Um garoto, cujos cabelos, longos e lisos, possuíam uma tonalidade puxada para o tom prata, aproximava-se da escola.  Seus olhos, que possuíam uma tonalidade vermelha, exibiam profundas olheiras e um desânimo encontrava-se estampado em seu rosto.

Ele caminhava com os braços cruzados atrás da cabeça, protestando inúmeras e repetidas vezes.

“Ah, droga... por que todo ano é a mesma coisa?  Escola, escola, escola...  Nada muda...”  Disse o garoto, ainda entediado.  Seguindo-o, um garoto se aproximava, ouvindo suas reclamações.  Ele exibia uma expressão de total descrença e insatisfação, porém ergueu o seu rosto para o alto, como se tentasse encontrar paciência.

Paciência para o que o outro dizia.

“Queria saber... por que também todo ano é a mesma coisa: suas inúmeras reclamações sobre a escola, Adas...?”  Perguntou o garoto.  Ele possuía cabelos mais curtos, em um tom levemente azulado e olhos também da mesma cor.  Adas, no entanto, apenas deu de ombros e ignorando por completo o comentário do outro.

“Ah, quer saber?  Eu vou é matar a aula hoje!”  Disse Adas após algum tempo e, em seguida, começava a curtir a idéia.  Olhando para os lados, começou a dar curtos passos para trás e, quando se preparava para se virar e fugir, este foi impedido pelo outro garoto.

“Ah, qual é, manin’...?  Vai me impedir por acaso?”  Questionou irritado, Adas, porém o outro garoto apenas suspirou.

“Adas, até quando você vai ficar fazendo isso?  Você não vê que nossos pais fazem o maior sufoco para nos manter na escola, te dar uma boa educação e tentar corrigir esse seu gênio... e você retribui brigando na escola, fugindo ou matando aulas?”  Questionou o garoto, que era um pouco maior que Adas.  Este, no entanto, tocou o punho de seu irmão e o afastou com toda força de seu peito.

“Se tocar em mim, de novo, já sabe o que vai te acontecer...”  Disse ameaçadoramente Adas, fazendo uma cara de sério.  O outro garoto, seu irmão, limitou-se a olhá-lo, também sério.

“Sei, o que você vai fazer?  Vai brigar comigo?  ‘Oh, que novidade’...”  Disse ele, ainda com a mesma expressão.  “Anda logo... a aula já vai começar!”  Exclamou e, em seguida, empurrava Adas para frente, forçando-o a entrar na aula.

Irritado, Adas pegou sua mochila e a tacou no chão com força, virando-se para o seu irmão.  Com um sorriso sarcástico no rosto, Adas ergueu os seus punhos na altura de seu rosto, em pose de briga, encarando o seu irmão.

“Vem, manin’ Ananiel... Vem pra cair de fuça no chão!”  Disse Adas, ameaçadoramente, porém o garoto, Ananiel, nada fez: limitava-se a olhá-lo, não acreditando que ele realmente desejava aquilo.

“Adas... já cedo você quer começar com o seu show particular?”  Disse Ananiel, olhando-o com certo desprezo.  Sem precisar virar-se, Ananiel podia dizer perfeitamente bem que, ao redor deles, alguns alunos e alunas formavam um círculo em volta deles, em um misto de medo e de exaltação.

“Feh~!  Não fui eu que começou!  Agora vem pro ‘papai’ pra gente acertar nossas contas!”  Disse Adas, ainda na mesma posição e com sua expressão sarcástica.  Ananiel, no entanto, permanecia imóvel, negando com a cabeça.  No entanto, este pegou as mochilas deles e começou a entrar na escola, ignorando-o por completo.

“Qual é!?  Tá com ‘medinho’, é?  Vem cá que a gen--!!!!  EEEeeiiiii”  Disse Adas, sendo interrompido ao ser puxado por trás.  Surpreso, virou-se para trás e percebeu que era um dos monitores que tomavam conta do portão da escola.

“Bonito hein?  Já arrumando uma briga logo no primeiro dia de aula, Adas?”  Disse o monitor e Adas, vendo que se soltar era inútil, cruzou os seus braços e fechando o rosto.

“Bleeeh... Era um assunto familiar, seu Joachim!”  Disse Adas, com certo desdém em seu tom.

“Sei, sei... Bem, vou te fazer um favor, então: não te levarei a diretoria, como sempre te levo toda vez que arruma uma briga, mas ficará aqui, até todos entrarem.”  Disse Joachim e Adas, irritado, nada respondeu, sentando-se em um banco perto do portão, ostentando certa expressão de birra.