Balancei Damon em meus braços até ele parar de chorar e nada da ninfa voltar. Damon ainda estava com a temperatura elevada o que me deixava ainda mais preocupado. Ele bebeu néctar, comeu ambrosia, mas não tinha ficado melhor.

Meus Deuses o que será que meu filho tinha?

No quarto de Damon tinha uma janela, mas infelizmente não dava para o acampamento e sim para o pinheiro de Thalia com o velocino de ouro pendurado e Peleu deitado ao lado do pinheiro o protegendo.

Eu podia ouvir vários gritos e xingamentos em grego antigo. Tinham tantas pessoas falando que eu não conseguia distinguir a voz de ninguém.

– Eu telo mama. – murmura Damon baixinho me abraçando mais forte.

– Somos dois, garotão. – falei suspirando pesadamente. – Eu também quero a mamãe.

– Eia plometeu te otalia. – disse ele, sua voz saindo, ainda, um pouco engasgada pelo choro. – Eu telo a mama adola. Mama, mama, mama.

– Calma, Damon. – falei balançando ele em meus braços antes que ele começasse a chorar de novo. – Logo a gente vai ver a mamãe. Só temos que... Que esperar... – minha língua me traiu. Eu não conseguia falar o que realmente tinha acontecido com Annabeth. – Quíron esta com a mamãe e depois poderemos vê-la, certo?

– Nala ceto. Quilon chato. Quelo mama. – disse Damon de forma birrenta.

– Damon. – falei de forma repreensiva e ele se encolheu em meu colo. – Quíron esta cuidando da mamãe. O que aconteceu foi uma coisa que ninguém queria que acontecesse então não seja birrento.

– Ma eu quelo a mama. – disse ele com a voz embargada.

Eu já não sabia mais o que falar, mas graças aos Deuses eu não precisei porque nesse instante a ninfa, Jeniffer, entrou no quarto com o solhos arregalados e tremendo de medo.

– Precisam de você lá fora. – disse Jeniffer rapidamente.

– O que aconteceu lá fora? – perguntei preocupado. Aquele estronde que eu ouvi antes das discussões começarem deixariam qualquer um preocupado, poderiam estar invadindo o acampamento de novo. Mas pela falta de barulho de luta eu duvidava de uma nova invasão. – E porque precisam de mim?

– Bom, é que estão todos com medo da Clarisse. Foi ela que fez aquele barulho alto antes de chegar aqui e agora estão todos lá fora tentando conte-la. – disse Jeniffer seria. – Aqueles que ainda têm um pouco de coragem tentam lutar contra ela, mas Clarisse esta uma fera selvagem.

– Mas o que aconteceu para ela estar assim? – eu realmente não estava entendendo esse comportamento da Clarisse. Tudo bem que ela não é lá uma santa, mas ultimamente ela até que estava se comportando bem, parecendo mais uma pessoa.

– Chris chegou muito machucado e levaram ele direto para a enfermaria. Clarisse quer entrar a todo custa lá dentro e é por isso a desordem lá fora. – explicou Jeniffer.

– Tudo que eu precisava era de mais um problema. – resmunguei. Caminhei na direção de Jeniffer e estendi Damon para ela. – Fica aqui com...

– Não. – gritou Damon segurando em meu braço com força e começou a chorar. – Não quelo fiar acli. Quelo mama e papa.

– Damon, isso não é hora. – tentei não soar rude, mas isso só fez Damon me abraçar mais ainda e mais forte. Bufei impaciente.

– Pode leva-lo, é só a Clarisse. Ela já deve até estar cansada depois de ter lutado, ou sei lá. – disse a ninfa timidamente.

Mordi a língua para não comentar nada sobre a sua frase. Eu sei que ela esta querendo ajudar, mas ela dizer que é só a Clarisse? Isso praticamente quer dizer que esta acontecendo uma guerra bem na nossa frente.

Suspirei derrotado. Ou Damon ia comigo, ou ele não pararia de chorar e o Sr. D ficaria furioso e poderia transformar o meu filho em alguma animal, literalmente, e isso eu não queria. Mesmo wu não tendo visto o Sr. D ele deveria estar em algum lugar na Casa Grande.

– Tudo bem. Você pode vir comigo. – falei, mas Damon não afrouxou seu abraço em torno de mim, provavelmente com medo que eu não cumprisse o que eu falei. Me virei para Jeniffer. – Você vem junto. Se as coisas com a Clarisse ficarem ruins você pega o Damon e fica longe.

– Não telo filar longe, papa. – disse Damon com a voz abafada, pois seu rosto estava escondido no meu ombro.

– Não vai, é só até colocarmos a leoa da Clarisse para dormir. – falei me dirigindo até a porta.

Jeniffer me seguia fechando as portas por onde eu passava, a do quarto e por fim da Casa Grande quando saímos dela.

Assim que sai da Casa Grande já deu para ver o alvoroço dos semideuses perto da enfermaria. Quando me viram, os meio-sangues que só estavam em volta da luta, abriram caminho para eu passar e o que eu vi me deixou um pouco aturdido.

Clarisse estava no centro lutando contra vários meio-sangues. Seus movimentos eram ferozes e grossas lagrimas saiam dos seus olhos. Sim, isso mesmo. Clarisse La Rue estava chorando enquanto acabava com os que lhe atacavam.

– Para, Clarisse, isso não vai ajudar em nada. – gritou um filho de Hermes.

– Cala a boca moleque. – rugiu Clarisse fazendo todos darem um passo para trás e Damon se encolher em meu colo. – Você não sabe de nada.

– Damon, por favor, fica com a Jeniffer. – sussurrei baixinho perto do ouvido dele. Damon só assentiu uma vez e não fez protestos quando passei ele para Jeniffer que estava atrás de mim. – Se afaste. – falei para Jeniffer e ela assentiu dando vários passos para trás. Coloquei a mão no bolso a onde estava contracorrente pronto para usa-la se fosse necessário.

– Saiam da minha frente agora mesmo, ou eu vou ter que acabar com todos vocês? – Clarisse gritou tão alto que alguns campistas tiveram que tampa os ouvidos.

Meus olhos se arregalaram quando vi Albert, ainda todo enfaixado, se postar na frente de Clarisse sem qualquer tipo de arma. Totalmente vulnerável. Alguns campistas ajudaram os que foram derrotados por Clarisse a saírem do caminho enquanto olhavam admirados pela coragem de Albert no estado em que estava encarar Clarisse.

– Não me importo em ter que te tirar do meu caminho a força. – grunhiu Clarisse, mas Albert não se mexeu nem um pouco.

– Você esta errada, Clarisse. O que esta fazendo não vai ajudar o Chris e sim atrapalhar. – disse Albert firme. Parecia que todos tinham segurado a respiração nesse momento.  – Você...

Clarisse urrou antes de investir contra Albert. Destampei contracorrente ainda em meu bolso e avancei me colocando entre Clarisse e Albert. Minha espada apareceu bem a tempo de bloquear a de Clarisse.

– Sai da frente, seu idiota Jackson. – gritou Clarisse e desferiu um golpe em mim no qual eu defendi com facilidade.

– Deveria escutar ele. Albert esta certo sobre isso. – falei empurrando Clarisse para trás.

– Não fale o que n...

– Não fale o que não sabe? – gritei interrompendo ela olhando seriamente em sua direção. Clarisse deu um passo para trás, mas manteve sua postura de batalha. – Eu sei muito bem. Annabeth também esta lá dentro. Você acha que eu não quis entrar lá? Que eu não quero estar ao lado dela?

Tudo estava, assustadoramente, silencioso em nossa volta.

– Mas eu não fiz. Tudo bem que me impediram de fazer isso no começo, mas depois eu me dei conta que não posso fazer nada para ajuda-la nesse momento. – mesmo eu ainda mantendo meu olhar serio foi impossível segurar a lagrima que escorreu pela minha bochecha.

– Isso é lindo. – ouvi alguma menina comentar.

Eu queria gritar com ela e dizer que sofrer por alguém não é nada lindo, mas eu tinha que me concentrar em Clarisse e impedir que ela tentasse fazer alguma coisa que poderia prejudicar minha Sabidinha e o nosso filho.

Vi uma coluna de fogo aparecer atrás de um grupo de meio-sangues que imediatamente abriram caminho. Nico, Thalia e Jason andavam em nossa direção abatidos, mas Nico estava com o olhar... morto, frio.

– Não sou filho de Apolo para saber como tratar de ferimentos graves como, infelizmente, é o de Annabeth e provavelmente é o do Chris também. – falei apertando o cabo da minha espada com mais força. – Mas entenda, Clarisse. Entrar lá a força não vai ajudar em nada.

– Mas eu preciso. – disse Clarisse deixando suas lagrimas rolarem. – Chris... Ele...

Depois disso Clarisse não falou mais nada. Nico foi silenciosamente por trás de Clarisse e lhe desferiu uma forte pancada com o cabo de sua espada a fazendo cair inconsciente no chão.

– Todos podem dar o fora agora e levem ela para o chalé de Ares. – disse Nico, sua voz soando fria, passando por Clarisse e indo em direção à ala dos chalés. Todos imediatamente saiam do caminho dele e não era para menos. Nico estava irradiando medo e opressão.

– Vamos, pessoal. Voltem aos seus afazeres. – ordenou Thalia vindo para perto de mim sendo seguida por Jason. Jason estava mais era parecendo um segurança da Thalia pela forma que ele ficava protetoramente envolta dela.

– Isso que é colocar moral. – falei vendo todos fazerem o que Thalia pediu e aproveitei e tampei contracorrente a guardando de novo em meu bolso. Dois filhos de ares carregaram Clarisse em direção ao chalé deles.

– Só para quem pode. – disse Thalia e suspirou cansada. – O q...

– Papa. – gritou Damon interrompendo o que quer que Thalia fosse dizer. Suspirei me virando na direção de onde vinha à voz dele.

– Viu só, ninguém esta longe de ninguém. – falei enquanto eu ia em sua direção e o pegava do colo de Jeniffer. Encostei minha testa na dele e abri um pequeno sorriso, mas durou pouco. Fiz uma careta ao constatar que ele ainda estava com febre. – Ele ainda esta com febre.

– Febre? – perguntou Thalia ficando ao meu lado e tocou a testa de Damon sentindo a temperatura dele. – Minha nossa, ele não pode ficar aqui fora, Percy. Esta anoitecendo e ele pode piorar. Já deu néctar...

– Sim. E a febre não abaixou. – falei fechando os olhos com força tentando pensar em alguma coisa, mas nada me vinha na cabeça.

Senti que todos os três estavam me olhando atentamente. Se eu não estivesse com Damon no colo eu poderia desmoronar a qualquer momento com tudo que tinha acontecido comigo nesse, fatídico, dia.

– Vem comigo. – disse Thalia de repente para Damon, mas ele se recusou me abraçando mais forte. – Vem Damon, o seu pai cabeça de bagre aqui precisa tomar um banho e você também, mini-raio.

– Não quelo fitar longe. – disse Damon com a voz fraquinha.

– Não vai ficar. Fica um pouco comigo e logo que seu pai terminar de se arrumar ele vem ver a gente. – disse Thalia tentando convencer Damon.

– Com a mama. – disse Damon encarando Thalia seriamente com os olhos vermelhos que só piorava ainda mais o aperto no meu peito.

– Se você se comportar, claro que poderá ver Annabeth. – disse Quíron aparecendo ao nosso lado assustando a todos.

– Poxa, depois de tudo que passamos hoje, você ainda nós assusta assim. – reclamou Jason.

Quíron olhou atentamente para Thalia com uma sobrancelha arqueada e Thalia deu de ombros e fez sinal de que conversavam depois sobre sei lá o que.

– Quíron, tem alguma noticia das minhas caçadoras, só estou vendo meio-sangues aqui? –perguntou Thalia preocupada olhando a sua volta.

– Acabei de receber o relato do ultimo grupo que chegou com Clarisse e Chris. – disse Quíron serio. – Os mais graves foram trazidos para cá e já estão na enfermaria, o ultimo foi Chris. Tenho cinco caçadoras suas na enfermaria, mas já estão fora de perigo.

“Há mais meio-sangues e caçadoras na praia em Northerly e eles estão com ferimentos mais leves por isso ficaram para trás. As caçadoras estão esperando sua ordem para saber para onde vão. Se ficam no acampamento que vocês montaram em Chicago, ou se veem para cá junto com os outros meio-sangues.”

– Para cá, temos caçadoras aqui também e se elas estão machucadas, mesmo que de leve, aqui poderemos ficar em segurança enquanto nós recuperamos. – disse Thalia pensativa.

– Pois bem, vou avisa-los daqui a pouco. – disse Quíron se virando para mim e para Damon e apontou para o meu filho. – Você vai com a Thalia que eu preciso conversar com o seu pai e depois você volta para ir com ele ver a sua mãe.

– Jula pelo esfigete. – disse Damon olhando serio para Quíron, depois que Thalia cochichou algo no ouvido dele que eu não ouvi, e isso fez o velho centauro abrir um sorriso e Thalia Jason e eu sorrirmos pelas palavras que Damon falou.

Esse menino é bipolar quando se trata de falar. Uma hora ele fala certinho que nem parece que ele tem pouco mais de um ano e na outra ele fala como um bebê normal, errando varias palavras, ou pronunciando errado.

– Juro pelo Estige. – disse Quíron eu um raio cortou o céu selando o juramento.

Thalia pegou Damon no colo e junto com Jeniffer foi para a Casa Grande enquanto que Jason, a mando de Quíron, foi para o chalé de Zeus. Não sem antes me entregar Excalibur, eu até tinha me esquecido que eu tinha deixado ela naquele momento e nem se quer tinha reparado que Jason a estava segurando minutos antes.

– Por favor, Quíron, me diga que a Annabeth e o nosso bebê estão bem? Por favor? – pedi assim que ficamos sozinhos fincando a espada no chão para não ter que segura-la.

Eu não estava afim, pelo menos não agora, de saber sobre a espada. Eu tinha coisas mais importantes com o que me preocupar no momento.

– Fico feliz e aliviado em dizer que ambos estão bem. – disse Quíron com um sorriso.

– Graças aos Deuses. – murmurei suspirando aliviado deixando meu corpo cair para trás na grama. Doeu um pouco, mas a sensação de alivio era maior que qualquer coisa.

– Sim, mas Percy. – disse Quíron serio o que me fez sentar rapidamente e olhar para ele. – Isso vai mudar o estado de Annabeth. A gravidez dela vai ser delicada, temos que tomar muito cuidado daqui para frente. A flecha estava envenenada e se alojou em um lugar perigoso tanto para Annabeth quanto para o bebê.

– Mas eles vão ficar bem, não é? – perguntei ficando imediatamente de pé.

– Terão que ficar sob vigilância sempre. – disse ele e vendo minha cara de confuso logo emendou. – Não internados em uma clinica, mas sim tendo que seguir a risca as recomendações medicas.

– Você vai passar essas recomendações?

– Esse não é um ramo da medicina que eu leciono muito bem. Sei poucas coisas por causa que já ouve meio-sangues que tiveram filhos, mas nunca um filho de dois meio-sangues. – disse Quíron olhando para além da colina. – Em poucas palavras, acho que seria melhor se Annabeth fosse acompanhada por médicos mortais.

“Usei sim um pouco néctar para me ajudar a estabilizar Annabeth, mas fiz isso porque tive que fazer e eu sei que o organismo da mãe faz de tudo para proteger o feto. Deu muito certo e posso dizer que por agora usar um pouco de néctar em períodos longos um do outro pode ajudar na recuperação de Annabeth e do bebê.

Sei que pode estar sendo um pouco confuso para você. Seguir um jeito mortal, mas ai vem eu falando que poderíamos usar comida divina.”

– Não faz ideia, Quíron. – murmurei realmente estando confuso com o que ele estava falando.

– Vamos fazer assim. Agora vou monitorar Annabeth usando um pouco de néctar, mas quando ela estiver curada, firme e forte, vamos mudar para o jeito mortal para não ter qualquer eventual complicação que posso vir por causa dos meios divinos. – disse Quíron olhando para mim e eu assenti.

– Certo, mas será que agora eu posso ver minha noiva? – pedi e Quíron arregalou os olhos surpreso. Será que eu falei demais?