Os Guardiões da Existência escrita por kaio_dantas


Capítulo 9
Assim nasce uma amizade


Notas iniciais do capítulo

Como prometido um capitulo que eu achei emocionante gostei muito de escrever, podendo conhecer um pouco mais do grupo de Guardiões do qual Eterniel fazia parte.



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Depois de alguns minutos, os garotos terminaram e Noah chegou à conclusão que eles realmente estavam interessados no desfecho de sua história, os garotos mal tinham mastigado a comida antes de engolir.

—Bem, já que vocês terminaram de comer acho que posso continuar a lhes contar sobre a minha aventura.

—Como estava lhes contando, vi Mary e Anne saírem voando, focalizei minha visão o máximo possível para ter certeza que os meus olhos não estavam a me pregar uma peça, fiquei um tanto perplexo ao saber que tudo que aqueles jovens me contaram era verdade e também um pouco amedrontado por sentir que algo perigoso estava próximo e eu não sabia o que era.

—Espere um pouco, se elas saíram voando, você não conseguiu vê-las lutar. — Disse Ray.

—Acalme-se jovem, eu subi até o cesto da gávea e de lá observei com a minha luneta, vi uma nuvem, mas não uma comum, ela era formada por inúmeros vultos negros que voavam em alta velocidade, no começo achei que eram corvos gigantes, mas logo elas se aproximaram do barco e pude distinguir suas feições, eram mulheres esguias com vestidos pretos esvoaçantes, seus cabelos eram tão negros quanto suas vestes, a beleza delas era indescritível, mas o olhar, aqueles olhos frios até hoje faz minha espinhas enregelar. ”—Nesse momento um vento frio entrou pelas janelas e ouviu-se um silvo—Ele continuou— Elas seguravam nas mãos espadas reluzentes, mas que emanavam uma aura de morte, minhas pernas tremeram quando vi Mary e Anne indo na direção daqueles anjos da morte, crianças lutando contra aquilo, a ideia era assustadora.

—Foi quando elas entraram no redemoinho de vultos negros achei que seria o fim delas, mas de repente ouve uma explosão e grande nuvem de fogo e fumaça surgiu no céu.

—Elas sem duvidas são as melhores combatentes, juntando vento e fogo elas se tornavam verdadeiros explosivos móveis, mas assim que fumaça se dissipou pude ver que o ataque delas tinha surtido pouco efeito, o máximo que conseguiram foram chamuscar as pontas dos vestidos delas. As mulheres de preto avançaram com suas espadas na direção delas, elas se esquivam com inúmeras manobras, mas dava pra ver que aquilo não duraria muito tempo, eram pelo menos vinte contra apenas as duas, de tempo em tempo Anne lançava uma esfera de fogo, mas não adiantava quando elas não se desviavam usavam a espada para dissipar as esferas.

—Imbecis—Ouvi em uma voz que vinha de baixo de mim, era o jovem Eterniel que estava subindo em minha direção para observá-las.

—Quando chegou até o cesto, pediu-me a luneta emprestada e enquanto observava continuava resmungando.

—Qual o problema? —Perguntei.

—O problema é que elas nunca leem quando eu digo para lerem, acham que podem resolver tudo com força bruta, são duas trogloditas.

—Acalme-se Eterniel, o que são aquelas mulheres?

—Bruxas da sombra do Oeste, excelentes guerreiras, não muito inteligentes, mas são rápidas e resistentes. Provavelmente vão esperar que as duas cansem para liquidá-las.

—Então vocês precisam ir ajuda-las, não podem deixar que elas lutem sozinhas.

—Bobagem, não podemos é abandonar o navio, nossa única forma de chegar a Clessidria.

—Eu e meus homens defenderemos o navio, vá ajuda-las!

—Como se meros mortais pudessem enfrentá-las, não se preocupe, elas voltarão quando virem que não podem vencer, enquanto isso eu vou lá para baixo para preparar nossa fuga.

—Continuei observando, o embate continuava feroz, Mary estava lançando laminas de ar em todas as direções, as lâminas simplesmente atravessavam as bruxas fazendo-as tremeluzir como se fossem algo incorpóreo. Se as duas não fossem excelentes combatentes já teriam sido abatidas, as bruxas avançavam de forma cada vez mais ferrenha, por um momento uma delas quase atravessou Anne que usou uma pequena explosão para alavancar-se e fugir.

—Nesse momento vi um grande clarão, o ultimo e desesperado esforço de Anne exaurindo suas forças para tentar acabar com elas, pude sentir o hálito quente chegando até mim e uma grande nuvem de vapor surgindo aonde elas estavam, desviei meu olhar por alguns instantes para evitar a claridade e quando voltei a olhar vi Mary voando em alta velocidade na direção do barco trazendo Anne desacordada.

—Desci rapidamente para aguardá-las Eterniel estava sentando como se em transe fixando o olhar ao longe. Elas desceram em direção ao navio, Mary ofegante e Anne ficou desacordada, estirada no chão do convés, estava muito pálida.

—O que o estranho está fazendo sentado aí, ficou paralisado de medo?—Indagou Mary.

—Está tentando nos salvar, o que pelo visto vocês não conseguiram.

—Pare de defender ele Marvim, o que ele vai fazer? Jogar um daqueles livros estúpidos nelas, já que é a única coisa que ele sabe fazer.

—Vocês calem-se e parem de discutir. — Falou Melissa ficando com o rosto rubro.

—Até você Melissa, vai ficar contra mim?

—Eu não tenho lado, só quero proteger as pessoas que gosto e se pra isso tenho que passar inclusive por cima de vocês eu o farei.

Os dois se calarem, nesse momento as bruxas começaram a girar em cima do navio.

—Vamos seguir o plano do Eterniel, ele deve saber o que está fazendo, falou para determos elas o máximo que conseguíssemos, ele vai abrir um portal para outro lugar.

—Melissa nesse momento juntou suas forças e começou a levantar um globo de água em volta do navio.

—Vamos Mary, faça a água congelar!

—Você está louca? É água demais, estou exausta.

—Não me diga que a toda poderosa rainha dos ventos não consegue fazer isso. —Disse Marvim com um risinho sarcástico.

—Cale-se! —Nesse momento um vento gélido começou a soprar ao redor da grande bolha de água e aos poucos a grande esfera foi se solidificando.

—Quando quase toda a água estava congelada Mary desabou no chão, quase desacordada.

—Isso nos dá algum tempo, mas espero que ele não demore a abrir o portal.

—Ele nunca precisou mover algo tão grande quanto essa embarcação, vai exigir o máximo de seus poderes, espere o que é aquilo?

—O que Marvim?

—Que elas estão fazendo jorrar na esfera.

—Melissa então pode ver, as bruxas estavam vertendo de suas lâminas algum tipo de gosma verde que estava derretendo rapidamente a cúpula de gelo.

—Isso é péssimo, vamos Eterniel, por favor abra logo esse portal. — Nesse momento a embarcação começou a afundar lentamente como se estivesse em uma areia movediça.

—Começou, agora é a minha vez de testar os brinquedinhos que o Kazael me deu, ele abriu a bolsa que trazia na cintura e tinha inúmeras pedras dentro, ele sabia que não teria como usar meus poderes em alto mar, então me deu essas pedras retiradas da caverna, ele me disse que são quase indestrutíveis, fortalecidas com magia.

—Ele lançou as pedras para cima e as fez passar por um furo que as bruxas tinham feito, as pedras começaram a acertá-las como uma legião de pequenos insetos, fazendo-as ficarem desnorteadas.

—Não sei por quanto tempo vou conseguir distrai-las, Melissa.

—Fique calmo, metade do barco já foi sugado. Vai dar tudo certo, só precisamos de mais alguns minutos.

—Nesse momento três bruxas passaram para dentro da esfera, despejando seu liquido fétido, corroendo a madeira da embarcação.

—Nesse momento tive que intervir, tirei minha cimitarra e comecei a lutar com as três, não querendo me enaltecer, mas sempre lutei muito bem. —Marvim, cuide em manter as outras do lado de fora que consigo segurar essas. —Gritei, enquanto inutilmente deferia golpes contra as três bruxas.

— Quebre a cúpula, joguem-nas para fora. — Ouvi Eterniel gritar. Melissa então começou a desfazer a cúpula em volta de nós e apenas uma pequena parte do navio ainda não havia sido engolida pelo grande buraco negro abaixo dele que agora podia ser visto claramente.

—Por um momento perdi o equilíbrio e vi a morte refletida na lâmina envenenada da bruxa que vinha em minha direção, mas o jovem Eterniel se lançou entre mim e ela e quando achei que seria o fim dele a lâmina ricocheteou em seu escudo.

—Lance-as para longe Melissa e todos fechem os olhos. –Falou Eterniel com firmeza, Melissa fez turbilhões de água acertarem as bruxas que se encontravam ali conosco e Eterniel ofuscou-as com um grande clarão.

—Quando finalmente abri os olhos me maravilhei e me assustei com o que vi.

—Estava no meu barco, mas em volta estava tudo escuro cercado apenas por inúmeros pontos iluminados, era como se estivesse navegando por um céu estrelado. Passei algum tempo pasmo com aquela bela visão, tentando alcançar alguns daqueles pontos luminosos, eles pareciam tão perto, mas quando ia tocá-los pareciam inalcançáveis.

—Onde estamos? — Perguntei a Eterniel que estava sentado, ao meu lado olhando para o nada.

—No mundo zero, no nada, chame como achar melhor, é apenas uma região de transição.

—Poderia me explicar melhor? Não estou familiarizado com essa história de magia.

—Deixe eu tentar te explicar, é um pouco complexo, sempre que resolvemos nos teleportar para ir de um lugar par outro, usamos esse lugar, seria como um atalho, só que isso é feito tão rápido que não percebemos que esse mundo existe e achamos que apenas sumimos de um lugar e aparecemos em outro. Mas como você deve ter ouvido do Marvim, não costumo mover coisas tão grandes quanto esse navio, então só fui capaz de realizar metade do processo que é trazer-nos até aqui, assim que me recuperar nos levarei para o mais perto possível de Clessidria, acho que vai ser o suficiente para despistar as bruxas.

—Quando o barco começou a ser absorvido achei que iriamos afundar sem o fundo dele.

—Teleporte é algo complicado. Na verdade, para passar de um lugar para outro somos divididos em infinitas partículas e depois reagrupados aonde desejamos chegar.

—E se fossemos reagrupados de forma errada?

—Impossível, o universo tem suas próprias leis e tudo tem o seu devido lugar.

—Mesmo assim, a ideia de reaparecer com uma perna no lugar de um braço me assusta, tanto quanto aquelas mulheres malévolas.

—Elas são medonhas mesmo, mas existem piores. Não teríamos passado por todo aquele incomodo se Mary e Anne me ouvissem e parassem de treinar apenas os poderes dos anéis.

—Aquelas mulheres eram invencíveis!

—Parcialmente, a única forma de acabar com elas é eliminar a líder e ela nunca anda com o bando por segurança, foi por isso que disse que elas deviam ter lido os livros, se conhecessem os inimigos não gastariam tanta energia deferindo golpes inúteis.

—Você é muito sábio para sua idade, será um grande líder.

—Que o criador te ouça, acho melhor você ir tranquilizar a sua tripulação, acho que eles estão em choque escondidos no convés e eu preciso descansar e ajudar as meninas a se recuperarem.

— Então eu vou lá ajudar aqueles covardes do mar.—Ri. —Obrigado por salvar a minha vida naquela hora, sempre que precisar pode contar comigo.

—Estou às ordens, esse é o trabalho de um guardião, salvar vidas é o fardo dos heróis.

—Foi assim que minha amizade com ele começou e perdura até hoje. — Os garotos estavam maravilhados com os relatos que tinham ouvido, Eterniel de fato era uma grande pessoa, mesmo com aquele ar carrancudo, ele era alguém esplêndido.

—Então, no fim toda aquela conversa chata sobre conhecimento, ser poder é verdade.

—Exato jovem Ray, digo a todos vocês que escutem o que Eterniel lhes diz, nunca vi um combatente tão incrível quanto ele.

—Bem que você poderia nos contar mais dessas suas aventuras.

—Acho que por hoje basta de histórias Devyl, posso lhes contar mais depois, um bom marinheiro também é um excelente baú de recordações, em cada porto que ancoramos um novo conto surge, mas esse velho marinheiro precisa descansar e vocês também.

Todos agradeceram a Noah pela história e se dirigiram aos aposentos. Depois de uma grande história não tinha nada melhor que uma bela noite de sono.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e por favor comentem, vocês não imaginam como as vezes me sinto frustrado por não saber o que estão achando da minha história



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