Marotos - Uma Nova História escrita por Sara_McGonagall


Capítulo 36
In Memórian




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O caminho por onde James passava não era algum que ele já tinha visto antes. Era escuro, frio, e por mais que tivesse passado horas e horas em uma masmorra na noite anterior enfrentando torturas das quais ele não demonstrou ter se abatido vez alguma diante dos comensais mirins, ele continuava com seu olhar impassível. Sua mão firme empunhando sua varinha, a cada passo dado uma atenção redobrada. Como podia ter sido tão desatento a ponto de se perder do resto do grupo? Na verdade, ele nem ao menos sabia o que estava fazendo ali, que lugar era aquele afinal?

O assovio do vento o fez novamente parar e ficar em estado de alerta. Se havia uma corrente de ar, bem, muito provavelmente era só segui-la e sairia daquele beco escuro.

— Que raios eu estou fazendo.... PADFOOTH... MOONY??? – gritou ele mas não ouve resposta. Apenas sussurros vindos de alguma parte daquele corredor escuro e cheio de folhas secas.

— James??? – o garoto ouviu uma voz falando seu nome em algum ponto mais adiante. – James é você?

— Pai? – perguntou o garoto já com o coração aos saltos.- PAI!!!

Rapidamente James Potter correu em direção de onde ouvira o som da voz de Charlus, uma pequena elevação o levou novamente de encontro ao seu tio William. Mas como? Ele tinha acabado com seu padrinho com as próprias mãos! Como isso era possível?  Porém  lá estava ele... diante de seu padrinho e seu pai.

— Eu disse para não vir Jimmy... – ouviu Charlus dizer enquanto encarava o irmão de joelhos diante dele.

— Eu tinha que vir... – disse James - ... ele é o culpado... foi ele quem extinguiu nossa família, foi ele o culpado por reduzir os Potter à cinzas.

 - Tenha Calma Jim... – começou William mas James o interrompeu.

— Calma? Calma o caramba seu traidor, você deveria saber que se aquele Lordzinho das Trevas não te matasse seria um de nós…  Você matou minha madrinha e eu não te perdoarei e muito menos terei clemência!

— Não Jimmy... você não é um assassino... – disse Charlus – Will irá pagar pelo que fez, isso eu lhe prometo, mas não quero que comprometa sua alma com algo que não terá mais volta.

— Eu não me importo... – disse ele em alto e bom som sem abaixar sua varinha.

— Mas eu sim... – respondeu Charlus e então James virou-se para encarar o pai, e foi mais ou menos nessa hora que ouviu a maldição.

— AVADA KEDAVRA! – segundos depois fora empurrado para o lado, apenas viu o raio que passava por seu ombro e atingia o peito de seu pai que caía sem dizer uma única palavra.

— NÃOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!! – gritou o garoto ao mesmo tempo que se sentava na cama. O rosto empapado de suor e o olhar de mais um maroto brilhou em sua direção.

— O que foi Prongs? – perguntou Sírius já sentado ao pé da cama.

— Na... nada... só um pesadelo... – disse ele, mas pela cara do amigo, bem, ele não tinham acreditado muito na história.

— Desembucha logo a história ou eu mesmo arranco ela de você Potter! – disse Sírius cruzando os braços em frente ao peito.

 - Algo não está bem com meu pai... – disse ele por fim. Quando chegou na mansão Potter naquela mesma noite, o medibruxo responsável não o deixou vê-lo, e isso o deixou ainda mais nervoso com a situação.

— Como pode saber? Você é algum curandeiro por acaso? – perguntou Sírius.

— Eu sinto Padfooth... quando o vi da última vez senti algo estranho... como se ele estivesse se despedindo... mas pensei que fosse apenas por conta da situação em que estamos... – disse James com pesar.

— Seu pai é um grande bruxo... – respondeu o garoto - ... tudo o que vem passando é claro que ele ia sentir uma hora ou outra James... mas isso não quer dizer que tem algo errado com ele, além disso, você seria avisado caso isso acontecesse... tem uma equipe de feiticeiros muito bons aqui...

— Não sei não Padfooth... – disse James - ... as coisas já não são como eram antigamente... e por mais que meu pai tente esconder as coisas de mim acabo descobrindo de um jeito ou de outro.

Sírius sabia da ligação forte que James Potter tinha com seu pai, aliás não só com ele mas com sua mãe também. Ele  mais que todos os conhecia e sabia exatamente como era essa relação. E mesmo que quisesse passar ao amigo tranqüilidade, bem, nem sempre isso funcionava do jeito que ele esperava, até porque, nem ele estava tão tranqüilo assim.

— Acho melhor dormirmos... – disse Sírius por fim – amanha vemos um jeito de falar com alguém Prongs... não acho que alguém se oporia a algo do gênero se está tão preocupado.

— Não Sírius... – disse James meneando a cabeça - ... a coisa está mais grave do que imaginamos... e tenho quase certeza de que essa vai ser a última vez que o vejo...

Sírius por sua vez tentou animar James mas ele mesmo sabia que Varíola de Dragão não era algo que fosse bom. Ninguém até aquele dia tinha se salvado e bem, os avanços com poções e tratamentos ainda estavam andando a passos curtos, e mesmo assim muitas não eram muito eficazes. Mesmo os Potter vindo de uma família exímios preparadores e inventores de poções. O garoto viu seu irmão de alma deitar-se na cama outra vez mas tinha certeza de que nenhum deles dormiria mais naquela noite. Fosse o que fosse que os aguardava pela manhã, não seria nada bom.

—________________________

Na manhã seguinte estavam todos em um círculo em volta da única mesa circular que havia na sala comunal. A folga de duas aulas logo após o café dava-lhes tempo para se reunirem e conversarem sem maiores problemas. Desde que Mandy sofrera nas mãos de Black e sua corja, ela desviava seu caminho sempre que possível dos marotos. O que para Sarah fora um benção sem tamanho. Estava reunida com a AG, o fato de terem pego os corvinais e expor eles a tortura desenfreada só mostrava o quanto a situação caótica estava cada vez pior.

— Você tem certeza? – disse Remus sentado ao lado de Olivia na mesa de sempre próximo a janela na sala comunal.

— Sim... – respondeu Sarah - ... aqueles cérebros de passarinho resolveram que seria um ótimo plano enviar “noticias” pelas corujas. Na verdade, a cabeça oca da Jorkins expos o que estava acontecendo no castelo naquele jornaleco e bem,  o resto vocês já sabem.

— Eu falei para o imbecil do Cooper que se quisessem fazer algo do gênero falar comigo primeiro... – disse Frank meneando a cabeça.

— Situações extremas... medidas desesperadas... – agora era Remus quem falava com sua calma habitual - ... não estamos tendo contato com outros alunos a não ser da nossa própria casa... isolados Carrow tem mais controle sobre as outras casas do que com todos juntos...

— Moony tem razão... – disse Peter. – ... mais vale o controle de grupos do que um exército desgovernado.

— Deu para filosofar agora Peter? – disse Frank sorrindo e Remus então gargalhou.

— E não é não? Eu preferiria separar meus inimigos e cuidar deles um por um do que pegar todos de uma vez... – respondeu o garoto e Remus concordou.

— E o que poderemos fazer? – perguntou Alice.

— Se eles querem realmente mandar noticias para fora do castelo... – disse Sarah – Albelforth não pode ajudar? Seria fácil mandar o informativo para fora usando o cabeça de javali.

— Sarah tem razão... – disse Olivia - ... se mais pessoas souberem sobre a situação de hogwarts... mais...

— Vou lhes repetir o que Albelforth disse a Prongs e Padfooth... – começou Remus - ... os bruxos lá fora estão com medo... não irão interferir pois sabem que vai haver retaliação...

— A revolução vai ter de começar de dentro para fora... – disse Sarah e então Remus a encarou. Estava preocupada, sim, o estado em que James passou pela lareira na sala comunal era assustadora. Bem, não “assustadora” mas preocupante pode-se dizer. Ela mais do que ninguém sabia como ele devia estar se sentindo. Não mandariam buscá-lo se não fosse algo muito sério. Seus pensamentos foram dispersos quando a voz de Emmeline ribombou pela sala.

— Eu posso tentar ver com a Jorkins se tem uma cópia do informativo que ela queria que saísse de hogwarts... – disse ela.

— Ótimo... – respondeu Remus - ... poderemos replicar e espalhar pelo vilarejo. Não podemos sair, não terão como acusar ninguém já que ninguém entra ou sai sem supervisão do nosso diretor...

— Isso vai deixar Carrow maluco... – disse Peter com um sorriso maroto nos lábios.

— Então é melhor fazermos isso o quanto antes, a aula de transfiguração começa em menos de 20 minutos... – disse Olivia fazendo todos se darem conta do que tinham pela frente.

Embora Sarah estivesse acompanhada pelos amigos, sua mente sempre ia para outro lugar. Estava realmente preocupada com James. Por mais que se repreendesse por tal comportamento. Não tinham mais nada, nenhuma relação a não ser “profissional” como dizia a Olivia, mas não conseguia evitar. Podia estar engajada na luta contra Carrow, ou até ter lidado com o luto por perder seus avós. Bem, esse último ainda tinha um “fiozinho” de esperança de que os encontraria vivos embora todos já tivessem se convencido de que eles não estavam. Temia por James fazer uma besteira sem tamanho caso algo pior acontecesse. Foi quando sentiu uma dor aguda nas costelas que a fez olhar para Olivia. Esta fez sinal para que prestasse atenção então olhou para a sua professora que lhe encarava.

— Quero que tenham em mente que os NIEMs não são apenas uma avaliação... ele é muito importante para que vocês tenham ciência de onde suas escolhas irão os levar... – dizia a professora Minerva em sua aula de transfiguração monitorada por um membro do ministério a mando de Amycus - ... e não Sr. Bringles, não estou “doutrinando” meus alunos a ir contra o Ministério e sim, que eles façam mais sabiamente suas escolhas para não serem propensos a erros tão absurdamente bobos. – então a professora virou-se para os alunos - ... não vai demorar muito para que os seus avaliadores cheguem a esse castelo, e espero que pelo menos os membros da minha casa, a Gryffindor tenham um comportamento exemplar.

— Espero que quando ela diga “exemplar” não queira dizer submisso... – resmungou Frank para Alice.

— Na verdade... Sr. Longbottom... – disse ela mostrando que havia ouvido o seu comentário - ... espero que não ajam como babuínos se batendo com gravetos, e sim, como bruxos altamente educados, e dignos da casa a qual pertencem.

—  Ou seja... olhar para o outro lado... – respondeu Emmeline e a professora encarou-a séria. Sarah pode perceber que ela correspondeu ao mesmo olhar o que no mínimo em outra ocasião seria digno de um mês de detenção.

— Não Srta Vance, apenas não se meter em assuntos nos quais possam prejudicar seu futuro antes mesmo dele ter a chance de começar... – disse a professora séria. - ... continuando...

Durante toda a aula o clima tenso era visto e sentido pelos alunos, Sarah então se sentia terrivelmente desconfortável com o comportamento extremamente arredio que Emmeline acabou tendo, principalmente atacando por assim dizer diretamente a professora McGonagall, alguém que vinha se sacrificando por eles nos últimos meses. A aula transcorreu perfeitamente bem na medida do possível, e devido a algumas intervenções do ministerial, a professora teve de se controlar para não jogá-lo pela janela. Obviamente a professora deixou claro que deviam se focar mais em transfiguração de matéria afinal isso seria um requisito bem visto pelos examinadores.

O Profeta diário daquela semana estava mais aterrador do que nos dias anteriores, mostrava um surto de Varíola de dragão descontrolado, algo que muitos já começavam a achar que estava sendo facilitado acesso a carne de dragão contaminada propositadamente para infectar a população bruxa e levar a um caos generalizado.

— Eu não entendo... – dizia Sarah sentando-se na poltrona na sala comunal depois de ter passado a tarde revendo os conceitos sobre Transfiguração de matéria. – É como se estivessem querendo fazer os bruxos ficarem doentes de propósito.

— Oras... e quem garante que não seja isso? – perguntou Olivia – Todos já começaram a ver que nosso Ministro não é lá essas coisas, e até onde sei, o conselho de Internacional de Magia já deve estar tomando providências para intervir contra o nosso ministério... não vai demorar muito para que as cartas comecem a cair e o castelo todo desmorone de vez.

— Então é hora de darmos uma “ajudinha”... – disse Remus com um sorriso – quero que façam o seguinte...

Durante o restante da aula, o grupo da Gryffindor ficou distribuindo as funções para que Remus e Peter conseguissem sair do castelo e ir até Albelforth entregar os tais informativos. Mas antes teriam de falar com os alunos para que pudessem então enviar o que era preciso para fora e ter a esperança de que alguém pudesse fazer alguma coisa. Se bem que tudo o que era possível de ser feito já estava sendo feito. Sarah e Olivia ficaram com a parte mais fácil, falar com Berta e os membros do informativo e isso era fácil já que teriam aula de feitiços. Coincidentemente, ou talvez propositadamente, o professor Flitwick lhes mostrou o feitiço de fazer fotocópias. Papyrus Translatio. De acordo com ele, era usado para cópias em grande escala.

— Mas professor... – começou a questionar Erick e então ele sorriu docemente para Berta e Anny que estavam ao lado de Sarah e Olivia.

— Oras meu caro Sr. Cooper... se quiserem seguir na carreira jornalística, com toda certeza deverão saber como se fazer cópias de seu material não é? – disse ele dando uma piscadinha para Berta - ... bem... quero que relaxem e se concentrem....

— Porque eu tenho a leve impressão de que o professor Flitwick está nos ajudando... – sussurrou Olivia em seu ouvido e então Sarah sentiu Anny se aproximando.

— É por que ele está... – respondeu a menina. - ... não queria ser enxerida mas ouvi seu comentário Hornby.

— O que nos faz ir direto ao ponto da nossa conversa... – disse Sarah - ... você, Berta, Pandy e Derick podem nos encontrar mais tarde no pátio do relógio?

— Eu e Berta com certeza... – disse a menina - ... já o Derick eu acho que tem detenção na enfermaria e a Pandy uma sessão de limpeza com o zelador.

— Vocês foram atacadas e ainda tomaram detenção? – perguntou Olivia e a menina loira então riu.

— Não... não... é isso... Pandy deixou os cabelos louros do Malfoy azul fosforescente com mexas prateadas na nossa aula de poções... ele não gostou muito e disse que ela fez de propósito.... – respondeu Anny.

— E ela fez? – tornou a perguntar Olivia.

— É... ela fez de propósito...  mas conhecem a Pandy, ela não ia confirmar o óbvio.... – respondeu Berta dando uma gostosa gargalhada na mesma hora que um clarão atrás dela chamou a atenção das meninas. O professor Flitwick acabava de copiar uma pilha de livros exatamente iguais e continuava aumentando.

— ... precisam ter em mente... – dizia ele - ... a quantidade exata de cópias que irão fazer, ou eles vão continuar se multiplicando infinitamente se não prestarem atenção... é uma questão simples... girem a varinha e digam o feitiço, estão carecas de saber...

— Esse feitiço veio mesmo a calhar... – disse Olivia então se aproximando mais de Any e Berta  - ... temos um plano para que consigam mandar notícias para fora do castelo...

— Isso mesmo... quantos informativos vocês conseguem produzir até amanhã a noite? – perguntou Sarah vendo os olhos das duas corvinais brilharem.

— Bem... sou eu... Pandy e Any... – respondeu a menina.

— Não esqueça dos Coopers... – lembrou Any dando um sorrisinho sapeca. – o Erick até pode ser chato às vezes mas o Derick ajudaria com certeza.

— Tudo bem... o que queremos saber é se conseguem fazer o maior número de cópias que conseguir.... – disse Sarah e Berta confirmou com a cabeça – muito bem... Assim que tiverem tudo pronto nos avisem, Remus e Peter é que farão as entregas em Hogsmeade e de lá o informativo terá asas... mas fiquem de olhos BEM atentos pois há ouvidos e olhos escondidos em todos os lugares...

— Tudo bem... os membros do informativo são de confiança...  -  disse Berta com um sorriso. – Podem ficar tranqüilos.

Sarah viu as corvinas irem em direção ao professor Flitwick que finalizava sua aula e então ouviu a voz de Emme por cima do seu ombro.

— Você não acredita muito nessas besteiras de confiança que a Jorkins falou ou acredita?

— Sinceramente... – disse Sarah olhando para Olivia e Emme  - não... só consigo acreditar nos Grifos da AG, e ainda nem em todos... – dessa vez falou olhando para a porta onde Evans saía sozinha pela porta.

— Nisso eu tenho de concordar com você... – respondeu Olivia, até então ainda queria arrancar fio a fio dos cabelos ruivos de Lily Evans, mas Sarah fazia todo o possível para não deixar as duas sozinhas no mesmo ambiente.  - ... ainda não engoli esse sapo.

— É porque não é de chocolate... – respondeu Emme dando uma gargalhada - .... se fosse Ali com certeza ela teria engolido assim mesmo...

— Eu o quê??? – perguntou a menina que estava as alcançando.

— Nada não Ali... falávamos sobre sapos de chocolate... – respondeu Sarah olhando para as outras. Sabia que Alice era muito amiga da Monitora e, querendo ou não ela ainda tinha esperanças de abrir os olhos da ruiva, mesmo ouvindo sermões do namorado.

            O almoço naquele dia foi tão tenebroso quanto os dias anteriores. Haviam poucos alunos, nas mesas das casas com exceção da mesa Slytherin que estava quase completa. Sarah sabia que muitas dessas ausências tinham haver com punições, mas quando Carrow I lançou um olhar para a mesa dos leões foi que ela sentiu como se uma pedra caísse em seu estomago. O fato era que James e Sírius não estavam presentes em nenhuma das aulas e mesmo a professora tentando acobertar Carrow já estava apresentando indícios de que estava desconfiando se realmente os garotos estavam por ali. Talvez tenha sido por isso que ela parou diante de Remus certa noite o colocando contra a parede.

— Tem de ter um jeito de virar a mira do Carrow para outro lado... – disse ela encarando o amigo - ... ele já está desconfiado de que James e Sírius não estão na escola.

— Isso realmente está me incomodando... – admitiu Remus agora com olhar preocupado.  - ... poderíamos usar poção polissuco outra vez... já funcionou antes...

— Conseguir os ingredientes não seria problema para a professora Minerva... – dizia Peter que estava ao lado de Remus - ... mas ele iria desconfiar se não visse a gente...

— Então temos de encontrar outra pessoa para assumir o papel deles... – respondeu a garota.

— Algo me diz que você já tem um plano... – respondeu Remus dando um sorrisinho com o canto dos lábios.

— Ter eu tenho... mas saber se vai dar certo é que é o problema... – disse Sara - ... vamos, preciso falar com o Longbottom.

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Os olhos castanho esverdeados de James Potter mais uma vez deslumbravam a luz tímida do sol entrar por uma fresta das cortinas de seu quarto. Seu fiel amigo roncava a sono alto na cama improvisada ao lado enquanto a cabeça do maroto não parava de trabalhar. Recordar o dia anterior em que fora chamado para falar com seu pai pela última vez abriu em seu peito uma ferida incurável. Que jamais cicatrizaria. E despedir-se dele, fora ainda mais doloroso do que ele imaginava. É incrível como você só consegue se expressar quando perde uma pessoa em definitivo. Palavras das quais você sabe que deveria ter dito enquanto a pessoa estava ali ao seu lado. Mas infelizmente o ser humano acredita ser uma rocha, e demonstrar afeto, amor é sinal de fraqueza. E ele mais do que antes não podia demonstrar isso, sua mãe podia até se mostrar forte diante da situação em que estavam. Mas ele sabia que por dentro ela estava tão destruída quanto ele, isso se não mais.

Não tinha a mais absoluta vontade de nada, se pudesse ficaria ali estirado na cama e que o mundo inteiro se explodisse. Mas fizera uma promessa a seu pai, que mesmo que já não tivesse forças, lutaria até o fim para que o Lord das trevas não tivesse êxito no que pretendia.

— Maldita hora em que fui prometer isso... – pensou ele enquanto jogava os cobertores para o lado e lentamente andava até a janela. Não se lembrava quando fora a última vez que conseguira dormir tranquilamente. Embora estivesse com seus “quase” dezoito anos, essa era a primeira vez em que via as coisas como elas eram. Fora da segurança de Dumbledore ou dos muros de pedra de Hogwarts, James Alex Potter agora via as coisas como elas realmente eram. Não que antes não as visse mas, eram diferentes. Os problemas bobos como a rivalidade entre Leões e serpentes, as intrigas com o zelador, até mesmo suas discussões com a leoa mais charmosa de Hogwarts não passavam de bobagens. Talvez fora nessa hora que se lembrou de como tinha sido um perfeito idiota com a garota. Somente agora sabia como ela estava se sentindo ao perder seus avós. E por medo que algo ainda pior acontecesse com ela a colocara para fora de sua vida. Sentiu o gosto amargo da sua própria tristeza. Não conseguia imaginar como Sarah conseguira suportar tamanha dor.

— Talvez porque ela seja ainda mais forte do que você... – murmurou ele enquanto via o pouco reflexo de si mesmo na janela. A camisa do pijama com alguns botões desabotoados, os cabelos revoltos e os olhos esverdeados encarando a si próprios por detrás dos óculos de aros pretos. - ... Você Potter foi um tremendo...

— Imbecil?

Ouviu a voz de Sírius atrás de si e então se virou. Deu de cara com o amigo sem a camisa, com olhos profundos e negros assim como os cabelos desgrenhados que caíam por sobre o rosto.

— Como eu... digo... como.... – começou James mas Sírius o interrompeu.

— Você não tinha idéia Prongs... – respondeu Sírius.

— Você não entende Padfooth... meus pais me criaram com todo amor e carinho que alguém poderia ter... me deram tudo e muito mais do que eu podia pedir... me ensinaram a dar valor as coisas e as pessoas... como eu pude...

— Pra começo de conversa... você não deve ficar se culpando por isso agora... sua mãe precisa de você. Sei que por mais que deva estar doendo, tem que ser a rocha que sustenta sua mãe agora.

— Não sei se vou conseguir fazer isso... – respondeu James.

— Você é James Potter... não existe nada que você não consiga fazer... – respondeu Sírius - ... bem... talvez ser mais bonito do que o papai aqui...

Por um breve momento, James sorriu. Não o mesmo sorriso jovial e galante mas ainda assim um sorriso. Pelo menos ter Sírius ao seu lado já era de certa forma era um pequeno grão de areia no meio daquele mar negro em que ele estava prestes a mergulhar. A despedida definitiva doera ainda mais do que James pensava. Sim, prestara suas últimas homenagens ao seu pai enquanto as chamas tomavam conta do seu caixão. Um ritual que a muito era feito em sua família ele, James já tinha perdido a conta de quantos foram os Potters que descansaram assim. As últimas palavras de seu pai ainda martelavam em sua mente.  Sua última “profecia” por assim dizer. O céu completamente cinza parecia refletir o seu estado de espírito. Por sorte tinha Padfooth com ele ou teria perdido de vez a razão. Bem, o pouco que ainda tinha.

Os dias que se passaram acabaram se tornando ainda piores. Sua mãe adoeceu drasticamente, e a conhecendo como a conhecia, bem, quando ela se foi para junto de seu pai. Bem, Sírius não tinha mais palavras para confortar. James via isso como também via tudo o que o cercava ir se perdendo aos poucos. Ele sabia do seu destino, sabia que agora era sua responsabilidade acabar com Lord das trevas. Seu pai lhe confiara essa missão e ele, James Alex Potter não o desapontaria. Não fazia parte de seu currículo fugir de uma boa briga. Sendo ela com um sonserino ou com o Lord das trevas. Conhecer o seu destino, bem James Potter conhecia. Mas daí a aceita-lo como seus pais gostariam? Bem, isso já era outro assunto. Por mais que James Potter tentasse, não entrava em sua cabeça que como seu pai lhe disse, era um mau necessário ele Charlus Potter, sair de cena.

— Os velhos saem de cena para que os mais jovens possam estrear... – disse Charlus.

James não conseguiu dizer nada. Apenas viu seu pai partir lentamente. Como se caindo no sono. Porém, dar adeus a sua mãe foi a parte mais difícil. Ele já tinha uma vaga idéia de que ela não suportaria viver sem seu pai, assim como seu pai jamais aceitaria viver sem sua mãe. Mesmo sabendo o que provavelmente aconteceria, passou a maior parte do seu tempo com sua mãe. Mesmo acamada devido a doença, James notou que ela havia desistido de lutar. Contudo, mesmo em suas últimas palavras lhe disse o que todos os seus amigos repetiam incansavelmente.

— Não a afaste Jimmy... você precisa dela. -  a ouviu dizer em um fio de voz. Sua mãe foi se apagando como a luz do sol que se põe. O coração que já estava gelado acabou se partindo de vez. E a única coisa que passou pela cabeça de James Potter, foi pensar em vingança. Vingança contra tudo e todos os que duvidaram da decência e integridade de seus pais. Estava ciente das conseqüências de suas escolhas, mas queria causar dor, a mesma dor que sentia em seu peito.

— Muitos bruxos estão na mesma situação Senhor Potter! – ouviu a voz de um dos membros da Ordem, mas não dera ouvidos. Aquele maldito Lord das trevas havia destruído todo seu mundo, toda a sua família, um legado que sabia seria difícil de reconstruir.

— Difícil... mas não impossível... – sussurrou ele mais para si mesmo do que para os outros.

Ele, James Potter levaria o real pesadelo para os que causaram tanta dor a inocentes. Agora ele conseguia entender melhor o que acontecia a sua volta. Entendia melhor porque tivera de abrir mão de Sarah e ter de controlar todo esse sentimento enlouquecedor que sentia pela garota. Ela também teria morrido se tivessem ficados juntos. A ver todos os dias lhe doía o peito, pensar nos momentos inesquecíveis que passaram juntos também doía... mas deixá-la de lado era devastador. James esperava sinceramente poder entender toda essa confusão em relação a ela algum dia. Mas esse dia ainda não tinha chegado.

O sol mais uma vez estava surgindo, e outra noite ele passara de olhos abertos, já não sabia exatamente a quanto tempo estava longe da escola, e também pouco estava ligando para isso. Por mais que Sírius estivesse ao seu lado, dando todo o suporte que precisava, caçar o Lord das trevas e tomar a vingança para si próprio era algo que teria que fazer sozinho. Talvez tenha sido por isso que tomara essa última decisão. Rumores sobre o paradeiro de Lord Voldemort estavam circulando por toda a parte, mas ele sabia, seu pai sabia exatamente onde poderia o encontrar. Foi até o escritório de seu pai. Sabia onde ele guardava todo seu “tesouro”. Tecnicamente nos últimos anos Charlus passara mais tempo naquele escritório/biblioteca do que em qualquer outro resto da casa. Quando tocara na massanet, Hooch e Twingle abriram a porta. A elfa dera um sorriso e tentara se curvar assim como Hooch equilibrando a pequena bandeja com frascos.

— Menino James precisa de alguma coisa? – perguntou a Elfa e então Hooch lhe dera uma cutucada.

— Não seja tola... Sr. James é nosso mestre agora... não se lembra do que nossos mestres disseram? – falou Hooch

Twingle começou a soluçar chacoalhando a bandeja enquanto lágrimas espessas corriam por seus olhos.

— Twingle não consegue acreditar que a Mestra não está mais aqui... – e mais soluços – Twingle não quer deixar essa casa...

— E porque você deixaria essa casa? – perguntou James um tanto confuso, não lembrava-se de ter ouvido sua mãe, mesmo no leito de morte ter libertado os elfos afinal, eles conheciam muitos segredos sobre sua família, Twingle e Hooch mais do que todos.

— Não é nada meu senhor... – respondeu Hooch rapidamente - ... Twingle assim como Hooch foi mandada servir ao jovem mestre... e como o mestre vai para Hogwarts Twingle acha que deve ir com o senhor...

— Tem muitos elfos em Hogwarts... além disso não precisam ir... tem de tomar conta do castelo enquanto estiver fora... – disse James tentando parecer o mais casual possível.

— O Sr. vai sair mestre? – perguntou Hooch.

— Não... digo... sabe... – começou o garoto sem jeito - ... tenho de terminar os meus estudos como mamãe queria... – nessa hora Twingle caiu novamente aos prantos - ... e quero me tornar um auror...

Hooch o encarou de cima a baixo e dera outro cutucão em Twingle para que parasse de soluçar.

— Espero que não tenham tirado nada do lugar... quero ver todos os arquivos e objetos dos meus pais antes de qualquer um. – disse James tentando parecer casual.

— Mantemos tudo do jeito que estava Sr. – disse Hooch.

— Está tudo no mesmo lugar onde o Mestre Charlus deixou. – respondeu Twingle.

— Ótimo... vou decidir o que sai e o que fica... e se tiver alguma coisa eu os chamo... – disse James entrando no escritório e rapidamente fechando a porta atrás de si.

 Tinha certeza de que seus pais mesmo longe do Ministério faziam suas investigações para a Ordem, eram muito disciplinados e principalmente organizados. Perdera mais ou menos algum tempo lendo e relendo algumas anotações até que finalmente achou o que tanto estava procurando. Um pequeno livro com capa de couro.

— Achei... – murmurou ele logo dizendo as palavras mágicas e o abrindo. Ser o último dos Potters tinha lá suas vantagens. Se bem conhecia seus pais, o feitiço de descendência em coisas importantes tinha sido feito naquele diário, e as palavras ele sabia de cor. Mas foi só dizer seu nome e o feche do cadeado se abriu. James se perdera nas inúmeras anotações mas uma em especial lhe chamou atenção. Sua fisionomia se fechara e o olhar maroto dera lugar a um jovem cego por vingança. Fechou o diário, foi até o enorme armário de ingredientes do seu pai, pegou o pó de flu e foi direto para a lareira. 

— Pub O Peregrino – Willshire. – disse ele rapidamente sendo submerso em uma chama verde vívido. Sem falar com ninguém. Nem mesmo com seu melhor amigo. Ele precisava fazer com que aquele lord das trevas pagasse por tudo o que havia feito e se havia alguma chance de encontrá-lo ele buscaria.

—____________________________

Embora James e Sírius estivessem deixado o castelo a uma semana, como era de se esperar muitos eram as idas e vindas de alunos rumo a Ala hospitalar. Por mais incrível que possa parecer, Sarah e Olivia não eram as vítimas dessa vez. Contudo, Remus e Peter eram os novos protagonistas. Talvez pelas cobrinhas não verem James Potter circulando pelos terrenos da escola ou pelos corredores do castelo, isso fazia com que seus dois amigos se tornassem seguidamente vítimas de alguma azaração.

— Você tem de se manter mais alerta Moony... – disse Peter mais uma vez enquanto saíam pela décima vez da enfermaria naquela semana.

— Mais alerta do que estou? – disse ele – Impossível meu caro... a proximidade da lua cheia acaba me deixando assim...

— Isso é verdade... – disse Olivia carinhosamente - ... ficamos tão preocupados em fazer o maluco do diretor achar que Potter estava no castelo que esquecemos completamente sobre seu “probleminha peludo”.

— Não se preocupe... sempre damos um jeito... e os texugos conseguiram um grande avanço na poção... -  respondeu Remus com um sorriso.

— Nossa... isso é incrível! – disse Sarah – Porque não nos contou?

— Estava ocupado lambendo minhas feridas... – disse ele timidamente - ... tanto eu quanto Justin somos as únicas cobaias... e é um pouco difícil para fazer testes apenas uma única vez no mês, sem mencionar que é extremamente perigoso, professora McGonagall e Sprout... assim como o professor Flitwick tem nos ajudado.

— Espero que não tenha sentido dor... – disse docemente Olivia outra vez, Sarah estranhou na verdade vê-la o tratando assim com tanto carinho e ainda mais na frente de todos, mas era a primeira vez que via Olivia feliz em meio a tanta tristeza. Pelo menos uma delas estava tão feliz quanto se era possível ficar.

— No início era bem doloroso... – disse Remus enquanto viravam no fim do corredor da sala de Feitiços - ... mas acho que Hardy acabou sofrendo muito mais do que eu se levar em consideração que ele é cobaia a mais tempo...

Estavam descendo para as estufas quando Amy Cavendish e o belo apanhador do time da HufflePuff, Amos Diggory apareceram gargalhando. O grupo parou para vê-los.

— Qual é o motivo de tanta graça? – perguntou Remus encarando os companheiros texugos e então Justin Hardy também apareceu gargalhando.

— Alguém tentou entrar nos porões da HufflePuff. – disse o garoto rindo ainda mais.

— Como? – perguntaram praticamente juntos Peter, Sarah e Olivia.

— Bem... não é de hoje que todos sabem sobre o lance de entrar nas salas comunais não é? Bem parece que alguém tentou se passar por um lufano e tomou um belo banho de vinagre... – concluiu o garoto.

— E descobriram quem foi? – perguntou Remus agora sério e Justin parou de rir quase que instantaneamente.

— Não... só vimos a poça no chão e o Frei Gorducho flutuando sobre ela xingando... – então ele se aproximou mais dos leões e encarou Remus. - ... Você acha que...

— Meu caro Hardy... tenho certeza... – respondeu o Monitor da Gryffindor.

— Então precisamos falar com a Professora Sprout... – disse ele agora parecendo aflito. Chamou então Amy e Amos e praticamente correram para fora rumo as estufas.

— Escutem... – agora era Remus quem chamava atenção dos quatro - ... alguém provavelmente a mando de Amycus tentou se infiltrar na sala comunal da Hufflepuff... provavelmente tentando descobrir qual era o precioso projeto em que a professora Sprout está auxiliando seus pupilos. Avisem os Corvinais que tanto eu quanto Peter iremos hoje a noite.

Sarah e Olivia então tomaram todas as precauções para que Berta e o informativo tivessem tudo o que era preciso para tomar asas como elas gostavam de dizer.

— Vocês tem certeza de que o dono do cabeça de Javali pode enviar essas coisas? – perguntou Berta para Sarah enquanto encolhiam os exemplares e colocavam em uma pequena bolsa extensível que Remus havia enfeitiçado.

— Ele pessoalmente... bem... acho que não... – disse Sarah pensativa - ... mas com certeza conhece pessoas que podem fazer. - Sarah então fechou o pequeno saco de veludo vermelho, e encarou as duas corvinais – isso é tudo?

— Sim, pelo menos são todos os que conseguimos fazer até hoje... -  respondeu Any.

— Ótimo... – respondeu Sarah.

Tomando cuidado para não serem vistas, Sarah e Olivia cruzaram o corredor principal da torre azul e pegaram a passagem secreta mais próxima que dava no corredor da biblioteca. Caso alguém as visse, poderiam dizer que estavam estudando. Ninguém as contestaria já que Olivia carregava um volume bem grosso de Magia defensiva. Algumas passagens secretas depois, lá estavam as duas entregando a “mercadoria” por assim dizer a Remus e Peter. Foi mais ou menos nessa hora em que uma voz ecoou pelos corredores.

— Caros alunos e nobres colegas e professores de Hogwarts, aqui quem vos fala é seu diretor Amycus Carrow I, quero informá-los de que a partir de hoje, todos terão que se apresentar no salão principal para as refeições, caso isso não aconteça, o bruxo em questão irá sofrer severas conseqüências... os vejo a todos as dezenove horas para o jantar... “click”.

— Porque esse súbito interesse em todos os alunos estarem presentes no jantar? – perguntou Olivia e então Sarah a encarou.

— Não é obvio? Está querendo que Potter apareça. – disse Sarah sentindo uma certa agitação. Não tinha a mínima idéia de como fariam “Potter aparecer” nesse bendito jantar. Bem, na verdade até tinha mas, até ai conseguir poção polissuco iria ser um problema.  Estavam quase na entrada da sala precisa quando ouvira um piado e Edward apareceu na janela. Em sua pata um pedaço de pergaminho.

— Edward? – perguntou ela e então abrira a janela. A coruja extremamente branca pairou no ar e então pousou suavemente sobre uma moldura e estendera a pata para ela. – Pra mim?

Rapidamente a garota desfez o nó que prendia o pergaminho e depois de dar um pequeno petisco que havia em seus bolsos. Ficou um tanto apreensiva no inicio mas então vendo seu rosto Olivia foi logo lhe perguntando do que se tratava.

— A professora Minerva pediu para que eu fosse até a sala dela... – disse Sarah.

— Será que aconteceu alguma coisa? – perguntou Olivia parecendo aflita.

— Não sei... mas é melhor eu ir até lá... encontro você depois na sala comunal... temos que dar um jeito de descolar a poção polissuco dos lufanos... – disse Sarah já começando a andar. Eram praticamente três lances de escada até chegar a sala de transfiguração onde ficava o escritório da diretora da Gryffindor. Quando ia bater na porta, ouvira atrás de si e virou-se.

— Que bom vê-la minha querida... – ouviu a voz de Minerva e sorriu um tanto sem jeito.

— Mandou me chamar Professora McGonagall? – perguntou Sarah e ela confirmou com a cabeça. Sarah não tinha notado que ela estava acompanhada de dois membros do ministério e então fingiu surpresa – Não é sobre aquele trabalho de poções ou é? Eu juro que não tinha idéia de que usar Ditamo com pó de enguia...

— Estou a par desse acontecimento Srta Perks... mas o que tenho a falar é sobre um assunto mais pessoal... – então ela virou-se para os dois e os encarou – Será que posso conversar com minha aluna em particular ou os senhores querem estar a par de assuntos íntimos femininos de uma adolescente?

Sarah ficara um tanto constrangida mas entendera que era o único jeito de fazer com que os brutamontes não entrassem na sala com elas.

— Hum, acho que não... vamos Srta? – disse docemente a professora e então ambas entraram na sala. A professora Minerva fizera sinal para que Sarah se sentasse e então com a varinha pronunciara algumas palavras que ela ainda não conhecia. A professora então sorriu brevemente  - Feitiços básicos usados por Dumbledore... mas não foi exatamente por isso que lhe chamei aqui Srta. A senhorita ou alguém de minha casa recebeu alguma coruja ou informação dos Senhores Potter e Black?

— Não professora... – disse Sarah sentindo uma pontada no estomago - ... não temos noticia alguma desde o dia em que eles passaram pela lareira... – a jovem então vira a boca da professora se firmar e formar um pequeno fio em seu rosto isso não era bom sinal.

— Sinto informar dessa maneira... mas acredito que saibam o quanto é importante sabermos sobre James e Sírius... – disse Minerva e Sarah a encarou.

— A Senhora quer dizer que eles sumiram? – perguntou Sarah já se levantando sem perceber. A garota pode perceber que sua professora parecia estar ainda mais cansada do que o normal. Nunca soube a sua idade exata mas era visível que o peso da responsabilidade estava começando a afetar.

— Bem minha querida... sei do apreço que tem pelo Sr. Potter, e não queria jogar mais esse fardo sobre você...  – disse Minerva. - A doença dos pais do Sr. Potter estava a muito adiantada... e bem, eles não sobreviveram.

Sarah sentiu um enorme nó em sua garganta e, as pernas vacilarem por alguns segundos. Deixou-se cair sobre uma das poltronas de veludo vermelho e encarou a professora sem saber o que responder.

— A Ordem está com problemas muito sério depois da morte Dearborn em missão... Todos estão com suas cabeças a prêmio, Dumbledore principalmente... e com o sumiço de Potter do castelo da sua família... não sei por quanto tempo poderei desviar os olhos de Carrow para outro lugar... – falou Minerva e Sarah então a encarou. - ... não temos pessoal suficiente e parece que os seguidores de Voldemort estão cada vez mais nos cercando... – então sua professora andara até Sarah e sentou-se em sua frente e a observou sobre os óculos - ... Sr. Lupin me disse que irão se aventurar essa noite...

— Er... sim... o pessoal do informativo confeccionou uma matéria reveladora sobre como estão os alunos dentro das paredes desse castelo com esperança de que alguém possa fazer alguma coisa... – começou Sarah e então Minerva a encarou. - ... conversei com Frank, ele se passaria por Potter mas não conseguimos poção polissuco ou ingredientes para fazê-la.

— Usar poção polissuco está virando uma marca em minha casa marca essa que não sinto qualquer orgulho... – disse a professora - ... mas nas atuais circunstâncias... – ela então lhe entregara um frasco de cerveja amanteigada. Sarah logo notou que aquilo não era exatamente o que parecia ser. – Entregue isso ao Sr. Longbottom por mim. Pomona optou por guardar seu estoque de poções em meus aposentos já que os dela são constantemente invadidos.

— Fiquei sabendo sobre a tentativa de entrarem nos porões lufanos... – disse Sarah guardando a garrafa no bolso das vestes - ... já descobriram quem foi?

— Não embora já tenhamos suspeitas... mas sem provas fica um pouco difícil de se responsabilizar alguém... bem Srta Perks... espero que se souber de alguma coisa por favor me informe...

A garota confirmou com a cabeça e então percorreu os corredores de volta até a sala comunal dos leões. Em sua cabeça compreendia o que James estaria passando, tecnicamente havia passado por isso não só uma, mas duas vezes, primeiro com seus pais... e agora com seus avós. E conhecendo aquele garoto como conhecia, o mais provável é que iria a caça de comensais até chegar em Voldemort.

— Aquele cabeça de pomo... – disse ela para si mesmo - ... como você Perks... pode se apaixonar por alguém tão imbecil!

— Se continuar falando sozinha vão dizer que além de tola é maluca também... – ouviu uma voz atrás de si e sobre sua cabeça o fantasma de Pirraça flutuando suavemente.

— Bem... não seria a primeira vez se quer saber... – respondeu a menina cruzando os braços - ... aliás, o que faz perdido flutuando por aqui... seu lugar favorito não é a Ala Oeste?

— Quis dar um tempo por aqui...  – falou o fantasma abrindo um sorriso ameaçador.

— Aham... sei... – disse Sarah arqueando uma sobrancelha, sabia que Pirraça não era fã de tranqüilidade e MUITO MENOS dar um tempo em alguma coisa. Foi então que lhe ocorreu uma idéia - ... bem... então como está “dando um tempo”... acho que você não teria interesse em uma bela bagunça na hora do jantar no salão principal ou teria?

Por um breve instante, Sarah teve a impressão de um estranho brilho no olhar de Pirraça se é que isso era possível. Então seu sorriso abriu-se diabolicamente.

— O que minha aprendiz honorária está pensando em fazer? – disse o poltergeist.

Sarah então usou toda a sua astúcia para implicar o máximo de sonserinos e membros do ministério que serviam de vigias de Amycus que ela conseguiu pensar. Fazendo Pirraça pensar que eles estariam tramando para tentar tira-lo de Hogwarts. O que para ele foi a mais horríveis das ofensas. Pirraça então atravessou o chão do terceiro andar, o que queria dizer que o caos já estaria por começar. Mais que depressa Sarah entrou na torre, procurou pelos membros da AG, teriam de ser rápidos se quisessem que Amycus visse Frank como James. Tomaram medidas para que “Frank” e “Sírius” tivessem dado entrada na Ala hospitalar com alguma travessura deixando assim o verdadeiro Frank “James” livre para transitar pelo castelo.

— Dá pra você relaxar um pouco Frank... – dizia ela finalmente colocando os óculos no garoto. – James não anda cabisbaixo, e muito menos se escondendo...

— E nem lançando olhares furtivos para a Bounce... – advertiu Remus bagunçando o cabelo negro do garoto. - ... ela vai ficar bem na ala hospitalar longe de todos....

— Aliás... como conseguiram que Madame Ponfrey concordasse com isso? – perguntou Olivia agora curiosa.

— Bem...como ela mesmo disse uma vez...se não souber o que acontece com os alunos, não precisa mentir para Amycus depois... então ela não faz mais perguntas... – disse Remus dando de ombros.

— Ninguém os viu entrarem lá ou viram? Sabe como é... Alice é menor que Sírius... – Agora era Frank quem perguntava, era estranho ver James Potter ali na sua frente e ao mesmo tempo saber que não era ele.

— Primeiro de tudo... Hardy fez muito bem o papel de Sírius... – disse Remus - ... fisicamente tem o mesmo porte físico, foi só colocar um uniforme grifinório nele, cobrir a cabeça com uma toalha e lá estava um belo exemplar de Black.... contudo, Alice tem o mesmo porte físico que você Frank... digo... pelo menos é visualmente menor... então foi fácil usar um pouco da poção polissuco que arrumamos pra você e dar a ela. A cara que “Frank/James” fez não fora das melhores. Era muito provável que Frank não teria gostado de ter sua namorada transformada em si mesmo. Ela teria acesso livre a certos “detalhes” que ele não estava muito seguro em mostrar.

— Também não procure ficar muito “feliz”... a professora Minerva me disse que James perdeu os pais para Variola de Dragão... – disse Sarah. Ela notara o espanto de Frank e Olivia mas Remus e Peter pareciam até já saber sobre o assunto.

— Vamos logo... não temos muito tempo... – disse Remus descendo com Peter e um James nada normal. Sarah então fora até o seu malão e surrupiara o pequeno pomo o qual ela testara habilmente o feitiço que o tornaria o pior causador do caos que hogwarts já havia visto. Colocou-o seguro no bolso e então descera para o salão principal com Olivia. Como era de se esperar, os olhos eram todos voltados para “James” que sentara-se ao lado de Remus e Peter e tentava manter uma conversa não ligando para os olhares. Sarah e Olivia então sentaram-se do lado oposto aos meninos e tentavam comer alguma coisa. Remus então olhara para ela e indicara a mesa do diretor. Amycus por sua vez não tirava os olhos do falso James.

— James... – chamou ela mas Frank parecia ainda mais distraído que o normal – James... – falou ela um pouco mais alto até que pegara uma azeitona e jogou em sua cabeça - ... esqueceu o próprio nome agora?

— Foi mal aí Perks... – disse ele ajeitando os óculos - ... o que foi?

— James Potter não abaixa os olhos para ninguém... isso inclui o imbecil sentado na cadeira do diretor... – disse ela.

Frank então pigarreou e levantou o corpo empertigando-se como um galo de briga e encarou o. Amycus erguera a taça como um brinde e depois de um cutucão de Remus, o falso James fizera o mesmo.

— Cadê o pirraça... – disse Sarah olhando para os lados, ela tinha a mais absoluta certeza de que ele não deixaria uma confusão  passar sem sua presença. Tirou o pomo do bolso, ele delicadamente começou a bater as asas em sua mão. -  Gemino.... – disse ela o tocando com a varinha, uma leve luz perolada o envolveu e momentos depois um pomo novo surgiu ao lado do primeiro. Se estivesse certa, a cada tentativa de acabar com o pomo ele se multiplicaria.

— O que está fazendo? – perguntou Olivia.

— Já que Pirraça não está entre nós... acho que vou ter de fazer uso de meus conhecimentos maróticos... – disse ela com um sorriso maroto.  – James... acho que você devia sair agora e deixar escapar esse pequeno pomo.

O falso James então levantou-se do banco e seguiu até a porta enorme de carvalho que dava acesso ao saguão de entrada. Minutos depois um pomo dourado entrou voando pela porta, ele sobrevoou elegantemente o topo do salão até quase acertar a cabeça de Lucius Malfoy.

— Mas que... – bestemou o garoto e então três varinhas foram apontadas para o pequeno objeto dourado. Assim que a mistura de raios atingiu o pequeno pomo, mais seis novos pomos surgiram quase que instantaneamente, parecendo furiosos e partindo para cima de seus atacantes. A aquela altura o caos já estava instaurado, e dezenas ou centenas de pomos de ouro voando em pleno salão principal e a cada instante, a cada feitiço lançado ele se multiplicava. Em meio a gritos de garotas cujos os pomos se emaranhavam em seus cabelos, uma explosão vinda na mesa da sonserina fez com que comida voasse em todas as direções.

— Que maldade... fazem uma festa e nem me convidam? – Sarah ouviu então a voz de Pirraça e no mesmo instante Amycus apontar a varinha para ele. Mas o Poltergeist era ainda mais astuto do que o diretor imaginava – Comigo não violão!

Na mesma hora, o fantasma pegara uma vasilha cheia de ensopado e arremessara sobre a mesa dos professores. Ela então fizera sinal para Remus e Peter aproveitarem a confusão e saírem do castelo. E foi o que os garotos fizeram.

— O que há de errado com esse fantasma? – Sarah ouviu um dos ministeriais falar para o outro enquanto mais feitiços eram lançados sobre o poltergeist. A professora Minerva assim como Flitwick ou Sprout, na verdade o corpo docente não fazia muito esforço para conter o fantasma.

— Pelas barbas de Merlin você é o professor de feitiços não pode fazer alguma coisa? – disse Amycus se esquivando de uma bandeja que voou feito um disco desgovernado e atingiu a parede atrás dele.

— Bom  o senhor não é o Chefe do Departamento de Leis mágicas, Sr. Carrow, acho que o senhor no mínimo deve saber que o feitiço do Gemino só pode ser desfeito pelo próprio bruxo que o fez... e quanto a Pirraça... não temos muito o que fazer não é?

— Tragam- me Potter... tenho certeza de que isso é coisa dele! – disse o diretor.

— Ora vamos Sr. Carrow... o garoto nem se quer estava presente no local como ele pode ter sido o culpado! – disse Minerva McGonagall o que deixou o diretor visivelmente irritado.

— Nem que eu tenha que verificar varinha por varinha Professora McGonagall... eu vou achar quem foi o bruxo que causou essa bagunça! – disse ele dando um giro de capa.

Sarah ouviu e sentira seu estomago dar voltas. Olivia então arregalara os olhos para ela. Se Amycus examinasse sua varinha é óbvio que veria que tinha sido ela.

— Não se preocupe Olivia, eu vou dar um jeito nisso... – disse ela levantando-se – temos de nos preocupar agora é com os garotos. Eles é quem precisam de cobertura. Mais que depressa antes que fossem uma das primeiras a ser chamada para a vistoria. O que queria dizer que James seria o primeiro e bem, James não estava lá, bem o verdadeiro. Como sairiam dessa bendita enrascada. Sem mencionar que Longbottom até podia ser corajoso mas não era muito bom sob pressão. Quando chegaram a torre, lá estava o diretor, uma marca escura sobre a testa e a cara de poucos amigos. Com uma professora McGonagall e um “James Potter” encarando sério.

— Como pode ver Sr. diretor... suas acusações são infundadas... não foi o Sr. Potter quem enfeitiçou o pomo de ouro. Sugiro que o senhor tenha mais cuidado em suas alegações. Sarah passou seus olhos de Amycus para a professora e depois novamente para Amycus, tinha a mais absoluta certeza de que ele a mandaria para fora do castelo a hora que tivesse a chance. Foi então que um dos seus ajudantes do ministério entrou e cochichou em seu ouvido. Um sorriso maligno brotou em seus lábios, e sem dizer nada saiu da sala comunal da Gryffindor com seus três capangas em seu encalço. Professora McGonagall lançara um olhar significativo para eles e então saiu atrás do diretor.

— Essa foi por pouco... – disse James/Frank que começava a se transformar novamente em Frank.

— Coloca “pouco nisso”... – respondeu Olivia, e então virou-se para Sarah e Frank – o que será que foi tão urgente que fez com que ele esquecesse de azarar o Potter?

— Eu não estou gostando disso... – disse Sarah - ... algo me diz que tem haver com as “asas do informativo”...

Algo bem lá no fundo de Sarah dizia que havia acontecido alguma coisa errada, e esse erro custaria e muito para todos eles.


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