Aprendendo a Viver. escrita por Ana_gms_000, camila_guime


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas graças a Deus já está ai postada a continuaçãao...
Agradescimento a recomendação que enviiaaram : girldark - muita obrigada pela recomendação floor ! Sigam o exemplo dela, a gente adora quando recebe uma recomendaçãoziinha ... inspira agnt a escrever mais ... Bem, nesse capitulo pretendemos atingir e molda-lo para nao have o pequeno acidente quanto a falta de detalhes... bem, veremos o que vcs achão !
BOA LEITURA !!!



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Era incrível como sua inocência já não existia mais.

Seus passos eram leves e ao mesmo tempo firmes enquanto andava pela calçada amontoada. Em suas costas, sua mochila, contendo as poucas coisas de valor que tinha, seu cabelo caía por cima do seu rosto, tornando nojenta a sensação de seus cabelos umedecendo sua testa.

A rua era barulhenta e agitada, os adultos em sua volta, nenhum deles parecia notar sua presença e o quão jovem aparentava ser. Sua mãe a teria notado, não por ela ser sua filha, mas porque ela havia uma sensibilidade terrível das coisas que a cercavam. Era atenta a tudo até nos dias mais agitados de trabalhos e compromissos. Nunca a deixou de lado, nunca a deixou faltar nada... Enquanto esteve viva sempre deu tudo o que pode de si, para construir uma família bem estruturada, feliz e saudável...

Acima de tudo, acima de todo o dinheiro que sua família possui, havia a honra, o amor, o sentimento que aos poucos uma megera qualquer estava estragando. Mas ela não deixaria assim.

O que a incomodava não era o fato de estar sujando o nome de sua família, um nome é apenas um nome. Mas ela estava destruindo tudo de mais precioso o que tinha: sua dignidade, sua postura, sua fé... Estava arrancando-lhe tudo, tudo até não sobrar-lhe mais fôlego.

Aos poucos foi parando ao avistar uma biblioteca. Estava cansada, arfava. Virou-se e seguiu em direção à lanchonete que ficava do outro lado da rua.

Tinham alguns jovens naquele local. Havia varias mesas e cadeiras, organizadas em fileiras no meio da sala. Nos cantos havias sofás em volta de mesas, essas eram as mais ocupadas. As paredes tinham um tom claro de amarelo e tinha um balcão à frente de alguns recepcionistas, onde não havia ninguém sentado, e no meio desses recepcionistas havia uma mulher.
Alta, cabelos amarrados e sorrindo. Como se a conhecesse.

Seguiu e sentou em um banco tentando ignorar. Estava em um dos banquinhos do balcão, queria se manter o mais afastado possível dos outros jovens, não estava com cabeça pra conversar, mas assim que a moça que outrora sorrira pra ela se aproximou viu que seria impossível manter-se afastada de palavras.

- Oi, sou Rebecca... Você é... ?
-Gabrielle. -Sorriu

Nos instantes seguintes Gabrielle fez o seu pedido e, de uma hora para a outra, começaram a conversar como se fossem velhas amigas. Falavam sobre a vida de cada uma, Gabi se viu escondendo alguns detalhes, mas não se importou, mal a havia conhecido.

Havia pedido um hambúrguer e um milk sheik de chocolate.

Havia chegada no estabelecimento por volta de umas duas da tarde e agora se encontrava totalmente perdida no horário e desesperada ao notar, olhando pelas janelas de vidro que faziam parte da decoração do lugar, que já estava tarde.

Quando se deu conta, Rebecca estava tirando seu uniforme e soltando os cabelos. Os clientes saíram e ela seguiu, juntamente com Rebecca para o lado de fora, onde a mesma fechou a porta.

- Bem, já está na minha hora. Você me parece nova pra ir pra casa sozinha, quer que eu te acompanhe? - Perguntou educadamente.

Gabrielle ficou sem reação. Para onde ela iria? Ela não sabia muito bem nem onde estava agora... Quem dirá achar um lugar para passar a noite... Rebecca, notando sua falta de palavras, arqueou a sobrancelha com uma expressão séria.
- Você não tem um lugar para ficar não é mesmo? - Gabi balançou a cabeça negativamente, olhando para o seus pés. Sentia vergonha de não ter contado, uma coisa sem sentido se quer saber... Mal havia conhecido a moça. Mas algo dentro dela dizia que podia confiar, apesar de qualquer coisa.

-Bem, então venha comigo. -Disse a jovem.

Espantada, Gabrielle perguntou:

- Tem certeza ?
- Tenho sim. Bem, é claro, se você gostar de crianças...
- Você tem irmãos? - Indagou curiosa.
- Não... Filhos.- Respondeu Rebecca com um sorriso.
- Filhos?- Quis saber surpresa, enquanto caminhava em direção a outra calçada.
- Cinco. - Disse a jovem, agora rindo.
- Cinco? - Exclamou Gabrielle rindo junto com ela.
- Aham.
- Não acredito!

E as duas seguiram rindo, conversando amenidades o caminho todo. Porém, Gabrielle mal percebeu que passou novamente na frente da biblioteca que havia visto outrora e que atrás dos vidros das respectivas janelas existia um coração pelo qual ela ansiaria, em breve.
Andando alguns quarteirões, Rebecca e Gabrielle adentraram num bairro simples, onde as casas pareciam idênticas. Telhados de duas águas, muros médios, pátios de concreto, quadras de aparentemente quase o mesmo tamanho... E apesar de parecer um lugar tranquilo em si, os moradores eram mais agitados.
Na porta de uma casa, um grupo de homens tocava violão e cantava coisas ininteligíveis à distância. Entre as casas, mulheres conversavam encostadas em seus muros, outras sentadas nas calçadas, crianças correndo em seus pátios e na rua em frente de casa...
Gabirelle gostou dali. Era uma parte da cidade que, se não fosse por Rebecca, jamais conheceria. Logo, ficou ansiosa em saber qual daqueles seria o lar de Rebecca.
— Onde está a sua? – Perguntou.
— Hm... Aquela ali.
Rebecca apontou uma há três casas distante; modesta, pequena, toda pintada de azul.
— Sua casa é linda! – Gabrielle exclamou maravilhada.
— É tão comum. Mas obrigada.
— Comum? É tão... Tão...
— Azul?
— É! – Gabrielle não conseguia pensar num adjetivo melhor. Mesmo que “azul” não fosse um adjetivo de verdade.
Rebecca riu.
— Você é mesmo um doce. Mas, me diga Gabrielle, quantos anos você tem?
— Dezessete.
— Hum... – Rebecca pareceu conjeturar. — E o que você faz? Passar o dia todo numa lanchonete conversando com a balconista... Não me parece o tipo de coisa que uma garota de dezessete anos faria.
Gabrielle sentiu os pelos da nuca ouriçar. Sentia que deveria confiar em Rebecca, mas não tinha forças ou coragem pra contar tudo de sua vida pra ela. Estava tudo muito recente ainda.
No portão da casa de Rebecca, não tinha como inventar uma saída para a pergunta.
— Eu não tenho família. – Respondeu.
— Não tem?
— Bem... Eu tive, mas todos morreram. Há alguns anos.
Rebecca parou e olhou para Gabrielle firmemente. Ela parecia bem cuidada, corada, não parecia alguém que passara tempos na rua, nem parecia muito queimada de sol.
— E onde esteve?
— Com amigos.
— E onde eles estão agora?
Gabrielle lembrou nitidamente do rosto de Gustavo. Seu peito apertou e as lágrimas encharcaram seus olhos. Ela tentou fugir do olhar de Rebecca, mas não pôde disfarçar a tristeza.
— Eu não sei mais onde eles estão...
— Oh, minha querida, desculpe.
Rebecca viu Gabrielle balançar a cabeça em sinal de que estava tudo bem, mas sabia que aquela menina não estava falando tudo, e que o pouco que ela falava também não era mentira. Por impulso, abraçou Gabrielle por um breve momento, sendo correspondida com apego.
— Venha. Entre. Esta noite você vai estar sob meus cuidados... – Rebecca foi abrindo a porta de casa, e já se podia ouvir os gritos e as risadas das crianças lá dentro. — Isto é, - intercalou, — se as crianças deixarem.
Quando Gabrielle adentrou na casa, uma sala simples, mas completa, deu de cara com cinco crianças. Quatro meninos e apenas uma menina. Quando viram Rebecca entrando, eles pularam no sofá se fazendo de comportados. Exceto a menina, que permaneceu em pé na ponta do sofá, braços cruzados e postura altiva.
— Crianças... – Rebecca começou. — Esta é Gabrielle, nossa hóspede... por tempo indeterminado.
Gabrielle percebeu o convite por baixo daquele comentário. Olhou para Rebecca, que piscou discretamente para ela.
— Oi!
— E aí?
— Fala!
— Olá!
— Boa noite. – Respondeu a menina.
— Gabrielle, esses são meus filhos. Carlos é o primeiro, tem treze anos. Pedro é o segundo, tem doze. Márcio, o terceiro, tem oito. Renato é o quarto, tem sete. E, por fim, Rosa, e tem cinco.
Gabrielle demoraria a gravar a idade deles, e possivelmente se confundiria com o nome dos meninos. Andou um pouco mais à frente para se apresentar.
— Olá. É... É um prazer conhecer vocês.
— De Rosa para Renato tem dois anos de diferença. Meu marido viajava atrás de emprego às vezes. De Pedro para Márcio tem quatro anos... Foi o maior período que ficamos sem Antônio até Rose completar dois anos.
— Por quê? Onde ele está agora?
—  O pai  de Carlos e Pedro está em algum lugar desse mundo, nos separamos quando Pedro tinha dois meses e o meu segundo marido, pai de Márcio, Renato e Rosa morreu três meses após o nascimento da nossa única menina.

Após mais algumas explicações Rebecca lhe entregou uma toalha e Gabi se dirigiu ao banheiro para tomar um banho. Estava incrivelmente suja e isso passou a incomodá-La mais ainda quando se olhou no espelho e notou as marcas do suor em sua testa, o cabelo incrivelmente arrepiado e obviamente oleoso e embaraçado.

Tirou sua roupa suja e entrou no chuveiro, a água morna relaxou seus músculos e por fim, aos poucos, foi se sentindo bem, enquanto ficava limpa .

Fechou os olhos e sorriu sussurrando um agradecimento baixinho, não sabia a quem o estava fazendo, mas sabia que existia alguém aquém deveria agradecer por ter colocado uma pessoa boa em seu caminho.

Saiu do banho, já trocada e com os cabelos arrumados, limpa e perfumada. Seguiu para a cozinha e se deparou com uma cena que a trouxe lembranças que a fizeram sentir uma leve pontada no peito e nós na garganta.

Na simples cozinha existia uma mesa onde todos estavam em volta. As crianças comiam, satisfeitas, rindo e conversando com Rebecca coisas bobas, mas que deverias fazer a elas o maior sentido. E o mais incrível é que ela parecia estar acostumada com isso, era como se fosse uma reprise dos mesmos dias, pela expressão de Rebecca, mas pelo visto, ela nunca cansara de ouvi-la.

Então, percebendo a presença de Gabrielle no cômodo chamou-a.

- Vem cá Gabi, aqui está o seu prato. - Disse-lhe oferecendo um prato simples, de plásticos. - Sinta-se à-vontade, ali estão as coisas, na geladeira, tem salada. Sirva-se. - Disse com um sorriso ameno.

Gabi, timidamente se serviu e sentou-se junto com ele e de um momento pro outro sentiu algo diferente dentro de si. Não se sentia mais tão confusa, triste e solitária como antes. Algo lhe dizia que essa era a sua mais nova família.


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