Todos estávamos abaixados armando as ratoeiras com cuidado para não nos machucarmos e nem estragar a brincadeira. Todos rindo, uma coisa que eu vi pouco por aqui, todos rindo juntos, se divertindo. Sempre tem algum perigo por perto, nunca momentos de descontração.

Explicando melhor a situação. Estávamos na escola, Caroline e os outros me trouxe mesmo para a escola Mistic Falls High, em uma das salas de aula terminando de colocar ratoeiras por todo o chão com as luzes apagadas e usando lanternas.

Sim, estávamos fazendo pegadinhas para o próximo dia que vai ser o primeiro dia de aula. Isso é como uma tradição dos alunos que vão fazer o ultimo ano, veteranos. Noite de pegadinhas.

Eu nem deveria fazer parte dessa brincadeira, tudo bem que eu iria fazer o ultimo ano aqui, mas eu era a novata e novatas não têm tal privilégios como esse.

Estava tudo bem, tudo divertido, estávamos quase terminando de colocar as ultimas ratoeiras, até que eu escuto alguns barulhos. Não dei muita importância porque a escola estava cheia de alunos do ultimo ano e cada um já tinha sua tarefa.

Ouvi o barulho do trinco da porta e em sincronia todos apagaram as luzes das lanternas, podia ser algum professor, ou sei lá quem e isso com certeza acabaria com a brincadeira. Quando a porta abriu vi um cara passando pela porta. Estava a ponto de gritar para ele parar de andar, mas já era tarde de mais.

Com mais um passo dele, ele desarmou uma ratoeira que foi desarmando as outras. Fiz uma careta de desgosto vendo nossa brincadeira ir pelos ares e o cara acendeu a luz. Até que ele era bonito e não parecia ser nem um professor, ou funcionário da escola. Era jovem de mais.

– Qual é, serio? – perguntou Caroline revoltada enquanto nós nos levantávamos do chão. Olhei para as ratoeiras no chão e constatei que todas tinham sido acionadas. O plano teria saído perfeito. Se não tivessem estragado ele.  – Tem ideia de quanto tempo levou para fazermos isso?

– Esqueceu da noite de pegadinhas? – perguntou Tyler se apoiando na TV ao seu lado que estava em cima de um carrinho encarando o cara. Sentei em uma das cadeiras enquanto que Elena se sentou em cima de uma com os pés sobre o banco e Bonnie ficou de pé.

– Parece que sim. – disse o cara parecendo ainda estar um pouco assustado e ele também estava suado. O que será que ele estava fazendo aqui na escola se ele nem lembrava da noite de pegadinhas?

– Como esqueceu? – perguntou Caroline inconformada. – Esperamos por isso desde que somos calouros.

– Sim, Matt, se eu vou fazer, você também vai fazer. – disse Elena.

– Estou surpreso de vocês estarem fazendo isso. – disse Matt inconformado e olhou para mim. – Não me leve a mal, mas quem é você?

– Não, tudo bem. Annabeth Chase, aluna nova. – falei acenando para ele.

– Matt Donavan. – disse ele acenando para mim também e eu me lembrei do que Damon havia me contado sobre ele.

Vicki a irmã rebelde dele virou uma vampira, Damon a transformou, e depois tiveram que matar ela por não terem conseguido controla-la, Vicki era uma das ex-namoradas de Jeremy. A mãe dele foi se embora. Ele trabalha no Mistic Grill e mais algumas outras coisas.

– Você também esta fazendo parte disso? – perguntou Matt um pouco descrente.

– Caroline a obrigou, mesmo ela não precisando fazer isso e dizer um belo de um não para ela, e a todos nós também. – disse Bonnie.

– Estamos no ultimo ano e a Annabeth também. – disse Caroline se justificando. – Essas são as memórias que ficaram conosco para sempre...

– E se não criarmos essas memorias agora, qual o sentido disso? – disse Elena divertida interrompendo o discurso de Caroline que ela já havia usado como justificativa para nós muitas vezes em um período muito curto de tempo que da para qualquer um decorar.

– Vá em frente, tire sarro. – disse Caroline olhando para nós, Bonnie, Elena e eu segurávamos a vontade de rir. – Não me importa.

– Vocês são preguiçosos. – disse Tyler pegando a sua mochila que estava no chão encostada na parede. – Ainda faltam duas salas.

Caroline apontou satisfeita para a iniciativa de Tyler que saiu da sala. Elena desceu da cadeira colocou sua lanterna em cima da mesa e seguiu o mesmo caminho de Tyler até a porta.

– Ei, onde esta indo? – perguntou Bonnie para Elena.

– Colar a mesa do Alaric. – disse Elena e Caroline abriu um sorriso orgulhoso. – Estou criando memorias. – disse sorrindo e saiu da sala.

– Eu te amo. – disse Caroline e depois olhou para todos na sala o que seria somente Bonnie, Matt e eu e apontou para cada um de nós. – E vocês vão ficar parados ai?

– Não vou me livrar dessa, não é? – perguntou Matt e Caroline negou com a cabeça.

– Não mesmo, Matt. Vamos fazer isso juntos, vai ser divertido. – disse Caroline o incentivando.

– Tudo bem. Mas o que vou fazer? – perguntou ele olhando para nós três.

– Eu vou ajudar o Tyler com as portas. – disse Caroline já indo para a porta da sala e saindo.

– Estou planejando, papel higiênico e piscina. – falei me levantando e um sorriso se formou nos meus lábios. Só de pensar em piscina já me vem Percy na cabeça nadando só com um short, isso alegra qualquer um, e ele é todo meu.

– Dentro. – disse Bonnie e nós duas olhamos para Matt.

– Estou dentro também. – disse ele abrindo um sorriso de canto e dando de ombros.

Fomos em alguns banheiros e pegamos os papeis higiênicos colocando em um caixa. Durante o caminho até a piscina coberta da escola fomos conversando sobre coisas amenas. Hoje era uma noite para esquecer dos problemas, mas contamos que eu já sabia de tudo sobre o mundo sobrenatural de Mistic Falls.

Chegamos na área da piscina e logo cada um pegou um rolo de papel higiênico e começamos a jogar para cima. Tinha algumas cordas com bandeiras penduradas sobre a piscina e isso fazia o papel ficar pendurado e fazer um efeito bem legal.

– Isso é divertido, não é? – perguntou Bonnie sorrindo jogando mais um rolo de papel por entre as cordas.

– Eu nunca pensaria em fazer uma coisa dessas na minha antiga escola. – comentei sorrindo. Eu não era do tipo que fazia esse tipo de coisa.

– Vocês estão parecendo a Caroline. – disse Matt. Ele não parecia animado.

– Estamos só adotando a filosofia dela. Devíamos estar mais nisso. – contrapôs Bonnie divertida.

– Vai me dizer que não vai ser legal ver a cara de todos no dia seguinte? –perguntei sorrindo passando mais um rolo de papel para ele.

– Eu sei. – disse ele rolando os olhos tentando não sorrir apertando um pouco o rolo em sua mão. – Mas vem cá, Bonnie, cadê o Jeremy?

– Não falei com ele hoje. – disse Bonnie parecendo um pouco incomodada. – Estamos tendo...

Tanto Matt quanto eu olhamos curiosos para Bonnie, mas o que foi bem engraçado foi o bico e a careta que Matt fez e depois ele jogou o rolo por cima de uma corda.

– Ele me disse sobre ver a Vicki. – completou Bonnie se aproximando um pouco mais da gente.

– Fico feliz de você saber. – disse Matt parecendo estar aliviado.

– Perdi o que? – perguntei curiosa. Vicki estava morta e enterrada pelo que Damon me disse.

– Digamos que Jeremy esta vendo fantasmas. – respondeu Matt um pouco cauteloso olhando pelo canto do olho para Bonnie que deu um sorriso amarelo rápido.

– Não é estranho falar de sua irmã assim? – perguntou Bonnie.

– Não, eu só quero ver ela eu mesmo, sabe? Digo, eu nuca disse adeus para ela. – falou Matt.

Eu sai de fininho pegando a caixa para pegar mais rolos de papel higiênico sem eles me notarem. O assunto deles estava ficando muito pessoal e eu era a intrometida, mesmo eu sendo curiosa eu sei que não devo me meter na vida alheia.

Quando sai do primeiro banheiro que entrei  para pegar mais rolos, só tinha dois no banheiro, dei de cara com Matt e Bonnie. A caixa em minha mão quase caiu no chão se não fosse por Matt que a pegou.

– Por pouco. – comentou ele sorrindo de canto. – Saiu de fininho.

– Assunto particular entre vocês dois, me senti uma intrusa então achei melhor sair e pegar mais papeis. – falei a verdade sorrindo envergonhada.

– Então vamos te ajudar. – se prontificou Bonnie e fiquei feliz por ela não se prender a esse assunto.

– Não, podem ajudar os outros. – falei pegando a caixa das mãos de Matt. – Só vou pegar mais alguns e joga-los. Depois vou ajudar vocês.

– Podemos te ajudar e depois vamos nós três atrás dos outros para ver o que vamos fazer. – disse Matt e eu neguei com a cabeça.

– São só mais alguns, logo termino. Vocês já podem ir indo, em alguns minutos vou atrás de vocês. – falei sorrindo confiante.

– Tudo bem então, se quer assim. – disse Bonnie. – Vamos para o ginásio. Talvez eles ainda não tenham terminado por lá.

– Encontro vocês lá. – falei já me encaminhando em direção à piscina.

– Sabe a onde fica o ginásio? – perguntou Matt me fazendo parar e me virar para encara-los. – É que você é nova aqui...

– Sei sim a onde fica. – falei e tanto eu quanto Bonnie rimos. Matt fez uma careta de confuso. – Quando a gente chegou aqui eu li a planta da escola para saber a onde ficava tudo.

– Ela invadiu a sala do diretor e pegou “emprestado” a planta da escola. – disse Bonnie e eu dei de ombros sorrindo. Matt me olhou assustado.

– “Emprestado”? – perguntou Matt descrente.

– Sim e eu logo devolvi só para saber. Minha memoria é muito boa. Consegui decorar rápido. – falei divertida. – Pelo menos agora eu não vou me perder na escola. Sei a onde fica cada sala.

– Vamos, Matt. Nós encontre no ginásio, Annabeth. – disse Bonnie caminhando na frente e Matt logo a seguiu depois de acenar para mim.

Terminei de jogar o papel na piscina e eu senti meu celular vibrando no bolso da frente da minha calça. Eu havia deixado minha bolsa no carro de Bonnie quando viemos para cá, só havia colocado o celular no bolso, até minha faca eu deixei na minha bolsa.

Peguei celular e olhei no identificador. Era a Bonnie. Achei estranho, tínhamos acabado de nós falar, mas resolvi atender assim mesmo.

– Oi, Bonnie. – falei assim que apertei a tecla para atender, mas como minha sorte não é grande coisa o celular apitou indicando que a bateria estava acabando e logo desligou. – É mole uma coisa dessas.

Eu não tinha o costume de deixar o celular ligado por tanto tempo assim então nem me lembrei de coloca-lo para carregar. Ele já devia estar “pedindo” para recarregar a algum tempo para ter desligado assim.

Deixei a caixa em um canto para ninguém tropeçar se passassem por aqui e fui em direção ao ginásio, aonde Bonnie e Matt disseram que iriam.

Nem havia passado pela minha cabeça que a repentina ligação de Bonnie poderia ser algo ruim, tudo estava tão bem por aqui, só achávamos problemas se saíssemos da cidade, ou irritássemos Damon. Comprovei pela pior forma que poderia sim ser algo ruim a ligação dela.

Assim que abri a porta vi Elena abaixada perto de um casal, um menino e uma menina, que estavam sentados no chão parecendo estarem com muito medo.

– Saia daqui, Annabeth. – gritou Elena assim que me viu e olhou para a arquibancada. Eu segui o seu olhar, sendo vencida pela minha curiosidade, e vi Klaus sentado em uma das fileiras e me olhava surpreso, assim como eu estava de vê-lo.

– Olha só o que temos aqui. – disse Klaus com divertimento se levantando e em sua velocidade de hibrido chegou na minha frente em instantes. – Uma velha amiga.

– Eu não diria que sou sua amiga. – falei tentando não me intimidar por sua presença.

– Mas sim amiga de Damon. – disse Klaus com seu sorriso zombeteiro brincando em seus lábios. – Bela atuação em Chicago, nem por um segundo eu desconfiei que você e Damon se conheciam.

– Deixa ela em paz, Klaus. – disse Elena tentando se mostrar forte nessa situação. – Annabeth não tem nada haver com essa historia.

– Não precisa se preocupar, Elena. – disse Klaus olhando para Elena e depois olhou para mim. – Não vou fazer nada com ela, por enquanto. Então, fique quietinha sim.

– O que você esta fazendo aqui? – perguntei confusa. Olhei para Elena e com o olhar disse que estava tudo bem. – A onde esta Bonnie e Matt?

Stefan estava fazendo o possível para que Klaus não soubesse que Elena ainda estava viva, afinal, o sangue de Elena era a chave para a transformação completa dos híbridos dele, se Klaus souber sobre isso não quero nem imaginar o que ele faria com Elena. Como Klaus soube de tudo?

– Sabe, gosto de você. – disse Klaus se aproximando mais de mim não respondendo nem uma das minhas perguntas. Não recuei, mas tive muita vontade de fazer isso. – Mesmo sabendo sobre mim, agiu normalmente, ou talvez, Damon por algum acaso tenha te induzido a fazer aquilo em Chicago, mas eu duvido disso, já que o bravo herói não esta por perto para fazer isso agora. Então me diz, porque não tem medo de mim?

Eu não sabia como responder essa pergunta, porque eu nem se quer tinha pensado nesse assunto. Eu deveria sentir medo dele, eu sei sobre as atrocidades que ele fez, mas eu também sinto pena pensando um pouco no assunto agora. O meu diagnostico era simples, eu estava confusa.

Felizmente não precisei responder. O som do trinco da porta do ginásio denunciava que teríamos mais alguma visita. Virei em direção a porta do ginásio e vi Stefan passando por ela.

Ele não demonstrava qualquer emoção e sua camisa estava cheia de sangue e tinha um buraco. Semicerrei os olhos na direção dele. O que será que aconteceu para ele estar assim?

– Klaus. – disse Stefan olhando diretamente para Klaus que estava atrás de mim.

– Veio salvar sua donzela? – perguntou Klaus.