Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 34
O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Então... Por meio do comentário de vocês descobri que muitos se importam mais com os Deuses do que com a Humanidade que corre perigo, caso os semideuses não matem os Deuses Ò.Ó Mas o que será que Percy vai dizer sobre tudo isso? (Música de suspense ao fundo) Essa pergunta vai ser respondida nesse capítulo, mas tenho a impressão que ele vai criar algumas outras... Espero que gostem!



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               O silêncio que se instalou na sala, após a revelação de Quíron, era quase palpável.

               Aquilo certamente mudava a forma de ver o mundo, dos oito Escolhidos que ali estavam presentes. Sim, sabiam que um Deus podia ser ferido - o próprio Voldemort já mostrara isso em Artemis, com seu Avada Kedavra. Também conheciam que um Deus poderia ser capturado e torturado, mas morto? Esse pensamento nunca havia passado por suas cabeças. Eles supostamente não eram imortais?

               E, pior, podiam ser mortos por suas próprias mãos. Percy sentiu gosto de bile em sua boca, não estava gostando nem um pouco dessa situação. Apesar de tudo, ela até que fazia um pouco de sentido. Um dos filhos dos três grandes estava destinado a salvar ou destruir o Olimpo... O garoto se lembrou que ainda havia um traidor nessa história toda e que era sua função encontrá-lo.  O silêncio era desconfortável.

               Quíron claramente esperava uma reação mais energética deles. Afinal, havia acabado de dizer que tinham que escolher entre o mundo e sua família. Gina pigarreou, finalmente fazendo um som - o que foi o suficiente para tirar a todos do estado de transe no qual se encontravam.

               - E então? - perguntou a garota - O que fazemos à seguir?

               - O que vocês querem fazer? - perguntou Quíron. Não podia lhes impor  uma tarefa como aquela. Não iria dizer nem "não mate os Deuses" e nem "salve o mundo". Essa era uma escolha que eles teriam que tomar sozinho.

               - Tem certeza do que ouviu? - perguntou Percy.

               Quíron acentou tristemente com a cabeça.

               - Absoluta. Ele ameaçou começar a Guerra, caso vocês não matem os Deuses...

               Percy ouviu as palavras do centauro seriamente. Harry colocou uma mão em seu ombro, como que para lhe dar forças nessa escolha.

               - Estaremos com você - o lembrou - independente do que decida.

               Percy não poderia se dar ao luxo de arriscar uma Guerra - até porque já tinha visto as forças de Cronos e Voldemort e, sem dúvida, estavam em uma grande desvantagem. Também não podia se dar ao luxo de dispensar Deuses - cuja ajuda poderia ser insubstituível caso a Guerra tivesse início. É claro, sem os Deuses, nunca haveria uma Guerra... Ou, pelo menos, era o que Cronos e Voldemort diziam, quem garantiria que o que eles falavam era verdade? Céus, está situação estava muito complexa, e ainda nem haviam começado a refletir sobre os valores morais que se seguem a matar um familiar...

               De súbito, Percy tomou sua decisão.

               - Não mataremos ninguém - disse por fim - Nós lutamos contra isso. Nós lutamos para proteger a todos. Se matarmos agora, não seremos melhores que nossos inimigos.

               - Mesmo que a morte desse pequeno grupo signifique a proteção de uma maioria - cutucou Quíron.

               - Sim - respondeu Percy - Daremos um jeito de salvar a todos e nos livrar de Voldemort e Cronos. Eu sei que conseguiremos... Afinal de contas, somos os Escolhidos, não é? Vocês estão comigo?

               Todos ergueram seus braços e urraram de alegria.

               - Estamos - falaram em uníssono.

               - Então preparem-se para a Guerra - falou Percy confiante.

               Quíron olhava a cena toda com um sorriso escondido. É claro, a resposta de Percy não poderia ser diferente, afinal de contas, era de Percy que estavamos falando. Foi ingênuo pensar, mesmo que só por um segundo, que o semideus mataria seu próprio pai. Quíron não conseguiu resistir e sorriu. Treinei ele bem, pensou.

               - O Acampamento já está se preparando para a Guerra - lembrou o Centauro - Mas o que vocês irão fazer?

               - Essa é uma ótima pergunta - entrou Hermione - Por mais ajuda que os semideuses ofereçam, não iremos ganhar isso somente com eles. Precisamos de mais ajuda...

               - Ainda temos todo o Mundo Bruxo a nossa disposição - lembrou Rony.

               - Muito perigoso - notou Harry - Caso revelássemos a verdade ao Mundo Bruxo, com certeza isso chegaria aos ouvidos de Fudge e então...

               Todos estremeceram.

               - Mas, Harry - Gina deu sua opinião -, que escolha temos? Se não o fizermos, vamos perder a Guerra...

               - Quantos semideuses existem no Acampamento? - perguntou Hermione.

               - Cerca de cem, no máximo - respondeu Annabeth - E não sabemos se podemos contar com a ajuda dos Deuses.

               - Sem dúvida, os Deuses seriam de grande ajuda...

               - Artemis seria de grande ajuda - Thalia se ressentia de que sua Deusa ainda não estivesse salva.

               - Não podemor contar com eles - falou Harry - temos que nos preparar para a pior das hipóteses.

               - Harry está certo - notou Quíron - Mas, existe uma ajuda que pode ser de extrema valia e que vocês estão se esquecendo...

               O rosto de todos se transformou num ponto de interrogação. Quem poderia ser?

               - Dumbledore - revelou o centauro por fim - Ele ainda está preso em Azkaban. Sem dúvida, se vocês querem ganhar essa Guerra, não podem dispensar a ajuda dele.

               - O que você quer dizer com isso?

               - Que é preciso resgatá-lo! Ele já passou tempo demais naquela prisão, não acham? Ainda mais por um crime que ele jamais cometeu!

               Harry sentiu-se culpado. Não havia pensado em Dumbledore desde que lera a notícia no jornal, em Hogwarts. Também, pudera! Estava sem suas memórias quando soubera da prisão de seu diretor e quando a recuperou já se viu imerso nessa bagunça, numa viagem rumo ao Mundo Inferior.

               Mesmo assim... O bruxo havia se sacrificado e se deixado ser aprisionado para que Harry, Gina, Hermione e Rony não fossem expulsos de Hogwarts por praticar magia fora da escola... E como ele agradecia? Esquecendo-se de salvá-lo! Indigno, para dizer pouco.

               - Quíron, me desculpe, mas você perdeu o juízo?! - bradou Hermione - Talvez você não saiba... Mas Azkaban é a prisão de maior segurança no Mundo Bruxo - por isso Fudge aprisionou Dumbledore lá... Não há como escapar!

               Quíron pestanejou.

               - Eu posso estar a milhares de quilômetros de distância da Inglaterra, mas até eu conheço o caso do prisioneiro que fugiu, com era seu nome? Ah, sim, Sirius Black, ou algo do gênero. E não foi o único! Dois anos depois mais prisioneiros fugiram... A questão é, Azkaban não é inexpugnável.

               - Mas...

               - Ele está certo - objetou Harry - Realmente vamos precisar da sabedoria de Dumbledore para ganhar essa Guerra. Não há nada que possamos fazer sobre isso.

               - E como invadiremos Azkaban? - perguntou Hermione contrariada.

               - Aparataremos...

               - Não - lembrou Gina  - Azkaban tem o mesmo sistema anti-aparatação de Hogwarts. É impossível. Temos que encontrar outro jeito.

               - Então bateremos na porta da frente, eu não sei!

               - É no meio do oceano!

               - Podemos ir de pégasus - sugeriu Percy, contente que não teriam que aparatar novamente.

               Pégasus não... Pensou Harry, que já tinha tido uma experiência suficientemente ruim com essas criaturas aladas.

               - E quando chegarmos lá o que faremos? - perguntou Nico.

               - Batemos na porta da frente? - tentou Harry.

               - Quebramos tudo? - tentou Percy.

               - Vocês dois não tem jeito... - suspirou Gina - Eu tenho um plano...

               Vinte minutos depois estavam montando em pégasus e com Quíron se despedindo deles.

               - Antes de partirem - falou o centauro - lembrem-se que Cronos é o Titã dos vários caminhos...  Ele, se puder, vai tentar implantar a dúvida em vocês e fazê-los passar para o lado dele... Assim como fez com... - parou a frase pois se lembrou da presença de Annabeth, mas era inútil, todos já haviam completado-a em suas mentes. Assim como fez com Luke... - Apenas lembrem-se que vocês devem resistir a suas tentações, não importando quão forte elas sejam, ok?

               - Sim.

               - Não tem com o que se preocupar.

               Dizem isso agora... Pensou Quíron, mas não comentou nada, preferiu levar fé em seus campistas e bruxos, acreditando que, quando a hora chegassem, escolheriam fazer a hora certa.

               - Bom, era só isso que eu tinha a dizer.

               Despediram-se e levantaram voo. Rumo à Azkaban.

               A situação no Conselho apenas podia ser descrita como muito tensa.

               Atena olhou para Poseidon que olhou para Zeus que, por sua vez, olhou para Atena. Nenhum dos três tinha a menor idéia do que fazer acerca daquilo. Sem dúvida, esse assunto não estava na pauta de discussão...

               - Pela última vez - rosnou Afrodite - EU NÃO SOU FÚTIL!

               - Há! - bradou Hera- Então me explique por que demônios você se importa tanto com essa sua chapinha, Miss Futilidade?

               - Não fale assim com minha mulher, sua Pula Cerca - disse Ares.

               - Como ousa se referir a mim assim? Eu sou a Deusa do Casamento, não uma pula cerca qualquer! Eu deveria carbonizá-lo!

               - Sua mulher?! - bradou Hefesto - Afrodite é minha mulher!

               - Ela - Hera apontou para a Deusa da Beleza - é uma verdadeira Pula Cerca. Tem Hefesto e fica com Ares! Absurdo! E ainda me ofendem, logo eu que nunca tive um filho ilegítimo!

               - Não até onde saibamos... - brincou Apolo.

               - Não ouse dizer isso em minha presença, mocinho! Nunca nem sequer pensei em adultério.

               - Adultério?! - perguntou a velha Deméter - O que você sabe sobre adultério? Na minha época... Aquilo sim era adultério!

               - Hã...? Mas o quê?

               - Eu não me adulterei com ninguém! - negou Afrodite - Nunca traí Ares, eu juro...

               - MAS VOCÊ É CASADA COM HEFESTO! - bradaram todos.

               - Hã... Err - Afrodite parecia não poder negar essa lógica - Em minha defesa...

               - Em sua defesa é o escambau - brigou Hefesto - Eu devia é acabar com a raça de vocês dois. Isso sim!

               - Pode vir, seu bosta! - berrou Ares já se pondo de pé, pronto para a briga - Acha que pode contra mim? Vamos ver o que esses seus metaizinhos podem fazer contra o Deus da Guerra.

               - Aí gente, não briguem por minha causa - se intrometeu Afrodite - Não briguem não que briga destrói minha chapinha...

               - Isso não faz sentido! - disse Hermes.

               - Sua fútil de marca maior! - retornou Hera.

               - EU NÃO SOU FÚTIL, CAPETA! - a Deusa da Beleza estava consternada.

               - É sim, e quer saber o que mais? Você também é...

               - CHEGA! - berrou Zeus já vermelho de raiva - O PRÓXIMO QUE DIZER "FÚTIL", "ADULTÉRIO" OU "CASAMENTO" VAI SER TORRADO POR UM RAIO E REBAIXADO A UM DEUS MENOR! EU FUI CLARO?!

               Todos se sentaram. Sim, bastante claro...

               Zeus olhou para Atena, que acenou com a cabeça. Ele havia feito a coisa certa. A Deusa da Sabedoria havia pensado que distrair o Conselho seria uma coisa difícil, mas era mais fácil do que parecia. Os Deuses eram "auto-distraíveis". Ela apenas tinha que ficar paradinha, sem dizer nada, que eles por si só começariam uma discussão. Assim sendo, ela considerava que estava se saindo muito bem nessa tarefa de distrair.

               - Vamos discutir o que viemos aqui discutir - Zeus suspirou. Um pouco mais calmo agora - O fim do Mundo dos Bruxos ou não?

               - Hm... - disse Afrodite - Eu acho que eles devem viver, somente eles sabem como produzir aquele shampoo...

               - Você é tão aquela palavra que não posso falar - notou Hera. Leia-se "fútil".

               Zeus lançou um olhar que, por si só, talvez fosse capaz de levar um rim a falência... Hera se calou e Afrodite - sabiamente - decidiu deixar a ofensa passar...

               - Quais são seus votos? - perguntou Zeus.

               - Quais são seus argumentos? - tentou Atena. Onde está Hades?

               - Os bruxos são os responsáveis pelo que está acontecendo! - notou Zeus - Eles capturaram Artemis e estão ameaçando destruir o Olimpo...

               - Um - e somente um - bruxo sequestrou Artemis e pretende destruir o Olimpo - lembrou Atena.

               - Um no momento. Quem sabe quantos bruxos vão nos atacar pelas costas amanhã? É um perigo que não podemos correr! Devíamos ter nos livrado dessa raça muitos milênios no passado, é por demorar tanto que a situação ficou assim...

               - Concordo com Zeus - falou Hera - Já tem mortais demais nesse mundo, para que mais uma raça inteira? Não aos bruxos!

               - Mas...

               - Vocês tem meu apoio - interveio Deméter.

               - Eu estou com Atena - defendeu Poseidon - Vocês não acham que é um absurdo condenar uma raça inteira por que um errou? Deveríamos destruir todos os semideuses também então, pois Luke se voltou contra nós!

               - Não é essa a situação...

               - É sim, é exatamente essa a situação! - reafirmou Poseidon - Isso me parece um tanto quanto preconceituoso da parte de vocês: perdoarem os erros dos semideuses, mas no primeiro erro dos bruxos mandá-los pro espaço!

               Todos pensaram na verdade por detrás dessas palavras. Atena fez um "obrigado" para Poseidon com os lábios, de forma que somente ele percebesse. Ela não havia pensado nisso ainda. Poseidon, em resposta, acenou com a cabeça e em seguida corou.

               - Então qual é seu voto, Poseidon? - perguntou Zeus.

               - A favor dos bruxos - disse sem papas na língua.

               - Com isso são três votos contra e dois a favor. Que as votações continuem...

               Andem... Pensou Atena para os Escolhidos, tem que conseguir Hades logo...

               - Eu sou a favor dos bruxos - confessou Apolo - Eles são maneiros.

               Certo. Essa talvez não tenha sido a melhor justificativa do mundo, mas pelo menor votou a favor.

               - Dionísio? O que você acha?

               - Eu não acho... - revelou o Deus do Vinho - Não estava aqui quando votaram pela vida dos bruxos na primeira vez, era Héstia quem estava. Nem sequer fui culpado pela criação dos bruxos... Essas questões não me interessam. Não voto em nada.

               Atena teve que revirar os olhos. Que egocêntrico!

               - Certo. Três votos a favor, três contra e um nulo - Zeus dava o placar.

               - Afrodite?

               - Já disse que sou a favor dos bruxos! Eles fazem shampoos muito bons!

               - Ares?

               - Totalmente contra. Sou o Deus da Guerra - lembrou ele - gosto quando os outros se ferram...

               - Ah, espera aí - disse Afrodite - se Ares é contra os bruxos, eu também sou!

               - Mas... - tentou Atena.

               - Mas, nada. Anota aí, sou contra bruxos!

               - Certo, com isso são cinco contra e três a favor. Hefesto?

               - Voto nulo.

               Na verdade, ele queria votar contra os bruxos, mas como Afrodite tinha passado para esse lado, ele não queria mais. Sim, infantil, mas fazer o quê? Também não queria votar a favor dos bruxos, portanto nulo. Zeus sorriu, só sobrava um último Deus presente e não tinha mais como os "a favor dos bruxos" ganharem a votação.

               - Hermes?

               - Sou a favor.

               Poseidon o havia ganhado com o discurso sobre Luke. Seu filho...

               - Certo - terminou Zeus - isso dá cinco contra, quatro a favor e dois neutros. Como nem todos os Deuses estão presentes, a votação está encerrada...

               A porta do Conselho se abriu.

               - Espere aí! - disse Hades entrando apressadamente e tratando de se sentar sobre o seu trono - Eu estou aqui.

               - Hades? Mas o quê? Você nunca comparece aos Conselhos, o que está fazendo aqui?

               - Oras, participando deste Conselho em especial, o que parece que eu estou fazendo?

               - Tarde demais, a votação já acabou - informou Zeus.

               - Você já anunciou o resultado para todos?

               - Bem, não, mas...

               - Então ainda dá tempo: voto a favor dos bruxos. Anota aí.          

               Uma veia de raiva brotou na testa de Zeus, mas não tinha nada que ele pudesse fazer quanto a isso.

               - Certo, então é cinco a cinco. Aqueles que votaram nulo vão ter que decidir...

               Hefesto e Dionísio se entreolharam.

               - Voto a favor - disse Dionísio.

               - Voto contra - disse Hefesto.

               A veia cresceu na testa de Zeus.

               -Vocês só podem estar de brincadeira!

               Aquele era um jeito de permitir que seus votos continuassem nulos e não tinha nada que Zeus pudesse fazer sobre isso.

               - Acho que sabe o que isso significa... - falou Atena aliviada por Hades ter finalmente aparecido.

               - Sim - respondeu Zeus - Significar que terei que ignorar o Conselho e fazer o que eu quero, como sempre faço!

               - Você não pode fazer mal algum aos bruxos até que o Conselho assim decida!

               Silêncio recaiu sobre a sala.

               - E o que você propõe? - indagou Zeus.

               - Que ajudemos os Escolhidos na luta contra Voldemort e Cronos.

               - Nunca! - bradou Zeus.

               - Escutem - disse Atena - é tudo o que peço. Destruir os bruxos agora, pode até acabar com todos os bruxos que se encontram no Mundo Bruxo, mas não vai acabar com Voldemort, por exemplo que não se encontra lá... Além disso, a Profecia diz que somente os Escolhidos podem derrotar Cronos e Voldemort, precisamos dele. E eles precisam de nós. Por que não os ajudamos e, depois, caso você ainda queira dizimá-los, nós não rediscutimos o assunto?

               Zeus pensou na sabedoria dessas palavras. Fazia sentido. Eles deveriam unir suas forças para ganhar a Guerra. E, depois, poderia fazer o que quisesse. Atena, é claro, esperava que  no fim do conflito, Zeus visse os bruxos como grandes aliados e os deixassem em paz. Esperava que fosse assim...

               - Certo - falou Zeus depois de pensar por um tempo - Eu sou a favor de ajudar os bruxos agora e depois decidir o que fazer com eles. Alguém tem algo a declarar sobre isso?

               - Eu tenho - disse Afrodite -, caso vocês decidam exterminar os bruxos, podem pedir para mim uma reserva de shampoos deles?

               - Sua fútil! - berrou Hera incrédula.

               - NÃO SOU FÚTIL!

               E a briga recomeçou...

Horas mais tarde...

               Era uma casa abandonada.

               Percy não poderia saber disso, é claro, mas fora naquela casa em que todos os problemas começaram. Lá eles se encontraram no passado e o trato foi selado.  Bem ali, naquela casa abandonada.

               A madeira estava corroída por cupins, as poltronas rasgadas e as cortinas imundas. Percy estava parado, num dos cantos escuro dessa casa, sem entender ao certo o que fazia ali. Como vim parar aqui? Ele tentou se lembrar, mas seu cérebro se recusou a lhe responder. Apenas um branco lhe vinha a mente. Onde, exatamente, é "aqui"? Novamente, branco.

               Percy piscou.

               Notou que não estava sozinho nessa casa. Havia uma outra pessoa lá, escondida nas sombras, onde a luz da lua não o encontrava. Estava sentado numa das poltronas - sim, as rasgadas - e, a julgar pela silhueta, Percy julgou ser um homem. Mas, podia estar enganado.

               - Quem é você? - o garoto tentou perguntar.

               A voz saiu de sua boca, mas pareceu não chegar ao ser sentado na poltrona, esse nem sequer se mexeu. Percy deu um passo para frente, tentando alcançar a silhueta, mas esbarrou numa poltrona. Digo, "esbarrou", pois quando ele ia encostar na poltrona, simplesmente a atravessou.

               -Mas o que diabos...?!

               De súbito, e sem saber como, percebeu que estava sonhando. Isso não passava de um daqueles seus sonhos de semideus. Mas, em todos, os outros seres eram capazes de percebê-lo e conversar com ele, por que nesse não? Onde estava? Quem estava sentado na poltrona?

               Uma batida tripla na porta.

               - Entre - disse uma voz fria e grave, quase um sussurro. Percy notou que não foi o homem da poltrona, foi outra pessoa - uma voz conhecida, embora ele não se lembrasse quem...

               A porta se abriu. E, para seu espanto, Voldemort entrou.

               O garoto se encolheu contra a parede, tentando passar desapercebido, mas logo se lembrou que era um sonho, ele não podia ser visto. Todavia, ele sabia que era um sonho real. Um sonho de semideus. Ele sabia que aquilo estava acontecendo de verdade.

               - Como foi no Conselho? - perguntou Voldmeort.

               - Deixaram para decidir depois - informou aquele que estava sentado - Mas decidiram auxiliar os bruxos na Guerra.

               Como ele sabe disso? Perguntou-se Percy. Se os Deuses haviam acabado de decidir isso no Conselho, não tinha como esse homem saber... A não ser que... Ele fosse um membro do Conselho... Ele era um Deus - ou Deusa, ainda não sabia distinguir. O traidor.

               Ele estava repassando as informações confidenciais do Conselho para Voldemort. Quem era? Percy se lembrou de sua Profecia do Oráculo, era sua função descobrir quem traíra a causa... Ele sentiu vontade de chegar mais perto da poltrona e ver quem era, mas não se atreveu, temendo que se chegasse perto demais, o sonho se desfaria.

               - Isso não é bom... - disse Voldemort - Então estão contra nós...

               - Nunca estiveram a seu favor, se é o que quer saber, apenas deixarão para decidir o que fazer com os bruxos depois...

               - Então nós temos que decidir agora... - era a voz fria e grave do começo do sonho, que havia dito para Voldemort entrar. Novamente, Percy sabia que conhecia a voz, mas não poderia dizer de quem era...

               E então, tudo se esclareceu. Das escadas, ele desceu. Lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo para se apresentar.

               - Não sabia que vocês estava aqui... - disse o homem na poltrona, indiferente.    

               - Eu estou em todo lugar - disse Cronos.

               A voz era de Cronos, mas o corpo que estava no centro  da sala pertencia a Luke. Aquilo ali era a reunião dos inimigos. Havia Voldemort, Cronos e o Traidor - quem quer que fosse. Bem ali, naquela velha casa abandonada onde tudo tivera um começo, o fim estava sendo planejado.

               - E qual é a sua proposta? - perguntou Voldemort.

               - Não podemos deixar que os bruxos vivam - revelou Cronos -, eles devem perecer para que possamos continuar com o plano... É uma pena que os Deuses não venham a nos ajudar com isso...

               - Sim... - disse o Deus, ou Deusa, traidor.

               - E então...? - Voldemort que Cronos terminasse de falar.

               - E então, se os Deuses não vão nos auxiliar, receio que tenhamos de tomar as medidas nós mesmos.

               - Você não estaria propondo isso...

               - Sim, eu estou. Se os Deuses não vão destruir os bruxos, nós iremos. Vamos atacar o Mundo Bruxo, começando por Hogwarts...

               Voldemort sorriu e Percy não pode ver, mas teve certeza de que o Deus também sorria.

               - E eu não quero sobreviventes, fui claro? - perguntou Cronos.

               Aquela foi a última coisa que ouviu, o sonho começou a sugá-lo para trás. Ele estendeu a mão tentando  se agarrar aquela velha casa, queria ouvir o resto do plano, para informar os outros. Mas o sonho era inexorável e o puxava com uma força imbatível.

               Percy acordou com um sobressalto.

               Estava em cima da garupa negra de Blackjack. Você acordou, chefe! Disse o pégasus ao notar os movimentos de Percy Você dormiu a viagem toda!

               - Hã? Do que você está falando? - ele ainda estava sonso.

               Olhou ao seu redor e viu mais sete pégasus voando com ele. Um Escolhido na garupa de cada pégasus. Ainda não se lembrava do que estava fazendo. A Casa, tenho que avisá-los... Hogwarts corre perigo... E então, finalmente viu.

               Era triangular, era feito de rocha maciça e estava perdida no meio do oceano. Aquilo certamente deveria ser impenetrável. Não tinha portas, não tinha janelas - na verdade, poderia muito bem ser confundido com uma estranha formação rochosa. Mas todos sabiam que não era uma rocha. Era uma prisão.

               Era a mais temível prisão que a humanidade já vira. Era Azkaban. Eles tinham chegado.


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Notas finais do capítulo

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