Diário De Cris Sulivan escrita por Bri


Capítulo 3
1. Voltando para Green Hill


Notas iniciais do capítulo

mais um capitulo para vocês *--*



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DOMINGO, 4 DE JANEIRO DE 2009

Hoje é a primeira vez que escrevo em você Melane e me desculpa por isso, é que eu estava com muita preguiça de escrever nas férias de inverno  e porque não aconteceu nada de interessante na minha vida patética. E quer saber mais? Eu vou embora.

Serio pode acreditar minhas malas já estão ate prontas e arrumadas perto da porta.

A verdade Melane é que eu vou voltar para Green Hill hoje, a minha antiga escola interna em Belleville — uma cidade em Ontário que fica a 832 quilômetros de Washington DC e onde a cantora Avril  Lavigne nasceu. Eu não queria que nada me atrasasse nessa viajem, pois ela é tão importante que eu tive que usar todo o meu poder de persuasão — que não tenho — para a minha mãe me deixar voltar a estudar lá. Mas para falar a verdade eu só precisei dizer “ Mãe lá eu vou ter a chance de crescer na vida com o meu próprio esforço sem precisar das influencias do meu pai. A senhora não quer que eu vire uma vagabunda para sempre depender do meu pai ou quer?”  então eu só precisei esperar ela concordar. Eu confesso Melane, isso foi golpe baixo, eu já sabia que se usasse essas palavras e falasse do meu pai ela ia deixar, pois ainda estava com muita raiva dele após a separação e porque ela vivia dizendo as mesma coisas para mim e pro Cristiano. Ela quer que agente seja independente e não precisasse das influencias do meu pai — que ele trabalhava diretamente para o presidente — para nada.

Eu sei Melane que isso foi uma decisão precipitada, mas o meu pai concordou comigo, ele também acha bom eu voltar para lá, já que quando ele era adolescente e pobre estudou lá como bolsista e subiu muito na vida profissional.

Peguei o meu casaco — lá em Belleville faz muito frio nessa época do ano — e desci as escadas com as minhas duas malas e com cuidado extra para não tropeçar em nada. Essas eram as ultimas malas que eu ia levar para lá já que papai mandou as outras antes com as coisas que eu ia usar até o final do mês quando eu ia para casa passar uns dias com minha mãe.

Deixei as malas na sala e fui em direção a cozinha onde minha mãe estaria fazendo o meu café da manhã.

Agora você precisa saber unas coisinhas antes sobre a minha mãe antes de conhecer ela Melane. Ela sempre ver o lado negativo de tudo, serio, e sempre acha que se eu cair vou bater a cabeça, desmaiar, criar um tumor no cérebro e morrer dois dias depois. Acha que eu sou exagerada? Não sou mesmo. Disseram a mim que quando eu Ra criança e queria aprender a correr quer dizer andar a minha mãe quase faltou morrer do coração porque eu mal dava um passo e logo cai de cara e devo dizer que não mudou muito no decorrer dos anos. E quando eu estava aprendendo a andar de bicicleta — aos oito anos — ela só me deixava  andar quando tivesse um adulto por perto e só na grama, para quando eu cair não sofrer nenhum dano cerebral. E também teve aquela vez que eu queria virar ginástica, Melane você acha que mamãe me deu algum incentivo profissional? Nãããoo, ela me disse que ia morrer no primeiro pulo ou cambalhota que desse fazendo meu sonho desmoronar e desistir de vez. Mas o pior de todos foi quando eu disse a ela que iria aprender a andar de patins, sempre que ela sai para qualquer lugar que fosse  mamãe levava os meus patins com ela para eu não cair e morrer enquanto mamãe não estava.Será que ela achava que eu ia descer as escadas com os patins e tentar fazer manobras radicais igual como eu via naqueles canais de esportes?

Era exatamente isso que eu ia fazer, mas enfim.

Entrei na cozinha sorrateiramente. Mãe estava sentada na mesa com seus cabelos amarrados.

— Já esta tudo pronto? — mãe perguntou assim que pensei em lhe fazer um susto. Será que ela tinha adivinhado?

— Já mãe... e não, não estou esquecendo de nada — disse antes que ela me perguntasse.

Eu conhecia minha mãe muito bem e ela é um pouco imprevisível. Minha mãe sempre pergunta isso, quase como se eu não tivesse capacidade de lembrar. Mãe acha que eu não tenho o juízo certo e sempre disse e pensa que eu só não esqueci a minha cabeça porque ela é colada com o pescoço. É essa é a minha mãe.

— Tem certeza? — O que foi que falei Melane?

— Tenho.

— Então se sente logo para lanchar antes de ir.

Eu olhei para a mesa repleta de panquecas, pães e bolos e suco de acompanhamento sem a mínima vontade de comer e com aquele mal estar. Eu não gostava de comer nada antes de viajar, pois eu sempre sentia aquele mal estar e aquela enorme vontade de tirar as tripas pela boca.

— Estou sem fome.

Mãe me olhou de um jeito estranho como se não estivesse acreditando no que eu tava falando e isso só me diziam uma coisa Melane: ela achava que eu estava doente. Ela sempre tirava essas conclusões quando eu fazia algo de diferente como dormi mais cedo ou a falta de apetite. Não foi a toa que eu disse que minha mãe só vê o lado negativo das coisas.

— Esta sentindo o que? — Ta vendo? Eu estava certa.

— Nada mãe, eu estou apenas sem fome.

Mãe com certeza não acreditou em mim, mas eu me fiz de indiferente e ela esqueceu essa historia. Por enquanto.

Não demorou muito tempo para eu escutar varias buzinas no lado de fora da minha casa, provavelmente do meu pai. Por que eu tinha tanta certeza Melane? Por que o meu pai odeia esperar, assim como eu e assim como eu ele não gostava de perde tempo.    

— Chegou ele — disse minha mãe com desgosto. — É melhor você e logo antes que ele acabe com a buzina no carro.

Mãe me ajudou a levar as malas lá para fora e é claro sem direcionar nem um olhar para o meu pai que me esperava do lado de fora pronto para colocar as minhas malas no banco de trás.

— Tchau minha querida — disse minha mãe me abraçando e beijando o meu rosto. — Estude muito viu? E de um jeitinho de me ligar quando chegar.

— OK mãe.

Dei um beijo em sua bochecha e a vi entrando em casa.

Meu pai terminou de guardar as minhas coisas e nos entramos no carro.

Como eu já tinha dito antes o meu pai trabalha para o presidente dos Estados Unidos. Ele é uma a pessoa que eu mais respeito no mundo depois de Deus é claro. Muitas pessoas me dizem que sou mais parecida com o meu pai. Deve ser por causa dos meus cabelos escuros e lisos que são idênticos aos deles e também por causa da impaciência.

— Como esta sua mãe? — Ele perguntou assim que saímos de frente de casa.

Ele vivia perguntando isso desde que saio de casa. Eu quase tinha vontade de responder: “Chora todas as noites desde que o senhor a trocou por uma rapariga — não se assuste Melane eu nem sempre falo palavrões — e saio de casa. Mas não se preocupe depois de um tempo ela vai tentar esquecer que o senhor passou o coração dela em um triturador”, é claro que eu não disse isso. Ao invés disso respondi.

— Ela vai bem.

Eu juro Melane que eu queria ter raiva do meu pai por ele ter feito essas coisas para minha mãe, por ter traído ela e por nos deixar, mas eu não conseguia. Ainda passei uma semana sem falar com ele, mas o pior que meu pai fosse ele ainda era o meu pai quem sempre amei e que acho que não vou deixar de amar.

O caminho todo ate o aeroporto de Washington fomos calados, nenhum de nós dois gostava de ficar falando enquanto viajava e eu não me incomodava com aquele silêncio.

— Então pronta para estudar muito — disse o meu pai assim que viu o aeroporto.

O aeroporto de Washington Melane era o maior aeroporto que eu já vi — não que eu andasse muito de avião. Ele era uma enorme construção cinzenta e era possível ver  um avião que acabara de decolar. Tinha um nome enorme nome da cidade em letras feitas de aço que dava até para um cego ver.

— Não vejo à hora — fingi falsa animação, afinal eu odiava estudar.

— Quando eu estudava lá eu era o líder da classe e no ultimo ano fui o presidente do grêmio.

— Pai o senhor já me disse isso milhares de vezes — reclame, mas era verdade ele queria que eu e o Cristiano seguíssemos o seu exemplo.

— Mas não custa nada lembrar.

Descemos no estacionamento, colocamos as minhas malas no carrinho e entramos no enorme aeroporto de Washington que era uma visão completamente diferente do lado de fora.

O aeroporto estava lotado de turistas que iriam voltar para casa com os seus filhos ou de pessoas voltando depois de ir para uma cidade ensolarada nas férias de verão. Era possível ouvir uns zunidos de conversas e de choros de crianças zangadas e também ver varias famílias esterçadas por que os seus vôos atrasaram. Devia haver tantos encontros e desencontros nos aeroportos, tanta tristeza e felicidade ao mesmo tempo. Parecia ate a vida: umas coisas vão e outras vêm.

Ok parei. Não ligue para isso Melane, às vezes eu fico filosofando do nada e sem motivos. Não deve se preocupar com esses meus momentos estranhos e nem chamar um psiquiatra.

— Vá se sentar que eu faço o seu check-in — disse o meu pai se oferecendo para esperar naquela enorme fila. Meu pai estava mesmo de bom humor, pois nem morto ele iria se oferecer para fazer uma coisa dessas.

Eu andei ate aquelas desconfortáveis cadeiras de espera de plástico enquanto o meu pai fazia o meu check-in.

Não se passaram nem dez minutos direito e meu pai apareceu com as passagens nas mãos e avisar que eu deveria ir para a sala de desembarque e que daqui a sete minutos o meu vôo sairia. Então fomos para a sala de desembarque compartilhar uma coisa que nos dois odiamos: Esperar.

— Vôo de Washington dc a destino a Belleville 115488, por favor, vão a plataforma de desembarque — disse uma vozinha fina pelo o alto falante — repetindo, Vôo de Washington dc a destino a Belleville 115488, por favor, vão a plataforma de desembarque.

Levantei-me sentindo os meus olhos úmidos e abracei fortemente o meu pai já sentido a minha visão embaçada.

Não sei como explicar Melane, mas juro que tive vontade de desistir e voltar para casa nesse exato momento. Não sei, eu não queria deixar aquilo mais para trás.

— Tchau pai. — Eu disse antes que eu desistisse.

— Tchau Cris, e se lembre de ligar para mim quando chegar — ele me deu um beijo no rosto.

Peguei o meu carrinho e fui em direção a área de desembarque, mas sem antes olhar para trás e dar  outro “tchauzinho” ao meu pai.

É Melane, a Green Hill high school me esperava.


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