Plant escrita por mizuke


Capítulo 4
Capítulo IV - Crônicas de Oitavo Neme [2/6]


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte da saga Crônica de Neme e quarto capítulo de Plant. Espero que gostem!



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1


Ah, se ela soubesse o que estava por vir. Se soubesse o que aconteceria em questão de semanas – dias, para ser mais exato –, talvez nunca tivesse aceitado levar aquela bandeja àqueles prisioneiros. Talvez. Afinal, uma mulher aventureira como ela deve ter aproveitado seus últimos minutos de vida, não é? Que mulher aventureira como ela não gostaria de morrer daquele jeito? Morrer pelo o que ela protegeu com tanto... carinho? Não uma mulher, mas uma moça que mal sabia o que era a vida, para sermos mais dramáticos. Apesar da inocência, nós sabemos que ela gostou de tê-la perdido por causa dele. Eu, pelo menos, sei, mas você não demorará muito a saber.

Mas não vou precipitar as coisas como, você perceberá em breve, é o meu defeito. Vamos voltar de onde paramos?


2

A moça corria assustada, tropeçando em suas próprias canelas pelos corredores. É como se tivesse visto uma assombração, alguém pensaria, mas para ela não era. Era algo pior.

Ela não se lembrava dos corredores serem tão compridos assim, nem se lembrava de seu quarto ser tão longe.

Apesar de estar correndo, ela sentia como se estivesse andando. Corra mais, corra, corra! Corra por sua vida!

Era como um animal correndo de seu predador, mas lá não havia animais para ela ter essa conclusão. Mas havia caçadores, e era deles que ela fugia.

Ela viu o olhar que Raditz lhe lançara. Já viu esse olhar em muitos outros olhos, em muitos outros homens. Era o olhar que ela recebia como conseqüência por ser a única mulher de sua raça.

Uma mulher bem jeitosinha, uma vez alguém fez questão de comentar. Ela não se lembrava quem era; só sabia que era alguém de sua raça. De sua antiga raça. Ficou feliz quando eles foram extintos e ela passou a viver com seus primos assexuados, mas havia uma conseqüência: ela estava prometida para o presidente.

Ah, aquele velho nojento! Tudo o que ele queria era de um buraco onde pudesse ter um pouco de prazer, e aquela mulher, aquela fêmea tão jovem lhe caiu como uma luva.

Mas apesar de tudo, era melhor viver desse jeito. Estes eram gentis, não bárbaros como sua antiga espécie. A conseqüência era não poder viver sua nova liberdade. Mas não se pode ter tudo, né?

Finalmente ela conseguiu encontrar a porta de seu quarto, e a abriu como se fosse voar por ela.

Seu peito subia e descia em uma respiração acelerada, como se seu coração fosse rasgá-lo a qualquer minuto.

Yokais... – ela sussurrou, enquanto sua respiração voltava ao normal.

Quando se viu sozinha naquele cubículo, teve vontade de chorar. Mas não foi difícil engolir o choro, afinal, não era a primeira vez que via aquilo.

Aquilo o quê, afinal? Ele nem a tocara. Não desta vez, pelo menos. Mas seus olhos foram tão intensos que foi como se ele a tivesse estuprado.

Ela tremeu ao pensar nisso, e quando apertou os dedos a procura da bandeja de prata, percebeu que ela não estava mais ali. Procurou em volta de onde estava sentada, até abriu a porta e espiou para ver se não tinha ficado lá fora, mas não estava.

Ela teria que pagar por aquilo, ah, com certeza teria. E sabia como teria que pagar. Mas por um momento, tudo o que limitou a pensar foi foda-se aquele velho nojento, e fechou a porta.

Porém, uma mão impediu que ela se fechasse por completo. Era Todo, um dos homens que guiaram os saiyajiins para o Grande Ancião mais cedo.

– Todo?! – ela exclamou, e então se levantou para abraçá-lo.

Ele estava com os braços abertos antes mesmo de ela se levantar, e os fechou em torno dela como se fosse um bichinho de pelúcia.

Mas o abraço não durou muito tempo. Ela se afastou e o puxou para dentro, e terminou de fechar a porta.

Nenhum deles se preocupou em se certificar de que não havia ninguém que pudesse ouvi-los. Ela entrelaçou os dedos em sua nuca e puxou seu rosto para perto do dela. Seus lábios hesitaram, mas quando se tocaram, se seguiu um beijo tão ardente que ela pôde sentir o calor subir por entre suas pernas até sua nuca.

Ela o sentia tocar seu corpo todo. Uma de suas mãos deslizou da nuca até a cintura, e então ele segurou uma de suas pernas e se acomodou no meio.

Suas bocas estavam semi-abertas, um respirando na do outro. O calor que a dominava o dominou também, e ele precisou esforçar-se (mais do que gostaria) para se afastar.

– Não termos tempo para isso agora, Kiy. Termos assuntos a tratar antes de nascer do primeiro sol.

Kiy não se ofendeu por ele recusar seu corpo. Os problemas vinham em primeiro lugar, é claro.

Todo se sentou na cama, de frente para ela. Sua túnica estava amassada e ela continuava na parede, como se algo a prendesse, mas ele desviou o olhar para o chão.

– O presidente irá voltar amanhã. Precisamos nos apressar.

– Está pensando...

– O mais rápido possível, sim. Sei que ele é meu irmão, e não gostar de fazer isso, mas não suporto pensar nele, a te... tocar de novo. – seu rosto se converteu em uma expressão de nojo, e Kiy se comoveu com seu sentimento. Ninguém sentia mais nojo disso do que ela, afinal.

Kiy se sentou ao seu lado e segurou sua mão.

– Não podemos matá-lo. Não ainda.

– O que querer dizer com isso? – a cada pergunta que fazia, seu tom de voz se alterava cada vez mais. Ele não demonstrava, mas ela sentia a angustia em seus olhos. – Mudou de idéia? Não querer mais fugir comigo?

– Claro que não, Todo! Ninguém que mais isso do que eu, acredite! – ela segurou duas de suas mãos nas delas, e continuou, o olhando mais intensamente nos olhos. – Mas não quero te perder. Se você lutar com ele... – seus olhos caíram lentamente para o rodapé da parede, e lágrimas cresceram em seus olhos. – Se você lutar com ele e ele... ah, Todo, não quer nem pensar!

Todo a abraçou e, enquanto chorava, ele lhe afagava os cabelos.

– Eu não morrerei. Eu te salvarei, custe o que custar.


3

Todo saiu de seu quarto antes do nascer dos sois. Se algum dos guardas do presidente o flagrasse ali, não haveria meia palavra que o convencesse a poupar sua vida. Se bem que, naquele momento, esta era a ultima coisa com o que ele se importava. O dia do casamento estava chegando, e ele a salvaria. Não importava como.

Voltou pelo caminho que Kiy fizera mais cedo, e encontrou a bandeja de prata na entrada da sala dos saiyajiins. Se ninguém a notou, é porque ninguém havia passado por ali todo aquele tempo. O que havia acontecido para que ela a largasse ali? Era melhor nem pensar.

Todo segurou a bandeja com a intenção de devolvê-la à Kiy. Ele sabia o que aconteceria se ela a perdesse, ah, sabia muito bem. Mas antes que pudesse dar meia volta, ouviu algumas vozes vindas do corredor.

– Todo-san! – era Julgo quem o cumprimentou. – Não vai patrulhar hoje?

– Sim, mas só daqui duas horas.

– O que está a fazer com esta bandeja? – perguntou Yjuu, apontando para a mão que a segurava.

– Encontrei aqui. Deve ser de Kiy...

– Kiy? – disse Julgo. – Ah, sim, fiquei sabendo que ela ia cuidar desses prisioneiros.

– Cuidar muito bem, eu imaginar. – comentou Zerto, de Neme Terceiro. Não era o fato de eles não serem da mesma raça que o tornava inconveniente, e sim seus comentários na hora errada.

Os três lhes dispensaram um olhar reprovador, e então ele se explicou com aquele sorriso nos lábios que tanto irritava Todo.

– Ah, qual é, homens! Por que vocês achar que ela ser a noiva do Presidente? Se fosse só porquê ela ser mulher, meus caros... bem, eu poderia lhe apresentar as duas que sobraram de minha espécie! Mas não. Ela deve ser ótima de cama, isso sim...

– Respeite a moça! – exclamou Todo. Zerto tinha sorte de que a população daquele Neme não demonstrasse emoções, ou ele estaria intimidado. O que talvez fosse bom. O ajudaria a manter a boca calada.

– Não estou a dizer nada demais! – disse, estendendo as mãos na frente do corpo, como se se desculpasse. – Vai dizer que você nunca notou? Vocês serem tão educadinhos que perdem o melhor da vida, isso sim.

Zerto não viu quando Todo lhe acertou em cheio com um soco no queixo. Os outros dois homens apenas observavam com uma surpresa que jamais transpareceria em seus rostos.

Zerto se levantou meio cambaleante. Este, por ser uma raça mais próxima da de Kiy, não conseguia disfarçar os olhos arregalados.

Os dois homens se olhavam. Zerto sempre fora inconveniente, mas nada jamais causara uma reação dessas. Aquela raça, em geral, costumava ser gentil em todos os aspectos. Zerto era o tipo de homem que é aconselhado a se ignorar, não a revidar.

Então os olhares passaram a Todo, que deu meia volta e voltou pelo caminho que fizera.

Nem os dois homens, nem Zerto, muito menos Todo percebera que havia um quinto homem no corredor. Não apenas um homem, mas um dos guardas do presidente. E seus olhos, apesar de inexpressível, estavam bastante atentos ao que acontecera.


4

Aquelas frutas tinham gosto de pão para Zero, mas ele supôs que aquilo era tudo o que eles tinham. Há quanto tempo estavam lá? Cinco horas? Seis? Um dia? Estava na hora de agitar as coisas por ali.

O que mais tinha de curioso para esperar?

Zero estava sentado com as pernas cruzadas em posição indiana, Nappa estava relaxado em um dos sofás. Sua cabeça caia e erguia automaticamente, quase dormindo. Raditz estava sentado em uma poltrona com os braços cruzados, tão zen quanto Zero.

Estava na hora de agitar as coisas por ali, sim. Estava na hora de sair dali. Quando fosse dar justificativas para Freeza sobre seu “atraso”, não gostaria de dizer que tinha sido preso por um povo bizarro como aquele.

Zero se levantou e Raditz ergueu os olhos.

– Vegeta...?

– Está na hora de sair daqui.

Nappa acordou de seu transe e se pôs de pé junto com Raditz, pronto para receber as ordens. Zero continuava de costas.

– Como foi que entramos aqui? Vocês se lembram? – Zero esperou uma resposta, mas nenhum deles sabia. – Então o único jeito de entrar aqui é através daquela fumaça, daquele teletransporte. Quando ela aparecer de novo, vamos matar quem aparecer. Quando eles vierem aqui para ver o que está acontecendo, o que eu tenho certeza que virão, aproveitaremos a fumaça deles para sair. Quando estivermos lá fora, voltamos para as naves.

– E os scouters? – perguntou Nappa.

– Para o inferno com eles.

E então, como se fosse combinado, a fumaça voltou a aparecer e os três saiyajiins viraram a cabeça para ver. Dessa vez não era apenas uma fumaça, mas sim duas. Nenhuma delas era daquela de antes, Zero percebeu.

Assim que as duas silhuetas se formaram, Nappa atacou o da direita e Raditz o da esquerda.

– Isso pareceu combinado, hem, Vegeta? – pela primeira vez Nappa viu o homem demonstrar uma emoção, mesmo que passageira. Medo. – Achei que só um de nós iria se divertir.

E então Nappa apertou seu pescoço com tanta força que seria capaz de explodi-lo, mas era tão inútil como apertar uma barra de ferro.

O homem segurou as gigantescas mãos do saiyajiin e se libertou delas com certa facilidade. Raditz tinha acertado o outro com um soco, mas em questão de minutos ele se levantou.

– Ah, eu já tinha me esquecido. – disse Raditz. – Vocês são chatos para morrer, não é?

– Vegeta... – murmurou o homem que se levantava. – Então você ser...

Zero sorriu, ainda com os braços cruzados.

– Acho que você tem outras coisas para se preocupar agora.

Raditz tentou uma joelhada, mas o homem foi mais rápido.

– Não querermos lutar. – disse o homem que foi atacado por Nappa. – Só estamos aqui para dizer que o julgamento...

– Julgamento? – Nappa gargalhou. – Desculpe, mas não vai ter julgamento nenhum, amigo. Assim que matarmos vocês vamos voltar para casa.

E então Nappa lhe acertou um soco no estômago, que o fez voar para a curva da parede oposta. Raditz ainda lutava com seu oponente, mas todos os golpes que ele lhe acertava eram defendidos ao mesmo tempo.

Mas quando Nappa acertou aquele homem, ele se distraiu. E Raditz aproveitou com outra joelhada, que fez o homem cair de quatro.

– Essa mania que vocês tem de ficar reparando nos outros é a fraqueza de vocês. – comentou Raditz.

E então ele acertou um chute em sua cabeça, que teria decepado um ser normal. Mas como este não era, tudo o que ele fez foi voar violentamente contra a parede.

Zero sentiu que as paredes tremeram. Quase imperceptivelmente, mas tremeram. Enquanto os dois continuavam lutando, ele caminhou até uma das paredes e começou a estudá-las. Bateu três vezes, e viu que eles eram ocas, apesar de tudo. Zero sorriu com sua própria ignorância. Como não tinha pensado nisso antes?

Então ele esticou a mão esquerda para suas costas, onde os homens estavam lutando, e disparou uma death ball azulada. Nem Raditz – muito menos Nappa – tiveram tempo para se desviar.

– O que está fazendo?! – gritou um dos homens.

Zero o ignorou, disparando outra death ball, que fez as paredes tremerem mais forte. Raditz sorriu quando entendeu o que ele estava planejando, e se sentiu um idiota por não ter percebido também. Nappa sorriu junto.

Os dois saiyajiins esticaram as duas mãos para frente e o imitaram, sem se importar com o cheiro ruim que aquela fumaça tinha.

– Parem! Vocês quererem morrer?! – Nenhum dos três respondeu.

Então profundas rachaduras começaram a aparecer, mas nenhum deles reparou de imediato. O teto começou a se ruir, e nem sinal das paredes desmoronarem.

– Seremos soterrados! – gritou um dos homens, e Zero percebeu que era verdade. Mas era tarde demais para fazer qualquer coisa.

A poeira se erguia. O corpo de Raditz, Nappa, e dos dois homens não passavam de um borrão cinza, e então o teto despencou em pedaços maiores.

A fumaça o cegou e invadiu seus pulmões, e o barulho do desmoronamento não o deixou ouvir o que Nappa gritava para Raditz. Ou era para ele? Não importava.

Zero caiu de joelhos, asfixiando com a fumaça que queimava suas narinas. E então um pedaço do teto acertou sua nuca, e ele caiu desacordado.


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Notas finais do capítulo

Faltam quatro capítulos para o fim desta saga. O que vocês estão achando? Mandem reviews se puderem!
Obrigada por ler (:



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