Proibido escrita por Fan_s


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários ^^



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Como em todas as outras noites, quando Shina acordou ele já não estava ao seu lado. Tinha ido embora minutos antes de o sol nascer.

Sentou-se na cama. Ela nunca se habituaria aos sentimentos que a preenchiam quando acordava de manhã. Naquele momento, ela sentia-se tudo menos completa. Colocou a máscara muito antes de se olhar ao espelho pois tinha vergonha da imagem que aquele objecto reflectia.

Sempre que acordava sozinha de manhã a culpa caía sobre ela. E a voz desse sentimento merecido sempre lhe dizia que não tinha o direito de vestir a armadura que carregava. E Shina admitia para si mesma que aquela voz tinha razão.

Marin e Shina encontravam-se na casa da ruiva. Cada uma comia uma maça vermelha para desjejum. Sendo as únicas amazonas presentes no Santuário, fora fácil criar uma amizade entre elas assim que a confusão com o Seiya acabou.

 “Não te deves sentir culpada.” Dizia Marin. Ela conhecia a delicada situação de Shina. E, na presença da mesma, não se esforçava em esconder o descontentamento pela Deusa.

E Shina também conhecia os pensamentos de Marin em relação ao Santuário. Muito antes de Marin lhe ter dito a sua opinião sobre aquele lugar sagrado, a própria já tinha concluído que o espírito de Marin era demasiado livre para aquele lugar.

No entanto Shina respeitava demasiado as regras para conseguir pensar como Marin.

“Não o consigo evitar.” Ela admitiu. “E a culpa está a dar cabo de mim por dentro.”

Marin olhou para a mulher à sua frente. Uma mulher que se arrependia de amar o homem que amava. Em tempos ela também fora assim: preocupada por quebrar as regras; por não amar apenas a Deusa. Ela sabia o que a voz da culpa dizia. “Não mereces ser uma Amazona.” Porém Marin pensou de maneira diferente e, de maneira diferente de Shina, passou a concordar com a voz. “Não merecia ser uma Amazona. Merecia muito mais.”

As duas mulheres tinham mentes muito diferentes. Enquanto Marin viu uma vida para além das pedras destruídas do Santuário, Shina só se conseguia ver como Amazona de Athena.

Porém Marin mostrar-lhe-ia um pouco da sua visão do mundo. Mesmo que no final ela continuasse escolhendo as limitações de Amazona.

“Levanta a cabeça.” Marin começou. “Não tens razão nenhuma por te sentires culpada. Para além de seres uma amazona, és mulher. E as mulheres podem amar. Não fiques assim pelas regras que Athena sobrepõe aos cavaleiros.” Marin suspirou. “Afinal de contas… ela também ama.”

Ela não se queria animar, queria continuar a sofrer a sentir-se culpada. Era como um castigo pelos seus actos proibidos. Mas as palavras de Marin mostraram-lhe uma nova visão. Porém, aquela visão era tão vazia… Shina decidira tornar-se uma Amazona pois assim poderia fazer algo notável. Algo que sendo apenas mulher não podia. Ela preferiu vida de amazona a vida de mulher. E, ao contrário do que Marin disse, não podia nem conseguiria liderar com os dois termos.

Assim como não conseguiria acabar com a culpa. E assim que admitiu isso, ela soube que aquilo que tinha com o Cavaleiro de Escorpião não duraria para sempre. Pois ela era uma amazona, não uma mulher.

Era final de dia. E como sempre, Marin fugira da confusão para ir ver o pôr-do-sol. Ela estava cada vez mais convicta que sairia daquele lugar.

“Eu sabia que te encontrava aqui.” A voz dele saiu calma e controlada. E Marin sentiu um arrepio subir pela sua espinha. “Faz muitos dias que vens aqui. Sempre no mesmo horário.” Ele constatou, sentando-se ao lado dela. “Sei que algo está mal, Marin.” Ele disse, olhando para a mesma, que mantinha o seu olhar no horizonte onde o sol se escondida. “Tempos atrás confiavas em mim. Porque não confias agora?”

Marin suspirou. Não era uma questão de confiar ou não. Ela sabia que ele nunca entenderia se lhe contasse o que realmente a incomoda. Por momentos teve um pingo de inveja de Shina. Pelo menos o cavaleiro dela não respeita as regras tanto assim.

“Sabes aquela regra…” Marin começou, ainda olhando o sol, e reprimiu a vontade de acrescentar ‘absurda’ para caracterizar a regra. “Se alguém vir a face de uma Amazona, ela tem duas opções: Ou amar… ou matar…” Marin riu baixinho. Como se ela pudesse escolher quem amar…

“O que tem Marin?” Perguntou confuso. “Não me digas que… alguém te viu?!”

Não. Não era isso. Nunca ninguém tinha visto a face dela.

“Eu acho essa regra absurda.” Disse por fim. “Mas vou fazer uso dela pelo menos uma vez…” Ela disse, virando-se para ele. “… enquanto ainda sou Amazona.”

‘Como assim enquanto?’ Ele queria perguntar, mas as palavras perderam-se na sua boca e na sua mente assim que viu Marin retirar a máscara. O seu coração começou a bater mais depressa, e o Cavaleiro de Ouro ficou atordoado com a beleza da mulher à sua frente. Os belos olhos azuis dela observavam atentamente a reacção dele, e o mesmo via um sorriso nascer nos lábios finos de Marin.

“E não. Eu não te vou matar.”

Milo não gostava de responsabilidades. Nunca escondeu isso a ninguém. Logo também não fez questão de esconder o seu descontentamento perante a ordem que lhe deram. “Um dos teus discípulos está a tentar fugir do santuário. Vai atrás dele.” Dissera-lhe o Grande Mestre. E ele, como Cavaleiro, assim o fizera.

No entanto esses pensamentos pararam quando observou Argor de Perseus, um Cavaleiro de Prata, rir com uma amazona em frente a uma estátua de pedra. Ficou no cimo da ravina, ocultando a sua presença e a observar a cena.

“Não faz lembrar os velhos tempos?” O Cavaleiro de Prata pergunta, animado, à Amazona ao seu lado.

“Se faz!” Ela respondeu e tocou na estátua de pedra. Milo observou a estátua com atenção e apercebeu-se que era o seu discípulo. “Tempos atrás, numa situação semelhante a esta, pedi-te ajuda.” Ela relembrou. “Não entendo como estes aqui ainda tentam escapar do Santuário.”

Milo não esperou que ele respondesse. Saltou da ravina sem se importar com a altura e aterrou uns metros à frente dos dois cavaleiros.

“Desfaz!” Ele ordenou ao Cavaleiro de Prata, sem saber o porquê de tanta raiva. Shina surpreendeu-se ao ver o Cavaleiro de Escorpião ali. “ Aquele miúdo é meu discípulo. É assunto meu. Desfaz o teu ataque.” Acrescentou, esforçando-se para manter a calma, ao receber um olhar confuso do Cavaleiro de Perseus.

“Não creio que seja que seja possível.” Disse-lhe Argor. “O meu ataque não é remediável.”

“Se eu te matar é.” Milo avançou um passo na direcção do Cavaleiro de Prata, e este recuou um passo. Não era estúpido. Ele sabia que não teria hipóteses contra um Cavaleiro de Ouro.

Shina colocou-se entre os dois, aparentemente calma. “Não vamos entrar em conflitos. Cavaleiros de Athena não devem lutar entre si.” Dizendo isto, virou-se para o Cavaleiro de Ouro, que a olhava nada satisfeito. Colocou o joelho no chão e curvou a cabeça em sinal de respeito. “Não voltaremos a tratar de assuntos seus. Pedimos desculpas.”

O gesto dela foi copiado pelo Cavaleiro atrás de si. Milo virou as costas e retornou à sua casa, com os punhos fechados, irradiando rancor.

Quando ele já não estava no seu plano de visão, Shina ergueu-se e, olhando o caminho que ele percorrera na sua ida, ela soube que Milo não apareceria naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Argor (ou Argol) de Perseus é um Cavaleiro de Prata que apareceu no início de Cavaleiros do Zodiaco. Enfrentou o Shiryu e os Cavaleiros de Aço (lembra deles?) e for derrotado pelo Shiryu.

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