Acordei sentindo fortes braços em volta da minha cintura. Suspirei e tentei me acalmar. Hoje eu iria entrar na Câmara Secreta.

Fui tentar tirar os braços de Sirius do meu redor, mas não consegui. Ele apenas resmungou alguma coisa e me apertou mais, quase esmagando minhas costelas.

Você deve estar se perguntando “mas se a Lena dormiu no dormitório dela, como ela está com o Sirius?”. Bem, eu respondo, de madrugada, eu não estava conseguindo dormir de jeito nenhum, então, eu fui no quarto dos garotos e implorei pra que ele acordasse e fosse comigo pra Sala Precisa. E não, nós não fizemos coisas proibidas pra menores de 17 anos. Talvez pra menores de 14, ou 15, mas nada mais que isso.

Me virei e vi o meu príncipe dormindo num sono pesado. E ao invés de ficar observando-o, preparei a garganta e tratei de dar o meu melhor grito, mandando-o me largar.

O coitadinho me largou com pressa e se afastou, caindo da cama de costa. E eu, como uma boa quase namorada, joguei a cabeça pra trás e comecei a rir como uma hiena.

- Vai rir lá na puta qu... - Ele começou a falar, mas logo se calou quando viu meu olhar de "se continuar a falar, arranco o Six-Júnior em um segundo" - Bom dia, flor do dia.

Voltei a rir e depois de uns minutos, quando senti a cama afundar no meu lado, parei de rir e olhei para o lado, vendo um Sirius Black de bruços, com o travesseiro na cara.

- Sirius. Sirius, Six, olha pra mim, era brincadeira, olha pra mim por favor - Ele estava me ignorando e eu estava desesperada, pensando que ele estava com raiva de mim, até que eu ouvi um ronco, e tirei o travesseiro do seu rosto. Não é que ele estava dormindo mesmo?

Eu dei um forte tapa no seu braço e ele novamente se assustou, gritando como uma garotinha. Revirei os olhos e fui pro banheiro que apareceu do nada na Sala. Fiz minha higiene matinal e depois voltei para o dormitório, ignorando as reclamações do cachorro.

Me dirigi para o Salão Principal e logo me sentei na mesa da Grifinória, enchendo um prato com vários tipos de comidas.

- Lena, juro que se você não estivesse com uma coisinha na barriga eu pensaria que você queria virar uma melancia - Lily falou horrorizada sentando ao meu lado com cara de quem viu o Voldemort chapado, dançando Conga Conga no meio do Salão, abraçando o Dumbledore e falando que é Lady Voldebicha.

- Tá me chamando de gorda, ruiva? – ela não respondeu nada, apenas deu um sorrisinho de lado e voltou a comer.

Depois do café-da-manhã o pessoal seguiu para as aulas e eu fui até a sala do Dumbie para pegar a espada de Gryffindor. Ele me entregou a espada depois de muito falar para que eu tome cuidado.

Ele não vai pois, nas palavras dele, está muito velho e só me atrasaria. Fui até o banheiro da Murta-Que-Geme e aí que eu me lembrei de um detalhezinho mínimo: eu não falo a língua da cobras, então eu não posso abrir a Câmara Secreta.

Parei em frente a pia e me olhei no espelho e pensei “fudeu!”. Foi quando algo estranho aconteceu. A imagem que o espelho refletia ainda era eu, em teoria, mas a pessoa que estava na minha frente só tinha a minha aparência por que até o olhar era totalmente diferente do meu. Era um olhar frio, superior e ao mesmo tempo convidativo. A expressão em “meu” rosto era duro e frio.

— Olá, Helena. — uma voz masculina falou na minha mente ao mesmo tempo em que a imagem mexia a boca.

Ok, eu estou ficando louca!

— Você não está ficando louca, querida. — “Minha” imagem falou com voz de homem. Comentário básico: Cara, é muito estranho ver a minha imagem mexendo a boca para falar e sair uma voz de homem! — Na verdade, você deveria estar honrada por estar na minha presença.

Na verdade, oh ilustre pessoa, eu estou na minha presença, já que apenas a sua voz esta na minha cabeça.

“Minha” imagem deu um risada junto com a voz — sinistro—, uma risada que me deu arrepios.

— Me disseram que você é debochada e sarcástica, mas vejo que todos estavam errados ao seu respeito! Você é muito engraçada!

Ok, eu sei que sou foda e sei quem sou. Agora,querido,me diga quem tu és.

— Eu sou Lord Voldemort! — ele/eu disse como se fosse a coisa mais natural do mundo você ter uma voz de homem saindo da sua imagem no espelho e ainda vier com um papo de que é o Cara de Cobra. Oh! Eu posso chamá-lo de CC! Cara de Cobra, Sacas?

E o que Vossa Senhoria está fazendo em minha mente? Se é que eu, uma reles mortal, posso perguntar.

— Eu ouço noticias e me parece que a senhorita está em uma missão suicida.

Ok, eu estava esperando que ele me desmentisse, me dissesse que estava no espelho, por que se ele está em minha mente ele pode ver tudo que eu estou pensando, e o que já pensei.

— Pelo visto minha futura esposa não é apenas engraçada!!

“Futura esposa”? Pelo visto o louco aqui é você, CC!

Bem, já que ele está em minha mente ele me “viu” inventando o apelido, e como ele não falou nada eu posso chamá-lo assim.

— Você deveria se unir a mim, sabe. Pelo que eu vi você está nesta missão para salvar seus amigos e seu precioso filho. Eu posso poupá-los se você se juntar a mim.

Enquanto ele falava eu estava pensando. Se ele está na minha cabeça eu estou a dele. Isso quer dizer que eu também posso ver o que ele esta pensando.

— Nem tente, querida, esta é uma via de mão única.

Mesmo? Vamos testar. Pense na palavra que abre a Câmara.

                — Estou pensando... Está vendo ou ouvindo alguma coisa?

            Bom, não, mas não custava nada tentar. Agora se me der licença eu preciso achar um jeito de abrir essa maldita porta.

— Fique à vontade.

Olhei para o espelho e percebi que ele tinha voltado ao normal. E então um sorriso foi surgindo em meus lábios.