Bella PDV

Edward dirigia rapidamente pelas ruas enquanto meu coração batia aceleradamente no peito, o medo de ser tarde demais me assolava. Chegamos no hospital e logo avistei Rose abraçada a Emmett, e meus pais confortando um ao outro sentados no sofá de couro branco.

-Edward!. –Emmett disse.

Emmett se levantou e abraçou o irmão. Sentei no sofá ao lado da minha mãe e ela passou um braço por meu ombro.

-O médico falou mais alguma coisa?. –perguntei.

-Não. –ela respondeu. Balancei a cabeça assentindo.

-Esteja forte filha, logo isso tudo irá acabar. –papai disse.

-Espero que sim pai ...Não sei se aguento mais isso. –desabafei.

-Você fez a coisa certa dessa vez. – mamãe disse e olhou para o Edward- Tudo ficará bem.

Olhei para ele e ele virou o olhar na minha direção. Olhando bem diretamente em seus olhos, eu percebi que não estava sozinha, que eu não tinha que aguentar toda a pressão sobre mim ...Edward estava aqui.

-Filho!. –Esme chamou.

Olhamos para o corredor e avistamos os Cullens vindo em nossa direção. Esme e Alice choravam.

-Mãe!. –Edward a abraçou.

-Oh Edward!.

Pela segunda vez eu vi Edward chorar, e como se meu coração já não estivesse pequeno, ele diminuiu mais. Era tão doloroso ver o sofrimento de todos ...Como se o meu já não fosse esmagador.

Carlisle se juntou a Esme e abraçou o filho, enquanto Emmett reconfortava Alice.

-Por que com ele Emmett?. –Alice perguntou.

-Ele vai sair dessa Alice , você vai ver. –Emmett respondeu.

Alice assentiu e limpou as lágrimas. Seu olhar se encontrou com o meu e ela rapidamente desviou.

De todos os Cullens somente Alice me deu um olhar tão hostil. Com certeza ela não me perdoara por esconder a verdade sobre Luke.

-Onde está o Jasper?. –Emmett perguntou.

 -Liguei para ele no caminho para cá, ele está vindo com o Mike. –Alice respondeu.

Mike! Tinha esquecido de ligar para ele e avisar sobre o Luke.

-Alice!. –Jasper chamou.

Eles vinham apressadamente em nossa direção. Jasper correu e abraçou a mulher, e Mike também me abraçou me apertando.

-Eu fiquei tão preocupado quando Jasper me contou. –Mike disse.

-Desculpe não ter ligado, é que eu tinha tantas coisas na cabeça que não conseguir pensar em mais nada. –falei.

Ele me soltou e colou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Eu podia sentir todos os olhares em nossa direção, me deixando desconfortável e como se fosse possível eu corei.

-Tudo bem. –ele disse.

Só agora Mike percebeu a presença de todos os Cullens e travou o maxilar quando olhou para Edward, que virou o rosto para outra direção. Mike me olhou e quando eu já estava prestes a dizer algo, o doutor aparece.

-Isabella. –ele me chama.

-Eu. –me apresentei.

-Podemos conversar na minha sala?. –ele perguntou.

Todos olhavam apreensivos.

-É algo grave? Que não pode ser dito aqui?. –mamãe perguntou.

-Desculpe a indelicadeza, mas eu prefiro tratar disso na minha sala , onde Isabella e eu poderemos conversar e esclarecer algumas coisas, e depois ela pode passar tudo para vocês. – o doutro respondeu educadamente. Mamãe assentiu.

-Tudo bem. –respondi.

-Vamos?. – o doutor chamou e seguiu na frente.

Andei na sua direção mas parei no caminho, olhei para trás e olhei para Edward.

-Edward?. –Chamei.

Mike me olhou confuso. Edward soltou a mão de Esme e veio na minha direção. Juntos seguimos para a sala do doutor William.

Sentamos nas cadeiras brancas de frente para o doutor, que também me olhou confuso, pois a primeira vez que ele via Edward.

-Obrigado por virem, senhor?. –Dr. William perguntou estendo a mão para Edward.

-Edward Cullen. –ele respondeu aceitando o cumprimento. -Pai do Luke.

O doutor sorriu.

-Bom, irei explicar detalhadamente o tratamento da leucemia aguda, para que vocês possam entender. – o doutor começou. Assentimos.

– Basicamente, na grande maioria das leucemias agudas, o tratamento começa pela quimioterapia. Tanto o tratamento da leucemia mieloide quanto o da linfoide, em geral, exige internação hospitalar e aplicação de um cateter central, porque as veias dos braços não são suficientes para suportar a aplicação das drogas quimioterápicas e as transfusões necessárias.

 “Essa primeira fase do tratamento é chamada de indução da remissão e seu objetivo é matar, eliminar as células doentes, os blastos. Às vezes, em uma ou duas semanas eles somem do sangue porque são muito sensíveis à quimioterapia.

Eliminados os blastos, há a recuperação das outras séries, porque eles deixaram de infiltrar a medula e os precursores das células vermelhas proliferam, assim como se normaliza a produção de hemoglobina e das plaquetas. Em suma, o hemograma se restabelece nos níveis adequados.

 Embora no início o tratamento seja bastante dramático e agressivo, em poucas semanas de internação hospitalar, há a indução da remissão. Um novo mielograma costuma revelar que não existe mais doença na medula óssea. O paciente atingiu de fato a remissão. Sabe-se, porém, que essa intervenção terapêutica não basta para eliminar de vez a leucemia. Podem ter sobrado pequenas quantidades de células doentes que farão a doença voltar invariavelmente. A indução é o primeiro passo para cura, mas se o tratamento parar aí, a doença recidiva”.

-Mas o Luke precisa de um transplante de medula compatível. -completei.

-Sim, como eu disse a intervenção terapêutica não basta para eliminar a leucemia, pois pequenas quantidades de células doentes podem fazer a doença voltar. Ai que recorremos ao transplante de medula. – doutor disse.

-Como se realiza o transplante de medula óssea?. –Edward perguntou.

-Há dois tipos de transplante: o transplante autólogo e o alogênico.

“O autólogo é, na verdade, uma quimioterapia em doses muito altas que leva à eliminação total das células do sangue e da medula óssea. Ela acaba com a leucemia, mas provoca também um esvaziamento total da medula óssea. Morrem as células boas e as ruins. Por isso, antes da quimioterapia, coletam-se células do sangue ou da medula óssea do próprio paciente, que são congeladas e guardadas. Terminada a quimioterapia, elas são devolvidas através da corrente sanguínea, como numa transfusão, e vão repovoar a medula. Essa estratégia mostrou-se útil na consolidação de algumas leucemias agudas.

Para o transplante alogênico de medula óssea é sempre necessário encontrar um doador. Ele traz a vantagem de contar com uma medula sadia, sem células leucêmicas. Em geral, os irmãos costumam ser os melhores doadores. O passo seguinte é submeter o paciente a uma quimioterapia em doses altas para eliminar a doença. Depois, as células do sangue ou da medula óssea retiradas do doador são injetadas no doente para repovoar sua medula. A pessoa passa, então, a produzir células sanguíneas absolutamente normais e, em certos casos, muda de tipo sanguíneo, pois adota o tipo do sangue do doador”.- o doutor explicou.

-Qual o mais recomendado no caso do Luke?. –perguntei.

-Eu recomendo o transplante alogênico, pois os transplante autólogo é um tratamento muito brusco para uma criança como o Luke, ele é muito novo e eu não acho recomendado. O melhor é encontrarmos um doador compatível, já que ele não possui irmãos, depois a quimioterapia em doses altas para eliminar a doença, e então a cirurgia com o transplante, onde coletaremos as células do sangue ou da medula óssea retiradas do doador e injetaremos no paciente para repovoar sua medula.- Dr. William respondeu.

O tempo todo Edward e eu permanecemos quietos e absorvendo tudo o que nos foi dito.

-Minha família e eu queremos fazer os exames para sabermos se somos compatíveis. –Edward falou.

-Seria ótimo, quanto mais rápido conseguirmos um doador melhor. – o doutor disse.

-Podemos fazer agora mesmo. –Edward disse.

-Excelente! Irei providenciar. – médico disse.- Se puderem aguardar, logo irei chama-los.

-Obrigada. –agradeci.

Edward e eu seguimos calados até a sala de espera , onde todos nos esperavam.

-Obrigada por estar fazendo isso Edward. –quebrei o silêncio.

Ele parou de andar e se virou ficando na minha frente.

-Bella ele é meu filho também, e eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para que ele se cure. –ele disse.

As lágrimas que tinham ido embora, voltaram banhando meu rosto. Edward me abraçou.

-Eu não posso perde-lo Edward!. –falei chorando.

-Não vai Bella!. –Edward disse acariciando meus cabelos.

Ele me apertou em seus braços e eu me senti segura como nunca me senti antes. Era tão reconfortante está ali!

Me afastei um pouco para que pudesse olhar em seus olhos. Ele me olhou com o cenho franzido e enxugou minhas lágrimas com beijos.

-Eu não gosto quando chora. –ele disse.

Eu não dizia nada, só olhava para seus lindos olhos verdes.

-Eu o amo. –falei.

Nossos rostos estavam tão próximos, que ele passou sua bochecha na minha , acariciando uma na outra.

-Eu também. –ele disse.

Fechei os olhos e me deliciei com seus braços fortemente ao meu redor, com seu rosto colado ao meu, seu hálito fresco, sua pele macia...

*************

Voltamos para a sala e Edward explicou tudo o que o doutor nos disse. Estávamos todos sentados, cada um em seu canto.

-Bella, o Mike esta intrigado com o fato do Edward ter entrado com você.- Rose disse.

Estávamos um pouco afastadas de todos.

-Está na hora dele saber a verdade também. –falei.

- Toda a verdade?. –ela perguntou.

-Sobre o Luke. –completei.

-Bella ... O Mike tem o direito de saber que você se envolveu com o Edward mesmo namorando ele. –ela disse.

Respirei fundo e coloquei as mãos na cabeça.

-Você quer acabar com o meu casamento? Por que será isso que irá acontecer caso ele saiba. –falei.

-Você quer mesmo casar com ele? E Bella , todos merecem a verdade! Você o traiu e é um direito dele saber e decidir te perdoar ou não. E além do mais se esse casamento não saísse, seria um favor para todos vocês!. –ela disse.

-Rose eu sei de tudo isso e eu vou contar tudo pra ele ...Mas não agora! Meu filho é prioridade. –falei.

-Tudo bem , desculpe!. –ela disse. -Só estou nervosa com tudo isso.

 -Ah Rose eu sinto muito ter que te envolver nisso, você está gravida e passar por isso...

-Pode parar Bella! Me sinto como uma segunda mãe do Luke e eu ficaria muito chateada se você não tivesse me comunicado sobre isso antes, apesar da situação ser triste fico feliz que você tenha feito. –ela disse.

Assenti e a abracei.

-Cullens?. – o Dr. William chamou.

-Pois não. –Carlisle disse.

-A sala de exames já esta pronta, só preciso que vocês assinem esse termo e poderemos seguir adiante. – ele disse.

Cada um assinou e foram encaminhados para um corredor onde levaria até a tal sala. Ficando apenas Jasper, Mike, Rose, mamãe , papai e eu.

Esse exame determinaria tudo ...E a cada instante que eles estiveram lá, eu apenas rezava para que algum dele pudesse salvar a vida do meu filho e por que caso contrário ...Eu não sobreviveria. Uma hora e meia depois eles voltam acompanhados do doutor. Todos levantamos apreensivos.

-Como eu expliquei para eles, o resultado do exame sairá daqui a 24hs. –o doutor disse. – Eu aconselho  a vocês a irem descansar e amanhã voltarem para ver o resultado e se der positivo darmos seguimento.

-Eu vou ficar. –falei.

Em hipótese alguma eu sairia do hospital.

-Filha você precisa descansar, e qualquer coisa o doutor liga. –mamãe disse.

-Não mãe! Não posso deixa-lo aqui , sem alguém ...Não. -falei.

-Eu fico. –Edward disse.

Olhei para ele surpresa.

- Filho você também precisa descansar. – Carlisle disse.

-Não pai, a Bella está certa!.- Edward disse.

-Podem ir, o Luke estará bem aqui ...Ele está seguro. – o doutor disse.

Mamãe me abraçou.

-Viram? Ele está bem! Você podem ir. –ela para mim e Edward.

-Eu posso vê-lo , antes de ir?. –Edward perguntou ao doutor.

Olhei esperançosa para o doutor.

-Eu sinto muito, mas agora o Luke não pode receber visitas. –ele respondeu.

-Talvez seja mesmo melhor irmos. –falei.

Peguei minha bolsa e saí. Cada um voltou para casa em seu carro, e eu fui com o Mike que ficou o caminho inteiro calado.

*****

Mal entramos em casa e Mike começou a falar.

-Quando ia me contar?. –ele perguntou.

-Mike ...Eu ia dizer, quando tivesse a chance. –falei.

Joguei minha bolsa no sofá e virei para encara-lo.

- Ótima chance agora!. –ele ironizou.

-O que você quer que eu diga? Que Edward é o pai do Luke? Pois bem, ele é!. –falei com as mãos para o alto.

-Por que nunca me contou?. –Mike perguntou.

Respirei fundo e tentei me acalmar.

-Você nunca quis saber quem era o pai do Luke, e além do mais você nem o conhecia. –falei.

-Mas agora eu conheço! Você podia ter me dito, eu tinha o direito de saber!. –ele falou alto.

-Não Mike! Você não tinha o direito! Esse assunto só diz respeito a mim , ao Luke e ao Edward!. –falei alto também.

Ele me encarou impassível.

-Eu sabia , eu sempre soube Bella! Não era normal a forma que ele te olhava e por que você não fazia nada. –ele disse.

-O que eu podia fazer Mike? Nada ia mudar. -falei.

-Você tem razão ...Esse assunto só diz respeito a vocês , mas eu tinha o direito de saber que vocês tiveram algo Bella, não foi justo comigo o que você fez, nunca foi fácil suportar os olhares que vocês trocavam, a forma que ele dava em cima de você e você corava... Eu tinha esse direito. – Mike disse.

Respirei fundo e assenti. Mike tinha razão ...Eu era a errada da história, fui eu quem omitiu a verdade de todos , não só dele, mas do Edward, dos Cullens ... De todos!.

-Você tem razão Mike... Eu errei em não ter contado ok? Mas não posso mudar isso. -falei.

-Tudo bem Bella. –ele disse. –Eu só quero que me diga uma coisa.

-O que?. -perguntei.

-Você teve algo com o Edward quando estava comigo?. –ele perguntou.

Me surpreendi com sua pergunta e logo depois a culpa veio. Fechei os olhos e assenti.

-Sim. –respondi.

Ouvi algo quebrar.

-Eu quero que você fale!. –ele gritou.

Em longos passos ele estava a minha frente e segurava fortemente os meus braços.

-Fala Isabella! Eu quero ouvir da sua boca. –ele pediu.

Comecei a chorar, enquanto ele continuava segurando meus braços.

-Eu o traí ... Eu te traí com o Edward. -falei.

-Por que Bella?. –ele perguntou.

Suas mãos me soltaram  e eu abri os olhos. Mike me olhava desolado.

- Edward e eu nunca tivemos um relacionamento como o da maioria das pessoas, um relacionamento normal por assim dizer ... Aconteceram coisas muito ruins com nós dois, coisas que nos magoaram e que ficaram inacabadas no passado. E após tanto tempo sem nos vermos ...Houve algumas recaídas e assim como você, Edward descobriu à pouco que era pai do Luke.- falei.

-Eu te amava tanto! Eu te ajudei tanto Bella, quando você mais precisou ... E você me traiu!. –ele disse.

 Mike começou a andar para lá e para cá.

-Me desculpe Mike!. –pedi.

-Eu vou para um hotel, preciso pensar e decidir se ainda haverá casamento!. –ele disse.

-Mike...

-Se é que você quer casar não é? E se quiser continuará me traindo depois de casada?.  -ele acusou.

Fiquei calada, eu merecia ouvir aquilo.

- Só me ligue para avisar que o Luke melhorou. –ele disse e saiu.

Ouvir a porta do apartamento bater e me assustei com o impacto.

 Olhei para a enorme sala ao meu redor e nunca me senti tão sozinha ... Não havia ninguém ali, e tudo isso é apenas consequência de todas as minha omissões. Meu filho no hospital, meu namorado em um hotel magoado comigo e o homem que eu amo a pouco metros de mim , mas tão longe e ele está sofrendo também ... Tudo minha culpa!.

Sentei no chão e voltei a chorar.

-Quando é que tudo isso vai acabar? Por que eu não aguento mais!. –gritei.

Derrubei todos os objetos da mesinha de centro.

-Tá doendo tanto ... Eu não suporto mais! Faz parar !Eu não suporto mais tanta dor!. –gritei.

Era tanto sofrimento na minha vida, tantas coisas que davam errado , tanta mágoa, e eu não sei o por que de tudo isso ,eu nunca tive culpa de nada, nunca fiz nada de ruim, sempre procurei não magoar e nem brincar com as pessoas...E só recebi dor em troca! Só me ferrei, só me machuquei! Quando é que tudo isso irá acabar?.

***********

Levantei -me cedo e fui direto para o hospital, logo depois Edward chegou.

-O Emmett e a Rose já estão a caminho.- ele disse.

Apenas assenti. Ainda estava sobre o efeito das fortes emoções de ontem.

-O doutor disse que em breve teremos o resultado. -comentei.

-Estou tão ansioso!. –ele disse e sorriu minimamente.

Assenti. Eu também estava esperançosa.

Edward inclinou um pouco a cabeça e me observou.

-Você está bem?. –ele perguntou.

Eu estou bem? É saudável dizer que sim? Ou é mentira? Como eu poderia estar bem depois de tudo?.

-Depois que Luke estiver fora daqui e saudável, eu estarei bem. –respondi.

-Não, aconteceu algo e não tem nada haver com o Luke. –ele disse observador.

Suspirei. Era tão visível assim?.

-Mike sabe de tudo. –falei.

Edward me olhou surpreso.

- Sobre o Luke?. –ele perguntou.

-Sobre o Luke, eu ...Você, tudo. –falei.

-Vocês terminaram?. –ele perguntou.

Arquei uma sobrancelha para ele.

-Ele me pediu um tempo. –falei e olhei para minhas mãos. – Eu não sei o que vai acontecer.

Eu estava nervosa, não era legal e eu me sentia desconfortável de falar com o Edward sobre isso.

-Eu sinto muito Bella. –ele disse com pesar.

Olhei para ele surpresa.

-Sente mesmo? .-perguntei irônica.  Edward me fitava sério.

-Não sobre o tempo com o Mike, por que você sabe o que eu sinto e saber que vocês podem terminar, me deixaria feliz pois eu poderia tentar te reconquistar e mostrar o quando eu mudei ...Eu sinto muito é por você ter que passar por tudo isso , eu sinto muito é por ter sido tão canalha com você, eu sinto por você ter sofrido esses anos todos, por não estar ao seu lado quando mais precisou de mim. –ele disse.

Edward segurava minhas mãos com as suas e me olhava ternamente. Eu podia ver a verdade em suas palavras.

Eu não sabia o que falar e em certos momentos o silêncio é a melhor resposta, então apenas assenti emocionada.

Depois de um longo tempo a minha família e os Cullens estavam reunidos na pequena sala de espera do hospital, cada um imerso em seus pensamentos, um silêncio enorme pairava sobre o local. Cansada de ficar sentada e observá-los, decidi levantar e tomar um pouco de água.

-Eu vou com você. –Rose disse.

Levantamos e fomos até o filtro um pouco distante de todos.

-Que clima foi esse que eu senti quando cheguei?. –Rose perguntou.

Peguei dois copos descartáveis e passei um para ela.

-Ah Rose! Minha vida está de cabeça para baixo e de pernas pro ar!.- lamentei.

Ela me fitou preocupada.

-O que houve Bella?. –ela perguntou.

-Ontem com a história do Edward e do Luke, sobre o transplante? Então, o Mike desconfiou e veio me perguntar. –suspirei e a fitei. – Tive que contar tudo pra ele, que Edward era o pai e que eu o traí.

- Ah meu Deus Bella!. –Rose colocou a mão na boca. – E como ele reagiu?.

-Como acha Rose? Ele ficou com raiva, segurou meus braços, em perguntou o por quê... –falei.

- Vocês terminaram?. –ela quis saber.

-Ele me pediu um tempo, ele vai pensar se me perdoar e se ainda irá casar comigo. - respondi.

Tomei um pouco de agua gelada , para tentar me acalmar e esquecer a sensação de angustia que me invadia.

-Bella, talvez seja melhor não haver casamento! Você não o ama, e só irá trai-lo mais, não fisicamente mas sentimentalmente! Acabe com isso enquanto pode. –ela pediu.

-Droga!.- exasperei e amassei o copo.- Eu não quero engana-lo! Não quero mais me sentir como me senti ontem ... Trair uma pessoa, olhar nos olhos dela e confessar isso, ver a decepção no rosto dela, o sofrimento...

Parei de falar e fechei os olhos.

-Oh minha amiga!. –Rose disse e me abraçou.

Me aconcheguei em seus braços e fechei os olhos.

-O Edward disse que senti muito. –falei.

- Sobre o Mike?.- ela perguntou.

-Não, sobre tudo o que me fez, sobre não estar comigo quando mais precisei, sobre todas as coisas ruins que eu passei, sobre tudo! Ele foi sincero ...Eu vi. –falei.

-Bella ele se arrependeu ...Todos erramos Bella! Ele errou, você errou, Emmett errou , eu errei ...Somos imperfeitos, mas acima de tudo nos arrependemos! E você não pode condena-lo quando também está errada. Você tem que perdoa-lo!. –ela disse.

Me afastei dela e a fitei.

-Eu sei!. –falei.

Ela me olhou terna e com carinho.

-Uma coisa de cada vez né?. –ela perguntou e eu assenti.- Vamos dar tempo ao tempo.

-Sim.- afirmei.- Eu prometo Rosalie ...Depois que tudo estiver em seu devido lugar, depois que Luke estiver bem e saudável ... Eu irei consertar tudo, irei dar um ponto final em tudo isso!.

-Eu te ajudarei. –ela disse. Sorri.

Voltamos para a sala de espera e a tensão e ansiedade voltou. Rose como sempre estava certa ...E suas palavras eram reconfortantes e sempre carinhosas. E como eu prometi, irei cumprir.

.............

-Senhores?. – o doutor apareceu.

Todos levantamos ansiosos.

-Sim doutor?. –falei aflita.

-Já tenho o resultado dos exames. –ele disse.

-E então?. –mamãe perguntou.

- Temos dois compatíveis, Edward Cullen e Alice Cullen. –ele disse.

Respirei aliviada. E senti as lágrimas brotarem em meus olhos.

-Ah meu Deus obrigada!. –Esme agradeceu.

Papai e mamãe se abraçaram , assim como Carlisle e Esme, Alice e Jasper. Rose e Emmett sorriam, e Edward e eu nos fitávamos felizes.

-Os dois são perfeitamente saudáveis e capazes de realizar a cirurgia.- O doutor disse.

-Edward, se quiser eu faço. -Alice disse.

Ele a olhou e ela saiu de perto de Jasper, dando as mãos para Edward que prontamente as segurou.

-Agradeço a você por isso! Mas isso Alice... Eu tenho que fazer. –ele disse e sorriu para a irmã que retribuiu.

-Estaremos aqui esperando e rezando por vocês dois. –ela disse.

Ele a abraçou e ela limpou as lágrimas do seu rosto. Edward deu um beijo na irmã e logo foi puxado pela mãe para outro abraço. E assim seguiu por todos, até chegar a minha vez.

-Eu nem sei como te agradecer. –comecei a falar.

Ele vinha em minha direção e eu meu coração batia aceleradamente, eu estava imensamente feliz, ainda tínhamos esperança.

-Eu já disse que não precisa me agradecer, ele é parte de mim também. –Edward disse.

O abracei e voltei a chorar. A emoção de saber que meu filho enfim poderia ser curado era tão grande que eu não conseguia me conter.

-Mesmo assim... Obrigada Edward. –falei.

Ele assentiu. Sua mão acariciou minha bochecha antes de ir.

-Bom, iremos dar inicio. – o médico disse antes deles sumirem no corredor.

Me sentei e soltei o ar preso em meus pulmões. Papai sentou ao meu lado e afagou minhas costas, tombei para o lado e encostei a cabeça em seu ombro.

-Tudo ficará bem filha. –ele disse.

-Eu sei que sim. –falei sorrindo.

Era incrível como as coisas mudam tão rápido! Eu estava tão triste e desolada e em um instante não me contendo de alegria. Saber que meu filho poderia se curar e que nunca mais passaríamos por isso, nunca mais eu o veria nesse estado... Era maravilhoso!.

***********

As horas se passaram e ninguém havia ido embora, todos estávamos ansiosos, nervosos e temerosos de que algo pudesse dar errado. Só de pensar que algo poderia ter dado errado na cirurgia e que Edward podia estar ferido, me deixava com calafrios. Não gosto nem de imaginar essa hipótese.

-Tem mais de 24hs que estamos aqui e nada!. –Alice resmungou.

-Eu estou preocupada Carl. –Esme disse.

-Calma meninas, essas coisas demoram assim mesmo e daqui a pouco o médico aparecerá e isso vai acabar, vocês vão ver.- Carlisle disse esperançoso.

Eu tinha a mesma esperança que ele, que quando o médico voltasse ele diria que os dois já estão bem e que apenas precisão de repouso e cuidado.

-Eu não aguento mais essa espera!. –falei me levantando.

Todos me olharam e concordaram comigo. Andei de um lado apara outro.

-Senhores?.- o medico disse. Me virei abruptamente em sua direção.

-Sim. –respondi.

-Eles já foram operados, a cirurgia foi um sucesso! O senhor Cullen precisa apenas de repouso e amanhã mesmo poderá voltar para casa, já o Luke precisaremos repetir um exame de sangue nele daqui um mês para saber se as células estão normais. – o médico disse.

Suspirei aliviada. Fechei os olhos e agradeci.

-Obrigada meu Deus!. – falei emocionada.

Todos estavam alegres e não se continham de emoção. Pedi para ver o Luke, mas o doutor disse que hoje não seria possível, mas amanhã eu poderia ve-lo.

Já o Edward estava acordado e podia receber visitas. Os Cullens entraram primeiro e depois de um tempo saíram, fiquei por última já que a Rosalie entrou com ele, e eu até preferia assim.

Bati em sua porta e coloquei a cabeça entre ela.

-Posso entrar?. –perguntei.

-Bella! Claro, por favor. –ele disse.

Edward estava com aquelas roupas de hospital, sentado na cama, escorando as costas em um travesseiro e com um sorriso enorme no rosto.

-Meus pais disseram que a cirurgia foi um sucesso e que temos 95% de chance do Luke esta bem. –ele disse.

Sorri. Eu tinha conversado com o médio depois e ele me afirmou que as chances do Luke eram enormes e que dificilmente algo daria errado, que podíamos ficar tranquilos e considera-lo perfeitamente saudável.

-É verdade, eu conversei com o médico e ele me assegurou. - falei.

Sentei-me na beirada da cama. Edward fechou os olhos e sorriu.

-Eu nem sei explicar o quanto eu me sinto feliz e aliviado. –ele disse.

-Eu sei, também me sinto assim. - falei.

-Obrigada Bella. –ele disse de repente.

Olhei para ele e Edward me fitava profundamente, seu olhar era tão penetrante que eu não conseguia fazer nada além de ficar o encarando. Olho com olho.

-Pelo o que?. –sussurrei.

Ele se remexeu na cama, tentando se sentar mais ereto para se aproximar de mim. Eu vi o seu esforço e decidi ajuda-lo, me aproximando mais.

-Eu nunca te agradeci por ter me feito um homem ...Um homem de verdade, por ter me feito mudar , me ensinado a amar e principalmente pela pessoa mais importante da minha vida ...Obrigada por me dar o Luke. –ele disse.

Me aproximei mais e colei nossas testas uma na outra. Todo movimento acompanhado por seu olhar perspicaz.

-Você me deu a graça de ser mãe e apesar de todas as turbulências, foi à coisa mais maravilhosa que já me aconteceu. Eu quase perdi o meu filho e você saber que pode nunca mais ouvir ou ver seu filho é horrível, saber que nada pode fazer, que esta de mãos atadas. –fechei meus olhos e as lágrimas escorreram. – Hoje você salvou o Luke...Você devolveu a minha vida! E sou eu que te agradeço por que sem o Luke, eu não sou nada! Obrigada Edward por me oferecer um amor incondicional e me dar à coisa mais preciosa do mundo.

Abri os olhos e fitei os seus. Eles estavam claros e eu podia ver um brilho ali que nunca vira antes.

-Eu amo você Bella. –ele disse.

-Eu também te amo Edward! E graças a você esse pesadelo acabou.

Ele sorriu e eu retribuí. Nosso amor sempre foi verdadeiro, até quando tudo era uma ilusão, ainda sim nos amávamos... Só que éramos ingênuos demais para algo tão grandioso.

Mas isso é passado e agora é vida nova!