Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 33
Deuses não podem morrer, podem?


Notas iniciais do capítulo

Gente, sinceramente, esse capítulo tá muitooo legal. Não digo isso porque sou o autor da história, eu realmente achei muito legal. Espero que vocês também achem!



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               Aparataram.

               Para o desespero de todos os semideuses presentes - eles aparataram.

               Essa foi a primeira viagem - via aparatação - de Nico. Pode-se dizer que ele não achou nada confortável. Ele detestou a parte em que cada uma de suas moléculas se desfez, definitivamente não gostou quando seus átomos foram lançados através do continente americano e gostou ainda menos da parte de reunir todas essas pequenas partículas. Afora isso, a viagem foi bastante calma e agradável.

               Percy, assim como Thalia e Annabeth, já tinham se acostumado ao processo e já não ficavam mais enjoados como antes - apenas ficavam levemente verdes com a aparatação. Enfim, o de praxe.

               Quando reapareceram em frente ao Acampamento Meio-Sangue, todos estavam de pé - com exceção de Nico que, é claro, ainda não tinha pegado as manhas do processo. Percy passou a mão por cima de sua camiseta parecendo cheio de classe.

               - Como disse, da próxima, vamos de pégasus.

               - Sim - concordou Nico ajoelhado, juntando forças para se levantar -, com certeza... Na próxima, pégasus, unicórnios, a pé, qualquer coisa - menos isso.

               - Afinal de contas - começou Hermione, mudando de assunto - O que estamos fazendo aqui?

               Percy olhou para ela.

               - Temos assuntos a tratar com Quíron - disse misteriosamente.

               Certo, assuntos, pensou Hermione, tecnicamente, até o corte de cabelo da minha avó é um assunto. Alguém poderia ser um pouquinho mais específico? Mas, o que falou foi:

               - Claro.

               Quando entraram no Acampamento Meio-Sangue, passando pela árvore onde uma vez estivera Thalia, surpreenderam-se com a desordem. Todos os campistas corriam para todas as direções - entrando e saindo de seus chalés, indo até à Casa Grande, o campo de treinamento, o lago, à floresta. Enfim, pareciam ir a todos os lugares que o Acampamento tinha a disponibilizar. Todos  pareciam extremamente atarefados, carregavam armas, armaduras, escudos, e outras coisas, onde quer que fossem.  Havia objetos de todas as cores e gostos espalhados sem cerimônia pela grama. Em suma, reinava o caos.

               - Mas o quê... Com mil raios! - esbravejou Thalia - É isso que acontece! Eu viro as costas por cinco minutinhos e quando volto, puseram o Acampamento abaixo! Eu vou colocar as coisas no lugar... - e já estava arregaçando as mangas e pisando forte em direção aos chalés quando Gina a impediu.

               - Não temos tempo.

               - Ela está certa - concordou Annabeth, a garota olhou ao redor - Mas, mesmo assim, o que significa tudo isso?

               Hermione interceptou um dos irmãos Stoll que andava apressadamente em direção ao seu chalé, carregando um par dos tênis voadores de Hermes.

               - Travis - ela ainda se lembrava do nome dele - O que está acontecendo?

               O garoto pareceu surpreso de encontrá-los ali. Arregalou os olhos.

               - Vocês voltaram! - um leve sorriso correu por sua face, mas tão rápido quanto apareceu, sumiu - Estamos encrencados...

               - O que aconteceu? - perguntou Percy.

               - Cronos aconteceu - respondeu o filho de Hermes - Não souberam? Ele enviou a todos nós uma mensagem de íris...

               - Uma mensagem de íris? - interrompeu Thalia - Puxa, que civilizado...

               - Mais ou menos - continuou o Stoll - se você considerar que essa "mensagem" foi uma ameaça, talvez reconsidere esse lance de "civilizado"... Mas enfim, não tenho tempo de explicar, ainda tenho que acabar com os preparativos. Desculpem, tenho que ir.

               - Preparativos para o quê? - perguntou Harry, mas Travis já tinha ido embora, para seu chalé. O que quer que estivesse acontecendo lá, não parecia nada bom...

               Todos se entreolharam.

               - Alguma idéia do que significa isso? - perguntou Percy.

               - Ele falou de Cronos - notou Harry - mas não comentou nada sobre Voldemort...

               - Isso quer dizer que o Segredo ainda não foi revelado... - insinuou Gina.

               - Ou ele apenas se esqueceu de falar a respeito disso - tentou Rony.

               - Bem capaz! - Thalia entrou na conversa - Se ele soubesse da existência de bruxos, estaria pirando a essa altura. Certamente não se esqueceria de comentar algo como isso.

               - Talvez - continuou Rony - ele saiba de Voldemort, mas não que ele é um bruxo...

               - O que quer dizer - concluiu Gina - que, de uma forma ou de outra, o Segredo ainda não foi revelado. Isso é bom, não é?

               A garota olhou para Annabeth, mas a garota estava imersa em seus próprios pensamentos.  Cronos, pensava ela, uma mensagem de íris... Luke... Ainda lhe doía saber que Luke estava possuído por Cronos. Com tudo o que havia acontecido recentemente - esse negócio de Profecia e Mundo Bruxo - ela até tinha se esquecido desse detalhe, mas agora, ele parecia ter voltado para assombrá-la. Como era possível? Luke ainda tinha que existir... Em algum lugar, bem no interior... Não é possível que Cronos tivesse o controle total do corpo...

               Percy olhava ansioso para ela. Sabia - compreendia - o que se passava na mente de Annabeth. Por um lado, queria confortá-la e dizer que tudo acabaria bem. Outro lado seu, todavia, não queria que tudo acabasse bem... Ele sabia dos sentimentos de Annabeth por Luke e não gostava disso. Queria tê-la somente para si, e ainda assim, se Luke a fizesse feliz... Não, não podia pensar nisso. Luke não faria ninguém feliz, era um traidor - sim, somente isso, um traidor.

               - Não é? - tentou Gina novamente...

               Annabeth e Percy pareceram ser tirados de seus pensamentos e trazidos a realidade.

               - Hã? O quê? - perguntou  a garota e, em seguida, acenou com a cabeça - Sim, sim, é ótimo...

               E voltou a pensar em Luke.

               - Temos que encontrar Quíron - notou Percy - Com essa ameaça de Cronos - seja ela o que for - não temos tempo para ficar aqui parados. Vamos.

               Todos concordaram e se dirigiram à Casa Grande.

               Ah, a Casa Grande! Estar lá trazia recordações a Harry - recordações ruins, diga-se de passagem. Da última vez que estivera lá, as coisas saíram um pouquinho de seu controle. Thalia e Annabeth estavam hospitalizadas, tiveram uma discussão com o Ministro da Magia, Fudge, Dumbledore terminara preso em Azkaban e eles sem memória. Sim, pensou ele,  definitivamente, recordações ruins. Ainda assim, guardou seus pensamentos somente para você e entrou na Casa. Até mesmo lá estava cheio de campistas ocupados. Dionísio, como era de se esperar, não estava em lugar nenhum  - a essa hora, estava no Conselho. Encontraram Quíron em seu escritório.

               Bateram na porta e esperaram ouvir o "entre" do centauro. Quando adentraram o recinto, o treinador de heróis escrevia freneticamente em alguns pedaços de papel e nem parou para ver quem havia acabado de chegar.

               - Já disse - começou ele sem levantar os olhos - não guardo nenhuma arma escondida aqui, se vocês querem uma espada peçam aos filhos de Hefesto!

               Aham, aquilo foi bizarro...

               - Hã... Quíron... - tentou Annabeth.

               O centauro, ao ouvir a voz de uma de suas campistas preferidas - não que ele fosse admitir isso em voz alta, claro - ergueu a cabeça.

               - Ó! -ele pareceu surpreso - Vocês voltaram! Graças aos deuses vocês voltaram! Sentem-se, sentem-se...

               Não havia cadeiras para todos, mas os bruxos rapidamente trataram de materializar suas próprias.

               - Vejo que trouxeram Nico também! Seja bem-vindo de volta...

               - Muito obrigado, senhor. É bom estar de volta.

               - Agora me  contem o que aconteceu. Tenho que admitir, Percy, vocês demoraram mais do que eu pensei que demorariam, já estava preocupado. Peço para irem até Hogwarts pegarem os Escolhidos, lhes devolver a memória e encontrar Thalia e vocês ficam todo esse tempo fora? O que houve?

               - Imprevistos aconteceram... - começou Percy.

               - Zeus aconteceu... - corrigiu Annabeth.

               - Sim, isso também - o príncipe do mar começou a explicação - Thalia terminou contando à Zeus sobre o encontro dos dois mundos e, bem, ele não gostou do que ouviu - como você deve ter reparado com a tempestade de raios em nível global...

               - É - concordou Quíron - isso meio que me deu uma dica sobre o humor de Zeus...

               - Então, ele decidiu destruir o Mundo Bruxo.

               O centauro pareceu surpreso com a notícia, reajustou-se em sua cadeira.

               - Minha mãe - Annabeth tomou a palavra - por sorte, conseguiu convencê-lo a convocar o Conselho para tomar essa decisão.

               - Isso explica porque Dionísio saiu correndo...

               - Nós tivemos que ir até o Mundo Inferior, convencer Hades a votar a favor do Mundo Bruxo, para podermos ter um empate no Conselho. No caminho, encontramos Nico. Ele é o Oitavo Escolhido.

               Os olhos do centauro repousaram-se sobre o garoto. Ele parecia pensativo.

               - Sim, sim, faz sentido... Acredito profundamente que estejam certos, mas, por via das dúvidas, é melhor que Nico faça o teste do Oráculo.

               Todos assentiram.

               - E o que vem à seguir? - perguntou Rony.

               - Soubemos que Cronos se comunicou com o Acampamento - comentou Harry - e da existência de uma ameaça...

               - Sim, vocês souberam certos. Luk... Digo, Cronos - Quíron rapidamente se corrigiu, mas já era tarde, Annabeth já tinha sentido um aperto no coração - falou conosco por alguns breves segundos.

               - E o que disse?

               - Que o fim está próximo. A bem dizer, foi isso. Afirmou que a Guerra finalmente eclodirá. Na verdade, ameaçou que a Guerra vai acontecer, disse-nos que há uma segunda possibilidade...

               - Qual? - perguntaram todos desconfiados.

               Quíron olhou para eles de soslaio, desconfiado. 

                - Não sei se eu deveria... Talvez...

               - Quíron - interrompeu Hermione -, desculpe, mas omissão de informação só irá atrapalhar nossa missão.

               O treinador pareceu pensativo. Por fim, suspirou.

               - Vocês estão certos, não precisam se desculpar... É só que... - era difícil para ele tocar nesse assunto. Depois de tantos anos, milênios. Tinha jurado nunca revelar isso a ninguém... Por fim, como sempre soube, isso voltou para lhe assombrar - Os Deuses, como vocês bem sabem, guardam muitos segredos. De todos. Entendam, nem tudo é para ouvidos mortais ouvirem... Alguns desses segredos são mais importantes que outros. Pode-se dizer que o segredo da existência do Mundo Bruxo era o segundo mais importante e mais bem guardado...

               - O segundo? - perguntou Percy incrédulo. O que poderia ser mais sigiloso que o ocultamento de um Mundo inteiro? O garoto tremeu diante da perspectiva de que ainda houvesse outros mundos - acidentes divinos - desconhecidos.

               - Sim, o segundo - continuou Quíron - O primeiro... - realmente era difícil falar sobre esse assunto. Se a informação vazasse... - O primeiro diz respeito a como vencer um Deus. O primeiro diz respeito ao ponto fraco dos Deuses.

               A sala ficou em silêncio por um instante. Todos olharam embasbacados para Quíron, como se o centauro tivesse acabado de dizer a maior besteira, em um dialeto inventado por si próprio.

               - Como assim, vencer os Deuses? - perguntou Harry cuidadosamente - Eles não são imortais?

               - Quase... Existe apenas uma única coisa que pode matá-los.

               -Aquilo que eles tanto temeram por milênios está prestes a acontecer - recitou Percy, a mensagem que Voldemort pedira para entregar a Zeus e que Thalia, de fato, entregara - Voldemort nos disse isso, quando o encontramos. O que isso quer dizer?

               - Tem relação com o ponto fraco deles...

               - Eu falei para eles que Voldemort sabia... - falou Thalia incrédula.

               - Sim, isso deve ter piorado a situação - notou Quíron - Desculpe, mas é verdade. Se Zeus já estava nervoso porque o segundo segredo mais importante tinha sido revelado, consegue imaginar como ele se sentiu quando soube que seu maior inimigo - Voldemort e Cronos - sabe de seu único ponto fraco? Não é a toa que ele quer destruir tudo...

               - Do que você está falando? - Annabeth ainda não conseguia acreditar - Deuses não podem morrer, podem?

               Quíron assentiu com a cabeça.

               - Podem. Uma única coisa pode matá-los.

               - E o que é? - perguntaram todos curiosos.

               Quíron mordeu a língua por um segundo, por fim, decidiu que já tinha falado demais para se segurar agora. Eles deveriam saber a verdade...

               - A história da mitologia grega - começou o centauro - é muito curiosa, se vocês notarem bem. Ela forma ciclos... Inicialmente, tínhamos Urano, Deus Céu, marido de Gaia, estão lembrados dele? Ele teve vários filhos, entre titãs, ciclopes e Hecatônquiros. Infelizmente, ele não gostava de seus filhos e aprisionava-os no Tártaro.

               "A situação seguiu-se assim até que, Gaia, Deusa Terra, pediu que seus filhos se revoltassem e se libertassem. Cronos, um dos vários filhos de Urano, tomou a liderança da rebelião. Libertou-se, assassinou seu próprio pai e tomou o controle da Terra."

               "O que ele não contava, era que Urano o amaldiçoasse. Pouco antes de morrer, Urano profetizou que Cronos teria o mesmo destino que ele, e seria subjugado por um de seus filhos, sofrendo aquilo que ele sofreu. Olho por olho, dente por dente."

               "Assim, para evitar seu terrível destino, Cronos passou a devorar vivos seus próprios filhos. Certa vez, Réia, esposa de Cronos, cansada de ver o sofrimento de seus filhos enquanto eram devorados, fingiu que não estava grávida. Quando o bebê nasceu, Zeus, ela o escondeu e permitiu que crescesse na Terra. O tempo passou. Uma vez que o Deus já estava grande, ele descobriu a verdade sobre seu pai. Assim, Zeus lutou contra Cronos. Por piedade - não o matou, como Urano previra - mas o fez em pedaços e enviou-o ao Tártaro, libertou seus irmãos e tomou o controle da Terra, como Rei dos Deuses."

               "Até aqui, nada de novo. Vocês já conheciam essa parte da história. Mas, como disse, a mitologia grega é uma espécie de ciclo e a história se repete. O que Zeus jamais contou para ninguém, além de Poseidon, Hades e - eventualmente - a mim é que Cronos não foi destruído silenciosamente. Pouco antes de ser enviado para o Tártaro, Cronos amaldiçoou seu filho, da mesma forma como fora amaldiçoado. Profetizou que, um dia, um dos filhos de Zeus iria matá-lo e destroná-lo. Mais que isso, profetizou esse destino a todos os três grandes."

               "Por motivos óbvios, Zeus nunca contou essa parte da história a ninguém, deixando todos pensarem que Cronos simplesmente tinha sido destruído. Mas, me digam, por que acham que os Três Grandes Deuses fizeram o acordo de nunca terem filhos? Eles não se importam com o Mundo Humano, não estão nem aí se seus filhos são poderosos, causam guerras ou não. Eles usaram essa desculpa apenas como fachada, para que os outros Deuses nunca soubessem da verdade... A verdade é que: nunca tiveram filhos, pois temiam que, um dia, a profecia de Cronos se tornasse realidade. Essa é verdade. A arma contra deuses, seu único ponto fraco são seus filhos. Somente eles podem matá-los, o resto só pode causar dano. O único ponto fraco deles são vocês."

               Quíron terminou sua narração. Olhava para a madeira de sua mesa, temendo que fosse um erro ter revelado aquilo. Todos olhavam incrédulos para o centauro. Então, Deuses podiam sim morrer. E, o peso da vida deles estava nas mãos desses jovens Escolhidos. O filho de Hades, Nico. A filha de Zeus, Thalia. O filho de Poseidon, Percy.

               - Como Voldemort descobriu isso? - perguntou Harry.

               - Ele está aliado a Cronos - lembrou Quíron -, e Cronos foi quem criou a maldição. Basta o titã ter falado...

               - Mas, se o problema for só esse... Não temos o que temer - falou Percy - Nenhum de nós tem a intenção de assassinar nenhum Deus. Se Cronos e Voldemort precisam disso para ganhar a Guerra, então já perderam.

               - Vejam bem, eles não precisam disso para ganhar a Guerra... - continuou Quíron - Eles podem simplesmente fazer como Zeus fez no passado, deixar todos os Deuses em pedaços, nas profundezas do Tártaro. Eles apenas preferem matar os Deuses, pois impede que haja "rebeliões" no futuro e os Deuses voltem para tentar retomar o Olimpo, entendem?

               - Tudo bem, mas já falei - insistiu Percy - Não vamos matar um Deus. Nunca.

               Quíron olhou para ele, como quem tinha uma péssima notícia para dar e não sabia como o fazer. De fato, ele tinha uma péssima notícia para dar.

               - Aquela ameaça de Cronos... - lembrou Annabeth.

               O centauro assentiu.

               - A Guerra está para eclodir - lembrou Quíron - Mas existe uma segunda possibilidade e, nesse caso, os Dois Mundos serão poupados e nenhuma vida será perdida.

               - Qual é a segunda possibilidade? - perguntou Percy com um gosto amargo na boca, pois já sabia a resposta.

               - Vocês devem matar os Deuses - disse ele sem rodeios.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá, uma recomendaçãozinha? Um cometário?