09 - Harry Potter e os Guardiões da Fronteira escrita por alinecarneirohp


Capítulo 19
E SEREMOS TODOS IGUAIS...




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NA: Uhu!!! Último capítulo! Tirem o cavalinho da chuva: essa fanfic acaba sem nenhum casamento, hehehe!

   Sentada na poltrona do seu quarto na casa de seus pais, Hope assoou o nariz. Estava sentada no escuro, e transformara toda a decoração do quarto em móveis negros. Não se olhava no espelho desde o dia anterior, para sua sorte, uma vez que estava horrorosa. Lá fora, o mundo aos poucos voltava ao normal, era o fim de um sábado ensolarado de primavera, que ela passara escondida ali, ignorando o barulho dos alegres estudantes de Hogwarts em visita a Hogsmeade. Subitamente a luz do quarto se acendeu e ela fechou os olhos inchados, resmungando uma reclamação.

-         Bauhaus? – disse Sheeba ao entrar no quarto e acender a luz. Nada aconteceu. Ela suspirou resignada, era óbvio que a filha mudara a palavra que mudava a decoração do quarto. – SandCastle? Paradise? Eden? Hmm. Dreamland?

O quarto voltou ao normal, decorado todo em azul claro. Sheeba olhou para a filha, que devolveu com um olhar embatucado. A mãe disse:

-         Nem adianta me olhar assim. Não há meio de me fazer permitir que a minha filha passe mais um dia dentro do quarto, sem sequer escovar os dentes, cultivando essa fossa estúpida.

-         Ah, mãe... eu...

-         Shhhh! Ouça a sua mãe. Eu sei que você e Bernardo terminaram.

-         ...

-         Ok, ok, eu sei que você terminou com Bernardo. – Com um gesto meio envergonhado, Sheeba mostrou a ela um prendedor de cabelo que Hope abandonara quando começara a cortar os cabelos curtos. A moça soltou uma exclamação indignada.

-         Mãe... eu já te disse para...

-         Não se meter na sua vida – disse Sheeba distraidamente, tirando do bolso da veste um cravo de lapela amassado. Hope o reconheceu, aquilo estava preso à veste de Stone na noite do baile. Ela ia pegá-lo quando percebeu o sorriso da mãe. – Mãe, a senhora é uma batedora de carteiras, sabia?

-         Nem tanto, Hope, ele largou isso em cima de um móvel da escola, e um elfo me entregou para descobrir quem era o dono. – Hope suspirou e ensaiou uma cara de choro.

-         Eu sempre estrago tudo... – Sheeba sorriu para a filha e puxou-a para si. – porque você não experimenta usar os seus poderes para descobrir por onde anda Gilles? 

Hope olhou desconfiada para o rosto divertido de sua mãe, e lentamente, tirou as própias luvas. Meio sem coragem, pegou o cravo amassado entre os dedos. A imagem do rapaz se formou lentamente diante dela, ele andava por Paris, sozinho, com as mãos dentro dos bolsos do casaco. Ela concentrou-se no que ele pensava, e para sua surpresa, aquilo era muito difícil...

-         Ele está pensando em você – disse a mãe sorrindo. – Eu acho que ele pensa que você e Bernardo estão noivos. Enganos acontecem toda hora. – Hope olhou para Sheeba e deu um sorriso largo.

-         Mãe... o que eu faria sem você?

-         Terapia. – respondeu Sheeba rindo. – ou talvez salvasse o mundo. Agora vamos tomar uma providências – ela fez um gesto com a varinha e as  janelas do quarto se  abriram, fazendo o ar do início de noite entrar, renovando o ambiente. – acho que você precisa se preparar para voltar à sua escola... algo me diz que as coisas por lá vão ficar bem interessantes... – Hope abraçou-se à mãe, rindo, e de repente disse:

-         Mãe? Você pinta o cabelo?

-         Hum... é chato ter uma filha com toque de prometeu... você acha que esperar seu pai por 14 anos não teve um preço? Eu uso poção Madame Mee de tingimento desde os 25, ou seu pai quando nos reencontramos acharia que sua ex-noiva estava uma velha coroca... Meu cabelo mesmo hoje é quase todo branco. Agora, tome um banho e lave esse cabelo. Se você sair por aí com essa aparência, vão dizer que eu traí seu pai e você é filha de Severo Snape.

Hope levantou-se de um salto, feliz. Antes de sair do quarto disse, olhando para mãe:

-         Deculpe por ter dito aquelas coisa para a senhora quando eu era mais nova e gostava do Bernardo...

-         Não tem problema, filha. Na verdade, tudo foi como deveria ter sido, não?

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Severo Snape naquele momento levava Annie para o  hospital onde ela trabalhava, ela tinha um plantão noturno. Eles iam conversando pela rua, conforme andavam abraçados.

-         Como vamos explicar sua cura? Eu mesma não acreditei quando vi os exames todos normais...

-         Bem...não explicamos, que tal? Se você quer saber, detesto hospitais, principalmente hospitais trouxas. Urght! Nunca mais eu entro num elevador na minha vida!

-         Beh!  Você é chato, devia ter mais boa vontade com tecnologia.

-         Não reclame, eu aturo até a televisão. Mas não me peça nunca mais para andar de elevador. Aliás, automóveis e máquinas de fliperama também são chatas.

-         Velho mau-humorado...

-         Mulher insuportável – disse ele rindo, e puxando-a para dar um beijo. – amanhã quer que eu venha te pegar? Vou desaparatar com você para algum cantinho escondido onde bips e celulares não nos alcancem...

-         Hum... vou pensar no seu caso.

-         Annie, você quer casar comigo?

-         HEIN?

-         Annie Mia Smith Van Helsing, aceita casar-se com Severo Snape? A cerimônia pode ser simples, dizem que ele é um tanto antisocial... – ela pulou no pescoço dele e murmurou:

-         Eu nunca pensei que fosse conhecer alguém como você, Severo... você não se importa por eu não poder ter filhos?

-         Bem... talvez eu esteja meio velho para empurrar um carrinho de bebê, mas se você quiser pensar na idéia, podemos adotar alguns. Eu não tenho nada contra.

Os dois beijaram-se e ela despediu-se dele com o sorriso mais bobo do mundo. Ele ria-se interiormente, porque só umas horas depois ela iria perceber o anel que ele conjurara na sua mão. Severo sentia-se feliz e renascido. Finalmente estava livre das trevas que o haviam acompanhado por tantos anos. Entrou num pub, afinal ele AINDA era solteiro e não tinha comida alguma em casa. Ele nem se deu conta do sujeito que havia entrado junto com ele, e sentado numa mesa próxima. Pediu uma Guiness e ficou ali, curtindo a cerveja com um sorriso nos lábios, quando uma canção chamou-lhe a atenção:

- Mister Sandman, bring me a dream. Make her the cutest that I've ever seen. Give her two lips like roses in clover. Then tell her that my lonesome nights are over

Ele virou-se achando que aquilo estava um tanto quanto estranho para ser apenas mera concidência. Observando o camarada que cantava, ele teve certeza que aquilo era alguma graça de auror. O sujeito era alto e magro, usava costeletas e um topete, e tinha uma voz bonita e profunda. Quando viu que Snape o olhava, ergueu a garrafa de cerveja num brinde e deu um sorriso enviesado. Então, dirigiu-se à mesa onde ele estava, cantando:

-         Mister Sandman, I'm so alone, Don't have nobody to call my own...Please turn on your magic beam, Mister Sandman, bring me a dream. - O homem parou diante dele com o mesmo sorriso enviesado, na sua cara idêntica à do jovem Elvis Presley e disse:

-         Hora de voltar à ativa, corvo velho... estamos sentindo sua falta, principalmente na escola de aurores.

-         Quem exatamente é você? E do que está falando.

-         Mister Sandman... não subestime um colega de trabalho... pode-se dizer que eu sou um... discípulo de transfiguração total.

-         Você está tirando com a minha cara...

-          Pode-se dizer que é pessoal...

-         Black?

-         Aposentado.

-         Moody?

-         Você está desatualizado. Alastor Moody saiu do ramo. Ele agora tem uma empresa de segurança contra bruxos das trevas. Se não me engano o nome é Vigilância constante.

-         Você não pode ser o... – o sorriso do sósia do Elvis se alargou e Snape disse, surpreso:

-         POTTER?

-         Se você reparar, os olhos ainda estão verdes... tenho dificuldade com os olhos azuis, e hoje não era necessário caprichar muito...

-         Mas suas transfigurações eram um lixo!

-         Comecei a usar fotos como modelo, para me aperfeiçoar...

-         Só um doente como você copiaria celebridades mortas...

-         Quem disse que Elvis Presley morreu? A vantagem de copiá-lo é que ninguém acredita que ele a essa altura esteja magro. E vamos ao assunto: volte para a escola de aurores.

-         Como você soube que eu era o Mister Sandman? – ele disse azedamente – sempre achei que eu escondia bem minha identidade.

-         Você esquece, Snape, que eu não sou NADA estúpido. Vamos, aceite, sei que você vai casar, mas longe da ativa em breve vai estar congelando corujas na vizinhança por tédio.

-         Você tem uma péssima idéia de mim, Potter...

-         Eu me lembro das aulas em Hogwarts. Isso já dá para formar uma opinião a seu respeito. E sua turma deixa qualquer professor auror louco...

-         Você vai abandonar a escola?

-         Está louco? Eu adoro aquilo... só preciso de um assistente, oras...

-         Para quem no começo não conseguia desfazer uma transfiguração banal, você está muito arrogante... eu me lembro de você desesperado transfigurado em drag queen cor de rosa...

-         Se você ficar me lembrando dessas coisas, eu conto a Annie que você A-DO-RA-VA encarnar a Iguana.

-         Isso é golpe baixo Potter...

-         Segunda feira, Alemanha, escola de aurores... – Harry disse, levantando-se e fazendo um passo de dança ridículo.

-         Desista. Você pode estar com a cara dele, mas os pés ainda são os seus, Potter...

Eu vou me lembrar disso – disse Harry, que saiu cantando: - Mister Sandman, someone to hold Would be so peachy before we're to old... So please turn on your magic bean... Mister Sandman, brings us... Please, please, please... Mister Sandman, bring us a dream

-         Yeah... – Respondeu Snape, rindo.

----

            Uma das coisas que Gilles gostava na Escola de Aurores, era o fato que, diferentemente da maioria dos prédios bruxos, ela não tinha nada de medieval, nem parecia um velho castelo assombrado. Pelo contrário: numa propriedade próxima a Munique, ela era uma imponete construção que tinha pavimentos externos e subterrâneos, e, algo bem recente, um arena de vidro para a prática de esgrima bruxa. Ele estava lá, esperando um colega com quem tinha combinado um treino. Era a tarde de segunda feira, a primeira depois de toda a confusão na fronteira. Ele não vira Hope durante todo o dia, e calculou que ela deveria estar em Londres “com o seu noivinho”. O melhor era arrumar alguma coisa para passar o tempo. Ele usava seu uniforme completo de esgrima, e aquecia-se, esperando o parceiro de treino. Repentinamente o outro aparatou dentro da arena, também uniformizado e com a máscara de esgrima.

-         Oi, Ziegfeld. Você está atrasado. – Disse Gilles, com um ar aborrecido, - não estou com saco para treinar feitiços, vamos só treinar esgrima simples, ok? – ele disse e o outro assentiu. Ele colocou a máscara e pôs-se em posição de luta. Os dois começaram a treinar seus golpes, e subitamente Gilles se deu conta que o outro estava esgrimindo bem demais para ser o colega. Não era Ziegfeld, claro, ele podia ver pela altura e pelo corpo, embora ela estivesse usando um colete acolchoado que escondia as formas. Ele tirou a máscara quando eles estavam com as espadas cruzadas no ar e disse:

-         Muito bem, Black, que história é essa? – ela tirou a máscara, e encarou seus olhos duros, com a mesma expressão raivosinha que ele gostava.

-         Eu precisava falar com você. Ziegfeld quase pediu dinheiro para que eu tomasse o lugar dele...

Ele saiu da posição e ficou com a espada paralela ao corpo.

-         Fale, então. Sou todo ouvidos.

-         Já que estamos aqui... vamos lutar um pouco. – ela disse descobrindo que não era tão fácil quanto ela pensava dizer o que sentia.

-         Ok... En garde, então, senhorita.

Os dois começaram a cruzar espadas no ar e ela começou cautelosamente a dizer:

-         Bem... eu tenho reparado que o clima entre nós está estranho...

-         Não existe “entre nós”. Você é uma moça comprometida, e com uma droga de bulldogue ciumento.

-         O único buldogue ciumento aqui é você... eu e Bernarndo não estamos mais juntos.

Gilles errou um golpe em pleno ar, e ela encostou a espada nele:

-         Ponto para mim...

-         Golpe baixo, Black. En garde, novamente...

-         En garde -  ela repetiu divertida.

-         Tudo bem... e o que eu tenho a ver com isso?

-         Você? – ela sentiu-se repentinamente embaraçada com a pergunta.

-         Exato. Você está falando isso por quê? Por acaso quer brincar comigo, Black? Como fazia ne época que era a Bonitinha de Hogwarts e eu o Bobalhão de Beauxbatons?

-         NÃO! Não seja estúpido – ela disse, dando um golpe com raiva no ar. Ele a acertou no braço

-         Touché, Black...

-         En garde, Stone

-         En garde, então... você não respondeu a minha pergunta... Hope. – ele disse, dando outro golpe.

-         Será que você ainda não percebeu? Aquilo que aconteceu no mundo dos sonhos entre a gente...

-         Aquilo foi fantástico, mas será que não foi só um sonho?

-         Eu... eu...- ela investiu e as espadas ficaram cruzadas no ar.

-         Eu amo você. – ele disse, olhando para ela, sustentando as espadas cruzadas no ar. Fez um movimento e voltaram a se movimentar, as espadas se atacando rapidamente- mas não quero ser um brinquedo na sua mão... me responda: você levou um pé na bunda do Fall e está me achando com cara de prêmio de consolação?

-         Não! Fui eu que terminei... eu disse a ele que...

-         Você não está fazendo isso só porque no mundo dos sonhos foi fantástico, está? Detestaria que você acordasse dizendo que não era exatamente aquilo que você esperava.

-         Não... eu percebi que lá só foi maravilhoso porque... ah, droga, nós temos algo, não temos?

Stone interceptou um golpe perfeito dela, e novamente estavam com as espadas cruzadas no ar. Ele olhou para ela e disse:

-         Era isso que eu realmente gostaria de saber –aproximou seu rosto do dela,  puxando-a com a mão livre para junto do seu corpo. Quase ao mesmo tempo, largaram as espadas e começaram a se beijar. Houve um estrondo forte e uma centena de barulinhos tilintantes em volta deles enquanto se beijavam, com fome, com alegria, desarmando-se pela primeira vez um diante do outro. Incrível, mas era ainda melhor do que parecera no mundo dos sonhos e dessa vez não havia dúvida alguma que era real.

-         Armistício, Stone? – ela murmurou com o rosto colado ao dele.

-         Acordo de paz... pelo menos até a relação ficar um tédio – disse ele com a voz rouca. E não me chame de Stone. Eu gosto de ouvir meu NOME na sua voz, Hope.

-         Tudo bem, Gilles... mas nunca mais diga que eu sou um cara legal.

-         Deixe o seu cabelo crescer, então conversamos – ele riu, beijando-a novamente.

Uma voz os interrompeu:

-         BLACK! STONEHEART! O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO? DESTRUÍRAM A ARENA DA ESCOLA!!!!!

Só então viram Harry e Severo Snape, parados pouco além do que restara das paredes da arena de vidro, totalmente estilhaçada pela emissão mágica involuntária que seu beijo provocara. Os dois se largaram rapidamente, rindo e Hope disse:

-         Bem... não é o primeira vez que destruímos propriedade da escola...

-         Certo – disse Harry  chegando perto deles – eu creio que vocês devem consertar isso imediatamente... esse é... bem...

-         Estou de volta, meninos. Na verdade, desisti de identidades secretas, mas vou assumir a turma de vocês, porque obviamente, Potter não tem a mesma competência de Mr. Sandman...

-         Professor Snape, então o senhor...

-         Exato. Agora, limpem essa bagunça e Potter... – Snape não precebera que Harry desaparatara rindo assim que ele se adiantara para falar com o casal.

-         Acho que ele já foi – disse Stone, pegando a sua varinha junto às suas roupas, sepultadas por uma montanha de cacos de vidro. – algo me diz que ele está usando o senhor para poder tirar uma férias... – o velho se afastou e o dois puderam jurar que havia uma fumacinha preta sobre a sua cabeça. Gilles olhou para ela rindo e disse:

-         Viu o que você fez? – apontou para as paredes de vidro destruídas. – isso vai demorar um tempão para consertar...

-         Meu namorado vai me ajudar...

-         Namorado? Um sujeito alto e bonitão?

-         Sim, que tem extrema dificuldade de guardar aniversários e se acha o presente de Deus às mulheres...

-         Ei!

-         O que foi? – disse ela fazendo com um movimento de varinha um vidro estilhaçado voltar ao lugar de origem.

-         Eu não me acho um presente de Deus para as mulheres. – ele disse, dando às costas a ela e fazendo a mesma coisa – só pra você – ele murmurou rindo.

-         Ok, Hope Black... você pode conviver com isso – ela disse, voltando aos afazeres.

-         Vamos colocar tudo no lugar, e depois vamos correndo para um lugar sem vidro algum – ele disse bem humorado.

-         Sem vidro algum? Por quê?

-         Não sei se há vidros resistentes o suficiente para suportar o que pretendo fazer com você...

---

-         Ela não está mais namorando aquele sujeito insuportável e velho para ela???? – Sirius estava exultante – eu vou mandar uma coruja para o Saul, ele vai adorar saber disso!

-         Não vai não senhor! Que idéia, Sirius... ela tem outros planos, e francamente, Saul Bagman é um chato.

-         Ei, como assim “outros planos”?

-         Bem...

-         HOPE JÁ ESTÁ NAMORANDO OUTRO???? Céus, o que vão falar dela?

-         Sirius... desde quando um legítimo Black realmente se importa com o que falam dele?

Sirius olhou para a mulher contrariado e disse:

-         Não é isso... mas... bem... não quero que digam que ela pula de um namorado para o outro... daqui a pouco vão estar chamando-a de qualquer coisa por aí...

-         Eu comecei a namorar você logo depois de Lúcio e ninguém me chamou de “qualquer coisa”.

-         É diferente...

-         Sirius Black, seu velho machista. Ela está namorando Gilles Stonehart.

-         Aaaah... bem, isso melhora as coisas.

-         Só porque o pai dele é um auror... não entendo você.

-         Não é o ideal... ele é mal encarado, anda com os cabelos desgrenhados...

-         Nossa, acho que já ouvi essa descrição antes... como era mesmo? Sheeba, aquele seu namorado é muito esquisito... você não deveria namorar um cabeludo...

-         É claro que um pai prefere para sua filha um bom partido...

-         Se você falar mais uma vez em Saul Bagman, juro que você vai se arrepender...

-         Está bem, está bem...

-         Só uma coisa...

-         O que?

-         Ela puxou à mãe... eu sempre adorei tipos estranhos...

-         Nada disso ela puxou ao pai, eu que era o aventureiro, você era uma medrosa que...

-         Ei, isso não é verdade..

Vocês sabem como são casais antigos, não? As discussões não acabam nunca... ou melhor, acabam sim, de forma ótima...

---

            Harry chegou um pouco mais tarde aquela noite. Havia passado no beco diagonal para comprar uma penseira, porque havia coisas que ele queria guardar de forma especial, lembranças únicas para ele, que de certa forma, seriam um presente. Willy estava sentada no sofá da sala, de olhos fechados, adormecera lendo um livro, que estava aberto em seu colo. Ela estava recostada de lado e ele a obsevou por um longo instante, antes de acordá-la com um beijo.

-         Está atrasado, Sr. Potter.

-         Foi por uma boa causa, Sra Potter – ele disse sentado-se ao seu lado no sofá. E as crianças?

-         Dormindo profundamente. Chegaram da escola e foram para Hogwarts, onde passaram a tarde cuidando dos bichos com Hagrid e chegaram exaustos... como um homem de quase oitenta anos tem a disposição dele?

-         Gigantes vivem 400 anos... pela lógica, ele deve emplacar 200 anos no mínimo. Creio que Hagrid deve ter saído da adolescência há pouco tempo – ele disse rindo – Venha... preciso te mostrar uma coisa.

-         E o jantar?

-         Depois a gente janta – ele disse, puxando-a escada acima, até o sótão. Desembrulhou a penseira sobre a mesa e disse: - olhe.

Ela franziu a testa e olhou para a penseira, contendo uma exclamação. Ele pegou seus dedos gentilmente e segurando a sua mão, fez com que ambos tocassem o líquido da pequena bacia de pedra. Num segundo, Willy se viu diante de seus pais, que a contemplavam com um olhar amoroso. Ao lado deles, ela pôde reconhecer os pais de Harry. Eles estavam ali e pareciam tão felizes, seu pai já não tinha a cicatriz que ela lembrava, desfigurando-lhe o rosto. Sua mãe era tão bonita quanto ela imaginava.

-         É apenas uma lembrança – disse Harry – Abel me disse que tivemos de escolher algo para lembrar... quando estivemos no mundo dos mortos.

-         E você quis...

-         Não me lembro como, Willy, só sei que os vi, seus pais e meus pais... e eles estão bem, em algum lugar além daqui... e a lembrança que escolhi foi essa, por mim e por você. – ela o abraçou e soltou lágrimas há muito presas, ele beijou o alto de sua cabeça, acariciando-lhe os cabelos, amando-a muito. Ela levantou os olhos marejados para ele, agradecida, e ele disse: – agora, podemos viver a nossa vida, Willy... sempre que quisermos lembrar deles, saber como eles ficam felizes por nós, temos essa imagem.

Aquela foi uma noite perfeita, como não tinham há muito tempo. Bastante tempo depois, abraçados em sua cama, Willy disse:

-         Porque será que Abel precisou fazer uma escolha, Harry?

-         Não sei, Willy. Talvez o tempo nos diga porque. O que importa é qe agora ele está lá em Hogwarts, comportando-se como um bom menino, assim espero.

-         Ou... andando pelos corredores com a sua capa de invisibilidade, atrás de alguma besteira para fazer...

-         O que certamente é mais provável – disse Harry rindo e dando um beijo de leve nos lábios da sua mulher

-         Ok, Abel... você nos trouxe de novo a um lugar esquisito..

-         Cara, eu jurava que a sala que eu achei outro dia, a tal que eu disse, cheia de penicos, era bem aqui...

-         Essa sala é fruto da sua imaginação, com certeza – disse Kayla rindo. – desista, você não é o guardião dos segredos de Hogwarts.

-         E andarmos os três debaixo de sua capa é um bocado chato... – completou Henry

-         Peça uma para o seu pai, oras, ele é rico.

-         Eu pedi, ele disse que não quer saber do filho dele fazendo besteira invisível pelos cantos da escola...

-         Como se eles nunca tivessem feito isso...

Os garotos entraram numa sala vazia e  ficaram conversando, sempre se divertiam fazendo isso, afinal eram de casas diferentes e nem sempre tinham tempo de conversar e jogar snap explosivo.

-         Um menino da Corvinal disse que quer entrar para o sindicato dos sem casa – disse Henry – acho que é por causa dos olhos azuis de Kayla...

-         Para com isso, Henry... uma menina do segundo  ano perguntou para mim se o negócio do sindicato é mesmo verdade... eu disse que era.

-         Daqui a pouco vamos ter que fazer uma cerimônia de seleção e fundar uma quinta casa para os excluídos das outras casas – brincou Henry

-         Nem é má idéia... o que você acha, Abel?

-         É pouco... eu tenho outros planos...

-         Oh, não diga grande e poderoso bruxo – disse Kayla, debochada.

-         Não digo hoje, Kayla... mas um dia, no futuro, quem sabe se nós três não fundamos uma escola?

-         Uma escola? – perguntou Henry – Para que? Para Bruxos ou trouxas?

-         Uma escola para transformar trouxas em bruxos – disse Abel, com um ar sonhador. Kayla riu. Parecia estar quase embarcando na idéia aparentemente louca do amigo:

-         Seria uma boa idéia... é uma boa idéia... mas, porque faríamos algo assim?

-         Talvez fosse bom – disse Henry – se fossemos todos iguais, bruxos, trouxas, todos nós...

-         E seremos – disse Abel com um ar decidido – um dia seremos todos iguais.

----

Longe dali, em Londres, um felino se encolheu e pulou sobre um telhado. Ele estava patrulhando a cidade. Sabia que realmente, todos eram iguais.

FIM

Fred: Ei, acabou?

Aline: Você não viu o “fim” ali em cima?

Jorge: Poxa... e o que acontece daqui em diante?

Aline: Quem sabe? Só sei que eu não vou contar. Usem a sua imaginação, oras. Afinal, essa história não é só minha, mas de quem a lê.

Fred: Você está ficando uma cafona sentimental, Aline Carneiro.

Aline: Pois é... sou mesmo. Tanto que vou dizer agora uma frase que sempre quis dizer...

Jorge: frase? Não estou gostando disso... que frase?

Aline: Já que você pediu... “E foram felizes para sempre...”

Fim (mesmo) 


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