Herdeiros escrita por Queen of Hearts


Capítulo 29
A Família Walker




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150243/chapter/29

— Droga! — bradou Jonh, segurando o que deveria ser sua varinha.

Ele estava atrás de uma parede e podia ver tudo da cena que ocorria embaixo da escada. Graças à escolha de Harry, de voltar ao ministério, o mesmo havia conseguido se ver livre no corredor, mas Mendel estava no andar de baixo, tornando perigoso para o moreno descer. No entanto, depois de ouvir a longa conversa do bruxo e Scorpius, Jonh percebeu que era hora de sair, contudo sua varinha havia quebrado e o jovem xingava baixinho.

Segurando o corrimão, ele se certificou se a capa o cobria realmente. Em seguida, tomou cuidado com o barulho que seus passos faziam na escada. Foi difícil entrar ali, além de conseguir aquela capa e o mesmo não queria estragar isso. Andando devagar, ele se lembrou de como teve que confundir a mulher gorda para entrar na sala comunal da grifinória. Por sorte, ela havia bebido bastante na festa de Nick-Quase-Sem-Cabeça, alterando-se, e o jovem observou como taças quebradas apareciam magicamente atrás dela. Ora, parece que quadros também podem ficar bêbados, pensou. No final, conseguiu pegar a capa da invisibilidade de Alvo. Agora, andava para salvar seus amigos e torcia para Scorpius manter o bruxo ocupado por mais tempo.

Ao chegar no pé da escada, o moreno se esgueirou até os dois petrificados e colocou-se em sua frente. Eles não podiam vê-lo, mas Jonh começou a soltá-los. Um deles, Evelyn, oscilou e o moreno reparou no pavor em seus olhos. Penalizado com a situação da amiga, retirou uma parte da capa para que ela visse seu rosto.

Foi a gota d’água. Evelyn voltou ao normal, assim como Alvo.

— Jonh?! — chamou a garota, sussurrando para que Mendel não pudesse ouvi-los. — O que faz aqui?

— Bem, como posso explicar...

— Ei, essa é minha capa! — disse Alvo, olhando para o lugar onde Jonh se escondia. Sua expressão não era muito agradável.

— Desculpe Alvo, mas esse é um caso de vida ou morte, literalmente.

— Ok, mas diga-me. Foi Tiago quem lhe deu isso?

— Ahn... — começou Jonh, coçando a cabeça.

— Você a roubou! — bradou Alvo, mais alto do que deveria.

Mendel se virou, e os garotos observaram Jonh se esconder sob a capa. O bruxo passou os olhos pelos rostos apavorados dos dois amigos, mas não encontrou nada. Quando finalmente se levantou, os garotos viram-no dar um sorriso e temeram o que viria a seguir.

— Então vocês voltaram ao normal? — perguntou, segurando o queixo de Alvo e Evelyn. — Que maravilha! Finalmente posso tornar tudo mais interessante. — riu.

— Mendel! — Scorpius chamou. — Não faça isso!

— Ora, não seja tão sem graça, milorde. — respondeu entediado o bruxo. — Esse é o filho do Potter, não é? Vamos assustá-lo um pouco. Quem sabe você aprende a ser um lorde de verdade.

— Não! — respondeu o loiro. — E eu não sou seu milorde!

Mendel o encarou. Ele havia parado de sorrir, e os jovens observaram sua expressão se fechar. Então como se tivesse tido uma ideia brilhante , largou a cabeça de Alvo e Evelyn e voltou para o banco, sentando em frente à Scorpius. O loiro se calou ao ver sua expressão cortante.

— Deixe-me contar-lhe uma história, Malfoy — falou, segurando a foto do suposto pai entre os dedos. — Os outros também podem ouvir — continuou olhando para o casal no canto.

E antes que alguém pudesse dizer algo, ele começou, mas sem esquecer de ironizar.

— Era uma vez um fazendeiro que morava em Devon, na Inglaterra. E nesse lugar, havia uma enorme fazenda que carregava seu nome: A Morada Walker. No entanto, a fazenda não era a única a carregar seu nome, pois ao ver Sophie pela primeira vez, o jovem fazendeiro se apaixonou pela bruxa. Sophie também era filha de um agricultor — diga-se de passagem, um velho nojento — e conheceu o fazendeiro quando seus pais armaram seu horrível casamento com ele. No começo a jovem não queria aceitar, até descobrir que não era a única bruxa ali.

“Quando enfim se casaram, tiveram um filho e viram sua vida melhorar. Acharam que tinham se livrado dos pais — ingênuos — e da mania sangue-puro que eles possuíam. Bem, eles estavam certos, se livraram dos pais. Contudo, depois que o garoto nasceu, eles viram o erro que tinham cometido e esse erro veio com um nome: Miller.”

“A nova família que havia se estabelecido ao seu lado, havia-os manipulado para que pudessem acreditar que eram amigos, mas na verdade, queriam roubar-lhes a fazenda. Além disso, eram todos sangues-ruins ou na linguagem irritante de vocês, trouxas, e sabiam que havia algo de estranho com a família vizinha. O garoto, já com dez anos, foi o único que notou e depois de voltar do passeio com a avó, viu sua velha e solitária casa pegando fogo. Ele correu, mas como em qualquer caso de incêndio, seria muito se tivesse sobrado as cinzas. Enfim, foi parar nas mãos do velho nojento.”

“A partir do momento que sua nova vida começou, ele se viu num inferno. O velho estava lá e sua avó podia ser facilmente comparada a um general do exército. Nenhum deles gostava do garoto e o jovem mal pôde protestar quando lhe enviaram para um internato por ter desobedecido a uma de suas ordens ridículas. Mas esse não foi o pior castigo, o pior foi quando descobriu que era um internato trouxa, um lugar onde havia centenas de jovens da mesma raça imunda daqueles que mataram seus pais e quando perceberam que ele, o Walker, era um bruxo.”

“Após passar dez anos lá, o jovem voltou e descobriu que seus avós estavam mortos. Eles haviam sofrido um golpe e perdido suas fazendas, fazendo o garoto ser jogado na rua. Maldita família!, pensou. Como não notam um golpe embaixo de seus narizes? Como sempre, os culpados eram trouxas — sim, a raça traidora — e o jovem passou a cuidar de porcos para sobreviver. Já mais velho, foi para a cidade e descobriu que haviam encontrado algo na casa dos avós. Era um livro e uma foto, e o homem fez questão de recebê-los quando um auror do ministério os entregou. Este era Gray Murray e ele tinha um filho que se tornou amigo do Walker.”

“Mas sua amizade não durou muito e o homem teve que matá-lo, pois este havia o traído e abandonado quando viu seu amigo ocasionar as mortes de Jenkins e Malfoy. Afinal, depois de ler o livro, o homem já não era mais o mesmo. Havia feito uma descoberta, algo que mudaria sua vida e lhe daria a chance de vingança, e esse algo era um garoto loiro que morava no coração de Little Hangleton.”

Fim. Mendel havia terminado sua triste e estranha história, mas Scorpius e os outros não sabiam o que dizer. Ele os olhava curioso e cheio de desdém como se lhe arrancasse um pedaço contar toda sua humilhação para aqueles meros garotos. Se Scorpius já tivesse acordado, quem sabe ele não sentiria tanta vergonha. Contudo, os três não eram os únicos a terem escutado, Jonh também havia e Mendel não sabia que ele estava ali. Porém, os três continuaram a olhar para a foto nas mãos de Mendel e só Scorpius percebeu o inevitável.

— Quem é você? — perguntou, encarando-o.

Mendel sorriu.

— Você já me conhece, Malfoy. — respondeu o bruxo. — Não se preocupe, não mudei meu nome ou algo do tipo, mas fico feliz por ter percebido que o garoto na história era eu e não meu pai.

Alvo e Evely levantaram a cabeça, surpresos. Jonh também fez o mesmo sob a capa, e Scorpius respirou fundo, estava cada vez mais difícil se controlar, além do fato de que se sentia tonto. Primeiro sua mãe e agora isso, ele realmente se odiava por ser o tal milorde que Mendel tanto falava. Então antes que alguém pudesse dizer algo, o loiro caiu no chão e seus amigos gritaram. Longe dali, uma ruiva também sentiu-se mal, fazendo duas outras mulheres se preocuparem. Mas algo acabou com toda a cena de tragédia e esse apareceu na forma de seguidores das trevas.

Os encapuzados haviam voltado.
Jonh aproveitando que Mendel estava ocupado com Scorpius, jogou a capa sobre os outros dois, além de si mesmo. Eles jogaram as cordas para o lado e correram para as escadas. Havia algo de bom naquela taberna esquisita, era o fato de a escada levar até uma espécie de corredor — com várias portas —, onde no final havia uma saída que levava a mais uma escada, chegando assim nos fundos do estabelecimento. No entanto, Alvo os parou e olhou para trás.

— E quanto a Scorpius?

— Não podemos fazer nada, Mendel está com ele — respondeu Jonh.

— E vamos simplesmente deixá-lo? — perguntou o moreno cético, ele não gostava de abandonar pessoas.

— Escute Alvo — disse Evelyn. — Eles não vão machucá-lo. Ele é o herdeiro, lembra?
— Mas é também nosso amigo!

Os outros dois ficaram em silêncio. Alvo os olhava como se não pudesse acreditar no que estavam fazendo e pensou seriamente em voltar, porém uma voz lhe chamou a atenção. Vinha da escada atrás deles e os três ouviram passos se aproximando. O jovem xingou baixo e puxou os amigos para fora dali, de onde correram para a saída. Entretanto, seus passos ainda eram ouvidos.

— Ali! — alguém gritou atrás deles e os amigos viram um feitiço vermelho passar sobre suas cabeças.

— Não idiota! — outra falou, dessa vez uma mulher. — O que está querendo? Matar-nos?

— Ah, só cale a boca Amélia e pegue esses pirralhos! — disse a terceira.

Os três apressaram o passo, fazendo os garotos revidarem com feitiços. Os encapuzados não podiam vê-los, mas sabiam de onde vinha os jatos de luz. Quando os jovens correram em direção as escadas, viram-nos apontarem para eles. Neste momento, Alvo gritou:

— Pulem!

E eles pularam enquanto a escada era atingida logo atrás de si. Ao passo que chovia cinzas e pedaços de ferro, os amigos se arrastaram para fora dali, mas Evelyn se virou a tempo de ver uma pessoa conhecida sorrindo. Amélia Jones, sua professora de feitiços — ou diria ex — estava olhando para o nada abaixo de si com seu sorriso de dentes amarelados e quando viu que não poderia mais pegá-los, se virou para dentro com os outros. Evelyn voltou a correr.

~~XX~~

— Rose! — Hermione gritou, correndo até a garota. — Você está bem?

A ruiva não respondeu, mas sentiu sua mãe tocar-lhe a cabeça como forma de conforto. Além disso, sabia que Amber estava ali, lhe olhando com seus olhos brilhantes e isso a acalmava por dentro. Quanto a ela, estava deitada sobre o sofá branco dos Malfoy, com as mãos sobre o tronco, sentindo como se fosse morrer a qualquer minuto, mas mesmo depois de sua mãe perguntar o que havia acontecido, Rose não soube responder. Só sabia que seu coração havia doído como se perfurado a fogo e ela precisou deitar-se para voltar a respirar.

— A profecia — Amy falou e as duas viraram-se para olhá-la. — “Dois sentimentos, dois lados e um apenas prevalecerá”. É isso, ele está se transformando no lorde sombrio. Mendel está conseguindo envenená-lo.

— Não! — Rose gritou. — Não vou deixar!

— Não acho que possamos fazer muita coisa agora, Rose. — disse Hermione e a garota entrelaçou os braços sobre o rosto.

As duas mulheres se olharam e suspiraram, porém seus olhares eram pensativos, fazendo Hermes se encolher no ombro de Amy. E quando Hermione levantou a cabeça para encarar a outra, Amy balançou a cabeça em afirmação. Parece que sua vez havia chegado mais cedo do que esperava.

Hermione sorriu sem emoção.

~~XX~~

— Senhor Potter, espere! — chamou um bruxo de meia-idade, correndo atrás do homem de óculos e ignorando o outro ao seu lado. — Não pode sair agora, seu braço ainda está em processo de cura!

— Pouco me importa! — bradou Harry. — E onde fica a saída desse lugar?

Ninguém respondeu, fazendo Harry virar à direita e ver um corredor de paredes brancas novamente. Irritado, o moreno chutou um banco preso à parede e uma mulher com sarapintose lhe lançou um olhar de repreensão.

— Ahn... — disse Harry, dando um sorriso vacilante. — Sinto muito.

A mulher o ignorou, e Harry vendo-a se distanciar, fechou a cara e se jogou em um dos bancos de espera. Não queria ver ninguém naquele momento, mas nada saía como ele queria.

— Sr. Potter! — o bruxo de meia-idade voltou a chamar. — O que pensa que está fazendo?

— Estou fugindo!

— Como? — perguntou o outro, fazendo o moreno bufar.

— Nada.

Draco que estava ao lado do bruxo, riu baixinho. Afinal, era realmente engraçado ver Potter se comportando feito uma criança do maternal, mas ao ver o olhar que o bruxo lhe lançava, o loiro se recompôs.

— Ei Potter — chamou Draco, tentando não olhar para o bruxo. — O senhor aqui tem razão, deveria descansar. Irá se curar mais rápido.

— Não preciso me curar, Malfoy! — respondeu Harry, olhando de cara feia para o curandeiro sua frente. — Preciso achar meu filho!

— Mas não acha que devia estar preparado primeiro? — perguntou o bruxo dignamente e Harry bufou. — De qualquer forma, o senhor está proibido de sair até que receba alta e não adianta protestar.

— Mas...

— Só fique quieto, Potter! — bradou Draco, lhe lançando um jornal que bateu em seu rosto.

O mesmo sentiu uma veia pulsar no pescoço, mas não protestou. Apenas jogou o jornal novamente e esse bateu no estômago de Draco. O loiro se irritou.

— Mas o que está fazendo?! — bradou, vendo o curandeiro se distanciar.

— Estou dando o troco — respondeu Harry dando de ombros.

— Escute Potter, se acha que irá encontrar os garotos assim está muito enganado.

— Não me importo, a única certeza que tenho é que não vou encontrar ninguém se continuar aqui!

Draco se calou e só o fez porque concordava com o moreno a sua frente. Sentando-se ao seu lado, olhou para o jornal. Foi ali que souberam sobre o desaparecimento de alguns alunos de Hogwarts. E a surpresa, seus filhos estavam envolvidos. Agora tinham que achar Mendel, uma bruxa psicopata sem nome, seus filhos e outra pessoa que Gina faria questão de contar-lhes pessoalmente. Além disso, Rony estava hospitalizado e o ministério havia os expulsado quando apareceram por lá.

Mas nem tudo é tragédia, e quando viram uma ruiva vir correndo pelo corredor em sua direção, sorriram com a certeza de que algo bom estava por vir. Infelizmente porém, foi nesse momento que alguém lhes bateu.

— Seus idiotas! — bradou Gina, com os punhos vermelhos e encarando cada um dos homens ali. — Como ousam desaparecer sem avisar?

— Gina? — chamou Harry, sentindo seu estômago doer com o soco que havia recebido.

— Sim. Sou eu Harry Potter — respondeu a ruiva, contudo, sua raiva não parecia ter diminuído.

— O que voc...?

— O que estou fazendo aqui? Vim ver meu marido antes que ele desapareça novamente.

— Gina... — começou Harry, mas ao ver o olhar que a ruiva lhe lançou, resolveu se calar.

Entretanto, outra pessoa não quis fazer o mesmo e falou sem se importar com o olhar que a mulher lhe lançava.

— Não seja irritante, Weasley! — disse Draco, passando a mão na barriga.

— Potter — Gina corrigiu.

— Potter, Weasley, tanto faz. Apenas me diga porque me bateu se nem faço parte da cria eterna dos Weasley’s.

— Você levou meu marido a fazer isso — respondeu Gina, sem se alterar.

— O que?

— Gina, por favor... — disse Harry, tentando fazer a mulher prestar atenção em si, mas sem sucesso.

— Quieto! — respondeu, e Harry deslizou deprimido pelo o banco. — Agora antes que essa conversa vá mais longe, deixe-me dizer logo o que descobri.

Os homens concordaram e Gina deu um sorriso.

— Encontraram Alvo e os outros — sentenciou e os homens sorriram, mas antes que pudessem dizer algo, a ruiva continuou. — Contudo, Rose, Scorpius e Gregório Finnigan ainda estão desaparecidos. Além disso, foram até a casa de Rony, e Hermione havia sumido sem deixar pistas.

Os homens voltaram a se sentar. Draco era o mais angustiado, fazendo Harry lhe dar um tapinha nas costas. Harry também havia se acalmado, mas não o suficiente para deixar a preocupação que existia em seu rosto. Quanto a Gina, esta deu-lhe um sorriso fraco, mas parou em seguida e assim, os três continuaram até a hora em que o curandeiro apareceu e lhes deu a notícia de que Rony estava bem. Era questão de tempo até todos voltar a ativa.

~~ XX~~

— Meu senhor — chamou um dos encapuzados entrando na taberna. —, encontramos um garoto.

— Quem? — perguntou Mendel indiferente, enquanto examinava a expressão de Scorpius.

— Este — e empurrou um garoto de cabelos cor de palha.

Mendel observou-o e viu quando o garoto lhe lançou um olhar de desprezo. Surpreso, o bruxo se levantou e parou em frente a ele. Ora, aquele garoto era familiar, mas ele não lembrava de onde o conhecia. No entanto, antes que Mendel pudesse chegar a uma conclusão, o jovem o interrompeu e não parecia feliz com a perca de memória do bruxo.

— Não se lembra de mim, Mendel? — perguntou encarando o bruxo, sua expressão mais fechada que o normal. — Sou Gregório Finnigan, o filho do homem que você matou.

E Mendel voltou a lembrar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herdeiros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.