DRACO PDV

  Durante umas duas semanas aproximadamente a vi no mesmo local, sempre do mesmo modo distante, pensativa, queria me aproximar, mas não sabia se deveria. Se era um momento adequado. Mas talvez por ela andar triste durante esses dias eu corra menos perigo indo falar com ela neste momento, me aproveitar da situação. Uma vez Malfoy, sempre Malfoy. Afinal, eu não tinha a coragem de um Grifinório. Mas em compensação, era astuto como um bom Sonserino. Sabia muito bem aproveitar as oportunidades que aparecessem em meu caminho. Talvez essa fosse a minha hora. O meu momento...

  Fui me aproximando aos poucos, não queria assustá-la. A chamei baixinho quando estava a uns dois metros de distância dela.

- Granger?

  Ela deu um pulo com o susto. Se virou para o lado onde eu estava, como estava escuro não sei se me reconheceu de imediato, pois demorou um momento para responder.

- Malfoy?!?! O que faz aqui? Se veio aqui para me provocar não perca o seu tempo! Eu não quero ouvir!

  Ela falava altiva, demonstrando uma firmeza na voz que ela parecia não possuir naquele momento. Percebi que ela tentava se proteger de mim.

- Eu estava fazendo a ronda dos monitores. – Menti. Aquele não era o meu dia de ronda. - Não vim aqui para te provocar. Apenas para te avisar que deveria voltar para o seu dormitório. Se não terei que descontar pontos da Grifinória.

  Não conseguiria contar a verdade a ela. Que a estava observando. Ainda mantinha minha máscara de indiferença no rosto. Não iria baixar a guarda perto dela. Pelo menos não esperava baixar. Ela não revidou como eu esperava não me disse nada. Apenas me encarou com aqueles olhos cor de âmbar por alguns instantes, apenas analisando minhas reações. Talvez esperando por algum insulto ou algo do tipo, quando percebeu que eu não diria mais nada se virou e foi saindo. Em um impulso, um reflexo de uma ação inesperada segurei em seu braço, ela pareceu surpresa com minha atitude. Para confessar eu estava mais surpreso ainda comigo mesmo.

- Granger, - Olhei novamente para seus olhos, eles me prendiam, eles estavam surpresos, com medo talvez. Desviei meu olhar, não consegui manter seu olhar, era profundo de mais, verdadeiro de mais para mim. – está tudo bem?- demorou um pouco para sair a pergunta, o silencio predominava o local.

- Isto é alguma brincadeira?

  Perguntou sem se abalar.

- Não, não é...

  HERMIONE PDV

  Não conseguia juntar os fatos que estavam ocorrendo. Estavam um tanto confusos. Em um momento estava em frente a janela tentando relaxar, no outro Malfoy aparece, me manda ir para o dormitório. E em seguida segura em meu braço (neste momento confesso: Fiquei com medo!) e me pergunta se “está tudo bem?” O que foi que eu perdi? Algo passou por mim despercebido. Não sabia o que responder ou como responder. Então apenas disse:

- Meus pais faleceram... - com as lágrimas já invadindo meus olhos e molhando minha face, me deixando vulnerável em frente ao meu inimigo.

- Lamento. - foi o que ouvi Malfoy responder. Acho realmente que não ouvi direito. Foi a primeira vez em que nos falamos sem chingamentos ou insultos. Sua altivez, seu orgulho estavam em baixa naquele momento, pude notar.

- Não precisa mentir. – falei se forma seca.

- Você tem razão, realmente não preciso mentir. Eu não me importo com eles, para mim são simplesmente trouxas – eu iria protestar neste momento, ele sentiu. Então ele não deu tempo para mim protestar e concluiu. – Mas, me importo com você.

  Minhas pernas cederam naquele momento, ao som daquelas palavras, não podia ter escutado direito. Aquela declaração me deixou paralisada. Esperei por um momento para me recompor. E pele primeira vez na vida, me vi sem saber o que responder. Hermione Jean Granger sem uma resposta. Parecia até piada. E fiz algo sem pensar, desvencilhei meu braço de seu aperto e saí correndo para meu dormitório, meu lugar seguro. E o deixei para trás sem uma resposta.

  A noite foi longa, não conseguia dormir, só conseguia pensar naquela Doninha Albina, e no que havia me dito. Fiquei rolando pela cama sem conseguir “pregar” os olhos. Quando finalmente estou começando a sonhar...

- Mione! Mione! Acorda! Está atrasada para o café...

  Era a Gina me acordando justo no momento em que estava conseguindo dormir.

- Já vou levantar. Pode ir na frente, já te encontro no salão principal.

  Enquanto ela saia do dormitório. Levantei- me, estava com uma cara péssima! Fui me arrumar. Cheguei no salão principal atrasada, um fato que nunca acontece. Procurei por meus amigos e me sentei ao lado do Harry.

- Bom dia Hermione! – falou um Harry muito animado.

  O Rony apenas acenou com a cabeça, pois sua boca estava cheia de torradas. Coisa rara de acontecer, já que Rony quase não come. Com meus amigos meu dia sempre ficava melhor, eles me deixavam alegre, Rony fazendo palhaçadas, Harry me amparando, Gina e Luna bom, coisas de meninas...

  Em seguida fomos para as nossas aulas. Tentei ao máximo me concentrar nas aulas, realmente eu TENTEI, mas meus pensamentos estavam em certo loiro da Sonserina. Harry diversas vezes chamou a minha atenção para a aula. Perguntou por que eu estava tão distante. Disse apenas que estava com muita dor de cabeça e por isso não estava conseguindo me concentrar. Acho que não fui muito convincente, pois me olhou com uma cara de quem não acreditava em nada do que disse. Mas o ignorei e fingi prestar mais atenção nas aulas que se seguiram.

  Quando a noite chegou novamente o desespero de estar sem meus pais foi chegando junto. Durante o dia tinha meus amigos para me distraírem, mas a noite eu estava sozinha com meus pensamentos, quando a tristeza invadia minha mente, minhas emoções. E mais uma noite saí pelos corredores de Hogwarts. E no fundo eu sei que esperava encontrar alguém para terminar uma conversa que me tirara o sono na noite anterior. Tinha que terminar auela conversa, antes que eu enlouquecesse e acreditasse que não passara de um sonho... ou um pesadelo, dependendo do ponto de vista.