Herdeiros escrita por Queen of Hearts


Capítulo 2
King's Cross




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Godric's Hollow

— Tiago, me devolva! — exclamou uma garotinha de cabelos ruivos e olhos castanhos, um tanto vermelha, correndo atrás do irmão.

— Não! — rebateu o garoto.
Com seus treze anos, ele corria pela sala enquanto segurava o mini-pufe marrom da irmã nas mãos, sua intenção não era devolvê-lo.

— Ele é meu, Tiago! — berrou a garotinha.

— Ele era seu! — berrou Tiago de volta. — Agora ele é meu!

— Papai, manda o Tiago devolver meu mini-pufe! — brigou a ruiva, se dirigindo ao pai.

O homem de óculos redondos e paletó, sentado no sofá, levantou a cabeça. Ele pensou em falar alguma coisa, mas a montanha de papéis sobre a mesa de centro estava queimando seu cérebro. Para quê tantos papéis? pensou. Quando enfim resolveu falar alguma coisa, uma bela mulher de cabelos ruivos e olhos castanhos apareceu na porta. Agradecendo aos céus, ele a ouviu dar um sermão nos filhos em seu lugar.

— Tiago, devolva o mini-pufe da sua irmã! — brigou. — Você sabe que ele não é seu.

— Ah, qual é mãe? — grunhiu o menino, mas ao ver o olhar da mãe, deu um sorriso vacilante e se virou para a irmã. — Toma aí seu mini-pufe, ô coisa pequena! — e estendeu a bola de pelos para a irmã, que pegou com carinho.

— Eu não sou pequena!

— Ah, é sim! Parece até aqueles duendes do banco gringotes, só que ruivo — debochou.

— Vá para o inferno, Tiago!

— Muito bem, já chega! Tiago, vá já para o seu quarto e arrume sua mala. Harry, pare de assinar esses relatórios e vá comer alguma coisa, você já está aí há duas horas. E Lílian, você... bem, você...er, continue sentada no sofá brincando e não perturbe ninguém. Sairemos daqui à meia-hora.

— E quanto ao esquisitão do Alvo? — perguntou Tiago, do alto da escada.

— O Al não é esquisito, ele é legal. Diferente de você! — exclamou Lílian, cruzando os braços e ficando de costas para o irmão.
Tiago revirou os olhos, mas Gina foi quem falou.

— Seu irmão está lá em cima, arrumando as malas e se preparando para ir. Coisa que você também deveria está fazendo em vez de ficar implicando com sua irmã!

— Ok, já vou indo então — respondeu o garoto.

Que chatas!, pensou.

— E eu? Posso tomar sorvete com a Winky lá na cozinha, mamãe? Ela está lá, não está? — perguntou Lílian.

— Está sim, pode ir filha.

A ruivinha obedeceu. Depois que Lílian saiu, Gina desabou no sofá ao lado do marido. Cuidar de três filhos realmente não era fácil, principalmente quando um em especial vivia arrumando confusão. Harry também sabia disso e olhou cansado para a esposa. Segurou então sua mão e lhe lançou um olhar tranquilo, ele sabia o que ela devia estar pensando.

— Eles estão crescendo rápido demais, não estão?

— Sim, mas continuam com o mesmo espírito encrenqueiro de sempre.

— Eles ainda são jovens, Gina, nós também éramos assim quando mais novos.

— Eu não era igual ao Tiago — riu a ruiva.

— Você entendeu o que eu quis dizer — continuou Harry, vermelho. — Mas espere até que eles cresçam e tudo vai ficar pior — disse, franzindo o cenho ao pensar nas confusões que seus filhos aprontariam quando estivessem mais velhos.

— Sim, eu sei. Agora é melhor nos apressarmos, senão chegaremos atrasados na estação King's Cross e você sabe como o Tiago possui mais tralhas que o porão dos meus pais — piscou a ruiva.

— Certo — sorriu Harry. — Então vou lá falar com Alvo. Daqui a vinte minutos nós estaremos saindo.

— Ok. Estarei esperando.

Londres - Inglaterra

— Hugooo!

Alguém gritou, próximo ao centro da cidade, em uma ruazinha calma. Lá havia uma casa de classe média, com um longo corredor. Nesse mesmo lugar havia uma garota de cabelos vermelho-vivo e olhos azuis que entrou correndo por uma porta preta; de um quarto masculino e começou a revirar tudo. Até que um garotinho tão ruivo quanto ela, apareceu no quarto e começou a reclamar da bagunça da irmã.

— O que você está fazendo? Toma cuidado senão vai destruir tudo! — brigou o garoto, depois que a irmã derrubou milhares de coisas de cima de sua cômoda.

— Estou procurando o Mackenzie. Você o viu por aí? — perguntou a garota olhando dentro do guarda-roupa do irmão.

— Não, por quê? Não me diga que você o perdeu, mamãe vai te matar se você tiver perdido. Nós já estamos eternamente atrasados para a despedida na estação King’s Cross!

— Mas eu preciso do meu gato, eu não posso ir para Hogwarts sem ele — respondeu Rose fazendo bico.

— Espera! O que é aquilo? — perguntou o irmão, apontando para uma coisa fofa e peluda; balançando de um lado para o outro debaixo de sua cama.

— Mackenzie! — gritou Rose, correndo em direção à cama de Hugo e tirando de lá um gatinho branquinho e pequeno, de olhos azuis e bastante peludo.

— O que ele estava fazendo debaixo da minha cama?

— Ele gosta de fuxicar Hugo, ele é um gato, e adora calçados. Talvez estivesse mexendo nos tênis que você deixa jogados por aí.

— Se ele tiver babado nos meus sapatos, você é quem vai limpar, Rose — falou o ruivinho com uma careta para a bola de pelos.

— Deixe de drama e venha ajudar a arrumar minha mala, antes que mamãe apareça por aqui gritando e reclam...

— Posso saber o porquê de vocês dois estarem demorando tanto? — perguntou uma mulher de cabelos castanhos e olhos cor de avelã, entrando pelo quarto com uma cara nada agradável.

— Bem, é que... — começou a mais velha.

— Tarde demais! — exclamou Hugo, se dirigindo a irmã.

— Ah, desculpa mãe. Nós só estávamos procurando o meu gato que havia sumido, mas já o encontramos.

— Ótimo! Então vá pegar sua mala para podermos sair daqui, porque se eu precisar esperar mais um minuto para ir até a estação, algo desagradável irá acontecer! —respondeu Hermione, vendo seus filhos engolirem em seco.

Quando ela saiu do quarto, Rose e Hugo trocaram olhares cúmplices. Eles sabiam que sua mãe detestava chegar atrasada nos lugares. Seu lado certinho às vezes era irritante. Sorte a deles que ela decidiu relaxar mais e passou a cuidar dos filhos e do marido. Mas não era tão fácil assim, e seu marido cabeça-dura não melhorava as coisas. Falando nele, Rony, apesar de ser gentil era bastante emotivo e quase sempre conseguia ser tão teimoso quanto seus filhos. Hermione por sua vez, sentia a necessidade de lhe lançar uma azaração e só não o fazia porque Rose e Hugo protegiam seu pai a todo custo – ele também procurava se proteger. Contudo, até mesmo sendo cabeça-dura e infantil algumas vezes, ele ainda era seu Rony e ela realmente gostava do cabeça de fósforo.

— Muito bem, estão todos aqui? — perguntou, já na sala de estar, segurando o malão de Rose enquanto olhava para o marido e para os filhos.

— Sim! — responderam em uníssono.

— Ótimo! Então deem as mãos e vamos para King's Cross.

— Ok.

Rose e Hugo deram as mãos, e Hermione segurou o ombro de Rony. Um segundo depois e o estalo da aparatação fez um ruído oco, deixando a sala vazia para trás.

King's Cross

— Preparado? — perguntou Draco, caminhando rapidamente ao lado do filho em direção à plataforma nove três quatro.

— Acho que sim, vamos ver o que acontece — respondeu o garoto, andando tão apressado quanto o pai.

Depois que eles atravessaram a barreira, viram um homem alto e moreno, junto de uma mulher também morena de cabelos castanhos. Eles estavam juntos de um menino mais ou menos da idade de Scorpius que possuía cabelos pretos e era moreno como os pais. Assim que Draco viu o homem, soltou a mão do filho e foi até ele cumprimentá-lo. Eles se abraçaram amigavelmente e iniciaram uma conversa. Quanto a Scorpius, esse ficou de frente para o menino moreno, e resolveu cumprimentá-lo:

— Oi!

— E aí! — respondeu o garoto, acenando com a mão. — Engraçado como eles se cumprimentam, não? — e apontou para os dois pais.

— Há quanto tempo! — exclamou Blásio, abrindo os braços. — Achei que nunca mais ia te ver, Draco.

— Então, estive meio ocupado, você sabe com a morte da minha esposa e tudo o mais... — respondeu, retribuindo o “tapinha” nas costas. No entanto, sua expressão estava fechada e Blásio percebeu.

— Eu soube, sinto muito pela Astória — disse com uma expressão solidária, depois deu um pigarro e continuou. — E Scorpius, onde está?

— Bem aqui. Venha cá, Scorpius! Cumprimente Blásio.

Scorpius saiu do canto em que estava e foi até onde o pai lhe chamava. Blásio ao ver o garoto, deu um largo sorriso e bagunçou-lhe os cabelos.

— E aí, garotão! — disse, estendendo a mão para o menino loiro.

— E aí — Scorpius retribuiu.

— Poxa vida! Você é cara do seu pai e eu achando que um loiro era suficiente — brincou enquanto sorria — Mas será que possui a mesma personalidade forte?

— Não sei — foi sincero o garoto.

Então chegou a vez de Draco perguntar:

— E o seu filho Blásio, onde está?

— Ah, ia me esquecendo.

— Pai!

— Desculpe, desculpe. Venha cá Jonh e cumprimente Draco.

O garoto moreno que estava na frente de Scorpius, saiu do canto em que estava e foi até o pai que segurou-lhe o ombro. Em seguida, Blásio apresentou-lhe para Draco.

— Jonh, conheça o pai do seu novo colega, Draco Malfoy.

— Ei, tudo bem? — falou Draco, tocando a cabeça do garoto.

Jonh acenou com a cabeça, e os dois amigos de longa data voltaram a conversar. Deixados de lado, os dois garotos puxaram assunto a respeito de quadribol, até o momento em que ouviram o pai de Scorpius se virar e exclamar algo.

— Potter!

Do outro lado da plataforma, eles viram duas famílias, todas olhando para eles. A primeira família era composta só por ruivos e apenas a mulher alta tinha o cabelo castanho. Na mesma família, Scorpius pôde notar uma garota de cabelos vermelho-vivo, olhos azuis e com a pele branca olhando para ele, ela parecia estar pensando em alguma coisa. Quando enfim notou que o garoto estava olhando para si, encarou o loiro. Scorpius arfou, seus olhos eram realmente lindos. Outra pessoa também parecia notado. Jonh tocou-lhe o ombro e sussurrou para ele.

— Quem é ela? — perguntou enquanto sorria.

Scorpius se virou e afastou-se um pouco do amigo. A verdade é que ele também queria saber, mas permaneceu calado. Sua expressão havia se fechado e seu pai tocou-lhe o ombro, sussurrando algo em seu ouvido:

— Vê aquela garota? — apontou para a ruiva. — Fique longe dela. Não quero você perto de ninguém daquela família, mesmo que eles tenham me salvado do fogo maldito. Isso também vale para as crianças Potters.

Scorpius balançou a cabeça afirmativamente, ele não sabia o porquê, mas parecia que tinha de ser inimigo da garota ruiva e de todos ali. Mas querendo ou não, ele não conseguia senti raiva de nenhum, principalmente da ruiva. Jonh que antes estava sorrindo ao seu lado, também adquiriu um tom sério quando seu pai sussurrou alguma coisa em seu ouvido e trocou um olhar cúmplice com Scorpius.

Lá estavam eles, as quatro famílias se olhando, cada uma de um lado da plataforma. Depois de uns minutos, a Maria-Fumaça vermelha soltou um apito e logo o contato visual entre as quatro famílias havia acabado. Os pais se viraram para os filhos e começaram a se despedir de suas crianças. Os irmãos mais novos também se despediram dos mais velhos, e logo todos os alunos estavam embarcando na Maria-Fumaça. Mais um ano iria começar em Hogwarts e se dependesse dos filhos da antiga geração, esse ano prometia.


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Notas finais do capítulo

Outro capítulo para vocês curtirem, espero que tenham gostado.



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