09 - Harry Potter e os Guardiões da Fronteira escrita por alinecarneirohp


Capítulo 3
OS PROBLEMAS DO PROFESSOR POTTER




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 Depois de uma longa conversa com Willy, Harry acabou conformando-se com a chateação de Abel ter ido para a Sonserina... mas uma coisa não saía de sua cabeça: será que afinal de contas Abel tinha escolhido a Sonserina? Seria o menino... não, era melhor não pensar nisso. Depois de uma noite de sono particularmente ruim, Harry acordou e olhou para Willy adormecida. Ela havia sido uma Sonserina. E ele a amava. Será que afinal de contas realmente a casa onde o filho estava importava tanto assim? Ao mesmo tempo que queria esquecer  o assunto, não parava de pensar naquilo... enfim, como dizia sempre o amigo Hagrid: o que tivesse de ser, seria.

   Estava há muito tempo olhando para o teto e pensando nisso quando deu-se conta que Willy acordara e o olhava com uma expressão indefinida entre carinhosa e preocupada.

- Uh... olá! - ele disse e tentou sorrir.

- Harry... você já pensou que você podia ter sido da Sonserina?

- Sim, milhões de vezes... mas eu escolhi não ser, entende? É claro que Abel escolheu o que queria e ...

- Harry, Abel não simplesmente escolheu... lembre-se do chapéu seletor.

- Willy, o que ele disse quando pousou na sua cabeça? Você se lembra?

- Perfeitamente... ele disse: Talvez você hoje não entenda porque... mas com esse talento e essa ambição, e sua inteligencia sutil, você só pode mesmo ir para a Sonserina.

- E você gostou?

- Eu era muito jovem e não sabia muito bem o que significava ser da Sonserina... acho que foi realmente o melhor para mim, Harry.

- Então... - Willy deu um longo suspiro

- Tudo isso não é por causa de Quadribol...

- Não, Willy, alguma vez você se deu conta que o nascimento de Abel estava previsto há mais de mil anos? Um descendente comum a Griffndor e Slytherin. O que será que isso significa?

- Pergunte a Sheeba.

- O Toque de Prometeu nunca diz tudo... e Sheeba nunca nos disse nada sobre Abel, você notou isso?

- Mas ela sabe algo sobre ele... nunca nos disse nada, mas eu sei que ela sabe.

- O que podemos esperar?

- Sabe o que eu acho? Que devemos esperar o tempo nos responder, Harry... - ele a olhou novamente. No fundo dos olhos dela ele via aquele brilho sincero e bondoso que ele sempre soubera existir. Então, sorriu e sentiu que isso fazia seu coração mais leve. Eles amavam Abel, ele era filho deles, fruto de um amor imenso... não, não havia o que temer.

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   Aparatar na Alemanha era extremamente desconfortável se o tempo não era dos melhores, como fora naquele dia. Rodar até a escola de Aurores era a melhor parte da viagem, porque nas estradas alemãs ele podia usar toda a potência da moto sem ser multado, o que ele achava muito divertido. Adorava correr pelas auto-estradas. Assim que chegou em sua sala, constatou que ainda faltavam quarenta minutos para a primeira aula do dia, para os alunos do quinto período, Defesa Avançada contra Maldições Poderosas... podia relaxar por alguns minutos e por seu recém começado arquivo em dia.

   Harry assumira os alunos orientados por Mr Sandman, e precisava ler a ficha de cada um para saber o que aplicar nas missões simuladas. Tinha acabado de pegar a ficha de Gilles Stoneheart quando um estrondo o fez levantar o rosto. Edwina, sua secretária , (também herança de Mr Sandman, eficiente, mas doida de pedra) irrompeu pela sala ofegante:

- Professor Potter! Pelo amor de Deus! Dê um jeito neles! Ah, ainda é o segundo dia de aula... meu Deus... eles estão aprontando já... na aula de Mr Adams...

- Edwina, traduza, por favor...

- O Sr Stoneheart e a moça... ah, meu  Deus... eles são terríveis, vão acabar se matando.

Harry ergueu-se de um salto e dirigiu-se rapidamente para o ginásio da escola... quase chegando, uma explosão seguida por uma chuva de faíscas douradas saiu pelo portão do Ginásio, e ele correu até lá. Antes de sequer olhar para qualquer lugar gritou:

- BLACK! STONEHEART! O QUE VOCÊS DOIS ESTÃO APRONTANDO?

Troy Adams estava do outro lado do ginásio com uma cara péssima. Ele era professor de técnicas de luta com magia na escolha há tres anos, e ainda não se dava muito bem com Harry. Pelo estado do Ginásio, Hope e Gilles haviam levado a sério demais a primeira lição do dia.

Havia um buraco de cerca de três metros de diâmetro no teto. Gilles e Hope estavam levitando a cerca de seis metros do chão, um de frente para o outro, ambos com sorrisos sádicos estampados nas faces. Hope tinha o rosto escurecido, e o rapaz perdera uma das botas e tinha um pé descalço. Ambos tinham algumas partes das capas rasgadas. Eles olharam para baixo e Gilles Stoneheart disse:

- Rendição, Black?

- Armistício, Stoneheart... empate técnico.

- Ok... mas eu te atingi o rosto com o feitiço de tinta...

- E eu sumi para sempre com sua bota comprada em Nova Iorque... prejuízo por prejuízo...

- DESÇAM AGORA! - gritou Harry, e os dois desceram suavemente até o chão. Harry e Troy vieram até eles.

- Potter - disse Adams contrariado - você não acha que deveria ensinar a seus orientados o significado de "dano mínimo"?

- Você não acha, Adams, que não devemos discutir isso na frente de estudantes? E porque você não conseguiu controlá-los sozinho?

- Eles disseram que estavam levando a lição à sério... conforme você advertira aos orientandos que fizessem na sua primeira preleção... eles são SEUS pupilos, lembra?

- Muito bem... os dois - ele olhou a garota e o rapaz na sua frente - consertem o estrago... AGORA. - mudos e contrariados, Hope e Gilles usaram as varinhas para reparar o ginásio, inclusive algumas cadeiras da assistência que haviam sido arremessadas alguns metros para fora do buraco do teto. Por fim, consertaram o próprio buraco. Hope começou a consertar a própria roupa enqunto Gilles repetia "accio bota" inúmeras vezes sem sucesso. Hope riu para ele de forma cínica quando ele constatou que a bota não apareceria nunca. Harry pigarreou e eles o encararam com expressões apreensivas idênticas. Ele apertou os olhos e disse friamente:

- Na minha sala, agora. - Foi andando aborrecido porque sabia que perderia o tempo precioso de ler suas fichas, mas pelo menos era uma pista sobre os dois estudantes. Sentou-se diante dos dois e olhou a ambos sério, então, apontou a varinha para o rosto de Hope e disse:

- Solutio! - o rosto da moça se limpou como num passe de mágica. Hope aos dezenove anos era um retrato disfarçado de Sheeba. Usava os cabelos muito curtos, num corte masculino, e  uma capa de couro sobre uma veste de calças compridas negras meio folgadas e camisa masculina. Não tinha um único enfeirte ou jóia, sequer um brinco, quem a visse de longe não saberia ao certo se era mulher ou homem.  Ela coçou a nuca ligeiramente.

- Tio Harry... começou e parou, ao ver Gilles reprimir um riso abafado, ao que ela o encarou séria - dá para você colaborar, Stoneheart?

- Meio difícil com você chamando o orientador de tio, Black...

- Exatamente, respondeu Harry, aqui, para ambos eu sou Professor Potter, lembrem-se...

- Claro -disse com uma nota de deboche o rapaz. Ele era alto mas menos forte que  o pai, mas enquanto Angus Stoneheart era sério, não havia no mundo ser mais cínico que Gilles... ele tinha a pele morena e os olhos castanhos escuros, e um cabelo desarrumado com um corte esquisito, com uma franja que vinha até os olhos, seria até bonito se não andasse sempre despenteado e com roupas tão mal ajambradas.

- O que vocês estavam fazendo na aula de Adams, posso saber, Hope?

- Senhorita Black, Professor Potter - disse Hope num tom desafiador. Gilles baixou a cabeça para disfarçar um sorriso - nós estávamos lutando, oras... é uma aula de luta.

- Mas vocês destruíram metade do ginásio.

- Não fizemos nada que não pudessemos consertar depois, Professor Potter - disse Gilles candidamente. Subitamente, Harry sentiu uma vontade louca de se comportar como Severo Snape, mas se controlou.

- Não foram oriantados a usar feitiços não danosos, Sr Stoneheart?

- Pode me chamar de Gilles, professor - ele sorriu para Hope - o senhor não entende, eu e Black nos damos bem, eu a acho um cara legal... - Ela deu um olhar assassino para Gilles e prosseguiu.

- Sabe, Ti.. professor, nós dois sabemos que somos os melhores aqui... somos mais ou menos amigos e gostamos de lutar sério, para ver quem e o melhor... claro que eu sei que eu sou melhor...

- Você não disse isso quando eu a joguei naquele poço de lama...

- Ah, mas depois eu o transformei em porquinho da índia e você saiu correndo para debaixo do móvel porque aquele gato...

- Chega - disse Harry - é impressão minha ou vocês dois estão usando as aulas para tirar rixas pessoais?

- Rixas? - Hope riu - nós dois somos amigos...

- Nos damos muito bem - completou Gilles - jogamos duro porque sabemos que o outro aguenta... - Harry passou a mão pelo rosto e disse, aborrecido:

- Muito bem, mas não quero vocês sendo advertidos e me causando problemas... por favor, comportem-se como os adultos que são, não como dois moleques briguentos... agora, fora!

Eles saíram da sala e Harry pensou: "Talento e encrenca... porque essa combinação tem que ser tão comum!"

Assim que chegaram do lado de fora, Gilles disse casualmente a Hope:

- Viu, até ele acha que você parece homem!

- Ah, não enche, Stone.

- Fim da trégua?

- Espere meu ataque surpresa -ela disse e disparou pelo corredor. Ele riu e foi na direção oposta, mancando um pouco pela ausência de uma das botas.

Depois que fora rejeitada por Bernardo, Hope não o esquecera. Ela tivera o que seu irmão Celsus chamara "as tres fases da digestão de um fora..."

Na fase um, ainda aos 16 anos, Hope resolvera provar que era bonita e desejável. Então, para horror de seu pai, ela namorou todo o time masculino de Quadribol da Corvinal, inclusive um garoto dois anos mais novo, da turma de Celsus, que encarnara demais nela por isso. Mas eram namoros vazios e ridículos, de uma semana. Duas coisas sepultaram essa fase: primeiro a frase pichada num banheiro da escola: "Beijos de graça? Procure Black..." Que Celsus mostrou indignado no banheiro masculino a ela (ele era um ótimo irmão, jogara um feitiço repelente para afastar todos os garotos que pudessem entrar ali). Depois, o banimento de Bernardo.

No dia que soube, Hope decidiu que era hora de mostrar a Bernardo que não o esquecera... roubou a Quarker Flash, a vassoura de corrida  de Claudius, seu irmão mais novo, e voou escondida até Londres, saindo da Torre norte ao anoitecer. Burlando a vigilância ao apartamento de Bernardo, entrou e o surpreendeu.

- Hope? O que você...? - ele não disse mais nada, porque ela colou seus lábios aos dele, num beijo onde pôs todo seu sentimento de paixão... ele a abraçou e a desejou por um minuto, mas afastou-a de si bruscamente.

- Não. - Disse firme, olhando-a nos olhos. Ela o olhou magoada e ele começou a falar que não queria arruinar a vida dela, que ele agora era um renegado... mas ela estava sem luvas e soube o que ele queria fazer.

- Bernardo... eu posso te ajudar, me peça e eu serei sua, eu fujo contigo... eu te amo! - ele sorriu tristemente e disse:

- Eu não te ajudaria destruindo seu futuro brilhante, Hope... eu tenho muito pouco amor para dar a você... vá embora, por favor.

- Mas Bernardo, você não me quer?

- Hope... desejo não é amor. Volte para Hogwarts, siga sua vida.

E foi isso que a fez mergulhar numa depressão terrível, a fase dois do processo, que nas palavras de Celsus, felizmente durou pouco. Finalmente, aquela rejeição se tornou revolta, e sede de se provar melhor que qualquer um, o que Celsus chamava de fase três: a revolta do pé na bunda... Hope se candidatou à vaga na escola de Auror, e passou muito bem, embora não fosse uma profissão proibida ao sexo feminino, poucas mulheres haviam se formado naquela escola, no século XX apenas quatro, duas das quais muito famosas. Hope era a primeira do novo século, e embora a modernidade tivesse chegado à escola, ela notou que sendo mulher, teria muitos problemas. Quando se é a única mulher no meio dos homens, a vida pode ser desagradável tanto pelo assédio de uns quanto pelo despeito de outros. A estratégia dela para fugir ao assédio foi esconder qualquer traço de beleza: cortou os cabelos curtos e começou a se vestir como um homem, se aquele era um lugar masculino, ela se pareceria um homem, oras. Mas aquilo não adiantou muito, os rapazes ainda a olhavam como uma garota... então ela conheceu o único que não ligava para isso, Gilles Stoneheart. Para ele, pouco se dava se ela era bonita, nunca manifestou nada, ria e brincava com ela como se aquilo não fizesse diferença... era extremamente competitivo, e foi por isso que se tornaram amigos. Ele estava pouco se lixando se ela era uma garota: se lutava com ela, a tratava como uma igual, em força, em poder, e ela gostava disso, não queria ser vista como uma bonequinha frágil. Gilles desmentia qualquer boato de namoro, dizendo:

- Eu não namoraria o cara mais legal que eu conheço... - ele sempre se referia a ela no masculino, o que ela achava graça.

É verdade que no fundo ela não gostava de ser chamada de "um cara legal", mas fingia não ligar, ela não queria que ele se tornasse como os outros rapazes. Eles brigavam muito, era uma amizade intempestiva como os dois, cheios de mudanças de temperamento e opiniões diferentes... mas no fundo se admiravam muito e isso era visível a qualquer um. Ela contou de seu amor por Bernardo e perguntou a ele se ele já amara alguém...

- Meu coração é de pedra, lembra? - ele disse, rindo para ela - o dia que eu amar alguém, você será a primeira a saber...

- Stone... o que eu sou exatamente para você?

- Um cara muito legal, um ótimo ouvinte e um auror quase tão bom quanto eu - ele disse rindo.

- Isso é um desafio?

- Escolha as armas, Black...

- Esgrima bruxa, ok?

- Lutamos até a rendição?

- Até a rendição... - mas o fato é que nunca nenhum dos dois se rendia de verdade... alguém sempre interrompia a luta, que acabava com o mesmo diálogo, sempre:

- Rendição?

- Armistício.

E assim seguia a vida na escola alemã, onde estes dois eram os dois problemas disciplinares da turma do professor Potter.


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