Marotos - Uma Nova História escrita por Sara_McGonagall


Capítulo 37
Texugo Abatido


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estava com o típico "bloqueio de criatividade" mas já esta resolvido e vou voltar a escrever com mais frequência. Assim que for possível. Divirtam-se e boa leitura ^^



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Quando um pequeno pombo apareceu na sua janela naquela manhã, Amélia sentiu uma sensação estranha. Não pela pequena ave ter pousado e ficar bicando sua vidraça, mas por saber que a partir daquele dia, as coisas iriam ficar ainda piores. O fato de ninguém ainda ter noticiado a morte do casal Potter tinha lhe deixado um pouco apreensiva no início. Mas Moody dissera-lhe que fora o último desejo de Charlus, então era isso que tentaria ao máximo. Tudo bem que no Ministério as coisas estavam cada dia mais limitadas. Alecto, sua chefe, embora ela (Amélia) tivesse se dedicado ao máximo, nunca conseguiria ter a confiança que precisava da Bruxa.

— Ela não chegou onde está confiando nos outros... – disse ela para si enquanto jogava os pés para fora da cama e se levantava. Tinha de plantar indícios de que os Potters estavam em exílio fora do país, assim sua morte não poderia ser confirmada por completo. Sem mencionar que só o nome já fazia com que os bruxos das trevas tremesse, então era bom mantê-los com um pé atrás como dizia Moody.

— Bom dia Ame... – ouviu a voz de Analucia e sorriu.

— Mais um dia com esses bruxos no comando não é exatamente minha definição de  bom... – respondeu ela para a colega. Desde que Analucía levantara a suspeita de Alecto sobre um bruxo ter matado sua principal pista antes mesmo dela interrogá-lo, fez com que fosse perseguida por assim dizer por vários dentro do próprio ministério. Com medo de que aparecesse em uma vala em algum dia, Ana decidiu abandonar o Ministério, e foi por isso que Amélia decidiu abrigar a amiga. Não, Ana não estava sendo procurada “ainda” por traição, e ela acabou tirando a amiga do covil das serpentes antes de que a acusassem de tamanha calúnia. Por isso, Amélia adquirira uma identidade nova, como uma prima que tinha migrado do interior para a cidade.

— Não diga isso... sabe que é nossa última esperança lá dentro... – disse Ana e Amélia dera um suspiro.

— É eu sei... e é isso o que mais me preocupa...  esta cada dia mais difícil saber em quem confiar ali dentro. Shackelbolt é o único em que eu confio, apesar de que depois de ontem... – falou Amélia bebericando um gole da sua xícara de café.

— O que aconteceu? – quis saber Ana e Amélia então relatou tudo o que havia acontecido detalhadamente. Ela estava certa de que Sheckelbolt não teria acusado o jovem Willow Noose se não soubesse que ele realmente era culpado.

— É verdade o que Moody disse sobre os Potters? – perguntou AnaLucia.

— Infelizmente é... não sei muito bem dos detalhes... – disse ela baixinho, o mundo bruxo tinha o péssimo hábito de literalmente as paredes terem ouvidos. Mesmo ela tomando as precauções devidas, ainda assim evitava falar sobre o assunto “Potters” fosse em qualquer lugar que estivesse. – Nessa última semana soube que o filho deles andou cercando alguns comensais da morte ao norte daqui... não sei muito bem dos detalhes mas tive de me virar em 10 para poder desviar o olhar do ministério para outro canto. Por sorte McGonagall disse que com ajuda de uma “poçãozinha” conseguiram provar que ele estava no castelo, o que facilitou para mim desmentir aquele bebum do Jacob.

— Aquele moleque não percebe que pode arruinar tudo? – disse Ana agora séria – Todo o sacrifício que a Ordem vem tendo em protegê-lo...

— Eu não o culpo... – disse Amélia bebericando um gole de café - ... ele é jovem, e já viveu o extermínio da própria família, é perseguido como traidor, filho de traidores... enfim... até um auror a 30 anos no ministério ficaria fora de si... imagina um garoto de 17 anos?

— Mesmo assim, aquele “Chico” deveria ter mais consideração por Dumbledore e os outros... aliás... descobriram quem foi que pegou o coitado do Deaborn?

— Ainda não... – respondeu Amélia com um suspiro - ... eu sei que ele era meio desatento... e meio desagradável às vezes mas não merecia ter morrido como morreu.

— É isso que não entendo... – disse Ana agora se levantando e colocando a sua xícara na pia próximo a janela - ... por que Dumbledore deu a ele algo tão valioso? Porque não ficou com ele?

— Dumbledore tem suas razões... talvez achasse que fosse óbvio demais não é? Que se por acaso o pegassem... ele talvez não precisasse mentir.  – respondeu a garota coçando a cabeça - ... ninguém consegue entender as maluquices de Dumbledore... nem eu o entendia quando estava na escola...

— Bueno... na minha humilde opinião... – disse Ana sorrindo - ... eu ainda não sei se ele é incrivelmente inteligente... ou absurdamente maluco, porém não puedo negar que esse hombre é muito poderoso.

— Nisso eu tenho de concordar com você... – respondeu Amélia levantando-se e indo até a janela. Algo na esquina lhe chamou a atenção e a fez se calar, o que chamou a atenção de Ana.

— O que foi? – perguntou a mexicana indo até ela.

— Está vendo aquela lixeira no beco próximo ao café? – disse Amélia indicando com o nariz por detrás da cortina de corujas.

— Onde? – perguntou Ana a abrindo a cortina adrupdamente, Amélia por instinto a puxou para baixo no instante em que via um flash de luz.

— Você ficou maluca? Está escondida aqui em casa e ainda tenta se mostrar na janela pra um fotógrafo sabe-se lá de que lugar saiu? – ralhou a garota e então Ana arregalara os olhos.

— Eu me esqueço disso às vezes... – disse Ana coçando a nuca envergonhada.

— Melhor você não esquecer... se comprometermos nossa localização Moody vai tirar nossa pele e nos fritar em óleo quente em um caldeirão.

Nem bem Amélia tinha falado, algo entrou pela janela estilhaçando a vidraça sobre elas. Mais que depressa Amélia lançara um feitiço em direção a fumaça que se materializava e um gemido foi ouvido. Um homem com um terno de risca de giz caiu no chão da cozinha.

— Anda rápido Ana, você sabe para onde ir... – disse Amélia vendo a amiga desaparatar. Ela não tinha muito tempo, pelo visto tinham sido descobertas e não ia demorar para que mais capachos do ministério aparecesse. Habilmente a garota apontou a varinha novamente para o corpo caído sobre o piso monocromático, pelo visto iria demorar para acordar. Quando pensou em desaparatar sentiu um baque em suas costas e fora jogada contra a parede. O gosto de sangue desceu por sua garganta, a voz esganiçada de Bridgite Olsen retumbou pelo aposento.

— Eu sabia que pegaria você... tentei dizer a Srta Carrow que você não era de confiança... – disse a mulher ruiva com olhar acizentado e nariz andunco. - ... agora eu tenho a prova...

— O que você tem são suposições... – disse Amélia ofegante enquanto tentava se recompor. - ... mas não esperava nada menos de gente com sua capacidade mental!

— Realmente... você não cansa de falar demais.... AVADA.... – começou Olsen a dizer mas fora arremessada com força pela porta de entrada do apartamento com uma explosão.

— Eu diria o mesmo sobre você... – agora Amélia ouvia a voz de Moody que entrava em meio a uma nuvem de fumaça - ... o problema desses imbecis é muito papo e pouca ação....

— Obrigado Senhor... – disse Amélia toda educada mas o resmungar inaudível de Moody deixou claro que a besteira quem tinha feito foi ela.

— Não é de hoje que tenho dito que se meteria em problemas ficando nesse lugar... – começou a dizer o bruxo - ... você sabe que tudo tem ouvidos nesses lados do rio.

— Eu pensei que estando bem embaixo do nariz do Ministério eles não desconfiariam...- tentou dizer Amélia mas Moody a cortou.

— Por isso que o Ministério está onde está... por novatos metidos a sabichões... – resmungou ele - ... se não tivessem elegido aquele

— Deixa de papo e vamos sair daqui... não vai demorar para os amiguinhos desses dois idiotas aparecerem... e eu não gosto de surpresas... – respondeu o bruxo tocando no ombro de Amélia e os dois desapareceram em um estampido alto.

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Cada minuto parecia ser uma eternidade. Por mais que tentasse não conseguia desviar o pensamento de Remus e Peter que tinham se arriscado a sair do castelo. Quando houve a comoção na noite anterior, Sarah tinha a mais absoluta certeza de que os dois tinham sido pegos. Não sabia dizer como, só sabia. Mal conseguiu pregar os olhos naquela noite, saindo do dormitório no meio da madrugada e ficando na sala circular até ouvir o ranger da porta de entrada. Dera um salto quando ouviu a voz de Sírius.

— PRONGS???? – entrou o garoto praticamente aos berros enquanto atrás de si vinha um Frank praticamente descabelado e um tanto desnorteado.

— Eu lhe disse Black... ele não está no castelo... quantas vezes vou ter de repetir. – finalizou o garoto.

Foi quando Sírius se voltou para Sarah e saltando uma das poltronas pegou-a pelos ombros.

— Onde ele está??? Por favor me diga que ele está nesse castelo mofado! – falou Sírius o que deixou Sarah um tanto chocada.

— Que história é essa? Ele não estava com você? – perguntou Sarah sentindo o coração saltar no peito.

— Até dois dias atrás estava... – disse o garoto agora alarmado - ... aquele idiota me enfeitiçou e sumiu do castelo Potter... se não fosse os elfos dele, eu estaria dormindo lá até agora!

— Ele foi atrás dele... com certeza... – disse a garota começando a andar de um lado ao outro da sala.

— Temos algo mais urgente com o que nos preocupar... – falou Frank - ... Remus e Peter foram pegos no pátio do castelo... estão passando por uma série de torturas agora.

— Como é que eles foram pegos? Achei que a sala precisa mudasse de direção sempre que fosse pedido! – o tom de voz de Sarah acabou saindo um tanto mais alto do que pretendia.

— Era isso que eu estava tentando descobrir quando encontrei a professora Minerva desgrenhada no corredor. Ela me mandou vir rapidamente para a torre antes que eu também fosse parar nas masmorras... – relatou Frank – pela cara dela, não duvido que Carrow estivesse a ponto de matar...

— Não diga isso... ele não ia ser tolo a esse ponto! – disse Sírius mas Sarah o encarou.

— Você não tem idéia do que estamos passando desde que você e James saíram do castelo... Carrow vem fazendo batidas, interrogando alunos... tudo para mostrar que James sumiu e que a professora Minerva tem haver com isso. Espero que tenha estoque de poção polissuco, pois não temos mais...

— Vocês tem se passado pelo galhudo? – perguntou Black agora com uma expressão que mais parecia espanto do que credibilidade.

— Não só ele... você também... – disse Frank recebendo um olhar estranho do amigo - ... Ei não me olhe assim, a idéia foi da Perks...

— Precisávamos ganhar tempo... o que queria que a gente fizesse? Se Carrow realmente soubesse que vocês não estavam no castelo as coisas poderiam ficar muito piores... – falou a garota - ... se pegaram Remus e Peter... ele deve estar querendo saber onde está James e não vai demorar para que faça outra visita aqui...

— Rápido... – disse Frank - ... deve ter sobrado um pouco de poção no dormitório.

— E você está esperando um convite para ir lá e beber? – disse Sarah – Carrow deve estar a caminho!

Nem bem a garota terminou sua frase, ouviram uma movimentação anormal e então Lionel, um dos capangas de confiança de Carrow entrou acompanhado de Lucius Malfoy e Ken Carter, que traziam Remus e Peter bastante debilitados e sujos de sangue, o queria dizer que ambos tinham sido submetidos a uma sessão de tortura.

— Bem... não esperava encontrar mais alguém fora da cama como os senhores Lupin e Pettgrew, mas pelo que vejo mais alunos foram acometidos por uma insônia repentina.... – falou o ajudante do Ministerio encarando Sarah.

— E por acaso é algum crime estarmos preocupados com nossos NIEMs, meu caro Senhor? – disse Sírius o que causou um certo espanto.

— Ora, ora... faz tempo que não o via Sr. Black... me disseram que andava indisposto... espero que esteja restabelecido. Embora tenha encontrado sua mãe no Ministério a alguns dias e ela ter me dito que não sabia sobre seu estado de saúde. – o olhar provocativo do Ministerial fez com que Sírius cerrasse os olhos.

— Digamos que meu estado de saúde não importa muito a minha amorosa e dedicada mãe... – disse ele com um sorriso. O tom de sarcasmo nos elogios a Sra. Black fez com que Sarah mordesse o lábio para não rir da cara que Carrow fez. - ... além disso, o Sr. sabe como é... com a chegada do NIEMs não estamos tendo tempo de apreciar a companhia de tão prestativos membros do nosso Ministério.

— Compreendo... – então ele olhou para Remus e Peter que, pelo menos para Sarah, pareciam estar disfarçando a surpresas de ver Sírius ali diante deles. - ... encontramos esses senhores perambulando pelas terras da escola e... bem, quando perguntamos se estavam sozinhos...

— Não me lembro de vocês terem me perguntado alguma coisa antes que me atingissem com um feitiço estuporante... – retorquiu Remus.

— Não seria atingido se estivesse na sua sala comunal Lupin! – respondeu Malfoy.

— E que mal pergunte... – agora era Sírius quem cruzava os braços e encarando os dois sonserinos - ... o que essas duas cobras fazem na toca dos leões... deviam estar nas masmorras.

— Solicitei os serviços de dois alunos de confiança do Sr. Carrow para me ajudar a encontrar possíveis falhas na segurança... – disse o Ministerial - ... e pelo visto, se não fossem por eles... não teríamos pego esses dois...

Sarah pode observar Carter sacudir um Peter arredio, Remus parecia calmo e arrependido o que deixou-a ainda mais desconfiada. Quem poderia ter dado com a língua nos dentes?

— Bem, espero que os senhores tenham aprendido a lição. Uma vez dado o toque de recolher, é preciso que cada aluno volte para sua sala comunal e permaneça.

Peter foi abrir a boca mas Remus o interrompeu.

— Pode deixar Senhor... isso não vai mais acontecer.

O homem calvo girou em seus calcanhares e saiu da sala circular, Malfoy e Carter ainda lançaram um olhar provocativo para Sírius antes de o seguirem.

Assim que eles desapareceram pela porta do retrato tanto Peter quanto Remus deixaram-se cair sobre o sofá. Sarah e Sírius foram até os amigos e então levaram um susto quando alguém gritou.

— REMUS!!!!

Um vulto praticamente voou sobre Sarah, a garota tinha certeza de que era Olivia.

— Pegue o meu kit de poções Oli... – disse a garota.

— Mas... Remus... – Olivia resmungou.

— Rápido! – disse Sarah novamente.

— Onde está o James? – perguntou Remus fracamente. Sírius trocou olhares com Sarah, mas não disse uma única palavra. Então o garoto tornou a perguntar agora com mais força – Cadê o Prongs, Sírius!

— Não está aqui... se é isso que quer saber... – disse por fim Sarah enquanto Olivia lhe entregava um pequeno baú com vários frascos – Toma Oli, de esse tônico ao Remus e depois ao Peter.  A garota obedeceu. Remus até tentou abrir a boca mas foi calado com uma generosa dose de poção. – Sírius aplique isso naquele corte feio ali... – e indicou o braço ensangüentado de Peter.

— Desde quando está pensando em ser Medibruxa? – perguntou o garoto.

— Eu sou neta de um técnico de quadribol... remendo corpos e concerto ossos desde meus 5 anos. – disse a garota.

— ARGH!.... – gemeu Peter após a dose que Olivia havia lhe dado – Que coisa horrível é essa.

— Suco de abóbora é o que não é... – respondeu Sarah fechando o bauzinho e o colocando sobre a mesa - ... mas com certeza vai ficar bem até que dêem uma passada na Ala hospitalar amanhã.

— Parece bem pior do que realmente está... – disse por fim Remus recostando a cabeça no encosto da poltrona. Olivia sentada ao seu lado limpando o ferimento em seu supercílio.  - ... mas voltando ao assunto, se James não está com você...

— Ele sumiu Moony... – disse Sírius agora com certa urgência - ... voltei para o castelo achando que talvez ele tivesse voltado, mas não...

— E também não estava em Hogsmeade... ou nós com certeza saberíamos... – disse Peter - ... passamos a maior parte do tempo pelas ruas enfeitiçando os informativos e enviando para cada casa que encontramos.

— Poupe sua força Remus... – disse Olivia mas o garoto então se endireitou e encarou Sarah e Peter.

— Podem até achar que é mania de perseguição mas tenho a mais absoluta certeza de que os sonserinos estavam de campana só esperando a gente aparecer nos terrenos da escola.

— E porque é que você acha isso? – perguntou Sarah. Até onde sabia o pessoal do informativo era confiável. Pelo menos foi o que Jorkins havia garantido.

— Nem bem tínhamos saído do túnel do salgueiro eles praticamente saltaram para cima da gente feito dragões em cima dos seus ovos... – disse Peter massageando o ombro dolorido.

— Jorkins garantiu que todos do informativo eram de confiança... – disse Olivia agora olhando para Sarah.

— Bem... parece que vou ter uma conversinha bem interessante com Jorkins amanhã... – disse Sarah encarando Sírius que lhe dera um sorrisinho. Se James tinha bancado o mercenário, alguém ali tinha de continuar a luta contra Carrow,  e ela começaria seja lá com quem fosse daquele jornalzinho estudantil.

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O dia amanheceu como todos os outros em tempos difíceis, Berta ainda estava com uma cicatriz horrenda em sua mão esquerda depois de passar horas e horas sobre tortura nas mãos de Lastrange na noite anterior. Estava certa do que havia feito, e agora não era hora de dar para traz, a liberdade dos alunos dependia dela. Ok, não era somente dela, era meio que egoísta chamar toda a responsabilidade para si, afinal, não estavam realmente fazendo muita coisa. Mas como havia dito a seus amigos na sala comunal à alguns dias, se cada um fizesse a sua parte, conseguiriam sair daquele inferno ou pelo menos o tornar mais ameno.

— Ei Jorkins! – ouviu a voz de Cooper e então se virou. O olho do garoto agora em um tom meio amarelado em meio ao roxo se sobressaindo em meio a face rosada do garoto.

— Anda logo Cooper... tenho um monte de coisas para fazer... – disse ela continuando a andar obrigando o garoto a lhe alcançar.

— Não queria ser o cara a te dar más notícias mas parece que houve alguma coisa ontem a noite... e a Perks está querendo arrancar seu pescoço. – disse o garoto e então a menina o catou pela gola e o puxou para trás de uma tapeçaria. – Ei, ei... vai com calma...

— Quantas vezes eu já falei para você parar de tagarelar sobre essas coisas do informativo nos corredores... – disse ela lhe dando um chacoalhão - ... quer ir de novo para a sala de tortura?

— Foi mal... – disse ele – nem me toquei...

— É bom você começar a prestar atenção...  – ia dizendo ela quando algo lhe chamou atenção. Era a voz de Rosalie Parkinson, sonserina.

— Que coisa... porque é que esse fantasma não pode ser como os outros e ficar só no canto dele? – dizia a garota, pelo que Berta pode deduzir ela estava parada do outro lado da tapeçaria.

— O que tem de errado com o Bins? – ouviu-se a voz de um rapaz agora, e então Berta colocou a mão sobre a boca de Cooper para fazê-lo se calar.

— Como assim “o que tem de errado sobre ele”? – disse a Rose e Berta viu a tapeçaria se mexer mostrando que realmente eles estavam do outro lado, e em um tom mais baixo a garota continuou – Você sabe... fomos os responsáveis...

— Você está ficando maluca? – disse a voz masculina de forma mais firme e ríspida – Fizemos um juramento...

— VOCÊ fez um juramento... – disse ela agora em tom baixo mais visivelmente nervoso - ... não fiz juramento algum ao grupo... além disso, parece que ele sabe e vive me assombrando.

— Deixa de tolices... ele só está aqui pois não aceitou partir e preferiu ficar ensinando... – novamente falou o garoto.

— Mesmo assim... me dá arrepios... é como se ele soubesse que foi torturado até a morte... – disse a menina o que logo foi ouvido um gemido.

— Eu já lhe disse para fechar esse bico... – agora a voz do garoto era bem mais assustadora do que um simples alerta - ... ou vou ter de que aplicar um obliviate em você também?

Berta tentou apurar os ouvidos mas não conseguiu ouvir mais nada a não ser um gemido da jovem sonserina. Também não soube dizer quem era o garoto que estava por perto o que fez com que várias hipóteses passassem por sua cabeça.

— Quer dizer que o Bins não teve uma morte natural? – perguntou o garoto com os olhos arregalados encarando a jovem corvinal.

— Acho que a morte dele não teve nada de natural Cooper... – respondeu a garota.

— Temos que contar a alguém... – disse o garoto mas novamente Berta Jorkins o interrompeu.

— E quem acreditaria na gente? Não meu caro amigo... dessa vez temos que fazer as coisas como tem de ser feitas... precisamos de provas se quisermos acusar os sonserinos de assassinato... – disse ela e então o garoto a encarou.

— E como faremos isso? – perguntou ele.

— Ainda não sei... mas vamos dar um jeito de descobrir... – disse ela espiando pela tapeçaria para ver se estava tudo livre para saírem de lá. Com tudo normal os dois saíram de trás da tapeçaria.

— Eu não acredito que aquelas cobras tenham feito... – começou a dizer Derik Cooper mas o olhar mordaz de Berta fez com que ele abaixasse o tom de voz. – digo... tenham realmente feito o que dizem ter feito...

— Até parece... – respondeu a garota enquanto viravam no corredor rumo a sala de feitiços - ... qual o motivo para fazer alguma coisa contra o mestre Bins? Tem alguma coisa aí que a gente não viu...

— E é exatamente isso que temos de descobrir... – respondeu o garoto com o sorrisinho sapeca dançando nos lábios.

— Exatamente meu caro Cooper... porém não vai ser nada fácil tirar alguma coisa dessas cobras ainda mais com elas de olho na gente... precisamos de cautela se quisermos combater veneno contra veneno.

— JORKINS! -  ela ouviu a voz de alguém lhe chamando e quando se virou um vulto vermelho veio pra cima dela tão rápido que não teve muito tempo o que fazer. Viu-se jogada contra a parede com uma leoa apontando uma varinha em sua garganta.

— Hornby.... o que pensa que está fazendo? – disse Cooper mas Olivia não lhe deu ouvidos.

— Alguém do seu precioso grupinho andou falando demais... – disse ela entre os dentes - ... me dê só um motivo para não transformar suas penas em um travesseiro.

— Doo.. do que é que você está falando? – conseguiu dizer a garota e então olhou para o lado e viu Sarah Perks com os braços cruzados a encarando. – Não vai prendeu seu cachorro não???

— Até prenderia, mas ela tem motivos para acertar as contas com você... – e então chegou mais perto da garota e a encarou - ... ou você esqueceu que nos garantiu que ninguém abriria a boca sobre o nosso plano...

— Mas ninguém... – tentou dizer ela porém Olivia novamente apertou a varinha em sua garganta.

— Não venha com essa Jorkins...  alguém do seu grupo deu com a língua nos dentes, Peter e Remus passaram a noite sendo torturados, e eles tem certeza de que haviam sonserinos de campana só a espera deles... – disse Sarah em um tom sério e ao mesmo tempo cruel - então não me venha com desculpas... reze para que eu não ache o seu fofoqueiro capacho das cobras porque se eu puser minhas mãos nele, não vai sobrar um fio de cabelo pra contar a história... solte ela Olivia...

— Eu juro... não sei do que é que você está falando... – disse a menina mas Sarah apenas encarou os dois alunos mas não disse uma única palavra.

— É sério... –falou a garota massageando a garganta - ... não sei como eles possam ter estado lá... tomamos as medidas para que toda atenção fosse desviada... não sei o que pode ter acontecido...

— O que aconteceu... foi que um de vocês abriu o bico e quase todo nosso plano foi por água abaixo! – respondeu Olivia massageando os nós das mãos.

— Não conseguiram fazer a entrega? – perguntou Cooper alarmado.

— Por um milagre de Merlin... conseguiram... – falou Sarah ainda sem esboçar muita confiança nos corvinos - ... mas mesmo assim, eu não sei com quem vocês teriam comentado ou até mesmo o motivo de ter comentado sobre isso, pois os meninos apenas “foram pegos fora da cama” e isso não implicou em muito sofrimento, mas se tivessem sido pegos com seu informativo a coisa teria ficado realmente feia. -  Tudo bem que o motivo real deles terem sido torturados era por não dizer onde estava realmente James Potter, ou que talvez eles estivessem ido encontrá-lo mas como não haviam provas de que “realmente” o garoto não estava no colégio, não tinham como exigir mais respostas nem com veritasserum dos grifinórios. Mas obviamente não iria comentar sobre isso. – Enfim, espero que descubra quem foi a pessoa que falou ou alertou os capachos de Carrow sobre a saída dos meninos, caso contrário, se eu descobrir quem foi, você já pode ter uma idéia do que eu vou fazer...

— Está me ameaçando Perks? – perguntou Jorkins com seu nariz ainda mais empinado do que de costume.

— Realmente Jorkins... não é minha intenção ameaçar quem não mereça... mas considere isso um aviso... estamos em guerra... e eu, assim como toda a gryffindor estamos lutando contra esse mal que assola Hogwarts... você realmente não vai querer ficar no nosso caminho... ou vai? – perguntou Sarah com um olhar que praticamente dizia a menina para manter-se longe de encrencas. Sarah então saiu com Olivia cerrando os olhos e encarando os dois.

— E mais essa agora... – disse Cooper agora encarando a menina que respirava ainda com um pouco de dificuldades. Não sabia dizer se era do susto, ou apenas surpresa por ter sido pega assim.

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Já passava das dez horas da noite quando finalmente Sarah terminou sua detenção. Madame Pince não havia lhe dado folga em organizar os livros nas prateleiras e ela tinha a mais absoluta certeza de que a bibliotecária teve um certo “prazer” em lhe dar ainda mais trabalho do que deveria fazer. Sentia o músculo do seu ombro dolorido, sem contar que seu nariz e olhos lacrimejavam devido a quantidade de pó e ácaros que havia naquelas estantes centenárias da biblioteca. Ok, estava na lista negra de Carrow, assim como qualquer outro aluno que demonstrasse ser contra sua autoridade e métodos medievais, mas estava tentando com todas as forças não demonstrar isso. A professora Minerva contava com sua ajuda, e ela estava realmente disposta a engolir sapos e lagartos, porém não conseguiu evitar quando Swanson chamou McGonagall de Meretriz de Sangues ruins. Ela, Sarah Leah Perks era uma mestiça, seu pai era bruxo, sua mãe não. E nunca teve problemas quando o assunto era meter a mão na cara de alguém sem o uso da varinha e pode até parecer medieval, mas ahhhh como era libertador meter um soco na cara daquela sonserina.

— Outch.... – gemeu a garota pegando um dos livros mais pesado que Madame Pince conseguiu encontrar. Sim havia machucado o pulso quando resolvera socar a garota, mas era uma “dor prazerosa” como diria Sírius. – Bem... acho que esse é o último.... – disse ela olhando em volta. Já devia passar da meia noite, e mesmo sabendo que poderia ser pega no trajeto entre sua detenção e a sala comunal, chegou diante da bibliotecária e lhe encarou por alguns minutos.

— Já terminou? – perguntou a mulher com seu queixo proeminente e pontiagudo.

— Sim senhora... – respondeu a garota da maneira mais inocente que conseguiu.

— Então pode ir. – disse Pince agora praticamente a ignorando. Mas Sarah não se moveu. – O que está esperando?

— Oras... meu passe para os corredores... ou está planejando me deixar andando sozinha por ai, após o toque de recolher para ter novamente alguém para fazer seu trabalho? – perguntou a garota sem nenhum modo. Realmente já estava farta de tanta educação com quem não merecia.

Fazendo uma careta a mulher abriu uma gaveta ao seu lado e tirou um pedaço de pergaminho no qual estava escrito o motivo de Sarah estar até tão tarde nos corredores. Obviamente se algum sonserino a encontrasse, dariam um jeito de sumir com o passe, mas ela tomaria precauções.

— Muito obrigado... – disse Sarah assim que a bruxa lhe entregou o pedaço de pergaminho. Ainda andando a garota fez um feitiço para proteger o pergaminho de qualquer que fosse o feitiço de destruição. – Pronto... assim ninguém vai poder dizer que eu não tinha permissão...

Colocou o pergaminho seguro dentro das vestes e então começou a fazer seu caminho em direção a torre da Gryffindor. Achava estranho não ter visto seu diretor andando pelos corredores, nem mesmo na hora das refeições, se é que poderiam chamar aquela comida horrenda de refeição. Não sabia onde é que tinham ido parar os elfos domésticos do castelo. Até onde sua professora Minerva contou, estavam escondidos com medo demais para aparecerem depois de tantos deles terem sumido sem deixar vestígios. Eles deviam obediência ao diretor Dumbledore, por esse motivo não tiveram conflitos na hora de decidir não obedecer ao novo diretor. Até então todos no castelo tinham de fazer as tarefas que antes eram feitas pelos elfos, não que ela reclamasse, usar magia de limpeza era até uma maneira de se virar bem se quisesse morar sozinha. Foi quando sentiu um arrepio na sua nuca e virou-se assustada mas não havia ninguém. A não ser sombras bruxuleantes originadas dos archotes acesos em alguns pontos, não havia viva alma, ou no caso nem ao menos fantasmas flutuando por ali. Escutou muito atentamente espiando através da penumbra. Nada além do crepitar das chamas e talvez o som dos próprio vento passando pelos corredores. Meneou a cabeça, piscou algumas vezes tentando afastar qualquer pensamento que a pudesse distrair e levou a mão até onde estava sua varinha. Aprendera com James a sempre tê-la por perto, e ela se mostrara uma ótima aluna. Um sussurro passou por seus ouvidos como uma corrente de ar e novamente a fez voltar-se para trás, agora com a varinha em punho. Só podia ser algum metido a besta querendo lhe assustar. Fazia dias que não se ouvia mais falar de “ataques repentinos” mas talvez o fato de James não estar na escola, podia ter deixado seja lá quem fosse que estivesse tentando colocar a culpa nele sem muita opção. Embora ninguém na Gryffindor admitisse, nem mesmo os professores de que Potter não estava no castelo, (e ela tinha certeza de que Carrow também tinha essa certeza) seu diretor ainda não tinha conseguido provar.  Foi mais ou menos nessa hora que viu o que pareceu ser um vulto corcovear próximo a uma das janelas mais a frente. Lentamente começou a se mover em direção onde estava a sombra, e então ouviu algo, parecia mais um sussurro vindo das próprias paredes, um som longínquo, mas mesmo assim parecia muito próximo dela.

— Sarah Perks....

Muito silenciosamente, Sarah começou a andar na direção de onde vinha o tal sussurro. Sim, ela sabia que havia a possibilidade de ser uma enorme emboscada, e sim, a opção mais sensata seria dar a volta e procurar alguém. Realmente pensou nessa opção, mas várias outras acabaram passando por sua mente, e se fosse James quem a estava chamando? Ou talvez alguém que ele tivesse mandado lhe dar algum recado? Precisavam de toda ajuda possível naquele castelo...

Ela então respirou fundo e decidiu seguir seus instintos. O chão de pedra fazia pequenos ruídos debaixo dos seus pés, inclinou a cabeça mais uma vez e virou-se lentamente para ver o caminho após a curva, olhou para o lado direito, a porta do armário de vassouras estava aberta porém vazio, olhou então para o lado esquerdo e a sombra que estava mais a frente se moveu. Pensava que poderia muito bem ser o zelador, ou até mesmo algum membro do Ministério, simplesmente poderia virar as costas e tomar seu caminho mas novamente uma lufada de ar levou aos seus ouvidos um alguém dizendo o seu nome, agora mais alto e claro. Decidida a meter um feitiço logo de cara em fosse lá quem estivesse brincando com ela, seguiu pelo corredor. Do lado oposto da escuridão, onde o archote serpenteava a sombra se moveu novamente, depois virou e desceu rapidamente as escadas. A garota hesitou por um segundo, depois apertou o cabo de sua varinha e então prosseguiu golpeando ligeiramente os degraus de pedra seguindo a figura. Os corredores estavam silenciosos e escuros devido a hora avançada, a prateada luz da lua se filtrava através das poucas janelas que haviam no corredor da sala de Aritmancia. Sarah não conseguia ver com clareza mas agora a sombra parecia ser de uma pessoa. Não ela tinha certeza de que não era um fantasma. Era alguém de carne e osso. Decidida a continuar, ela seguiu mais uma vez o vulto que ia em direção ao final do corredor. Era próximo ao corredor que dava acesso a torre da corvinal, lugar onde ela pouco transitava. Quando chegou na bifurcação,  olhou em volta. O corredor no qual se encontrava  era alto e estreito, não havia janelas e uma única tocha incandescente próximo ao arco pelo qual ela tinha entrado. Portas fechadas revestiam o corredor em ambos os lados, feitas de madeira e reforçadas com barras de ferro. Atrás de uma delas, uma baforada de vento noturno fez com que algo rangesse baixa e longamente, como se um gigante adormecido tivesse gemido. Pé por pé ela passou pelo corredor, a tocha fazendo com que sua sombra se estendesse depois dela, pestanejando tremulamente na escuridão. Pensou em dizer alguma coisa, mas, optou pela surdina. Não queria que a figura a qual estivesse seguindo a visse, se é que já não tinha lhe visto. O corredor estava cada vez mais frio, a jovem deteve-se, olhando de esguelha desesperada para as sombras e então se virou. Algo tremeluziu pelo corredor a centímetros de seu rosto e então ela saltou. Um pássaro atravessou o que parecia uma porta entre aberta. A luz da lua se filtrava no espaço que se podia ver através da fenda. Com o coração aos saltos, Sarah empurrou a porta que se abriu com um chiado. Havia pedaços de ferro no chão, próximo a algo longo e negro com um gancho na extremidade. Parecia ser uma alavanca. Sarah então a afastou da porta e a abriu mais e então conseguiu entrar. O cômodo era grande e empoeirado, com escrivaninhas e cadeiras quebradas espalhadas desordenadamente, aparentemente enviadas por algum motivo qualquer e a muito tempo esquecidas. O teto inclinava-se para baixo na parte de trás, onde quatro janelas deixavam passar a luz do luar. A janela mais afastada estava quebrada. Os cacos de vidro reluziam no chão e uma das vidraças pendia tortamente como a asa quebrada de um morcego. Sarah então olhou a sua volta, teias de aranha pendiam das paredes e dançavam conforme passava as correntes de ar, mas não havia vulto nenhum ali, talvez ela o tivesse perdido, ou até mesmo pego a direção errada. Estava pensando em dar a volta quando houve um estrondo e um rangido do lado de fora do corredor. Sarah dera um salto dando a volta em uma escrivaninha e espiando pela porta, não viu nada mas ainda se podia ouvir um rangido ressonante na escuridão. Ela apoiou-se contra o interior da porta com o coração aos saltos, podia ver fracos lampejos verdes em sua visão periférica. Ouviu outro pequeno rangido agora parecendo mais abaixo no corredor, no meio da escuridão. Era como se chegasse de outro lugar até seus ouvidos. Mais uma vez Sarah recriminou-se por ser como era. Sabia que de onde quer que seus avós estivessem, estariam prontos para lhe dar um castigo, sem contar na professora Minerva que se soubesse desse seu desvio, a cozinharia viva num caldeirão de óleo fervente. Respirou fundo e seguiu pelo corredor, ele ia serpenteando no que parecia ser uma descida, não ouvira mais a voz sussurrante, e embora o frio da madrugada começasse a castigar seus membros, ela sentia em seu íntimo que havia alguma coisa errada e estava disposta a desmascarar fosse quem fosse que estivesse por ali. Depois o que pareceu um século, Sarah encontrou uma porta aberta, reconheceu vagamente o depósito do estoque de poções. Como ela tinha ido parar ali, ela não tinha a mínima idéia.

— Devia era ter me mantido no meu caminho... – resmungou a garota. Já estava dando a volta e decidida a voltar para a torre quando algo lhe chamou a atenção.

— O que pensam que estão fazendo? – era a voz de Daisy Hookum. Uma aluna Norueguesa que também estava no seu último ano em Hogwarts. Sarah a conhecia das aulas de Herbologia do seu quinto ano.

Houve um silêncio em resposta. Sarah então foi se aproximando de vagarinho pelo corredor, ao fundo, a alguns passos dela haviam mais dois vultos para onde Daisy estava olhando.

— Não deviam estar aqui... – disse a lufana outra vez virando-se – vou chamar o professor...

Mas tão rápido quanto a menina o vulto praticamente passou por ela bloqueando, foi então que Sarah viu se tratar de um aluno, estava de costas para ela, era mais de meio palmo maior que Daisy, sem falar que tinha a postura de um jogador de quadribol.

— Você? Como você pode se juntar a eles? – ouviu a lufana dizer e então um lampejo verde surgiu de alguma parte vindo de traz de Daisy. A luz esverdeada a envolveu e simplesmente ela caiu sobre o chão. Sarah ficara em estado de choque, podia não ter visto a maldição da morte ao vivo mas sabia o que aquela luz significava. Alguém havia matado Daisy Hookum a sangue frio!

— NÃÃÃÃOOOOOOO – gritou ela sem pensar duas vezes, sabia que poderia ser a próxima mas mesmo assim cairia lutando. Os archotes então um a um começaram a se acender, uma sirene absurdamente alta começou a tocar e os gritos de “Aluno fora da cama” começou a ecoar pelos corredores. O vulto que antes estava de costas se virou para ver de onde vinha o grito e Sarah parou com a varinha em punho, não conseguiu distinguir o rosto mas tinha certeza de que era um aluno. Na verdade, dois alunos. Ela tentou fazer com que seus pés virassem e corressem, mas parecia ter algum tipo de desconexão entre seu cérebro e seus membros inferiores. Ficou ali parada, diante de duas figuras que provavelmente a atacariam se não fosse as vozes anunciando que o castelo estava acordando. Foi então que o garoto fez a ultima coisa que Sarah esperava. Ele se virou e fugiu.

— Eiiiiiii...  – gritou ela mas a cortina da parte detrás do depósito ainda balançava por onde o garoto tinha atravessado. Sarah então começou a seguir o fugitivo sem pensar, o depósito de poções levava à própria classe de Poções, longas e altas mesas no meio da escuridão, as cadeiras recolhidas abaixo delas.  A garota parou, e aguçou seus ouvidos, ressoavam passos além do corredor. Seus próprios pés estalaram sobre o chão de pedra quando Sarah se esquivou  de uma das mesas e saiu pelo corredor seguindo o garoto. O garoto era ágil, mas ela também. Tanto que o alcançou em um ponto onde dois corredores se cruzavam.

— Estupefaça! – gritou ela mas com habilidade o garoto se esquivou. Ela pensou que viria uma retaliação mas não, ele continuou correndo. Por alguns minutos ela não se tocara onde aquela perseguição a estava levando, até que quando chegou a um certo ponto uma das escadas se moveu. Assim como ela, o outro garoto também levara um susto. Embora estivesse a anos em Hogwarts você nunca sabia quando as escadas se moveriam, ou a que lugar elas o levariam. Sarah então parou em um corrimão e debruçou-se sobre ele, intencionalmente olhando para a escuridão dos andares abaixo. Por um breve momento, o chiar sutil das escadas era o único som, até ouvir novamente o rangido de sapatos tocando os degraus, ali estava eles segurando-se ao corrimão enquanto o outro desaparecia na escuridão.

— Agora eu pego você! – disse ela para si mesmo. Se pegasse o assassino de Daisy talvez pudessem se livrar de Amycus... não fora assim que tiraram Dumbledore do castelo? Sarah então olhou para o corrimão, desde seu primeiro ano ela queria fazer isso mas nunca tivera coragem. Respirou fundo e subiu nele. Segurou-se com força e então se soltou. Os grossos corrimãos de madeira, polidos por gerações de elfos domésticos, brilhantes como vidro, eram como colunas de gelo. Ela saiu disparado pelo corrimão abaixo, erguendo a cabeça sobre o ombro para ver onde ia. Seu cabelo que estava agora úmido pelo suor minutos antes, sacudia-se sobre sua cabeça enquanto o ar o açoitava ao passar. Quando se aproximou do nível mais baixo, agarrou-se novamente com pés e mãos, e encontrou o suspeito subindo com dificuldade outro patamar um andar abaixo. Lembrou-se de ter ouvido uma vez James e Sírius conversando sobre como passar por aquelas escadas, era como um labirinto móvel, ela então escolheu outra escada exatamente quando esta começava a girar. Lançou-se sobre o corrimão e soltou-se novamente deslizando por ele como se tivesse engordurado. A um lado estava o abismo oscilante de escadas giratórias, ela então olhou para trás novamente, e viu o garoto alcançar o patamar abaixo cambaleando parecendo desorientado, enquanto afastava-se das escadas. Fora aí que Sarah então golpeou o garoto a toda velocidade, estatelando-se nas lajes do patamar. Ouviu o urro de dor do garoto e sufocou o dela quando a força da colisão o derrubou completamente. Houve um estampido penetrante, seguido de uma chuva de cristal tilintante e instintivamente Sarah cobriu os olhos espiando através dos dedos, Havia apenas uma silueta do garoto seguida pelo farfalhar da capa se afastando. Mais que depressa Sarah se levantou, sentiu uma dor aguda em uma de suas costelas.

— O que está acontecendo aí? – disse de repente uma voz áspera, vibrando de raiva.

Sarah engatinhou até pôr-se em pé, tomando cuidado para não tocar em nenhum dos vidros quebrados. Ela estava disposta a ir atrás seja lá de quem fosse o assassino ou cúmplice da lufana, as vozes ofegantes e xingamentos do zelador enquanto subia as escadas. Ia ser pega. Foi então que algo a puxou para trás de uma tapeçaria. Ela tentou se debater mas seus braços e boca estavam selados como se fosse pega por um feitiço. Então sentiu algo em suas pernas e estremeceu. Olhou para baixo e um pequeno elfo doméstico fazia-lhe sinal para que ficasse calada. Vozes e mais vozes nos corredores começavam a se aproximar.

— Que raios de Merlin aconteceu nesses corredores? – ouvia a voz grossa do que devia ser um dos capangas ministeriais do diretor.

— Carrow vai nos matar por não pegarmos quem foi que andou fazendo bagunça aqui... – dizia a voz mais fina agora, provavelmente de outro ministerial.

— Acredite... ele tem mais coisas com que se preocupar... – respondeu uma terceira voz. – Arrumem essa bagunça... há outra coisa que é preciso arrumar nas masmorras e essa creio que ele irá ter de resolver pessoalmente.

Passos foram ouvidos e então novamente o pequeno elfo encarou Sarah e fez sinal para que ela não gritasse. Sarah então concordou com a cabeça e embora estivesse assustada.

Não podia ver direito o pequeno mas não sentia medo dele. Foi então que com um estalido de dedos dele Sarah sentiu o corpo novamente sob seu controle.

— Srta Perks não deve ficar andando sozinha pelos corredores... – disse o elfo e então Sarah notou a voz ser diferente das dos elfos que ela conhecia. Era uma voz mais fina e de certo modo delicada. - ... todos corremos grande perigo.

— Obrigado... Senhor.... – tentou dizer Sarah mas o elfo a interrompeu.

— Não sou Senhor... sou Twingle... uma elfa domestica mandada aqui pela bruxa a quem Twingle servia para proteger a Srta Sarah Perks. – disse a elfa estufando o peito e a garota notou os olhos da pequena elfa se encherem de lágrimas.

— Bruxa a quem você serve? – perguntou Sarah confusa mas um ruído do lado de fora da tapeçaria.

— Servia... mas não há tempo para explicações agora... – disse a Elfa em tom de urgência pegando pela mão da menina e a puxando escadaria abaixo - ... Senhorita precisa chegar a torre da Grifinória em segurança, e Twingle jurou proteger a Senhorita.

Sarah não teve outra alternativa se não seguir a elfa por todo o trajeto. Não sabia quem a havia mandado ou a quem pertencia a elfa, também não lembrava-se de alguma vez ter visto a professora McGonagall com alguma elfa em particular. Com mais perguntas do que respostas, Sarah começou a subir a inclinação do pequeno corredor e então seguiu para a torre da Grifinória.


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