Dominique Weasley fechou o malão e respirou fundo, dando uma última olhada no dormitório feminino da grifinória. Ele havia coabitado ali por grande parte dos seus últimos sete anos. De todos os lugares possíveis em Hogwarts, o tempo que passara naquele quarto não havia sido particularmente miserável, mas parecia triste em muitos sentidos que agora ele finalmente podia ressignificar.
Depois de seu décimo sétimo aniversário, consequente maioridade bruxa e cirurgia, a diretora McGonagall tinha lhe assegurado que, quando ele retornasse para a escola após o recesso natalino, todas as suas coisas já estariam realocadas no espaço novo: o dormitório individual. Essa era uma modificação relativamente nova, implementada durante a direção de Minerva. Alunos que, por razões diversas, gostariam de solicitar um cômodo individual, só precisavam preencher um longo formulário (assinado pelos responsáveis, caso o bruxo fosse ainda menor de idade) e submetê-lo ao colegiado. Dom havia feito o seu com antecedência e a resposta de sua solicitação chegara a tempo para ser considerada por ele o melhor presente de natal. Ele se sentia leve.
Encarando o espelho de chão, aproveitou que estava sozinho no dormitório e levantou o blusão de frio mais uma vez. Nos últimos dias ele simplesmente não podia evitar; parecia um milagre. Ele passou o dedo indicador pela fina linha de cicatriz da mastectomia abaixo do peito reto e pensou o quanto ela parecia um indicativo: o prenúncio de algo bom.
Estava tão distraído com isso que nem notou quando Hiroko entrou. Mas assim que viu sua silhueta pelo vidro, desceu a roupa depressa, envergonhado.
— Busto bonito! - ela saudou daquele jeito animado de sempre, fazendo com que ele quisesse morrer. - Ah, qual é, Dom. - e levantou o próprio suéter para ficarem quites. Dom não conseguiu desviar os olhos a tempo. Como ele, anos antes, Hiroko odiava sutiãs.
— São só peitos. - girou os olhos. - Não é como se metade da escola não os tivesse visto, de todo modo. - Era verdade. Por alguma razão desconhecida, Hiroko tinha uma leve tendência a ficar seminua nas festas ilícitas que ela e o time de quadribol promoviam quando a grifinória ganhava.
A capitã do time de sua casa apenas se sentia confortável demais na própria pele. Dom, que apenas agora começava a entender o sentimento, ficava feliz por ela. Em sua experiência, nunca haviam sido só peitos. Mas ele sabia que Hiroko não estava sendo insensível com a sua história, estava apenas contando a dela.
E agora ela estava jogada em sua cama, cruzando as botas em cima da mala recém feita de Dom.
— Vou sentir sua falta. - avisou.