Plant escrita por mizuke


Capítulo 8
Capítulo VIII - Crônicas de Oitavo Neme [6/6]


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo da saga Crônicas de Neme, e agora sim a história vai entrar nos trilhos. Boa leitura!



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Aqueles foram dias de muita alegria para eles, embora a maior parte do planeta não fizesse idéia da sorte que tiveram.

Os terrestres (ou “guerreiros z”, como as vezes se chamavam entre uma piada e outra) comemoravam com bebidas e comidas na sala de jantar daquela que devia ser uma mansão.

Sim, todos estavam felizes. O vilão havia sido derrotado, a paz pairava sobre o mundo novamente, e não havia mais ameaças para se preocupar.

Todos satisfeitos e contentes, exceto por aquele solitário rapaz sentado no canteiro de flores (coloridas demais para seu gosto) daquele imenso quintal.

Mas não era na beleza do planeta (que seria seu novo lar, como ele já podia imaginar) que ele reparava. Ele observava a solitária escuridão entre duas estrelas ao norte, ouvindo as risadas ao fundo como trilha sonora de seu fracasso.

Ele havia perdido, eles ganhado. Parabéns.

Mas, naquele momento, ele não prestava mais atenção à festa, embora soubesse que esses brindes e risadas o atormentariam depois. Eram brindes e risadas da sua derrota. Ele não sabia porquê, mas sabia.

Superado por um Classe C. O que diria seu pai vendo isso? Zero quase sorriu, pois se até Freeza fora derrotado por ele, então com certeza Kenye também seria.

A família real havia sido superada por um maldito Classe C, e eles nem faziam idéia. Mais um ponto para eles.

Sua ficha ainda não tinha caído, e achava que nunca cairia completamente.

Estava livre? Sem responsabilidades? Sem missões para cumprir? Sem lutar?

Quando pensava em “liberdade”, Zero se imaginava sem monitores. Talvez até tenha sonhado uma vez ou outra derrotando Freeza, claro (ele derrotando Freeza, não um Classe C dado como morto), mas jamais havia se imaginado sem seu planeta, sem seu reino que por tanto tempo fora preparado para assumir, e todas as pessoas que o invejariam.

Não, sua ficha jamais iria cair. Tente dizer para um fanático religioso que todas as suas crenças são falsas?

Zero jamais se acostumaria com aquele planeta, com aquele tipo de gente feliz a todo momento, sempre sorrindo umas para as outras e perguntando sobre o dia, como se realmente se importassem. Pessoas como ele tinha uma palavra para isso, e apostava que eles a conheciam muito bem: hipocrisia.

Jamais conviveria junto com as pessoas que ajudaram a acabar com seu orgulho. Não viveria no mesmo planeta que ele.

A morte teria sido melhor? Talvez. Qual era o sentido de continuar vivo, se todas as suas expectativas e planos para o futuro haviam explodido junto com seu planeta?

Mas antes que pudesse dar o impulso para se levantar e cortar seus pulsos, ou antes que pudesse soltar uma bola de ki em seu próprio estômago, de repente uma luz o iluminou. Ele não mexeu um músculo se quer. Sabia quem era e o que queria.

- Não está com frio? Está ventando bastante hoje.

De longe ele reconheceria aquele cabelo armado e o som daquele salto alto, mas ainda assim com um toque de elegância. Era aquela menina de cabelo azul... qual o nome dela mesmo?

- Tudo bem você não querer participar da festa, – ela continuou – mas não está com fome? Se você come tanto quanto o Goku-san, então acho...

- Estou bem. Vá embora.

Bulma não foi. Ele estava sentado de costas para ela, mas ele podia sentir o cheiro dos salgadinhos no prato em suas mãos. Só esperava que não ventasse para que o cheiro não fizesse seu estômago roncar.

Até mesmo o barulho da sala de jantar ao fundo parecia ter diminuído, como se todos prestassem atenção à conversa dos dois.

É claro que esse silêncio não foi proposital (na verdade, os convidados nem haviam percebido a ausência da anfitriã), e os dois também não prestaram atenção nisso.

Bulma continuou com um tom de voz suave, como se se desculpasse.

- Eu não sei o que você está sentido, pois nunca tive uma perda como a sua. Bem, já tinha amigas que perderam o pai ou a mãe em acidentes, mas nunca ouvi falar de ninguém que houvesse perdido tudo... de uma vez... – como você, ela completaria, mas deixou a frase em aberto.

Zero não respondeu, e ainda não havia movido um músculo se quer.

- Está pensando em ir embora? Porque se você quiser ficar não tem problema. Temos bastante quartos aqui em casa, e... afinal de tudo, devemos isso a você.

- Vocês não devem nada a mim. – sua voz saiu tão de repente que Bulma deu um pequeno pulinho de susto. – Se você quiser agradecer alguém agradeça ao Kakkarotto.

- Bem... – ela continuou depois que se recompôs. – é claro que devemos agradecer a ele também. Ele salvou nossas vidas, não só desta vez, mas sempre que precisamos. Bem, é claro que não foram tantas assim, mas mesmo assim...

- Então não perca seu tempo aqui.

Bulma o observou por mais alguns segundos, achando que aquilo era uma brincadeira. Mas ele não disse nada, então deixou o pratinho ao seu lado e caminhou com passos pesados de volta para o salão, onde as risadas voltaram a encher o ambiente sem que ela se desse conta.

Com o tempo Bulma deixaria de se ofender com ele. Deixaria de levar a sério todas as vezes que ele era insensível e todas as vezes que ele a provocava. Mas ainda havia um longo caminho para isso. Afinal, estamos apenas no começo da história.

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1

Pela primeira vez na vida Kiy se decidiu sobre algo. Pena que não tenha sido a melhor escolha.

Ou talvez sim. Afinal, o que importa é morrer com estilo, certo?

Zero foi o primeiro a sair, depois Nappa, depois Raditz. Kiy e Todo não quiseram ficar por perto para ouvir os gritos, então os dois esperavam do lado de fora, se preparando para fugir o mais rápido possível.

Os planos haviam mudado: os dois fugiriam, e se os saiyajiins fossem condenados mais tarde... bem, eles já não estariam ali para fazer companhia.

Todo a abraçava, e Kiy sentia que aquilo estava errado. Bem, talvez esta tenha sido a segunda certeza de sua vida.

Não houve muita conversa. Os três saiyajiins invadiram a sala de Yuu-sama, mas Jako não estava por lá.

- Jako-san? – perguntou Yuu-sama, com sua voz arrastada e preguiçosa. – Não sei onde estar Jako-san...

Agora que havia provado o doce gosto da liberdade de novo, toda a sua paciência havia se esgotado. Dane-se aquela maldita técnica. Ele descobriria de outro jeito, mais tarde.

Zero esticou os dedos como se segurasse uma bola de baseball e disparou uma pequena bola de ki, mas que fora o suficiente para atravessar sua testa. Ninguém poderia defendê-lo, pois os corpos de seus guardas estavam amontoados à suas costas, como pedaços de carne em um açougue.

- Vamos embora. – declarou Zero, caminhando pela porta por onde entraram.

- Mas e o...

- Aposto que o casal apaixonado está à milhas de distância daqui, se forem espertos. Eles acham que somos matadores de alugueis, que nos vendemos por qualquer moeda. Ridículo.

Nappa e Raditz o seguiam como sempre, sem dizer uma palavra. Tudo o que queriam era ir embora dali, finalmente.

Os corredores estavam vazios ou com corpos empilhados por todos os cantos, mas os três passavam como se tudo aquilo fosse normal. Tudo o que procuravam era uma porta por onde poderiam encontrar a saída e se livrarem de toda essa perda de tempo.

2

Os dois não fugiram de imediato. Perceberam que o silêncio estava estranho, mas Todo não tinha a intenção de voltar para conferir o que estava acontecendo. Mas Kiy sim.

- Eles podem estar em perigo!

- Eles saberem o que tem de fazer, Kiy. Vamos embora!

Mas é claro que ela não o obedeceu. Ela soltou-se de seu abraço e correu de volta para o prédio, sem se importar se ele a seguiria ou não.

Mas ele a seguiu, e a reação dos dois foi a mesma ao ver o amontoado de corpos pelos corredores.

Bem, agora era tarde demais.

Como eles não previram que isto aconteceria? Kiy estava tão cega que havia esquecido da origem de seu novo amiguinho, e Todo tão concentrado que não prestara atenção em nenhum dos dois.

Kiy ouviu algumas death balls sendo disparadas no corredor ao lado, e suas pernas caminharam automaticamente para lá.

- Kiy! – Todo gritou – Deixe para lá! Eles vão te matar também!

- Você não vai tentar salvar os irmãos?

Todo, que já estava acostumado com os ataques emocionais de Kiy, não reconheceu aquele olhar. Era de puro medo, mas ainda assim de esperança. Ele não disse nada, mas também não a impediu de continuar correndo até o barulho das death balls.

- Isto aqui é um maldito labirinto. – ouviu Raditz reclamar. Ao seu lado estava Nappa, terminando de executar um soldado (se é que pudessem ser chamados assim) com tanta disposição quanto se estivesse espirrando veneno em uma barata.

- Vamos embora.

Raditz estava prestes a dizer algo como: “e você acha que estamos fazendo o que aqui, seu gordo morfético? Brincando de pic-esconde?”, mas foi interrompido quando ouviram o suspiro de surpresa de Kiy. Raditz a olhou por cima do ombro esquerdo, e então disse com um sorriso:

- Olha só, se não é a menininha da bandeja.

- Ei, você sabe onde é a saída, não sabe?

Kiy não precisava dizer nada para deixá-los saber de seu pavor. Sua retina não passava de um risco em seus olhos grandes e arredondados.

Foi quando outra pessoa apareceu, carregando um corpo como se fosse uma bolsa, jogando no chão como se estivesse amontoando o lixo.

- Não acharam a saída? – e então ele se deu conta de Kiy. – Ué, não fugiu ainda?

Quando Kiy o viu seus olhos pareceram aumentar tanto que o branco deles engoliram o que havia sobrado de sua retina. Ela se forçou a engolir os soluços, e então conseguiu dizer com um tom de voz um pouco mais alterado do que esperava.

- O que você fez? Este não era nosso plano! Eu confiei em você!

- Nosso plano? – Zero riu. – Não, seu plano. Você que tirou a gente de lá, então isso é sua culpa.

- Mas... – foi só o que conseguiu dizer, e então sua voz sumiu completamente.

Nappa gargalhou, e então disse:

- Você achava mesmo que nós faríamos o que vocês quisessem? O que ganharíamos com isso? Puxa, vocês são mesmo idiotas!

Kiy ainda procurou encontrar alguma coisa, algum traço de emoção no rosto de Zero que dissesse que tudo aquilo era mentira, mas ele nem parecia estar prestando atenção na conversa.

- Vegeta nos contou. – disse Raditz, e os três observaram a menina quase desmaiar ao ouvir o som daquele nome. Nappa gargalhou mais uma vez.

- Ah, você queria saber meu nome, não é? Prazer. Meu nome é Vegeta Zero.

Raditz se juntou a gargalhada de Nappa quando Kiy caiu sentada, e nem mesmo Zero resistiu. Kiy sussurrou seu nome, silaba por silaba, como se tentasse se convencer. Um sentimento ainda maior de medo a dominou, mas estava tão petrificada que suas pernas não respondiam mais a seus comandos. Foi quando Todo apareceu.

- Malditos! Vocês serem imundos! Sabia que não podia confiar em vocês...

- É? – disse Raditz. – Então por que não morre?

E então, com uma quantidade não muito grande de ki em seu indicador, Raditz mirou no meio de seu pescoço (Zero não demorou muito para perceber que eles só morriam quando quebravam o pescoço).

O corpo de Todo caiu com um baque, e por mais sem fala que Kiy estivesse, ela conseguiu soltar um grito de terror que os três soldados estavam acostumados – digamos, enjoados – de ouvir.

- Todo!

- E você... – disse Zero. Kiy se forçou a olhar para ele. – Está nos atrasando.

Zero não se preocupou em esticar os cinco dedos para disparar uma death ball em sua cabeça.

3

- Tem certeza que devíamos ter matado eles? – disse Nappa, depois que o efeito da gargalhada havia passado. – Ainda não descobrimos onde é a saída...

Zero revirou os olhos.

- De onde ela veio? Dali, não foi? – apontou para o corredor direito. – Se ela estava fugindo, é óbvio que a saída é por ali. E vamos embora logo, o scouter diz que tem mais soldados chegando.

Os três caminharam pelo corredor, pisando nos cadáveres a sua frente – uma cena digna de um romance, diga-se de passagem – como se nem estivessem ali.

De fato, haviam soldados chegando. Não estavam muito perto, mas já era possível ver suas silhuetas escuras desenhadas no brilho daquela areia branca no horizonte.

Zero foi o primeiro a sair, e seus olhos se fecharam rápida e automaticamente quando o brilho da luz tocou sua retina. Era um brilho forte, que fazia doer até o fundo de seus olhos. Mesmo com as pálpebras fechadas ele podia ver a luz tão forte que o enfraquecia.

Zero caiu de joelhos, tirou seu scouter como se estivesse o apertando e o jogou no chão, e protegeu os olhos com as mãos. Ele tinha a sensação que eles sangravam.

- Não! – gritavam desesperados os homens que se aproximavam. – Voltem para dentro! Voltem para dentro!

Zero se forçou a abrir um dos olhos, e sentiu seus nervos se contraindo. Ele começou a sorrir.

- Lua de Neme. – ele sussurrou.

Sua cauda se eriçou e então todos os músculos de seu corpo começaram a se contrair. Era uma sensação indescritível que começava a subir por sua espinha. Uma sensação longe de ser ruim. Uma sensação que chegava perto do orgasmo.

Nappa e Raditz já estavam ao seu lado, e não demorou muito para que o corpo daqueles três homens se transformassem. Os soldados que se aproximavam congelaram, sem saber se deviam seguir em frente – a fim de salvar seus irmãos que, no fundo de sua alma, já sabiam que estavam mortos – ou se voltavam para trás. Qualquer escolha era inútil agora.

Raditz observou o chão ficar mais distante, como se estivesse voando. Aquela sensação boa corria em suas veias, e ele sentia a excitação em seus pêlos eriçados.

- Ah, é isso ai! – ele gritou com imenso prazer quando sua transformação se completou.

Era hora do show.

4

Não há muito para descrever depois. Afinal, já não é óbvio? A pequena população foi dizimada, e a noite que parecia não ter mais fim finalmente terminou. Os três homens caíram exaustos no chão.

Agora sabiam porquê foram mantidos presos sem nenhuma janela ou entrada de luz.

Nappa e Raditz dormiam, mas Zero se forçou a acordar. Não sabia quanto tempo demoravam os dias ali, mas sabia que as noites eram muito mais longas, e não queria perder mais tempo.

Tateou sua calça até encontrar aquele minúsculo controlinho e apertou seu maior botão, e não demorou muito para que sua nave chegasse.

Zero se arrastou para dentro dela, mas não deu ordem para partir de imediato. Suas pálpebras pareciam mais pesadas do que nunca, mas ele as forçou a ficarem abertas mais um pouco.

Tateou novamente com a mão que parecia pesar toneladas pelo painel da nave, até abrir um pequeno compartimento ao lado de sua poltrona. Sorriu ao ver que o que procurava ainda estava ali.

E então a porta se fechou. Zero digitou inconsciente seu próximo destino. Ouviu a porta se fechar, e então deixou que suas pálpebras teimosas finalmente se fechassem também.

A nave partiu, rasgando o universo mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Olha, preciso confessar que bateu um arrependimento. Não era minha intensão fazer uma "saga", na verdade eram apenas um ou dois capítulos, mas eu acabei me empolgando e deu no que deu.
Eu estava empolgada com esta fan fic e queria fazer alguma coisa diferente, algo bastante "dragon ball". Tentei pensar como Akira, e acho que consegui. Talvez se eu tivesse pensado um pouco mais nos detalhes, esta poderia ser uma saga mais comprida, mas também mais interessante.
Tá, na verdade eu não queria pensar EXATAMENTE como o Akira, até porquê nesta fic tem algumas cenas que a gente não veria no anime. Mas acho que deu pra aproveitar, né?
Enfim, agora a fan fic vai entrar nos trilhos, e vou procurar me empolgar menos nas "sagas". Apesar de tudo, espero que tenham gostado.
Aliás, espero que não tenha ficado muito confuso a mistura de futuro/presente que eu tentei fazer no começo. Gostaram?
Até o próximo o/



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