com o que ele tinha me dito, mas agora não era o momento para eu pensar nisso. Sai do carro e peguei minha faca de bronze celestial. Damon é a prova viva, ou morta, que essa arma também funciona contra vampiros.

Será que ela funciona com lobisomens e fantasmas também?

– Te dou cobertura. – disse Thalia em cima do carro e ela jogou alguma coisa para Luke do outro lado do carro. Era sua lata de spray paralisante que assim que Luke pegou na mão a transformou em uma laça ficando em posição de combate.

Um dos vampiros que tinha sido acertado por Thalia veio em nossa direção marchando furiosamente, mas antes que ele chegasse muito perto foi acertado por outra flecha bem no coração. Thalia tinha uma ótima mira, ainda bem.

Para a nossa infelicidade o vampiro não morreu novamente com isso, mas Luke não ficou parado e avançou para cima do vampiro cravando a lança na barriga dele.

Dei a volta por trás do meu carro e atravessei a rua. Os vampiros estava muito ocupados para se quer prestarem atenção em mim e rapidamente cheguei ao carro acidentado.

– Sra. Lockwood? – falei espantada ao ver a mãe de Tyler toda ensanguenta e desacordada no banco do motorista.

Assim que coloquei a mão na maçaneta da porta para tentar abri-la senti alguém me agarrar por trás e me virar bruscamente. Um cara colocou a mão no meu pescoço apertando fortemente e bateu com força meu corpo contra o carro.

– O que pensa que vai fazer? – disse o cara por entre os dentes me encarando com raiva.

Fechei os olhos com força enquanto sentia o aperto em volta do meu pescoço aumentar. Tentei fazer que nem Luke havia me instruído e parece que estava funcionando.

Senti o aperto em volta do meu pescoço se afrouxar e logo não senti mais a mão do meu opressor contra meu pescoço. Abri os olhos e o vi de joelhos segurando a cabeça com força.

Sorri de canto e olhei em direção a onde estava meu carro automaticamente e eu fiquei perplexa com o que Luke tinha acabado de fazer.

Thalia estava no chão lutando contra um vampiro e assim que o cara voou longe com a descarga elétrica que ela lançou contra ele Luke apareceu atrás dela e a virou dando um beijo surpresa na filha de Zeus e caçadora de Ártemis.

– Meus Deuses. – murmurei.  – Uau.

Raios cortaram o céu com fúria e isso fez os dois se separarem. Sem esperar nem um segundo, Thalia deu um tapa bem forte – eu ouvi o estralo alto do tapa daqui, mesmo estando longe deles – em Luke.

No instante seguinte senti uma forte dor nas costas e minha visão ficou desfocada antes de tudo ficar escuro na minha frente. O mais estranho disso é que eu ainda estava consciente no meio de toda aquela escuridão e não sentia mais dor.

Parecia que eu estava em um sonho, como aqueles vários sonhos que eu tenho de meio-sangue, só que não havia nada além de uma escuridão aterradora a minha frente.

Eu não enxergava nada, nem a mim mesma eu conseguia ver e isso estava me deixando muito apavorada. Mesmo não vendo eu sabia que minhas mãos estava tremendo e eu senti uma gota gelada de suor escorrer pelo meu rosto. Eu estava suando frio.

– Não precisa ficar assim. É finalmente bom poder conversar com você. – disse uma voz atrás de mim. Era uma voz feminina, isso eu tinha certeza. – Conversar com uma meio-sangue sem ter a interferência dos Deuses Gregos é algo que nunca aconteceu.