MAIS UM POUCO DE DOMINGO, 4 DE JANEIRO DE 2009

Assim que sair do refeitório fui direto para o dormitório feminino com um alivio na alma que Melane poderia explicar a minha pura satisfação alimentícia que eu estava sentindo naquele momento.

Quando eu entrei no dormitório pude ver que aquelas garotas de antes continuavam ali junto com a garota de porcelana, mas agora eu pude reconhecer duas meninas que estudavam comigo.

A primeira era a Alicia Becker. Ela é uma garota de aparência muito branca, quase tão branca como a garota de porcelana. Possui cabelos loiros muito cacheados e usa uns óculos de aro preto. Na época que eu estudava aqui Melane alicia poderia ser considerada a minha amiga ou quem sabe ate melhor amiga, ela sempre me ensinava às matérias difíceis, pois se me lembro bem ela tinha as melhores notas da nossa turma na época.

A segunda era Julie Enders. Ela estava sentada perto de alicia, uma garota de aparência um pouco cheia, com longos cabelos escuros e cacheada.  Eu tinha péssimas lembranças com ela Melane, pois na época que eu estudava aqui Julie era a minha arqui-inimiga e ela sempre ficava dizendo coisas feias para mim que  me magoava muito, então eu queria distancia dela.

Elas estavam acompanhadas por uma garota desconhecida por mim, que tinha os cabelos enrolados e uma ótima postura — coisa que eu não tenho.

Eu queria sair dali o mais rápido possível, pois eu não queria que elas me vissem ou pior Melane, viessem falar comigo. Mas sabendo a sorte que eu tenho foi inevitável.

— Cristiane é você? — perguntou Alicia quando eu já estava quase subindo as escadas.

Não, claro que não sou eu, pensei em disser, o que você esta vendo é apenas uma alucinação criada pela saudade que esta sentindo de mim.

— Oi Alicia, quanto tempo, heim? — disse dando um sorriso falso convincente. Que foi Melane? Sou uma ótima atriz.

Ela se levantou de onde estava e foi  me dar um abraço bem apertado. Parecia ate que ela sentiu saudade de mim de verdade Melane.

— Nossa como você cresceu, mas não mudou quase nada.

Agora me responda Melane, qual é a graça que as pessoas vem em dizer que não mudei nada desde que eu tinha dez anos de idade? Pois pelo incrível que pareça eu não levo isso como um elogio. Poxa eu sei que eu não tenho peito e nem bunda, mas será que todo mundo tem que reparar logo nisso em mim. Porque eles simplesmente não dizem que o meu cabelo cresceu, isso pelo menos não deixa a minha moral lá em baixo.

Ok Melane momento desabafo.

— Mas então, quando foi que você chegou aqui?

— Não faz muito tempo, para falar a verdade cheguei hoje e ainda nem arrumei as minhas malas — disse querendo escapar.

— Então ok, agente se ver depois — disse alicia se afastando.

— Tchau — disse já subindo as escadas.

Era obvio Melane que eu não queria estar ali, eu odiava rever pessoas com quem não falo muito tempo não sei  direito o porquê disso, mas eu odiava.

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Depois de quase morrer subindo aquelas escadas infelizes novamente, eu pude realmente observar o meu novo quarto pelo resto do ano letivo. Ele tinha uma cama perto da janela que tinha o batente estofado e que ao lado tinha uma pequena estante para guarda os livros. Tinha um roupeiro perto da porta, que Melane, para falar a verdade não era grande coisa, tinha uma escrivaninha de mogno escuro no outro lado do quarto que ficava oposto a cama perto de um pequeno armário com um micro-ondas sobre ele. Lá também tinha um pequeno frigobar cheio de garrafas de água e no final do quarto podia-se ver uma porta que dava para o banheiro.

Tudo naquele quarto era simples demais para mim Melane, a cama tinha um simples lençol verde que parecia a cor de catarro. Mas para a minha salvação eu vim preparada e tudo que eu precisava fazer era abri a minha mala e tirar de La as coisas que eu trouxe de casa.

Tirei todas as coisas de dentro da minha mala — almofadas, notebook, edredons e tapetes — e coloquei tudo no chão do quarto. Comecei a arrumar a minha cama, tirando aquele lençol horrível e colocando um edredom branco com bolinhas pretas. Ajeitei o meu notebook na escrivaninha e ate coloquei um tapete felpudo no meio do quarto. Mudei praticamente o quarto todo e ate coloquei umas almofadas de bolinhas coloridas no chão perto do tapete felpudo, fazendo um sofá improvisado.

Após arrumar tudo, colocando as minhas roupas no roupeiro, guardar alguns salgadinhos e doces no armário e colocar um conjunto de toalhas no banheiro, eu fui ver o que tinha dentro daquela pasta verde que Cezar me entregou mais cedo.

Lá dentro tinha o código do meu armário — que era 05-10-22, não conte isso para ninguém viu Melane ­— e o numero do mesmo — 54. Lá também tinha o meu horário, regras — que eu joguei no lixo sem nem olhar — a ficha do uniforme e os horários.

Eu resolvi colar a ficha dos uniformes aqui e o horário para você ver o que eu vou ter de suportar.

Uniformes

Favor  observar que os uniformes deste ano da Green Hill incluem.

Alunas:      

Camisa branca de manga curta ou comprida.

Suéter ou colete cinza.

Saia de pregas xadrez verde e preta ou calça social cinza de flanela.

Meias brancas até o joelho ou meia-calças pretas ou cor de pele.

Gravata xadrez verde e preta.

Blazer preto.

Alunos:

Camisa branca de manga curta ou comprida.

Suéter ou colete cinza.

Calça social cinza de flanela.

Meias brancas ou pretas.

Gravata xadrez verde e preta.

Blazer preto.

Obs: Recomendamos o suéter na época do inverno.

Horário escolar do 9º

Assim que acabei de ler tudo escutei uma leve batida na porta. Quem será Melane?

— Já vou — disse me levantando da cama em um pulo e indo abrir a porta.

Era Karina, mas ela não estava sozinha Melane tinha uma menina ao seu lado que eu conhecia muito bem.

Car.

O seu nome de verdade não era Car, e sim Caroline. Mas ela odeia quem chama ela assim, pois — de acordo com Car — o nome Caroline é nome de patricinha e era bem visível que ela era uma roqueira  com suas roupas pretas cheias de tarraxas e suas belas botas de combate.

Ela nesse exato momento não parecia muito feliz. Os seus braços estavam cheios de livros e ela parecia bastante irritada.

— Resolvi trazer os seus livros da secretaria — disse Karina sorrindo para mim e apontando para Car.

— Pode colocar em cima da cama que eu depois arrumo— disse dando espaço para ar entrar com os livros que ela praticamente largou em cima da cama.

— Eu pensava que ia subir para sempre ate chegar ao seu quarto pirralha — reclamou Car antes de sair.

E eu juro que  quase me esqueci que ela me chamava de pirralha na época que estudávamos juntas, mas isso não era de uma forma ruim Melane. Ela sempre colava de mim nas provas.

—E aqui estar o seu uniforme — disse Karina me entregando uma grande sacola. — O coordenador se enganou quando disse que ele estava dentro do seu roupeiro.

— Não se preocupe com isso, eu nem percebi para falar a verdade.

— Mas de todo modo esta ai, são cinco uniformes completos.

— Obrigado — disse a Karina antes de fechar a porta.

Eu tranquei a porta e fui arrumar os meus livros na estante, será que eu não is parar de trabalhar nunca Melane?

Isso eu não sabia, mas assim que acabei de arrumar os meus livros peguei o meu notebook e me deitei na cama, estava querendo muito falar com Steve e dizer como esta as coisas aqui no Green Hill. Tentei me conectar com a internet da escola, mas não deu certo. Mas que merda é essa? Sem internet?

Tentei de novo me conectar com qualquer internet por perto, mas não tinha nenhuma.  Meu deus Melane o que eu ia fazer? Ainda mais agora que eu tinha esquecido o meu modem.

Fiquei com tanta raiva que resolvi tomar um banho para ver se eu me acalmava um pouco, mas infelizmente a água estava gelada. Gelada mesmo, só faltava sair gelo do chuveiro e só deus sabe Melane o quanto eu odeio água gelada e o pior de tudo era que não tinha chuveiro elétrico. Eu só faltei ter uma morrer congelada.

Pronto era só o que me faltava para deixar a minha vida aqui no Green Hill ainda mais feliz. Mal posso esperar pelo resto do ano.

E isso foi uma ironia Melane.