Naruto Pov.

Já se passaram três dias. Registamos mais seis mortes.

Quando é que isto vai parar?!

Uma delas foi feita minutos depois de ter saído da sala da Hokage.

Como não me dei conta?

Hinata estava desfeita com a morte da irmã, não saia de casa, e já não sabia o que fazer. Estava agora, a dirigir-me para lá, na esperança de a arrancar de dentro daquele espaço que só lhe podia trazer mais sofrimento e demasiadas memórias com que lidar.

- Va lá Hina, vamos ao Ichikaru tenho saudades de comer rámen!

- Na-Naruto-kun, não tens comido rámen?

- Quer dizer… - corei. – Preciso de comer não é? – sorri. – mas falta sempre qualquer coisa...

- O-O quê? Teuchi-san mudou alguma coisa?

- Não, não mudou nada. – segurei-lhe as mãos. - Mas tudo muda quanto não estás.

O sorriso pequenino que lhe floresceu nos lábios fez-me sentir gratificado. Não vê-la a corar, a cada palavra, a cada toque, a cada gesto meu, era como se não fosse a minha Hinata que estivesse comigo.

-Vamos?

- Não sei…

- Só por um bocadinho. Depois trago-te a casa.

Os seus olhos brilharam, e vi-a levantar-se, sorrir-me timidamente uma vez mais.

- Es-Está bem.

*

Hinata Pov.

Não havia maneira de não estar bem ao lado do Naruto-kun. Ele tem-me ajudado tanto a ultrapassar esta fase, que sinceramente, não sei o que seria de mim sem ele.

Não entendia o verdadeiro significado de quando alguém dizia este tipo de coisas. Afinal, vivera parte da minha vida sem Naruto.

Só que agora ele fazia toda a diferença na minha vida, era parte integrante, era como se fossemos unidos desde que nascemos e que estamos destinados um ao outro.

Ele comia satisfeito a sua refeição. Adorava vê-lo como ele fazia tudo com gosto, o seu rosto tão sincero.

Era impossível não me apaixonar por ele.

- Hum? – tinha um pouco de massa no rosto. – Disseste alguma coisa, Hinata?

- N-Não.

- Ainda nem tocas-te na comida…

 - É que, estou… - tentei sorrir. Limpei com um guardanapo a sua cara. – estou cheia.

*

Aquele homem estava ali, no meu caminho, não me permitindo passagem.

Estava embriagado e trançava a álcool.

Tentei afastá-lo para o lado, mas este logo reagiu, dando uns passos desajeitados, de um lado para o outro, enquanto o seu olhar parecia vidrado e desfocado.

- O que é que queres?! Não cabes do outro lado da rua?!

Comecei a sentir novamente o desconforto, a agonia, o desespero.

Ele ia matar-me.

Cada movimento, cada risada, cada solavanco, deixava-me completamente em pavor.

Bati-lhe nas omoplatas fazendo-o cair para o meio do chão, dei-lhe um pontapé no estômago, obrigando-o a ficar deitado de costas, a rolar, gemendo de dor.

Era ele ou eu.

- Mas o que estás….

Quando olhou novamente, os seus olhos agora estavam escuros e aterrorizados, mas não me deixaria enganar.

Agarrei numa pedra pesada e grande e descarreguei-lhe em cima do peito.

As costelas partiram-se devidas á força do impacto, a dor fora tão grande que ele não conseguiu gritar, e eu continuei, batendo-lhe uma vez mais, e fora com tal brutalidade, que uma das costelas partidas perfurou-lhe um dos pulmões.

A respiração tornou-se desesperadamente superficial e forçada, até o corpo começar a ter espasmos, para finalmente, ele morrer, o sangue a escorrer pelos cantos da boca.

Fitei-o com um olhar profundo.

Sabia que estava morto, mas, tinha de ter a certeza, por isso, despedacei-lhe a cara com a pedra quase deslocando o maxilar.

A paz reinava agora no meu coração.

Não tinha escolha. Tinha de o matar, assim com fiz com os outros. Não sentia culpa nem qualquer tipo de ressentimento, apenas o alívio.

*

Hinata.

- P-Porque é que não me disse que já tinham sido mortas mais pessoas?

- Não te queria preocupar, Hina.

- Q-Quando é que isto vai parar? – tapei com as mãos o rosto. – Quando Na-Naruto-kun?

Comecei a chorar. Já estava cansada de todos os dias, ouvir uma vez mais, a falar-se em mortes. Não havia um único dia de paz sem medo ou receio.

- Não vamos apanhar esse maldito, ele não pense que vai ganhar isto.

- Já-Já falaram com a Tsunade-sama?

- A ANBU está por toda a Vila.

Demos pela presença de Shikamaru na janela. Estava ofegante, mas a sua expressão, denotava alguma seriedade.

-Naruto, Hinata, precisamos de reunir-nos na sala de Tsunade-sama.

- Já chamaram os outros?

- Só faltam vocês.

- Há novidades?! O que é que se passa? – quis saber Naruto.

- Há, Naruto. Só não sei o que querem dizer.

*

- Ontem á noite um homem foi morto.

- Isso já começa a ser uma rotina…

- Só que desta vez, alguém viu quem era.

- O quê?! – fiquei ansiosa. – Quem era?

- Vamos ouvir da boca da própria testemunha. Fale, por favor.

O homem tinha uma barriga que parecia um barril, enquanto segurava com força entre as mãos um boné, mostrando que começava a ficar careca, a roupa que trazia era simples, mas era óbvio que era um cliente assíduo de sakê.

- O meu amigo saiu perto de mim por uns momentos, tentei ir atrás dele, mas ele disse para esperar. – fez uma pausa como se tentasse não se esquecer de nada. – mas como vi que a demora era muita, fui atrás dele. Foi então que vi…

- Viu o quê? – o loiro estava inquieto.

- Um monstro.

Aquela palavra ficou a reinar dentro da sala.

- Que tipo de monstro?!

- Não sei, era escuro e parecia ter manchas vermelhas. Ele estava a bater com uma pedra no meu amigo… - o homem subitamente passou a mão pela cara. – mas ninguém pode calcular a violência. Parecia que isso dependia da sua sobrevivência.

- E porque raio não foi atrás dele?!

-Estava demasiado apavorado para fazer alguma coisa! – parecia ofendido. – Eu também já tinha bebido uns copos, não estava propriamente apto para o enfrentar e quando fui tentar chamar alguém, ele já tinha desaparecido.

- Entendo. – Tsunade parecia meditar. - Obrigada pela sua colaboração. Pode ir.

O homem saiu e os olhares caíram sobre ela.

- Eu não sei se podemos confiar nele. – disse  Sakura. – Ele próprio admitiu que estava bêbado. Como é que teremos a certeza que tudo aquilo não foi fruto da sua imaginação?

- Sakura, é a única informação que temos. A ANBU não está a conseguir lidar com isto. A segurança vai ser mais apertada, daqui para a frente. – levantou-se. - Todos vão estar em um ponto específico da cidade. O Kiba e o Akamaru iram para o lado dos bosques, Neji ficara no centro da cidade, Naruto ficará na entrada da Vila. Shikamaru ficará aqui comigo, vamos tentar arranjar uma estratégia para o inimigo. Enquanto Sakura, Hinata e a Ino, ficaram por aqui, fazendo rondas de hora a hora, caso seja necessário efectuar alguma urgência médica.

- Começamos já, Tsunade-sama?

-Imediatamente!

Continua…