"Voltei a pensar nele. Na verdade, acho que nunca deixei de pensar."

Dói tanto pegar o telefone e discar meu número? Não há realmente a mínima curiosidade em saber como estou? Se eu morrer, para você está tudo bem? Vai ficar feliz? Nem isso sei. Porque você não quer falar comigo. Porque não me deu atenção quando nos vimos, e eu fui mal educada. Fiquei revoltada. Não me amou? Naquelas noites em que você digitou palavras amorosas, com as quais consegui sorrir, você não queria nada? Acreditei em você. Em suas falsas palavras. Ou não eram falsas? Se não eram, prove a mim. Quero vê-lo olhar em meus olhos e dizer que me ama. Não tem coragem? Desculpa esfarrapada. Então seria melhor não olhar em meus olhos? Acho que se for assim, pelo menos não cairei mais em suas ciladas.

O amor é como uma cobra. Vai se enrolando ao redor de seu corpo, até que já está o esmagando. Sufocando. E você está morrendo. Melhor matar a cobra?

Sinto raiva de você. Quero xingá-lo, amaldiçoá-lo em palavras sujas. Mas o melhor xingamento que há é o silêncio. Então me calo. Aguardo você perguntar por mim. Se não o fizer, saberei que não se preocupa comigo. Não vou procurá-lo. Prefiro esconder-me, para que não sofra mais com suas palavras doces, mas que gradativamente vão se tornando amargas, até se tornarem venenosas.

Alívio sinto agora, ao quase rasgar o papel, de tanto ódio que sinto. Esse sentimento ficou se remoendo durante dias em meu coração, e eu chorei. Derramei lágrimas por alguém que não liga para mim. Sou tão idiota a ponto de acreditar em seus falsos sentimentos? Ou você que me fez de idiota? Essa história está mal explicada. E sofro por ela não ter um desfecho, nem feliz, nem triste. Apenas inacabada. Será que você pensa em mim? Ah, besteira. Se pensasse, já teria pego o telefone e discado meu número, certo? 

Então retornamos ao dilema inicial.