— Abra — disse a palavra do jeito que “ouvi” na mente do CC.

Sim, eu consegui entrar na mente dele, e não deixar que ele soubesse foi super difícil. Eu teria que dar um jeito de impedir que isso voltasse a acontecer, tudo bem que foi útil, mas não seria legal ter ele na minha cabeça toda vez que eu fosse me livrar de uma parte de sua alma.

A pia se “abriu” e eu me joguei no buraco que tinha se aberto no meio. Quando meu pé tocou novamente o chão, ouve-se o barulho de ossos se quebrando. Olhando para o chão percebi que ele estava cheio de esqueletos de pequenos animais, principalmente ratos.

Comecei a seguir os canos me baseando no que ouvi da historia do Harry. Eu achei mais uma porta e novamente o pensamento de “como eu vou entrar aí?” me veio a mente.

Tentei usar a mesma palavra que usei na primeira porta. E, graças a Merlin, a porta se abriu revelando uma grande Câmara com grandes canos jogando um pouco de água ao seu redor. Do outro lado da grande sala tinha uma escultura de um rosto, que pela lógica achei ser Salazar, cravado na parede.

A boca da escultura começou a se abrir e eu apertei a espada em minhas mãos com mais força, e assim que uma coisa começou a se mexer nas sombras fechei meus olhos firmemente e apurei os ouvidos.

Vocês já tiveram a sensação de ser observado? Era assim que eu me sentia enquanto ouvia a cobra gigante se arrastar na minha direção. A diferença era que eu não poderia olhar ao redor para ver quem estava me olhando, já que eu morreria se o fizesse.

Ouvi o rastejar da cobra e me virei e retirei rapidamente os sapatos altos, correndo o máximo que eu podia, já que não podia fazer muito esforço, na direção contrária. Abri os olhos e evitei olhar para a água ou para a espada, aguçando ainda mais meus sentidos.

Então, entrei em um dos canos e constatei que era sem saída. Arregalei os olhos e os fechei fortemente, me virando com cuidado, levantando a espada em forma de ataque.

Muito bem, Helena — uma voz irritantemente parecida com a da Lily disse em minha cabeça. Ótimo, agora a voz da minha consciência é a voz da Lilian! — Você vai acabar se matando! E matando seu filho!!

Ahh, cala a boca!!

Ouvi novamente o barulho da serpente na minha frente e dei o primeiro golpe com a espada, olhando para o lado e observando a sua sombra. Assim, pude ver onde o atacava sem morrer.

O Basilisco foi me atacar e eu desviei, apertando os olhos e os abrindo em seguida para o outro lado. Ficamos nessa luta até que ouvi um farfalhar de asas e olhei para cima, a sombra de um pássaro passar por cima do Basilisco e machucar seus olhos, o cegando. 

Suspirei de alívio e olhei para o Basilisco, e então deixei meu queixo cair, olhando o tamanho daquele animal.

Enquanto o Basilisco estava distraído tentando lutar contra o pássaro, eu aproveitei para golpear a lateral do seu corpo, e ao seu arquejar, eu consegui passar por ele, correndo até a frente do rosto de Salazar, tentando escalar seu rosto, afinal, se um pirralho de 12 anos vai conseguir, eu consigo também, só tinha o acréscimo de eu estar grávida e ele não, mas isso é só um detalhe.

Quando cheguei no topo de sua cabeça, vi que o Basilisco estava vindo na minha direção. Suspirei e me preparei para o ataque. Ele tentou me empurrar com seu nariz e eu desviei, o golpeando, mas não conseguindo muito. 

Continuamos atacando e desviando, até que ele pareceu perder a paciência e tentou me morder com seus enormes e afiados dentes, então eu arregalei os olhos e lembrei do que Dumbledore disse sobre Harry, então fechei os olhos e dei o impulso com a espada para cima, penetrando a o céu da boca do Basilisco e ao mesmo tempo sentindo uma dor horrível no braço. Dumbledore iria conseguir o veneno. Mas dentro do meu corpo.

A cobra caiu no chão morta e eu pulei no grande "lago" que havia ali. Arranquei o dente do meu braço e sorri, havia conseguido o veneno. Mas logo o sorriso sumiu do meu rosto quando eu perdi a força do meu corpo e caí no chão. Gritei e chorei, não por mim, mas pelo meu(minha) filho(a).

Eu iria morrer ali, caída no chão de uma câmara fria e escura. Foi quando percebi, percebi que eu havia falhado, afinal, não ia dar o dente para Dumbledore, não ia acabar com o CC, não ia contar para o meu irmãozinho que eu estou namorando o melhor amigo dele, não ia ter meu bebê. Eu tinha acabado de quebrar a profecia e matar milhares de pessoas com a minha falha. Além de traçar o futuro de Harry.

Fechei os olhos esperando a morte, mas então eu senti a força voltar ao meu corpo e a dor ir embora. Olhei para o meu braço e vi a fênix chorando em cima do meu braço e sorri, como Harry, eu fui salva pela Fawkes.

Levantei e segurei sua pata e gritei quando ela me ergueu e nós voamos de volta até o banheiro da Murta.

Quando entreguei a espada cheia de veneno para Dumbledore os olhinhos azuis dele brilharam como estrelas no céu.