Com sua rapidez vampiresca, Damon pegou Percy pelo pescoço e o prensou contra a parede de fora da minha casa. Percy estava com os olhos arregalados, incrédulo pelo que tinha acontecido. Ele não se movia, só encarava Damon tentando entender o que estava acontecendo.

– Damon solta ele. – pedi me colocando entre os dois. Coloquei uma mão sobre o braço que Damon segurava Percy e com a outra mão toquei em seu peito fazendo uma leve pressão propondo para ele se afastar.

Damon deu um passou a frente e ficou com seu corpo colado ao meu. Ele inclinou a cabeça para mais perto de mim, não recuei só o encarei.

– Sugiro que encime ao seu namoradinho aqui o lugar dele. – disse Damon bem rente ao meu rosto. Senti sua respiração contra a minha pele e seus lábios roçaram levemente nos meus quando ele falou.

Percy começou a se debater e pedir para que Damon o soltasse e ficasse longe de mim. Eu somente rezava para que Damon não fizesse nada de mal ao Percy, mesmo que Percy tenha a maldição de Aquiles e seja bem forte Damon com certeza acharia um jeito de mata-lo nem que para isso tenha que encontrar seu ponto mortal a base de tentativas infinitas.

Eu esperava também que não tivesse nem uma pessoa passando por perto para ver essa cena, mas a falta de gritos e coisas do gênero só me fizeram pensar que todos deviam estar nessa festa dos fundadores.

De relance vi sombras se moverem atrás de Damon. Primeiramente achei que poderia ser algumas pessoas, mas logo descartei esse ideia me lembrando de algo que Percy havia me dito. Minha mãe realmente estava com tudo esquematizado, ou seja, eu deveria ir com Damon na festa dos Fundadores. Percy não iria gostar nada disso.

Fiquei somente encarando Damon com um olhar de suplica e fiz pressão com minhas mãos em seu braço e em seu peito para que ele soltasse meu namorado que agora aprecia estar quieto demais para o meu gosto. Damon suspirou e por fim soltou Percy, mas não se afastou de mim.

– Pode tirar o que quer que seja que esteja apontando para as minhas costas. – disse Damon calmamente fazendo cara de tedio enquanto eu me abaixava para ver Percy que estava tossindo descontroladamente.

– Não precisa se preocupar, Nico, ele não vai fazer nada se você não fizer nada também. – falei abraçando a cintura de Percy e o ajudando a ficar de pé. Percy encarava Damon com ódio enquanto massageava seu pescoço.

Bom, melhor eu explicar o que esta acontecendo. As sombras que eu vi são os homens esqueletos que Nico invocou, vocês sabem, coisa de filho de Hades.

Esses homens esqueletos estão em cinco e todos eles estão segurando uma espada cada um e pela roupa que estão usando são da Grécia antiga, do tempo dos Deuses por lá. Eles estavam cercando Damon e apontando suas espadas para ele.

Assim que me levantei vi Nico atrás de Damon com sua espada de ferro estige apontada para as costas de Damon. Seu olhar era sombrio.

– Isso é interessante. – disse Damon sorrindo sarcasticamente para mim. – Mas vamos deixar isso para depois. Melhor coloca-los para dentro, Annabeth, e não se esqueça que ainda temos um compromisso.

– Não faça nada. – falei rente ao ouvido de Percy quando ele ameaçou avançar para cima de Damon de novo. – Conto o que posso lá dentro. – me voltei para Nico. – Nico vem para o meu lado e de preferencia com sua espada ainda em punho e não desfaz os homens esqueletos.

Damon sorriu de canto, claramente aborrecido, quando Nico deu a volta nele e ficou ao meu lado com sua espada ainda direcionada a Damon.

Todas as informações que eu tenho sobre Damon dizem que ele é muito instável. Ele pode estar do lado dos mocinhos agora, mas isso não quer dizer que ele vai deixar seu lado animal de lado. Não quero estar por perto quando ele perder a cabeça e sair por ai mordendo as pessoas só porque elas não foram legais com ele.

– Vou te esperar no carro. Não demore, não gosto de atrasos. – disse Damon dando as costas para nós três e só agora eu tinha visto o carro dele estacionado do outro lado da rua.

Os cinco homens esqueletos deram um passo para trás dando passagem para Damon que olhou bem para eles e depois voltou seu olhar para mim, claramente confuso.

– Você vai ter que me explicar isso depois. – disse Damon apontando para os homens esqueletos e depois foi caminhando até o seu carro.

– Entrem em casa agora e Nico não precisamos mais dos esqueletos. – disse eu para Nico e Percy e os dois fizeram o que eu mandei sem pestanejar. Os homens esqueletos saíram do meu campo de visão indo para algum lugar.

Antes de fechar a porta vi Damon em seu carro levantando o braço esquerdo e batendo de leve com dois dedos em seu pulso. Assenti entendendo o recado e fechei a porta. Percy e Nico estavam parados atrás de mim com os braços cruzados e me encaravam seriamente.

Respirei fundo. Tudo que eu precisava era que eles encontrassem Damon, agora eu teria que dar explicações e não seriam as esfarrapadas que eu estava dando.

– Pode ir se explicando. – disse Percy com raiva. – Quem era esse cara? Porque você e ele parecem ser tão amigos? – percebi que Percy estava se controlando para não gritar.

– Olha, eu posso explicar, mas ao mesmo tempo não posso. – falei tentando pensar em alguma coisa e ouvi Percy sorrir debochado.

– Claro, sua mãe não quer que conte, mas você pode contar coisas para um cara que descaradamente da em cima de você, ou vai me dizer que nem viu isso? – perguntou Percy sarcasticamente. – O que eu duvido, já que até um cego pode ver isso.

– Damon é assim, Percy. – disse eu tentando me controlar para não falar nem uma besteira e piorar as coisas. – Ele gosta de provocar as pessoas. Quando eu disse para ele que tinha um namorado ele não acreditou. Você mesmo ouviu ele falando que eu realmente tinha um namorado e não estava inventando. Ele fez tudo isso para ti irritar ao ver que você ficou com ciúmes.

– Eu não fiquei com ciúmes. – disse Percy bravo.

– Sei. – dissemos Nico e eu juntos. Rolei os olhos e respirei fundo.

– O caso é que você não precisa ficar com ciúmes dele. – falei olhando seriamente em seus olhos. – Damon já tem uma garota. – Não exatamente dele. Completei mentalmente, não podia contar essa parte em voz alta.

– É. Tanto tem que fica dando em cima da garota dos outros. – disse Percy soando irônico. – Porque nunca me contou que tinha esse cara atrás de você?

– Porque ele esta envolvido na parte da historia que eu não posso te contar...

– Olha, quer saber? – perguntou Percy me interrompendo, uma coisa que eu odeio. – Eu vou ficar aqui com você. Então você pode me contar tudo agora mesmo.

– Estou com o Percy. – disse Nico se pronunciando pela primeira vez sem ser junto comigo. – Senti uma coisa estranha vinda desse tal de Damon, algo ruim. Eu também fico.

– Pronto. – disse Percy sorrindo triunfante. – Nós dois vamos ficar e não tem volta.

– Percy, minha mãe não deu permissão para isso. – falei cautelosa olhando tanto para Percy quanto para Nico. – Vocês dois não podem ficar aqui, ela pode fazer alguma coisa com vocês e eu não quero perder meu amigo e nem meu namorado.

– Não me importo com sua mãe, me importo com você. – disse Percy se aproximando de mim tocando meu rosto gentilmente. – Essa missão é ridícula demais, você sozinha aqui enfrentando sei lá oque. Não esta certo isso. Em todas as missões de meio-sangue sempre vão três, porque tem que ser tão diferente agora? Isso não é justo.

– Percy esta certo. – disse Nico e depois fez uma careta. – E olha que é difícil esse cara estar certo em alguma coisa. – completou sorrindo de canto.

– Ei. – resmungou Percy e deu um peteleco na cabeça de Nico. – Mais respeito.

– Claro, claro. – disse Nico com desdém e me encarou. – Mas nós dois vamos ficar aqui e...

– Nem sonhem com isso se quiserem continuar vivos. – uma voz soou ao nosso redor interrompendo Nico e assustando a nós três. Uma luz “apareceu” ao meu lado e de Percy fazendo Percy e eu nos afastarmos.

Um homem alto, moreno de cabelos pretos e olhos verdes como os de Percy vestindo uma camisa havaiana, bermuda e sandálias se materializou ao nosso lado com o rosto serio. Meu sogro, Deus dos mares, Senhor dos Terremotos e mais um monte de outras coisas, Poseidon.

– Pai?! – disse Percy incrédulo olhando para Poseidon.

– Sim e não tenho muito tempo. Zeus não pode desconfiar que eu estou aqui e muito menos Atena que no momento esta sendo entretida por Afrodite para não saber o que eu estou aqui. – disse ele rapidamente que quase não entendi o que ele falou.

– Lorde Poseidon. – dissemos Nico e eu fazendo uma leve reverencia para ele. Assim que fizemos isso Percy pareceu ter despertado do choque de ver o seu pai e se lembrado de que ele é um Deus e também fez uma reverencia para ele.

– Deixem disso. – disse Poseidon abanado à mão, mas continuou a olhar serio tanto para mim quanto para Percy e Nico. – Vocês dois não podem ficar aqui, Atena vai pulverizar vocês dois por terem descumprido uma ordem dela.

– Mas, pai, Annabeth não pode ficar aqui sozinha e ainda por cima com esse cara. – disse Percy controlando sua voz para não gritar, o que parecia que ele queria fazer.

– Escute, Percy, foi bem difícil, muitíssimo difícil, convencer Atena a deixar você passar a manhã com Annabeth. – disse Poseidon e levantou a mão para não falarmos quando nós três abrimos a boca. – Concordo que essa missão é absurda, mas Atena quer que Annabeth faça isso sozinha. Ela acredita que Annabeth pode conseguir cumprir essa missão sozinha, não que eu duvide de você. – disse olhando para mim. – Para ser franco, também acho que pode cumprir ela sozinha.

– Obrigada. – falei sentindo meu rosto esquentar e dando um leve sorriso tímido.

– Resumindo, vocês dois podem ficar aqui com ela. – disse Poseidon apontando para Percy e para Nico e depois para mim. – Mas garanto que não ficaram mais do que minutos ao lado dela, vocês sabem como Deuses podem ser temperamentais quanto a suas ordens.

– Como sabemos. – murmuramos nós três.

– Então se despeçam da Annabeth e voltem para o acampamento, não quero perder meu único filho meio-sangue. – disse Poseidon olhando para Percy que pareceu meio encabulado com o comentário de seu pai.

– Mais...

– Sem mais, Percy. – disse Poseidon rolando os olhos e se aproximou de Percy sussurrando alguma coisa em seu ouvido que fez Percy dar um sorriso de canto muito lindo e olhar para mim com seus olhos verdes brilhando. – Certo?

– Pode apostar, pai. – disse Percy sem tirar o sorriso do rosto que deixou eu e Nico confusos. – Nico e eu vamos embora.

– Vamos? – perguntou Nico olhando para Percy desconfiado.

– Sim vamos. – disse Percy assentindo com a cabeça. Ok, isso estava muito estranho. – Minha namorada aqui tem um compromisso para ir. – disse me dando um leve beijo em meus lábios.

– Melhor não questionar. – disse Poseidon olhando para mim e para Nico. Estalou os dedos e sorriu olhando para cima. – Melhor eu ir indo, já fiquei tempo de mais aqui.

Assim como apareceu, Poseidon desapareceu deixando um Percy risonho, um Nico perdido em pensamentos e eu muito confusa com o que tinha acabado de acontecer.

Eu estava tentando entender o que estava acontecendo aqui, mas a única explicação era que Poseidon disse algo que Percy queria muito ouvir. Ok, eu sei que isso foi mais do que obvio, mas eu queria muito saber o que Poseidon falou para ele estar agindo dessa forma.

Olhei para Percy com cara igual ao gatinho do Sherk. Ele torcei o nariz fazendo uma careta e Nico segurou a vontade de rir olhando para nós dois.

– Percy, o que seu pai lhe falou? – perguntei inocentemente.

– Hã-Dã. – isso foi tudo que ele disse e isso foi o bastante para Nico começar a rir, confesso que eu queria rir também. Pecy fazendo essa carinha de pensativo era muito fofa que dava até vontade de apertar também. Quando Nico começou a rir, o som de sua risada despertou Percy. – Não posso contar. – disse rapidamente lançando um olhar fulminante para Nico que tentava se segurar para não rir mais.

– Desculpa. – disse Nico fazendo uma careta, se segurando para não rir, mas falhando miseravelmente. – Podem voltar a conversar.

– Isso, conversar. Fica aqui emo. – disse Percy para Nico e me arrastou escada a cima.

– EU NÃO SOU EMO. – ouvi Nico gritar do andar de baixo.

– Ei, Percy, vai com calma. – falei segurando seus ombros e o empurrando contra a parede e prensando meu corpo no seu. – O que aconteceu? – perguntei com meu rosto rente ao seu e ele deu um gemido frustrado.

Olhei em seus olhos e parecia que ele estava tendo uma discussão interna. Não sei o que deu em mim, mas eu esqueci o porquê eu estava fazendo aquela pergunta para ele. Alguma coisa aconteceu e eu senti uma imensa vontade de beijar ele. Não que eu não sentisse isso normalmente, pois se eu pudesse não desgrudaria do Percy, mas agora era uma vontade avassaladora impossível de controlar.

Eu simplesmente não pude resistir mais. Desisti de tentar
entender e tive que beija-lo.