Os momentos que passamos juntos foram bons, com certeza. Rimos muito, nos abraçamos, nos amamos. Éramos apenas dois frutos imaturos cegamente apaixonados, e não ligávamos para muita coisa. Todas as vezes que sofri por amor, sofri por você. E foi uma dor que rasgava minhas entranhas, corroía meu interior frágil e quebradiço, cheio de remendos.

Assim foi por muito tempo.

Suportei sôfrega, tudo aquilo de errado que você fez comigo, todos os erros que cometeu eu perdoei e continuei com você até o fim. Mas a cada perdão, a cada “Tudo bem” que eu lhe pronunciava, as coisas ficavam piores. A tolerância começava a se esgotar. O amor começava a acabar e o sentimento que me invadia era apenas amizade, apenas um coleguismo. Não tinha mais aquela ânsia de vê-lo, abraça-lo, beijá-lo e tê-lo ao meu lado como tivera. A paciência de uma garota como eu pode ser praticamente infinita, mas uma hora ainda sim se esgota. Não apenas o amor se esgota. A alma já está arrasada de tanto sofrer, de tantas noites passadas em claro, preocupada com você, quando você estava apenas se divertindo com os amigos e tinha esquecido de me telefonar.

Agora é tarde demais para desculpas, para promessas que ambos eu e você sabemos que nunca seriam cumpridas. Não o quero mais. Não quero mais o estrago que você me causou. Amei você por muito tempo e você não deu o valor suficiente para o sentimento que lhe doei. Agora você corre atrás pedindo perdão por coisas do passado, coisas que eu não tolerei, que agora vieram à tona.

Então sinto muito. Mas sou muito melhor que isso, e dessa vez acabou definitivamente.

Sem voltar atrás.