Harry deu vários socos na bagagem até que ela finalmente entrasse no compartimento adequado para a ela. Estavam no Expresso Hogwarts, prontos para partir.

            - Porcaria que não encaixa. – disse ele irritado.

            - Eu não entendo, Harry – começou Hermione, sentada no banco em frente a ele, ao lado de Rony, que dormia –, você sabe que malas muito grandes não cabem nesses compartimentos, por que insiste em trazer uma gigante?

            - Porque, do contrário, não vão caber todas as minhas coisas. Dã. Vamos passar um ano presos num colégio sem lojas, e se eu precisar de algo e não tiver lá? É melhor prevenir que remediar. Assim, sempre coloco tudo o que eu possa precisar na minha mala. Mesmo que a chance de eu chegar a usar seja mínima, eu ponho na mala. – finalizou Harry com um sorriso, orgulhoso de si mesmo.

            Hermione revirou os olhos.

            - Tudo bem, se você diz...

            Gina abriu a porta do vagão com tanta força e causando tanto barulho que Rony acordou em um salto.

            - Malfoy miserável! – disse a garota, vermelha de tanta raiva.

            - Eu entendo que você esteja com raiva dele – disse Rony – a maioria das pessoas em Hogwarts – e possivelmente no mundo – estão. Mas, o que essa porta fez para você? E o mais importante, o que o meu sono fez para você?

            Gina fulminou Rony com os olhos. Harry pensou que ela iria lançar um feitiço nele, apenas para descontar sua raiva em alguém, e a varinha na mão de Gina havia dado uma grande dica para ele. Mas, de qualquer forma, a garota nunca teve a oportunidade, pois nesse momento Hermione levantou-se e indicou o lugar para Gina se sentar.

            - Acalme-se – disse ela, compreensível como sempre – Respire funda e nos conte o que Malfoy fez dessa vez.

            Gina fez como lhe foi dito, sentando-se ao lado de Harry, que a essa hora já havia finalizado o seu drama com a mala.

            - Eu sou uma idiota mesmo – começou ela –, eu nem deveria estar brava com isso. O problema nem sequer foi comigo, mas mesmo assim me irritou. É o seguinte, aparentemente temos alunos novos na escola esse ano.

            - Não brinca! – disse Rony fazendo uma cara de surpresa e não fazendo esforço para esconder seu sarcasmo – Em geral a escola recebe alunos novos todos os anos. Costumamos chamá-los de “alunos do primeiro ano”.

            Pela segunda vez, Gina o fulminou com os olhos. Digamos apenas que, se houvesse uma terceira vez, ela iria “rodar a baiana”.

            - Não é isso que eu estou querendo dizer. Temos alunos novos esse ano, mas eles são do sexto ano, assim como nós. Estranho, não?

            - Do sexto ano? – perguntou Hermione – mas isso é estranho. Qual a idade deles?

            - A mesma que a nossa eu imagino, mas não tive a oportunidade de perguntar. Aparentemente - se eu entendi a história direito - eles eram do Instituto de Magia e Bruxaria de Durmstrang, mas tiveram que se mudar para Hogwarts esse ano.

            - Por quê?– perguntaram Harry e Rony em uníssono.

            Gina deu de ombros.

            - Eu não faço a menor idéia. Apenas ouvi o que eles estavam falando com Malfoy. Mas me deixem terminar a história. Eles são um grupinho de três pessoas, dois meninos e uma menina. A garota até que é bonitinha, mas nada que se compare a mim – ela acrescentou com um sorriso – Os três estavam andando pelo corredor tentando encontrar um vagão vazio, quando acidentalmente, encontrarão o de Malfoy – ela falou esse nome quase como se fosse o nome de um pedófilo nazista.

            Hermione revirou os olhos.

            - Até imagino o que vem depois disso.

            - Malfoy – continuou Gina, sem dar valor a interrupção – é claro, não perderia a chance de implicar com eles. A garota tinha olhos cinzas, entende? Por mais que não seja algo comum, também não algo incomum. Mas, mesmo assim, ele conseguiu encontrar um jeito de implicar com ela por isso. Uma coisa tão estúpida!

            - É bem a cara do Malfoy mesmo – falou Rony.

            - Um dos garotos, tinha cabelos pretos e olhos verdes, naturalmente, foi defender a colega. E pronto, estavam cumpridos os pré-requisitos para o desastre! Tudo o que Malfoy queria era alguém que o provocasse de volta e comprasse briga com ele. E o garoto novo tinha acabado de fazer isso. Malfoy começou um teatro, gritando e gesticulando com a varinha enquanto gritava: “Então esse idiotinha acha que pode duelar comigo, hã? Eu nunca nem sequer vi você na escola. É algum tipo de aluno novo? Tão burro que só pode entrar na escola aos dezesseis anos?”, e ria junto a Crabbe e Goyle.

            “A bagunça foi tanta que já haviam aparecido muitos estudantes curiosos no corredor do trem, quando um inspetor veio ver o que estava acontecendo. O garoto tentou explicar toda a história, mas o inspetor não quis nem saber. Pois todo mundo ali na detenção.”

            - Que absurdo – exclamou Hermione.

            - E tudo isso antes do primeiro dia de aula – acrescentou Harry – Já vi que esse vai ser um longo ano – e encostou a cabeça no encosto, tentando dormir.

            - Mas – falou Rony – os três alunos novos não haviam feito nada demais. Por que pegaram detenção?

            - Você não prestou atenção na historia, Rony? – perguntou Gina – Eles realmente não fizeram nada, mas o inspetor não quis nem saber. Agora entende por que estou com tanta raiva do Malfoy? Sinceramente, eu quase estuporei ele, os amigos dele, o inspetor, e de quebra, todo mundo em volta.

            - Sinceramente – complementou Harry – eu teria estuporado mesmo.

            A conversa poderia ter continuado por mais alguns minutos, com direito a xingamentos, azarações e possíveis macumbas a Malfoy, mas naquele instante, alguém bateu na porta. Todos se entreolharam, ninguém estava esperando alguém.

            - Pode abrir – disse Rony, por fim.

            A porta correu para o lado, revelando um pequeno grupo de três pessoas, dois garotos e uma garota.

            - Desculpem, mas... – começou o garoto do meio, tinha olhos verdes – os outros vagões estão todos cheios, podemos ficar aqui?

            - Sinto muito, - começou a responder Rony – mas aqui também está che...

            - Seria um prazer – disse Gina, com um sorriso no rosto e então, virou-se para Harry, Rony e Hermione – são eles de quem eu estava falando.

            - Nós o quê? – Perguntou o outro garoto curioso.

            - Nada não – respondeu Gina – Venham, sentem-se aqui, agente se aperta um pouco, sim?

            - Mas... – começou Rony.

            - Rony, agente se aperta um pouco, sim? Não queremos que outro incidente aconteça, queremos? – E Gina fulminou Rony com o olhar pela terceira vez, mas, em virtude dos convidados, resolveu reconsiderar toda aquela coisa de “rodar a baiana” e decidiu dar a Rony mais uma chance.

            - Obrigada – disse a garota de olhos cinzas sorrindo.

            Todos os três se sentaram, ficaram um pouco espremidos, mas com medo de despertar a fúria de Gina, ninguém ousou fazer qualquer tipo de comentário ao assunto.

            - Então, como disse que se chamavam? – perguntou Hermione.

            - Ah, sim, desculpe, esqueci de nos apresentar – disse respondeu o garoto de olhos verdes – esse aqui se chama Grover Underwood, o nome dela – e apontou para a garota de olhos cinzas – é Annabeth Chase. E eu sou Percy Jackson.