INO

Minha manha tinha sido maravilhosa, claro tirando a parte de ter de agüentar o palito de fósforo ambulante, mas fora isso... Bem digamos que ter amigas muda completamente o sentido das coisas. Cheguei em casa e tive de agüentar um silencio “ensurdecedor”. Meu almoço sozinha e minha empregadas me tratando como se eu fosse de porcelana, almocei rapidamente, porque a falta de barulho já esta me deixando louca. Corro para a biblioteca chego lá e dou de cara com a Tenten, e com a Hinata, dou muitas risadas com elas logo, a Temari e a Sakura chegam. E serio, eu fiquei com muita raiva do metido do Uchiha, mas enfim, por mais raiva que eu tenha ainda o acho um gato, que a Sakura não saiba.

E é claro que levei o maior susto ao ver a Tsunade chegar atrás da gente, de surpresa e super zangada, corri para dentro da biblioteca e fiz o que ela disse, fui atrás de um livro, alguma coisa que eu quisesse fazer. Mas o que eu quero fazer?

– Já escolheu o livro Ino? – Sakura me perguntou.

–Não. E você?- Retornei a pergunta.

–Não sei bem o que gostaria de fazer, são tantas coisas que fiquei indecisa, ao mesmo tempo em que não tem nada que eu queira realmente fazer. Você entende?- Ela questionou me olhando de forma esperançosa.

–Entendo. – Respondo. E ela me sorri. Logo vai atrás do próprio livro, enquanto eu reflito sobre o que ela falou. Eu gostaria de fazer muitas coisas, mas o que mais eu gostaria de fazer era sair com minhas amigas, as quais eu só, acho, que descobri agora. É estranho o modo que em apenas um dia me apeguei a essas garotas. Suspiro um pouco e olho para a estante, e simplesmente vejo um livro de jardinagem, como se ele tivesse iluminado e me chamando, só faltou os anjos cantando, dou uma risada mínima com esse pensamento. O pego e olho a capa, não pude evitar sorrir grandiosamente, há nela uma menina loira, com os cabelos jogados ao vento, sentada em varias flores, o impressionante é o sorriso que ela tem, um sorriso que chega aos olhos. Decidi o que eu quero fazer. Eu quero mexer com flores.

Vou até Tsunade, e lhe mostro meu livro ela olha para ele e sorri um pouco.

–Boa escolha Yamanaka, agora vamos esperar as outras escolherem. - ela diz, olhando para o resto da biblioteca, para as meninas que procuravam seus livros. Logo elas também vieram com livros em suas mãos, cada uma com um livro diferente e um tanto esquisito. O livro da Hinata é sobre cozinhar, o da Sakura é sobre medicina, o da Tenten é um livro explicativo sobre armas, e o da Temari é um livro sobre esportes radicais, com ênfase em pára-quedismo. Cada uma de nós escolheu de acordo com sua personalidade.

Tsunade olhou para nós com um sorriso radiante. – Venham comigo. – Ela falou, e foi indo em direção a saída, sem nem sequer olhar para trás.

Eu e as meninas nos entreolhamos, curiosas sobre isso,e fomos atrás da diretora. É claro que queríamos saber o que ela esta aprontando. Seguimo-la até o estacionamento, aonde havia um carro totalmente preto, com vidro uso filme, ela apontou a mão com uma chave, e apertou em um botão, o alarme desligou, ela abriu a porta entrou, enquanto nós ficamos para fora, completamente boquiabertas, e posso dizer que eu estou morrendo de medo, para onde a diretora maluca vai nos levar? Ela abriu o vidro do carro.

–Vocês vão entrar ou não? – ela perguntou olhando para nós como se dissesse que somos muito babacas por ficar aqui fora. Mas eu estou estática, paralisada de simples medo, o que será que Tsunade esta planejando, será que ela ficou muito zangada com o fato de a Temari ter chamado-a de diretora maluca?

"Ela vai nos comer..."

Pêra ai, eu já vi essa frase em algum lugar, aonde foi mesmo? Aha já sei, o pumba fala isso quando a Nala corre atrás dele, puxa cara, que cultura que eu tenho, para num momento desse eu pensar uma bobagem dessas, ficar pensando no Rei leão não é uma coisa muito normal, por Kami, tenho de voltar na psicóloga, ou melhor não, senão ela vai querer me internar de vez, e agora que eu comecei a ter amigas, será que elas se importam de ter uma amiga completamente maluca?

–Não se preocupem meninas, juro que não vou fazer nenhuma “maluquice”. – Tsunade falou, com um sorriso muito esquisito e posso dizer um tanto maligno, eu estremeci, eu e as meninas olhamos para o carro, depois uma para as outras, acenamos com a cabeça afirmativamente, e depois corremos para ver quem ia sentar na frente, já que somos cinco, e quem vai atrás acabará ficando apertada. Temari é a maior e de longe a mais forte, eu é que não quero ficar com o nariz quebrado, sou loira sim, mas nem tão burra que não possa entender essa pequena conta obvia. Então antes que as meninas percebam que essa luta é perdida, eu entro, e sento na janela, trancando a porta do meu lado, logo Hinata senta do meu lado, com um pequeno sorriso, Tenten logo senta, nos empurrando para o lado, enquanto Sakura entra bufando contrariada, e Temari senta na frente com um sorriso vitorioso, enquanto a Tsunade ri.

Ela da à partida no carro, acelera com tudo cantando os pneus, enquanto nos aqui atrás espremidas, tentamos nos segurar em alguma coisas, enquanto nos balançamos, empurramos, e gritamos, enquanto a coisa loira chamada Temari, abre a janela rindo e sente o vento bater na sua cara. Mas as coisas só pioram quando chegamos na rodovia, que nos leva ao centro, ai sim me sinto uma sardinha enlatada. Devia era ter brigado com a Temari, pelo menos tinha lutado pelo direito de não ser transformada em um peixe, as coisas pioram cada vez mais, Tsunade nem pára, para fazer as lombadas, passa com tudo, nos fazendo bater a cabeça, depois de uns dez minutos de tortura, ela entra em uma estrada de chão, Temari fecha a janela, porem já tínhamos comido poeira para um ano. Depois de mais um cinco minutos, Tsunade para em um cavalinho de pau, fazendo o carro derrapar na poeira, e nós aqui atrás nos batermos mutuamente.

–AIIII!!!! – Todas nós aqui atrás gritamos, ao cairmos um em cimas das outras, eu para minha muita falta sorte, acabei em baixo de todas, completamente esmagada, e dolorida, prensada conta a porta.

–SERÁ QUE DA PRA SAIR DE CIMA!! – Eu gritei, enquanto as meninas tentavam se mexer, murmurando gemidos de dor.

– Espera um pouco Ino, já estamos saindo. – Tenten falou, enquanto tentava se arrumar sentada. Temari sentada na frente nos olhava, com uma expressão muito feliz, segurando uma gargalhada. Eu a olhei torto, e ela colocou a mão na boca, para não rir. – Aiiii!!! Sakura sai de cima de mim. - Tenten reclamou.

–Calma Tenten, to tentando fazer o mundo parar de girar. – a rosada respondeu segurando a cabeça e sentando direito. Se é que da pra sentar direito com todas nos espremidas aqui trás. Começo a sufocar embaixo ainda das meninas, estou começando a ter uma crise de claustrofobia, estou entrando em pânico, fecho os olhos, enquanto cada segundo embaixo da Hinata me faz pior, até que uma luz me ilumina, só falta o fundo dos anjos cantando, sinto a maçaneta de dentro e a abro, resultado. Eu e a Hinata caímos para o lado de fora, ralei minha mãos, mas pelo menos consigo respirar direito. Rastejo-me um pouco e beijo o chão.

–Finalmente alguma coisa segura, e estável. –Falei, enquanto ergo as mãos aos céus agradecendo. Vejo a minha situação e limpo minha boca.

“O que o desespero não faz?”

Olho para trás para a culpada de toda essa tragédia, a diretora ultrapassada maluca. Vou processá-la por tentativa de assassinato. Ela claramente atentou contra a minha vida. Olho com meu olhar mais fulminante e sabe o que ela faz? Ela ri na minha cara, eu não resisto e faço o meu maior bico, as meninas me olham e começam a rir também, ai sim que eu emburro, cruzo os braços e levanto-me.

–Vão ficar rindo da minha cara, ou vão querer saber o porquê dessa vovó maluca, ter nos trazido aqui. – Eu falei, e vi a Tsunade parar de rir na hora, olhar para mim extremamente irritada, as meninas me olharam como se dissessem que eu que sou a maluca, olhei novamente para a diretora e engoli em seco, são meus últimos minutos na terra. Ela me olhava com um olhar tão maligno que eu juro que ela estava lançando lazer pelos olhos.

–Como é que é senhorita Yamanaka? – Tsunade me perguntou lentamente, abrindo a porta do carro, e andando lentamente até mim, e eu fui dando passos para trás tentando me afastar dela.

“Como é que eu vou sair dessa?”

Olhei para o céu quase fazendo a minha ultima oração, quando alguém iluminada me salvou.

–S-senhora Tsunade? – Hinata chamou a diretora, pegando no seu casaco, com uma carinha muito fofa, com se tivesse uns cinco anos e pedisse doce. –A-aonde estamos? – ela perguntou ainda com a carinha kawai, a diretora olhou-a e sorriu, e eu suspiro aliviada, devo minha vida a Hinata.

Olho para os lados, e dou de cara com uma casa velha quase aos pedaços, o jardim completamente tomado pelo mato, a pintura à muito inexistente, as arvores se tornaram parte do telhado, as janelas quebradas e manchadas. Há um pátio, com vários espantalhos alvos, se é que se pode definir assim, bonecos de feno já mofados, á ainda uma arvore muito bela, provavelmente uma cerejeira na qual a um balanço, o qual a madeira esta podre e a corda corroída pelo tempo, mas mesmo assim parece que antigamente era uma casa muito bela.

–Estamos em uma das minhas casas, a um lugar ao qual eu não volto á muito tempo. – Tsunade explica em sua expressão ha saudosismo e nostalgia, ela parece tomada de lembranças. – Eu morava aqui, até acontecer algumas coisas... – Ela hesitar um pouco, como se lembrando das coisas ruins , ela balançou um pouco a cabeça, e olhou para nós sorrindo. – Venham vamos entrar, esta na hora de vocês descobrirem a finalidade disso tudo. – Ela mudou de assunto, mas nós não nos importamos afinal à curiosidade falou mais forte.

Tsunade foi entrando no terreno, nós fomos logo atrás, com os livros na mão, segurando-os fortemente, no meu caso, é por precaução, qualquer coisa eu dou uma livrada na cabeça da vovó maluca. Ela nos levou até o pátio de trás, em vez de nos fazer entrar na casa, o que eu achei muito esquisito. No pátio ha muito mato, como quase toda a parte aqui fora, mas no meio dessa “selva”, há um pequeno circulo de pedra, com as folhagem no meio completamente morta, como se tivesse a muito sido queimada, parece mais a estrutura de uma fogueira de acampamento. A diretora olha para aquela pequena estrutura antiga com o mesmo olhar nostálgico.

“Ela veio aqui para contar o porquê dessa porcaria, ou para ficar se lembrando dos velhos tempos?”

Admito estou extremamente curiosa sobre esse assunto. Afinal quase fui morta para estar aqui. Ta exagerei, porem quem nunca fez isso quando esta uma pilha de nervos, curiosa ao extremo, e uma pessoa dos infernos fica enrolando, é claro que você perde a paciência, poxa. E bom com eu nunca fui à pessoa mais paciente do mundo imagine como que estou me corroendo por dentro.

Tsunade balançou a cabeça, como se espantasse as lembranças, olhou para o lado, e foi até uma pequena casinha que tem aqui, ela voltou com os braços cheios de lenha, e segurando uma caixa de ferro antiga.

“E tem alguma coisa que seja nova por aqui?”

Ela joga a lenha naquelas pedras, se agacha e começa a arrumá-las de um jeito meio esquisito, enquanto eu e as meninas a olhamos curiosas, ela abre a caixa e tira de lá um frasco com um liquido e uma caixa de fósforos, ela joga aquele liquido, que pelo cheiro defino como óleo de lanterna, na madeira, se levanta e risca o fósforo jogando-o, e fazendo tudo aquilo se tornar uma fogueira. Ela se virou para nós, os olhos mel brilhando.

“Cara essa mulher ta fazendo macumba, será que ela é uma bruxa de dois mil anos?”

–Queimem os livros. – Tsunade falou séria.

–COMO??!! – perguntamos todas juntas completamente espantadas.

–Pirou de vez diretora? – Temari perguntou e uma veia saltou na testa da Tsunade.

–Façam isso, vocês não vão mais precisar dos livros. - Ela respondeu um tanto confiante com um sorriso no rosto.

–Não estou entendendo nada. – Tenten fala. E ela não é a única.

– É bem simples, vocês vão viver isso. Não ler, imaginar e sonhar, isso vai se tornar a realidade de vocês. –Ela disse olhando cada uma de nós separadamente.

–Você esta maluca... – Sakura sussurrou, eu concordo com ela.

–É a oportunidade da vida de vocês, companheirismos, aventuras, sonhos concretizados, tudo isso se vocês aceitarem, e apenas fizerem esse simples gesto.- Tsunade fala, pegando o livro que ela escolheu e jogando na fogueira. – Eu vou ensinar a vocês tudo o que vocês quiserem, e precisarem. Desde a coisa mais simples, até a mais difícil. Esse ano será muito mais do que especial. O Clube do Livro é isso, é o ensinamento que eu darei a vocês, é o que eu posso deixar. Conhecimento, é isso que eu ofereço, uma coisa a qual nunca ninguém ira poder tirar de vocês. – Ela olha nos nossos olhos. Como se quisesse desvendar nossa alma.

Eu olhei para a diretora ela parecia confiante, e extremamente sonhadora, ao mesmo tempo em que parecia esperançosa, uma completa mistura de sentimentos, ao mesmo tempo em que parecia segura do que esta fazendo. A olhei mais detalhadamente ainda para ela, e ao mesmo tempo olhei para meu passado, e para minha própria esperança de um futuro melhor, olhei para o livro, a capa mexe comigo de uma maneira surpreendente, uma das coisas que eu mais quero fazer, mexer com flores, na terra, sem me importar, com unhas, sujeira ou qualquer outra coisa que não seja o prazer de mexer com essas coisas que são tão belas quanto às flores, olhei para o lado, para as meninas elas assim como eu refletiam sobre essa proposta maluca, elas me olharam e eu sorri, elas retribuíram o sorriso, e juntas todas nós jogamos os livros na fogueira, os vendo queimar, o sentimento da escolha feita, no tomando, e por incrível que pareça, o medo não me atormenta mais, a única coisa que sinto é a certeza de ter feito a escolha certa.

–Agora tenho apenas algumas condições para isso dar certo. – Tsunade falou nos olhando seriamente. Todas nos afirmamos com a cabeça. Como se disséssemos para ela continuar. - Vocês não vão poder contar a ninguém, terão de me obedecer, sem questionar, e o mais importante não farão nada que possa colocar em risco nosso clube. Essas são as condições, continuaram aceitando? – Ela perguntou. Nós nos entreolhamos. A resposta dividida em nossos olhares, todas nós certas do que íamos fazer.

–Sim. –Temari concordou. - mas nós também temos uma condição. – Ela falou com um sorriso maldoso, o que será que ela esta pensando? Coisa boa não pode ser.

– Qual? – Tsunade perguntou curiosa.

–Que você nos deixe chamá-la de vovó - A loira maluca respondeu com um sorriso enorme. Eu e as outras meninas olhamos abismadas para ela, e a Tsunade, bom... Ela tem um monstro na testa, juro que um dia essa veia explode.

–Certo. - ela concordou mal humorada, deixando todas nós surpresas, e o sorriso da Temari aumentou.

– Então acho que temos um acordo. – Sakura falou com um sorriso.

E aqui selamos nosso destino, completamente incerto e perigoso, porem o que sentimos é muito mais forte do que qualquer medo que possamos sentir.