Centrado

Talvez as coisas devessem ser diferentes, eu penso que se eu fosse diferente talvez tudo ao meu redor também seja. Ledo engano. Minha vida se resume a dormir, pensar, me preparar para meu futuro, dormir novamente e pensar mais um pouco, depois eu janto e durmo novamente, só para acordar e ir para o colégio, pensar, dormir e analisar a minha problemática.

“Minha problemática?”

Acho que eu tenho dormido muito pouco ultimamente, como se eu conseguisse dormir pensando nos olhos verdes e os cabelos loiros, nos raros sorrisos, e o modo como ela olha quando esta pensando, intrigada ou irritada, ela é especial de um jeito que eu não consigo definir. É claro que eu tenho certo receio de chegar perto dela, vai que ela deixa meu nariz do jeito q ela deixou o da tayuya, seria muito problemático ficar uma semana com o nariz enfaixado. Primeira aula, e eu estou deitado em cima da minha carteira olhando para a razão dos meus pensamentos, ela hoje esta feliz de uma maneira extraordinária, tenta ao máximo segurar o sorriso que brinca em seus lábios. Eu seguro um riso meu, vê-la tão feliz, me deixa de certa maneira feliz também. Ela me intriga, é o tipo de menina a qual eu não consigo estipular o próximo passo, ela me surpreende cada vez mais, quando eu penso que a conheço e que sei como ela vai agir, ela simplesmente muda completamente. Em duas semanas de aula nesse ano só consegui aprender uma coisa sobre ela, ela é extremamente mutável.

Cansa muito pensar sobre ela, na verdade cansa pensar, olho para o quadro, o professor esta passando uma conta quilométrica, que no final dará apenas um digito, perca de tempo tentar fazer todas as contas quando se sabe o resultado. Olho para ela, que nem se digna a olhar para mim, ou para o quadro. Ela apenas desenha, alguma coisa no caderno, estrelas para ser mais preciso, e alguma outra forma, que eu não consigo definir daqui. Respiro fundo e olho pela janela para o céu, vou olhar as nuvens, quem sabe assim não me distraio da linda razão da minha confusão? Como se isso fosse possível, mas mesmo assim não custa tentar não é mesmo?

Finalmente chega a hora do recreio, e Temari sai quase correndo e eu fico por ultimo, olho para a carteira dela, o caderno no qual ela estava desenhando ficou aberto.

“Resista Shikamaru, você não é tão curioso assim, resista”

Eu não agüento e olho para ver o que era aquilo que eu não consegui definir, me surpreendo. Ela havia desenhado uma nuvem na qual ela escreveu palavras dentro, todas enfeitadas e refeitas varias vezes, e foram essas palavras que causaram meu espanto, esta escrito. “AMIZADE, ESPERANÇA, e AMOR”. Um sorriso toma minha face, ela com certeza é a pessoa mais indefinível que eu já conheci.

Culpa

Olho para trás e encontro a rosada, ela tem um sorriso bobo no rosto, o mais estranho é que ainda não falou nada, na verdade o estranho é ela não ter me xingado ou ofendido até agora, não que eu reclame, afinal ter de agüentar ela me falando vários nomes oficiosos em vários idiomas e de varias formas diferentes, não é uma coisa muito agradável, faz-me sentir-me um completo tolo e burro, ou seja me sinto como o Dobe. Volto a olhar para frente, pensando em ontem, as meninas importunaram-na novamente, e ela simplesmente não falou nada, na verdade acabou na secretaria, sem reclamar. Apenas suspirou resignada.

Isso me faz sentir-me culpado, afinal de certo modo as outras meninas implicam com ela, por ela ser minha vizinha, e de certa forma sempre estar comigo, acho que eu posso fazer a boa ação do ano. Quem sabe se eu contar para os pais dela, o que ela sofre, eles não a ajudam? ou até mesmo a tiram de perto de mim?

“ Será que é isso mesmo que você quer?”

Espero a aula terminar, e vou para o estacionamento, com o plano sendo articulado em minha cabeça. Entro no carro e sento na frente, Itachi me olha de cima abaixo da um pequeno sorriso de canto, logo a Sakura entra no carro, com um sorriso radiante, beija o rosto do meu irmao e se senta com certo ar sonhador. ajudá-la será minha missão hoje. Então não a importuno. Meu irmão nos olha surpreso, mas logo se recupera, balança a cabeça e da a partida no carro, nos levando para casa. Ela desce como sempre na minha casa, já que a dela é do nosso lado, corro para meu quarto, pego o telefone, e ligo para a senhora Haruno. Conto tudo o que a Sakura tem passado nas mãos de minhas seguidoras, mas o resultado não é bem o desejado, em vez de a mãe dela, se preocupar, ela fica decepcionada. Desliga o telefone, e logo depois é possível escutar alguns gritos desconexos, e depois um total silencio.

O almoço na nossa casa é feito como sempre, cada um meditando e apreciando a comida da minha mãe, depois disso as empregadas lavam a louça, e eu vou para fora, encontro a Sakura de saída.  Ela olha para mim, vejo acusação em seu olhar, mas mesmo assim vejo certa dor, como se ela tivesse se controlando para chorar. mas mesmo assim não me importo. Ela virasse e vai embora. Sinto-me ainda mais culpado. Pois é acho q não sou muito bom em ajudar as pessoas.

Confusão

Segunda semana de aula, uma terça feira, e hoje o dia promete, enquanto caminho penso na chocolate, uma menina esquentada que ontem quebrou o nariz do professor novo, custa-me assumir, que se ela não tivesse feito isso, eu mesmo faria, o jeito como ele olhou-a chegou a ser repugnante, como se ela não passasse de um inseto, tudo bem que eu não a trato como se ela fosse importante, afinal não posso mostrar o quanto essa menina me intriga, não vou dar o braço a torcer e assumir que é ela que tem me enchido os pensamentos nesse últimos dias. E ontem muito mais do que nos outros dias, a coragem que ela demonstra é simplesmente impressionante. Como se ela pudesse enfrentar o mundo com os punhos, e eu digo, ela tem um gancho de direita simplesmente surpreendente, forte ao extremo, tenho dó do professor novo, na verdade foi bem feito.

“Fala sério. Estou mais confuso que cego em tiroteio”

E a culpa é de quem? Entro na escola com o ar um tanto carregado de raiva, não é propício para um Hyuuga estar tão confuso assim. Ainda mais quando o assunto é garotas, tudo bem que essa garota em questão é especial, digo única. Respiro fundo e tento me acalmar um pouco, vou passando pelo pátio, quando vejo minha prima, a santa Hinata, caindo em cima de um menino do terceiro ano, será que ela desmaiou novamente? Ao olhar a cena direito seguro uma gargalhada, o menino caiu em cima de outra menina que agora esta cheia de bolo na cara, bufando e xingando meio mundo, vou me aproximar e vejo minha prima sendo arrastada por uma menina loira, estranho não sabia que minha prima tinha alguma amiga.

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que você possa saber”

Cara... que porcaria de frase é essa? Será que colocaram alguma coisa no meu café? Sabe como é né, não se pode confiar totalmente em uma pessoa, ainda mais quando você não a trata com todo o devido respeito, então se alguma empregada tiver colocado alguma coisa na minha comida, não será surpresa nenhuma, na verdade serve como explicação. Só colocando uma droga bem forte para eu estar pensando tanta bobagem assim, e olhe que nem são oito horas ainda, é o dia vai ser bem longo.

Chego à sala, e sento no meu lugar, ao lado da Tenten, a dona de meus pensamentos. Ela chega um pouco atrasada, e eu a acompanho com meu olhar,enquanto todos se afastam dela e começam a sussurrar coisas desagradáveis, ela parecia nem ligar para isso. Em determinada a pego me olhando e depois ela segura um pequeno riso, como se lembrasse de algo, a olho questionando-a e ela como sempre me dirige um olhar maligno eu não agüento e sorrio e ela retribui bufando. O que me faz querer rir, não dela, mas da maneira como ela reage a mim, ela é uma menina completamente diferente.

Consciência

Ainda não falei com a Hinata hoje, a culpa me toma, afinal foi por eu estar pegando cola e ela foi para na direção, noto que mesmo, provavelmente, ela esteja muito encrencada ela esta feliz de uma maneira que até hoje eu não tinha visto. Ela sorri de uma forma doce. E esta com as bochechas vermelhas, e um ar sonhador, será que isso tem a ver com o menino do terceiro ano, que lhe ajudou hoje? Aquele menino é um esnobe, não gosto dele nenhum pouquinho.

“Ciúmes?”

Não é ciúmes, Hinata é a pessoa mais doce e inocente que eu já conheci, um menino como aquele com certeza só quer se aproveitar dela.

“Não é isso que você esta fazendo?”

 Não é a mesma coisa, eu apenas utilizo de sua inteligência, para fazer uma consulta básica durante as provas, trabalhos, lições e afins.

“Mas por causa dessas “consultas” ela foi parar na direção”

Maldita culpa que me corrói de uma maneira quase desumana, olho para a Hinata, ela continua feliz, completamente alheia a meus pensamentos confusos e recriminatórios, será que pedir desculpa é suficiente? Caracoles, pensando em desculpas, se minha mãe descobre que eu colei de uma menina e que por causa disso ela foi para na direção, eu fico um ano sem Ramén, como é que eu vou sobreviver sem Ramén?

“É só não contar para ela...”

Um bom plano, porem minha mãe tem um faro investigativo, que chega a ser assustador, e só de pensar na punição eu tremo. Qual é Naruto, faça algo, seja homem, peça desculpa e bola para frente. E se ela não aceitar? Ai meu Kami-Sama, se me ajudar  a me decidir, eu juro que fico uma semana sem comer Ramén.

“ Você esta mentindo.”

Alguém pode me dizer por que essa vozinha chata na minha cabeça fica me confundindo? Ta bom, eu fico escutando vozes, mas me recuso a aceitar que estou ficando maluco, o que meu pai dizia mesmo sobre isso? Ahá! Já sei! A voz que esta falando comigo é minha consciência. Ta vendo? Eu não sou tão burro assim.

“Se não fosse burro, não teria tentado colar da Hinata, ela não teria parado na direção, e você não estaria agora conversando consigo mesmo”

Esta bem admito, tenho burrice crônica em ultimo estado, mas que você não saia contando por ai, e que isso não caia nos ouvidos do Teme, por que aquele sarna, iria me encher o saco até a próxima geração. O maldita culpa me larga, olha as bobagens que eu estou pensando. Olho para a Hinata novamente, e a culpa me consome e mais um dialogo inútil se forma na minha cabeça. O dia vai ser beemm longo.

Conseqüência

Depois de acordar com os berros da Temari, e ter de tomar meu café em copo plástico, estou indo para a escola, morrendo de raiva, o carro um silencio pesado, mas mesmo assim minha irma tem um sorriso pequeno no rosto, e os olhos dela brilham de uma maneira diferente, como se ela esperasse alguma coisa. Dou de ombros e olho para fora, minha irma é maluca, é melhor  eu não me meter no que quer que ela esteja fazendo. Finalmente chegamos na escola.

- Eu vou almoçar em casa hoje. – meu pai diz, e eu reviro os olhos, se ele vai almoçar em casa, com certeza só pode significar uma coisa: vou levar uma bronca enorme, e minha mesada já era. Olho para minha irma,ou pelo menos onde ela deveria estar, pelo jeito ela nem escutou o que o nosso pai falou, já que só consigo ver o cabelo dela passando por entre os outro alunos. Suspiro resignado, e vou para o pátio. Encontro com a Matsuri com um sorriso maligno, essa com certeza esta aprontando alguma.

Vou atrás dela, sei que se fizer isso vou rir muito, ela tem um bolo nas mãos, e pela direção que esta tomando já sei quem vai ser sua vitima, a loira Yamanaka novamente. O estranho é que ela esta falando com uma menina com os cabelos pretos, a curiosidade me toma, que eu saiba a Ino não tem nenhuma amiga, logo um menino vem falar com elas, e a menina de cabelos pretos começa a desmaiar, o menino tenta socorrê-la porem cai em cima da Matsuri, que fica toda melecada, e eu rio muito mesmo, da cara dela.

O sinal bate e eu vou para sala, a Ino ainda não chegou, estranho, ela sempre entra antes de mim, o professor chega, e ela ainda não esta aqui. Quando entra na sala, esta quase descabelada e arfando, como se tivesse corrido até aqui, o professor a olha de cima abaixo analisando-a, e ela fecha a mão com raiva, e eu trinco os dentes quem esse pervertido pensa que é? Ela entra na sala bufando, senta na minha frente jogando a mochila no chão, ela esta completamente irritada, e por mais que eu não queira admitir eu também estou, esse safado ainda vai ter o que merece. As aulas se arrastam enquanto eu fervo de raiva do mundo. Pensando nas conseqüências de alguns atos que penso em pratica.

Na hora do recreio Sai resolve que me encarar hoje é vantajoso, pena que ele não sabe que meu humor esta negro, e eu admito, por mais que a recompensa seja fácil, e eu tenha certeza que ganho a aposta, a acho um tanto arriscada, pois se a Temari descobre isso, ela com certeza vai me matar, e eu ainda estou com as costas doendo, de um dos pratos que ela me jogou. Com certeza rir do trabalho que ela teria limpando tudo, não foi uma das minhas melhores idéias. E depois de uma eternidade, o sinal final bate, e eu posso ir para casa, me desvio da Matsuri, e corro para o carro, chego lá e como sempre Temari é mais rápida do que eu. Respiro fundo e sento no banco de trás, e dou de cara com meu pai, depois de um monologo de meia hora, sobre como a gente se comporta e quais são as conseqüências disso, chegamos em casa, corro para meu quarto com Temari atrás de mim. Ela me persegue, com um ar extremamente maligno, com certeza ela não gostou nada de ter de escutar meu pai falar. Resumindo...

“ É hoje que eu aprendo o que é conseqüência.”