Os Guardiões da Existência escrita por kaio_dantas


Capítulo 5
A voz que corrompe


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo serve como ponte para o outro então não é tão longo e como muitos pediram um aprofundamento nas características dos personagens esse capitulo focará a Morgan.



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Morgan voltou para sua casa, que era a mais distante entre todas. Ela era a filha mais velha. Suas duas irmãs mais novas eram Karine e Milena. Às vezes tinha a impressão de que seus pais, Adam e Verona, viam nela uma criança conturbada, se preferir perturbada. Ela, ao contrário de suas irmãs, não achava legal usar roupas cor-de-rosa e odiava aqueles lacinhos no cabelo, que em sua opinião eram extremamente chamativos e ridículos.

Andava sempre a sós pelo povoado e pela floresta, usava quase sempre vestidos de cores escuras e jamais abandonava sua inseparável capa preta, o que normalmente dava a ela uma aparência assustadora, quando juntada com seu olhar sombrio e sua pele que era de um branco pálido de quem não tomava tanto sol.

Numa certa época ouviu-se um boato que um fantasma estava a vagar pelo povoado durante a noite. Mas não havia nada de sobrenatural acontecendo no lugar, era apenas Morgan querendo ficar sozinha em seus devaneios. Ela não fez a menor questão de desfazer o boato, afinal após ele as noites se tornaram muito mais calmas e agradáveis. Sem contar o fato de que a menina se divertia com isso.

Em um determinado dia, quando o senhor Butler estava voltando para casa e a viu sentada em cima do telhado saiu correndo como o diabo fugia da cruz. Esse ocorrido lhe rendeu boas gargalhadas.

Seus pais resolveram o problema, eles desconfiaram que o fantasma pudesse ser Morgan e a impediram de sair à noite colocando grandes na janela de seu quarto, não que isso pudesse impedi-la de sair, mas ela preferiu acatar as ordens de seus pais.

Conheceu aqueles que se tornariam seus melhores amigos em uma dessas noites, que foi passear na floresta e encontroou-os tentando montar uma barraca. No primeiro momento, com a ajuda da escuridão, de alguns pálidos fios de luz lunar que entravam pela fresta das árvores e dos boatos espalhados pelo povoado ela foi confundida com um espírito e por pouco não foi apedrejada por Ray. Convenhamos, pensou ela, quem com QI acima de quinze tenta acertar um fantasma com uma pedra? Mas gritou: — Calma eu não sou um fantasma. - Ray soltou a pedra e junto com os outros se aproximou dela.

Eles conversaram um pouco e ela os ajudou a montar a barraca, já tinha alguma experiência com isso, tendo em vista que para seus pais acampar era a ideia que melhor descrevia um programa em “família”. Morgan sempre achou que o dia da “família” devia ser algo inovador, mas já que o povoado era no meio da floresta e já que ela vivia com os pais, estar com a família no meio do mato fazia parte do cotidiano deles. Todos riram quando ela falou isso, e nesse momento ela soube que havia encontrado bons amigos.

Quando Morgan chegou em casa estavam todos sentados na sala, provavelmente ouvindo o pai contar uma das histórias que o Pietro contara a ele veio ao pensamento dela. Já havia ouvido as histórias centenas de vezes e seria capaz de escrever um livro sobre tais. Suas irmãs as ouviam atentamente, não podia culpa-las ela também devia gostar das histórias quando tinha aquela idade (Karine tinha oito anos e Milena dez).

Morgan tentou não chamar atenção, desviou-se da sala e tentou esgueirar-se sem fazer barulho até as escadas que levavam ao seu quarto.

— Morgan, você não gostaria de ouvir seu pai contar uma história? - perguntou sua mãe.

Ela pensou em responder “não”, mas nos últimos dois dias se comportara de maneira fora do comum até pra ela: havia chegado demasiado tarde em um diae no outro extremamente cansada, se dissesse que estava exausta levantaria suspeitas.

— Já vou, mãe. Mas antes vou passar uma água no rosto. - Morgan tinha lembrado no momento em que falava da mecha de seu cabelo que a Fúria havia cortado e precisa ver como estava.

— Está bem, filha, mas volte logo, suas irmãzinhas estão ansiosas. - falou seu pai.

Ela foi até o banheiro olhar-se no espelho e ver qual o estado do seu cabelo. Por sorte a Fúria cortou um pedaço que não dava para notar muito, mas de qualquer maneira se seus pais notassem ela diria que era um teste para um novo corte, eles já achavam que ela não era normal isso não mudaria nada.

Morgan foi para sala se preparando para mais uma sessão de “monotonia com o papai”, nome que ela inventara para definir todas as programações chatas criadas por seu pai. Sentou-se em uma poltrona mais ao extremo da sala, talvez se não ouvisse bem o que seu pai estava falando conseguisse não dar atenção, mas teve seus planos frustrados por sua mãe, que pediu para que ela se aproximasse. Às vezes ela achava que sua mãe tinha a mesma percepção do Eterniel e sempre sabia o que ela estava pensando.

— Bem, crianças, hoje eu vou contar a história de quando o Pietro me levou para pescar no lago.

“Hoje” pensou Morgan, já tinha escutado aquela história pelo menos dez vezes e graças a ela foi capaz de compreender porque seu pai gostava tanto de pescar. Adam começou a narrativa.

— Me lembro como se fosse ontem... Era uma manhã de domingo e meu pai me acordou bem cedo naquele dia, nós morávamos nessa...

Era uma tradição em Athena, a maioria das pessoas viverem na mesma casa durante toda vida. O povoado tinha aproximadamente três mil habitantes e como não tinha uma área extensa, as propriedades eram passadas de pai para filho. A casa da família era a mais próxima do lago, para falar a verdade, era quase dentro do lago, o que tornava os peixes um constante almoço e jantar.

— [...] Naquele dia eu vi o maior peixe da minha vida, ele me puxou para dentro da água e ficou me arrastando sobre a água! Mas por sorte meu pai conseguiu agarrar meu pé quando eu estava chegando próximo à borda do lago e puxar-me para fora. O peixe me sacudiu muito, mas consegui pegá-lo tanto insisti que ele se cansou...

—Tá bom, amor. Já ouvimos histórias demais por hoje, vou preparar o jantar e meninas vão tomar banho.

Morgan subiu para seu quarto, que tinha um banheiro próprio. O quarto dela era bem organizado porque embora fosse liberal para algumas coisas era extremamente metódica para outras, seu quarto era bem claro, a mobília não era muita além da cama e de seu guarda roupa havia apenas uma prateleira com alguns livros.

Ela estava exausta e decidiu banhar-se logo para que pudesse descansar, entrou no banheiro e tomou um banho de tempo mediano, logo que saiu do banheiro cai na cama, tinha alguns pensamentos antes de ir dormir, pensou em tudo que acontecera nos últimos dias e sobre o fato de tudo parecer um sonho, até que ela dormiu.

Morgan ouviu uma voz chamar-lhe, era uma voz doce e atrativa, de repente ela não se encontrava mais no quarto mais sim a beira de um lago no meio da noite cercada pelas sombras, a voz dizia.

—Veja Morgan à solidão é o seu destino, onde estão seus amigos? Eles não se importam com você, só eu entendo seus sentimentos, só eu compreendo tudo que se passa dentro de você.

—Quem é você? E onde estão meus amigos? Falou ela entre soluços e com a voz tremula.

—Pode me de chamar de Iratus, eles te abandonarão Morgan, afinal quem gostaria de uma garota chata e sem graça como você.

—Não, você está errado eles não vão me abandonar, eu sei que eles gostam de mim do jeito que eu sou, me aceitam independente do que os outros acham!

—Garotinha tola, não importa no que você acredita, seus amigos irão te decepcionar e eu me alimentarei de cada gota de ódio que você terá por eles. –Morgan sentiu uma pressão em seu pescoço que a estava impedindo-a de respirar, foi quando finalmente conseguiu despertar e percebeu que seu travesseiro estava em seu rosto impossibilitando sua respiração.

Ela preferiu acreditar que era tudo fruto da sua imaginação, tinha que suportar muita pressão para sua idade, ela era responsável pela existência isso seria demais para qualquer um, mas no fundo ela sabia que não havia sido um sonho comum.

—Morgan vem jantar. Gritou a sua mãe.

—Já estou indo mãe. Ela desceu as escadas e foi para sala de jantar não estava se sentindo bem e mal provou na comida, só queria voltar para seu quarto ficar a sós com seus pensamentos.

Assim que terminou o jantar voltou para seu quarto, ficou a durante toda a noite acordada, tinha medo de voltar a dormir e sentir aquele vazio dentro de si novamente, o mesmo vazio que sentia antes de conhecer seus amigos. Morgan sabia que seus amigos jamais a abandonariam, mas simplesmente pensar nessa possibilidade lhe dava calafrios.

No dia seguinte ela levantou assim que percebeu que sua mãe já havia acordado, não aguentava mais rolar de um lado para o outro na cama sem conseguir dormir. Foi direto para o banheiro higienizar-se e vestir uma roupa adequada.

Ela desceu para a cozinha sua mãe já estava a preparar o café da manha, perguntou se podia ajudar em algo, mas sua mãe preferiu não arriscar, Morgan era desastrosa em tudo que se relacionava a culinária era capaz de causar um incêndio tentando fritar um ovo.

Foi para a mesa na sala e ficou esperando que sua mãe terminasse tudo, no começo ela estava sozinha na mesa, mais depois de algum tempo seu apareceu e suas irmãs vieram logo depois cantarolando uma musiquinha irritante, todos já estavam sentados quando Verona terminou de arrumar a mesa para o café.

Todos após o café foram se dedicar a seus afazeres, o pai era um dos poucos encanadores do povoado profissão que normalmente era passada de pai para filho, a mãe ficou ensinando as filhas mais novas, havia uma escola no povoado mais a maioria dos pais preferiam ensinar seus filhos em casa. E Morgan se dirigiu para a floresta para sua nova atividade rotineira.

Foi a primeira a chegar à floresta encostou-se em uma das árvore e ficou esperando os outros, aquela voz voltou a sua mente, mas dessa vez ela dizia apenas uma palavra.

—Sozinha... – A voz estava deixando seus pensamentos enevoados e quando deu por si tudo escureceu.

—Morgan, acorda. -Falava Denika chacoalhando-a.

Morgan abriu os olhos e ficou um pouco constrangida diante daquela situação, ergue-se e limpou suas roupas que estavam um pouco empoeiradas e com algumas folhas.

—Você está bem Morgan? -Perguntou Bryan de maneira preocupada.

—Estou sim, não precisam se preocupar, tive insônia esta noite, então acabei pegando do sono enquanto esperava vocês. –Falou ela, preferindo não citar o fato de estar ouvindo coisas.

—Se você esta bem vamos para caverna, não quero ver como fica o Eterniel quando o fazem esperar.

—Divino Lumine... E lá estavam eles na caverna.

—Bom dia pupilos. - Falou Eterniel, que estava de costas para eles olhando alguns livros de uma prateleira.

—Bom dia Eterniel. –Disseram todos juntos.

—Vamos Eterniel, fale o que faremos hoje, contra quem vamos lutar? –Disse Ray com entusiasmo exacerbado.

—Contenha-se jovem, hoje vocês irão estudar...

—Estudar, eu já faço isso em casa.

—Ray não me interrompa para o seu bem, então como ia dizendo, hoje vocês vão estudar, acredito que a maior arma que se pode ter contra um inimigo é conhecê-lo.

—Conhecer para quê temos os anéis e podemos acabar com qualquer que seja o inimigo em um estralar de dedos.

—Devylvejo que o poder está lhe subindo a cabeça, admito vocês venceram aquela fúria somente com os anéis, mas precisarão de muito mais que isso para deter a personificação da Ira. Iratus é tão terrível que só a sua voz faria suas entranhas congelarem.

Quando ouviu o nome Morgan sentiu um calafrio e fez u barulho que um misto de gemido e dor, por sorte ninguém viu.

—Certo estamos perdendo tempo discutindo se temos que estudar é o que faremos. –Falou Bryan finalmente utilizando-se da sua liderança.

—Então vamos, falou ele seguindo em direção a um dos portais da caverna, os garotos não compreendiam bem a caverna parecia que ela era viva e a cada dia estava a se transformar.

Chegaram num lugar onde havia um pequeno lago de água espelhada, que era deslumbrante já que refletia as paredes brilhantes da caverna.

—Que lindo! -Exclamou Denika.

—Admito o lago do “Saber” é lindo, mas não viemos aqui para admira-lo, ele se dirigiu a uma parede da qual tirou um cálice de prata cravejado com algumas pedras coloridas.

Ele mergulhou a taça no lago do Saber enchendo-a razoavelmente.

—Todos vocês beberão dessa taça, ela vai lhe proporcionar uma experiência única, estejam prontos.

—Você fala como se tudo que aconteceu conosco até agora fizesse parte do cotidiano, lógico enfrentamos fúrias com anéis mágicos todos os dias. Falou Ray cinicamente.

—Certo, mas prestem muita atenção em tudo que verão isso será muito importante.

Bryan foi o primeiro a beber a água do lago do Saber e o cálice foi passando por cada um. Os garotos de fatos passaram por uma sensação única, parecia que eles haviam entrando em um grande museu onde cenas passavam rapidamente sem que eles pudessem absorver nenhuma informação. Até que pararam em uma cena era uma sensação estranha parecia que eles estavam vendo tudo de cima.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco melhor a Morgan, sou um pouco suspeito para falar porque ela é uma das minhas personagens favoritas então sabem como é. Espero que de fato tenham gostado e por favor comentem.