Emma entrou no apartamento de Annie enquanto ela fechava a porta, a sua decoração do tinha tudo a ver com ela, sabia que ela havia escolhido cada peça do local. Annie se virou para ela sorrindo antes de falar.

- Emma! Me conta tudo!

-Tudo o quê? – perguntou confusa, não sabia do que ela estava falando.

- Você e o Peter. Eu notei alguma coisa, mas foi tudo tão rápido. Ele chegou ontem.

Ela sabia de tudo?

- Do que você está falando? – resolveu fazer-se de desentendida.

- Não é óbvio? Vocês estão juntos! Isso é tão legal, eu não aguentava mais vê-lo com aquela metida.

- Como assim? Não está acontecendo nada entre nós. – infelizmente.

- Tem certeza? Emma, você sabe que pode se abrir comigo!

- Mas é sério, não está acontecendo nada.

-Jura mesmo? Que estranho... Eu tinha tanta certeza.

- O que te fez pensar isso?

- O jeito que vocês se olham. Eu nunca o vi olhando daquele jeito para nenhuma garota antes, nem para a nojenta. E você também, parecia que não conseguia olhar outra coisa a não ser ele.

Emma sorriu, ela tinha razão, mas não havia notado nada de diferente no modo que Peter a olhava.

- Mas enfim, se você diz que rolou nada ainda... O que achou dele?

- Como posso começar? Ele é um cara legal, atencioso, se importa tanto com o Rick, tão diferente da Isabel. E também ele é... Lindo!

- Eu sabia! – gritou Annie.

- Sabia o que?

- Você gosta dele, nem que seja só um pouco, mas gosta. Mas é claro, eu não estava tão enganada, eu tinha percebido alguma coisa!

- O que? Não... Não, é claro que não! Eu não gosto dele.

- Então por que você parece tão nervosa? Você definitivamente não sabe mentir!

- Annie... – Emma a olhou suplicante.

- Você sabe que pode confiar em mim, somos amigas. Está tão óbvio, você devia ouvir como você fala dele!

- Por favor, não conta pra ninguém.

- Claro que não! Isso é tão legal! Vocês formam um casal tão fofo!

- Eu preciso esquecê-lo antes que eu me apaixone de verdade...

- Por quê? Não faça isso!

- Ele é casado com a Isabel! E eu sou a babá do filho deles!

- Primeiro: aquilo não é um casamento, eles apenas se suportam. Segundo: você é muito melhor que a Isabel, ela não o merece, você sim. E terceiro: grande coisa, isso é até bom. O Rick adora você!

- Annie, mas...

- Emma! Não estrague meu sonho de ser cupido, vocês são perfeitos um para o outro!

- Olha, eu não posso...

- Pode sim! Do que você tem medo?

Emma fitou Annie por um longo tempo antes de responder.

- Você venceu!

Segunda-feira, 21 de março, 21h

Querido Diário

Então é isso, Annie já sabe de tudo.

Merda!

Ainda hoje ela veio até o meu quarto dizendo que queria falar comigo, eu fui até o apartamento dela e ela acabou me fazendo confessar tudo o que eu sinto pelo Peter. E agora ela quer dar uma de cupido e juntar nós dois. Eu quero isso com todas as minhas forças, mas ao mesmo tempo, eu acho isso tolice minha, que devo esquecer tudo. Estou me comportando da mesma maneira que eu me comportaria aos 12 anos de idade. Mas também fico a pensar se tudo isso pode dar certo, o que aconteceria, como aconteceria...

Não sei o que fazer!

Me ajuda!

Fala comigo!

Eu sei, estou fazendo isso de novo, mas é que toda essa situação não sai da minha cabeça.

A semana ia passando devagar para Emma. Annie estava ocupada com o trabalho e falaram-se pouco durante alguns dias, ela não tocou mais naquele assunto, Emma não sabia se isso a deixava feliz ou triste. Isabel passava quase todos os dias fora, ia fazer compras, tratamentos estéticos e muitas outras coisas que Emma considerava besteiras. A semana havia sido cheia para ela também por causa de Rick, gastava toda a sua energia com ele, mas já não conseguia ver-se longe dele. Havia se apegado demais ao garoto. E no fim de tudo isso, Peter...

Ele praticamente passou todos os dias em casa, duas vezes Eric, Martin e Simon tinham ido até lá, mas no restante no tempo ela se via sozinha com ele e Rick. Ela ainda sentia-se constrangida cada vez que estava perto ele, mas acabou conhecendo-o muito mais durante esse tempo. E tudo a fazia sentir-se mais atraída por ele.

Naquela manhã Emma estava no seu quarto fazendo nada de especial, apenas pensando, quando ouviu uma batida leve na porta.

- Está aberta.

A porta se abriu lentamente revelando Peter atrás dela.

- Oi, posso entrar?

- Claro!

Peter entrou parecendo um pouco nervoso e sem saber direito o que fazer, Emma lhe indicou que se sentasse. Ele sentou-se ao seu lado.

- Hã... O que veio fazer aqui?

- Não sei ao certo... Queria te ver. Você não apareceu no café da manhã.

- Eu estava sem fome...

Um longo silêncio seguiu-se, nenhum deles sabia o que falar. Peter olhava as modificações que Emma tinha feito no quarto, elas falavam muito sobre a personalidade dela, até parar em algumas fotos dispostas em cima de uma cômoda.

- Você que as fotografou?

- Sim.

- São lindas.

- Obrigada, eu adoro fotografar. Fotografo um pouco de tudo, como pode ver.

Peter assentiu, ali haviam fotos de pessoas, paisagens, coisas não definidas, em vários tons diferentes. Uma em especial lhe chamou a atenção. Tratava-se de um casal, estavam olhando um para o outro, sentados em um banco com algumas árvores ao seu redor. Pelo que pode perceber era outono, as folhas árvores estavam com coloração marrom e algumas delas caiam na hora em que a foto havia sido tirada.

- Essa é uma das minhas preferidas. – disse Emma seguindo a olhar de Peter.

- Por que você gosta dela? – ele a olhou intensamente, estavam muito próximos e ela podia sentir sua mão tocando a sua.

- Bom... Tudo, o lugar, o clima, eles. Mas o que me faz realmente gostar dessa foto é o jeito que eles se olham. Com tanto amor, é como se daqui à 50 anos eles vão ainda estar juntos, como se a única coisa de que eles precisam é do outro e nada mais importasse. Eu quero isso algum dia para mim, que alguém me olhasse daquele jeito.

Peter ainda a olhava quando ela terminou de falar, estavam tão perto que podia sentir sua respiração. Viu Peter se aproximando lentamente, instintivamente aproximou-se também.

Ele ia beijá-la.

- Eu acho que eu já vou... – Peter parou a centímetros do seu rosto, parecia meio confuso. A voz dele a fez despertar do seu transe. Eles quase tinham se beijado.

- Tudo bem. – sua voz estava rouca.

Peter se levantou e saiu do seu quarto. Sentiu-se triste e decepcionada, sabia que era errado, mas tudo o que ela queria era beijá-lo. Mas sentiu também uma ponta de esperança crescendo dentro dela.