Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 20
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo. Primeiro quero agradecer a todos que acompanham a história. Penso em você quando a ideia de desistir passa por minha mente. Estamos chegando ao fim e isso é muito triste (faltam apenas 5 capítulos e Adeus), mas antes das lágrimas, um sorriso e um novo capítulo. Aproveitem.



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Capítulo 20 – Daniel Gonzales

Tudo aconteceu em uma velocidade incrível. Talvez por eu ser um mero mortal, mas, mesmo assim foi muito rápido. Em um momento, eu estava dançando com Dinnie Ray. Depois estávamos nos declarando. Depois nos beijando. De repente, teve uma explosão e um corpo estava jogado na nossa frente. E por último, e mais importante, um exército de vampiros descendo as escadas e vindo em nossa direção. Dinnie, Luanne e Noah se colocaram a minha frente. Me senti um inútil por não poder proteger aquela que , a segundos atrás, estava dizendo que amava. Só podia ficar, ali, parado e rezar para que nada lhe acontecesse.

A frente do tal exército, tinha um vampiro, com um sorriso sarcástico, como se já tivesse a certeza de uma vitória em cima de todos aqueles vampiros. Cada Senhor estava com a guarda dos seus vampiros convidados. Me xinguei internamente. Queria tanto poder proteger Dinnie e ela que estava me protegendo.

“Daniel”, a escutei sussurrando.

Pensei que ela estava me chamando, mas quando olhei em seu rosto percebi que ela estava tendo uma conversa rápida com Luanne e Noah. Esse dois, olharam para mim por um curto segundo e xingaram. É, eu realmente era um peso para eles. Deixei meu rosto o mais vazio possível, sem deixar transparecer o medo que eu sentia. O medo de perdê-la. Dinnie deixou cair seus lindos olhos castanhos-avermelhados em mim, mas o contato visual foi muito breve.

Tentei acalmar meu coração. Ele era um lembrete constante para os vampiros que eu era um banquete vivo. E isso, com certeza, iria atrair a atenção dos Rebeldes. Dinnie, Luanne e Noah ainda conversaram por alguns segundos, até que Luanne e Noah assentiram e Dinnie estendeu sua mão para mim. Sem hesitar entrelacei meus dedos nos dela, sem ligar para sua temperatura tão diferente da minha.

Meu coração ainda batia forte. A adrenalina pulsava em minha veias. Eu queria ver os olhos dela mais uma vez. Um sentimento ruim bateu em meu estômago, como uma comida estragada. Engoli a seco e levantei a cabeça. Ao mesmo tempo em que os vampiros pisaram no salão.

Só tive tempo de ver o loiro sorrindo e pousando seus olhos em mim, antes que Dinnie me puxasse para as suas costas e saísse correndo. Vi Luanne e Noah logo atrás de nós detendo todos os vampiros que quisessem me pegar. Atrás de nós quatro, o inferno estava acontecendo.

Alguns vampiros estavam sendo mutilados. Outros, mortos. Rezei para que Patricie e a pequena Laura tivesse saído em segurando com Dorian. Senti meu estômago rodando. Mesmo que, desde pequeno, tenham me ensinado que os vampiros eram apenas humanos sem vidas que usavam como diversão drenar a vida de outras pessoas, em alguma época eles já foram vivos. E isso era quase que uma chacina. Olhei para Luanne e Noah.

Em Noah, eu já estava acostumado com o olhar e o jeito de vampiro. Vê-lo em guarda atrás de mim não me surpreendeu. Nem quando ele mordeu um dos Rebeldes e desconectou a cabeça do pescoço. Mas, em Luanne era diferente. Os olhos azuis astutos e brincalhões estavam mortais e atentos. Qualquer que se aproximava de nós, recebia um rosnado desafiar vindo de seus belos lábios rosados. Era quase impossível comparar aquela Luanne com a mesma de dois minutos atrás.

E Dinnie Ray.

Me sentia culpado pela inversão de papéis. Ela me carregando nas costas. Ela correndo para salvar a minha vida. E me perdoando por ser um idiota. Eu que deveria estar fazendo isso. Não que eu fosse machista. Longe disso. Só a amava o suficiente para entregá-lhe a minha alma. Jurei a mim mesmo que, um dia , a salvaria do mesmo jeito que ela estava fazendo comigo.

Ela tinha um olhar centrado na porta de saída e nada a tirava do foco. Nem mesmo os inúmeros vampiros Rebeldes que tentaram pará-la e que foram mortos ou por Noah ou pela incrível Luanne. A porta parecia estar a anos de distância, mesmo que fosse poucos minutos.

Os gritos penetravam meus ouvidos e chegavam a minha alma, me gelando. Tantas pessoas morrendo. Engoli a seco. Finalmente, chegamos a escadas por onde entramos e descemos-a. Paramos embaixo de uma pequena varanda na entrada. Dinnie me pôs no chão sentado e se ajoelhou ao meu lado, verificando se eu não estava ferido.

“Eu estou bem”, a garanti, fazendo que seus olhos parassem a inspeção e pousassem nos meus. Tinha algo gritante neles, que fez meu coração dar um parada brusca e acelerar quase que ao mesmo tempo. Estiquei meus dedos e a toquei no rosto.

“Vai ficar tudo bem”, ela disse. Mas, parecia que ela falava mais consigo mesma do que comigo. “Me prometa que não irá a lugar nenhum”, ela pediu. Pressionei minha palma com mais força em seu rosto sabendo o que iria acontecer a seguir e tendo o conhecimento que não poderia impedí-la.

“Por favor”, sussurrei. “Não vá”

Seus olhos se fecharam por um momento e quando se abriram estavam marejados. “Não me peça o que eu não posso cumprir, Daniel. Eu te amo, mas também amo meu povo. Não posso deixá-los morrer por não tê-los , pelo menos, tentado ajudar”, uma lágrima escorregou de seus olhos e ela começou a se afastar. “Me prometa.”

“Dinnie, não temos muito tempo.”, Luanne disse.

Ela e Noah estavam parados um poucos distantes de nós, em pé e alarmados para qualquer aproximação suspeita. Olhei-os por um segundo e os vi, pela primeira vez, como verdadeiros guardas da Senhora Sulista. Por que Dinnie Ray não poderia ser como um daqueles reis fúteis, que colocavam sempre sua vida acima dos outros? Pelo menos ela estaria ao meu lado em segurança. Mas, percebi olhando para ela que ainda esperava minha resposta, que era aquele altruísmo que eu mais amava nela. Que me fazia diferenciá-la dos vampiros assassinos que estavam dentro do salão.

Engoli a seco e desviei meus olhos dos delas. “Eu prometo.”

Senti seus olhos em mim por mais alguns segundos antes delas se virar e voltar para aquele inferno. Meus olhos também estavam marejados e meu coração suplicava por olhá-la mais uma vez. Como um Adeus. Mas, no instante que voltei a levantar meus olhar, só tive um pequeno vislumbre de seu vestido vermelho se afastando escada a cima.

Aquele sentimento ruim aumentou. Eu poderia enganar a mim mesmo e dizer que era apenas medo por ter deixado Dinnie Ray ir lá sem mim, mas eu sabia que ia além disso. Era como se, o futuro estivesse brincando com as nossas decisões hoje. Com a decisão dela de me amar. Com a minha decisão de ser como ela.

Os gritos e barulho de coisas quebrando continuaram no andar de cima. Eu me encolhia a cada som alto, esperando que algum dos vampiros Rebeldes aparecesse e me matassem. Ou que alguns dos guardas dos Senhores aparecessem e me culpassem por aquela chacina.

E me matassem.

De qualquer jeito eu esperava pela morte imediatada. Me perguntei se meu pai teve o mesmo pressentimento antes de morrer. Pelo menos, ele havia morrido em uma batalha. Ajudando Dinnie Ray. E eu? Estava ali, sentado esperando que o destino fosse bom o suficiente para poupar a mulher que eu amava.

Como se ganhassem vida, minhas pernas me fizeram levantar. Eu estava determinado a fazer alguma coisa. Se fosse para morrer, que fosse com dignidade. Que fosse lutando. Como eu queria ter trazido minha estaca. Agora não adiantava reclamar. Olhei para os lados, procurando por algo que pudesse me auxiliar nesse batalha e me contentei com um galho grosso e bem afiado que eu poderia usar de segunda estaca.

Enquanto eu andava pelo terreno ao redor do grande palácio, esperava ser atacado de todos os lados. Tinha certeza que, do lado de fora, não tinha o perigo de Dinnie Ray me ver e se atrapalhar com a sua luta. Mesmo eu adorando a ideia de vê-la lutar como uma perfeita guerreira, sabia que não poderia.

A área ao redor era grande. Quando cheguei perto do vasto campos e rosas, o exato lugar em que eu e Dinnie estávamos antes, parei de respirar. Tinha uma grande probabilidade de ter mais uma remessa de vampiros Rebeldes prontos para atacar. Mesmo que não pudesse parar meu coração, ter os passos mais leves e sem a respiração ofegantes , já poderia ajudar muito.

Estreitei meus olhos, procurando por alguma pista de algo mortífero ali. Nada. Andava devagar e olhando para todos os lados. Finalmente meu treinamento de caçador estava servindo para alguma coisa. Se meu pai e meu avô pudessem me ver, teriam orgulho de mim. Se Dinnie não estivesse tão ocupada teria orgulho de mim. Claro que, depois de me dar uma bronca e ficar tentada a me matar por desobedecê-la.

Segui em passos lentos, e com um pequeno sorriso nos lábios em pensar naquela poderosa vampira que parecia se desfalecer em meus braços. Estava confiante em sair vivo. Queria ajudar. E também queria recorda aquela noite que Dinnie apagou da minha memória. Só que ao vivo. Segurei o riso e tentei manter o foco. Mas, a cada vez que piscava, uma imagem de Dinnie Ray em minha cama passava rapidamente em minha mente. Ela me deixava estonteado.

“Socorro!”

Esse grito, tão agudo e desesperado, fez com que meus ossos gelassem. Olhei para os lados, esperando que algum vampiro aparecesse, mas encontrando um grande NADA. Escutei-o de novo, percebendo que eles estava mais perto do que eu imaginava. No campo de rosas. Corri até lá, sem hesitar coma escuridão em direção ao grito.

No caminho encontrei alguns corpo jogados no chão. Alguns sem cabeça outros com a garganta aberta. Não tive tempo para estudá-los, quando o grito ecoou novamente em meus ouvidos. Era melhor eu ser mais rápido, logo alguém (que adoraria me ter como lanche) apareceria e não seria muito bom. Corri por entre as rosas, rezando para que, seus cheiros ocultassem o meu.

Tive que forçar bastante a vista por entre aquela escuridão até achar a pessoa que gritava. Demorei uns segundos para reconhecê-la . Era a ruiva que estava parada na minha frente na fila para entrar no salão. Foi a mesma que ficou me encarando e me estudando. Agora ela estava no chão, chorando e encolhida. Tinha mais dois corpos em volta dela. Seu vestido estava sujo de lama, mas seu cabelo parecia não ter saído um fio do lugar. Ela levantou a cabeça mais uma vez para gritar e eu pude ver sua tatuagem de cobra no pescoço. Tão verde quanto seus olhos.

Foi rápido em calar a sua boca, colocando minha mão sobre ela. Ela se contorceu por alguns segundos e quase me mordeu. Então, tirei a minha mão dali. “Calma, estou aqui para ajudar.”, sussurrei.

“Não.”, ela disse. Sua voz tinha um tom alto e um pouco irritante. “Você veio me matar”

Eu iria pergunta de onde, diabos, ela havia tirado essa ideia. Então lembrei dos corpos ao nosso redor e que eu estava com um pedaço afiado de árvore na mão. Percebendo isso, o larguei no chão e dei um passo a frente. Ela se encolheu mais um pouco no chão, mas não se afastou. Me equilibrei em um joelho e tirei uma mexa do seu cabelo ruivo do rosto. Ela deu um pequeno sorriso.

“Pode me dizer o seu nome?”, perguntei devagar para não assustá-la mais.

“Daiene Lawrence.”, ela levantou mais a cabeça e sua voz soou um pouco mais forte. Eu sorri. Ela deveria ter orgulho de seu nome. “Senhora Nordestina de Seattle, Estados Unidos”

Deveria ser alguma amiga de Dinnie, já que pertencia a mesma área dela. Ela iria ficar mais orgulhosa de mim por ter salvo uma amiga dela. Estendi uma mão em sua direção, para que a ajudasse a levantar. Um grande sorriso em meus lábios. Um sorriso apareceu nos lábios dela enquanto pegava em minha mão.

No segundo em que nossas mão se tocaram, senti meu estômago se revirando. Talvez uma premonição. Empurrei aquele sentimento para um canto de minha mente e me concentrei nela e em ajudá-la. Seu sorriso aumentou conforme ela levantava. Tinha um toque estranho em seu rosto. Algo, que também, dançava em seus olhos verdes. Jurei por um segundo ter visto a sua tatuagem de cobra se mexendo. Mas foi tão rápido que culpei minha imaginação.

“Você é o novo garoto de Dallas?”, ela perguntou enquanto limpava seu vestido. Daiene batia com precisão e lentamente. As machas iam saindo com calma. Ela se inclinou em uma árvore e descansou as costas, parecendo cansada.

Cheguei mais perto dela, caso ela desmaiasse. “Sou o acompanhante de Luanne, sua guarda.”, respondi quietamente. Não sabia o motivo de não ter dito a verdade. Que eu era o namorado dela. Quero dizer, ela me amava. Eu a amava. Já nos beijamos e transamos. Somos namorados, certo?

“Pode me dizer”, ela sussurrou e olhou para os lados. Um sorriso travesso nos lábios. “Conheço Dinnie Ray desde que ela virou Senhora Sulista de Seattle.”, eu não sabia o porque, mas ela parecia ter um jeito forçado de dizer o nome de Dinnie que me deixou incomodado.

“Bem, eu e Dinnie estamos nos ajeitando”, dei de ombros. Não era como se eu fosse contar minha vida pessoal a qualquer um. Mesmo que fosse uma amiga de Dinnie. Seu sorriso aumentou, parecendo mais animalesco. Dei um passo para trás e ela se aproximou de mim.

“Perfeito”, ela me pegou pela gola da blusa e me jogou com força contra a árvore.

Fiquei confuso e estava desarmado. Como aquela menina doce, virou algo tão animalesco? Minha visão ficou turva e tinha alguns pontos pretos nela. Pisquei algumas vezes e gemi enquanto passava a mão na parte de trás da minha cabeça. Suspirei aliviado quando vi que não havia nenhum resíduo de sangue. Mas, parecia que não era fome que movia aquela vampira. Era algo além.

Ela se ajoelhou ao meu lado e traçou meu rosto com a ponta de suas unhas negras. Tentei me afastar, mas estava preso entre ela e a árvore. Daiene jogou sua cabeça para trás e riu. Um riso sujo e que parecia queimar minha pele. Quando voltou a me olhar, suas presas estavam aparecendo.

“O doce par de Dinnie Ray”, ela cantarolou com a sua voz irritante. “Melhor do que matar a própria Senhora Sulista é vê-la definhando por perder mais um amor.”, ela riu de novo.

Engoli a seco e tentei me levantar, mas a vampira , obviamente, foi mais rápida e me prender sentado. Quanto mais eu me debatia, mais ela pressionava sua mão em meu peito. Até a hora em que eu achei que ela furaria meus pulmões com aquele aperto e parei. Tossi um pouco e sua expressão se contorceu em nojo.

“Sempre odiei humanos.”, ela disse com raiva. “Ainda bem que não nasci uma.”, ela aproximou meu rosto do dela. “Assim não vou ter pena de te matar”

Ela me jogou contra a árvore com força e antes que eu piscasse, Daiene já estava em cima de mim e suas presas em meu pescoço. Tudo o que eu pude fazer foi gritar e me contorcer de dor. Era como se minha alma e minha vida fossem sugados para fora de mim. Meus olhos começaram a pesar e minha mente começar a escurecer. A dor em meu pescoço era a única coisa que me deixava acordada. Então, era assim que morríamos? Com tanta dor e pesar.

Mesmo caindo na inconsciência, consegui escutar alguns passos se aproximando. Devagar e mortais. De algum jeito, eu sabia que não Dinnie, nem Noah e Luanne. A voz do novo presente também me alertou a isso.

“Daiene, o que você acha que está fazendo?”, ele perguntou.

Senti Daiene ficando tensa e tirando sua presas do meu pescoço. Um frio incomum me envolveu e eu comecei a tremer. Fiquei de olhos chegados, sabendo que, se os abrisse veria uma trilha de sangue descendo por minha camisa. Parecia que, enquanto a morte não me tocava, algumas habilidades vampirescos faziam parte de mim. Como, por exemplo, uma super audição.

Escutei Daiene se levantando do meu lado e seus passos, leves e quase silenciosos aos ouvidos humanos. “Estava fazendo uma coisa que deveria ter feito a muito tempo. Me vingando de Dinnie Ray”, ela disse, decidida.

Escutei o bagulho de alguma coisa estalando, como um tapa e alguém (talvez Daiene) gemendo de dor. Me encolhi com o som de passos vindo da minha direção. Dois dedos frios foram pressionados do outro lado do meu pescoço. No lado que não estava sangrando. Ele bufou e se levantou. Outro estalar.

“Agora que já começou com o serviço, o termine”, ele disse, sua voz mais longe. Talvez fosse pelo fato de eu estar indo dessa para uma melhor. Talvez pelo fato dele estar se afastando. “Mas, tenha em sua mente que, no segundo em que Dinnie Ray ver isso, vai mover céus e terras para descobrir quem o fez. E se ela descobrir que foi você, Daiene”, ele pausou e eu o imaginei balançando a cabeça. “Você é uma vampira morte e com uma morte justificada.”

Daiene estalou a língua. “Se ela nunca descobriu que nós ajudamos os vampiros Rebeldes, nunca irá descobrir que eu matei esse verme.”, ela riu. “Um traidor de baixo do próprio teto dela e ela nunca descobriu.”

“Eu sempre fui muito fiel a jovem Senhora”, ele disse sério. “Mesmo quando ela não lembrava o meu nome, ou me expulsava da sala , eu sempre fui astuto o suficiente para saber das notícias. E esperto o bastante para ser o primeiro a contar sobre Abigail e Mikael a ela.”

“Você sempre foi um belo de um traidor, isso sim, Luke”, Daiene disse. “Em nenhum momento eu confiei em você. Nem quando chegou com essa proposta maluca de nos unirmos para matar todos os Senhores do mundo e ficarmos com o poder dos vampiros. Só topei pela oportunidade de matar Dinnie Ray com minhas próprias mãos.”

“Você só vê coisas pequenas, Daiene.”, ele disse parecendo se afastar ainda mais. “Quando te chamei, pensei que pensaria grande. Tomar conta do mundo vampírico.”

“Então, qual o seu objetivo com isso?”, ela perguntou parecendo ultrajada.

“Além de ajudar um velho amigo”, seus passos pararam enquanto ele parecia pensar. Engoli doía demais. “Eu não sei. Vingança, talvez. Sabe, meu filho tentou essa rebelião uma vez. Mas, acabou matando o pai desse aí e morto brutalmente. Tive que assistir tudo quieto, mas quando surgiu essa nova oportunidade, não pude deixá-la escapar.”

O filho de Luke tinha matado meu pai? Se eu pudesse me mexer, eu enfiaria aquele galho nele. Mas, já que eu não pudia, tudo o que eu fiz foi ficar respirando ruidosamente e esperando minhas morte chegar. Que fosse por abandono, que fosse pela presas daquela vampira. Eu sabia que inteiro e vivo eu não sairia dali.

De repente, tudo ficou em um silêncio absoluto. Comecei a escutar outro pares de passos vindo em nossa direção. Não sabia o porque, mas meu coração acelerou, quase como um sensor de que era Dinnie Ray se aproximando. E como se também soubesse disso, Daiene e Luke começaram a ficar apreensivos. Me senti sendo levantado por pequenas mãos.

“O que você pensa que está fazendo?”, Luke disse apressado. Sua voz já estava a uma boa distância. “Deixe-o aí. Só de vê-lo nesse estado, Dinnie Ray irá se definhar em culpa. Não temos tempo.”

“Para onde vamos?”, ela perguntou se levantando e me deixando para trás.

“Para o galpão que tem a alguns metros daqui.”, ele respondeu.

Senti um vento rápido batendo em meu rosto e sabia que eles já haviam ido embora. Eu iria morrer sozinho. Pelo menos, eu já sabia quem estava por trás da morte do meu pai e, possivelmente, da minha mãe. Tudo o que precisava agora, era olhar no rosto de Dinnie Ray mais um vez e ter a certeza de que ela ainda me amava. Com isso, eu poderia partir em paz.

Escutei os pares de passos se aproximando e um arfar (Luanne), um rosnado (Noah) e um choro, com certeza, pertencente a Dinnie. Ela se ajoelhou ao meu lado e colocou seu rosto em meu peito. Tentei respirar o mais fundo possível para que ela soubesse que eu ainda estava vivo, mesmo que por pouco tempo.

“Ele ainda está vivo”, Noah disse. Pelo jeito de onde sua voz estava vindo, ele deveria estar parado bem a minha frente.

“Não por muito tempo”, Luanne tinha a voz chorosa. “OMG! Daniel”, ela se lamentou.

“Eu disse que tinha alguma coisa errada.”, Dinnie chorou mais em meu peito. “Eu senti que ele tinha se metido em problemas.”, ela levantou sua cabeça e colocou sua mão em meu rosto. Mesmo que me cansasse, fiz um esforço e abri meus olhos. O meu corpo estava tao frio que a mão de Dinnie Ray pareceu quente eu minha pele.

“Dinnie”, sussurrei com um pouco de esforço. Tentei não olhar para baixo, se não piraria. Foquei em seu rosto lindo. Seus lábios, seus olhos vermelhos e chorosos. As lágrimas que desciam por sua bochecha. Ela pôs um dedo em meus lábios.

“Silêncio, meu amor”, ela pediu. Sua voz tremeu e ela voltou a chorar.

Com mais esforço ainda, peguei em sua mão e a apertei contra o meu peito. Senti meu sangue seco e viscoso em minha roupa. Meu corpo parecia pesar uma tonelada. Era tão difícil dizer tantas palavras ao mesmo tempo. Mas eu tinha que, pelo menos, alertá-la.

“Daiene e Luke estão com os Rebeldes.”, sussurrei. Dinnie aproximou seu rosto do meu para que pudesse me escutar melhor. “Eles foram para um galpão a uns metros daqui', tossi engasgado com meu próprio sangue.

“Foram eles que te morderam?”, Noah perguntou.

Antes que eu pudesse responder, Dinnie se inclinou na direção do meu pescoço e o cheirou. Talvez meu sangue realmente tivesse um cheiro bom. Ela se afastou, com um pouco de esforço e rosnou.

“Daiene”, seus olhos brilhavam em escarlate. Em sua voz, saía toda a raiva que ela possuía naquele momento. “Posso reconhecer o cheiro do perfume barato dela em qualquer lugar.”, sua voz se suavizou quando ela voltou a olhar para mim. “Vai ficar tudo bem.”

Dei um sorriso triste, porque sabia que não era verdade. “Eu te amo”, sussurrei mais uma vez e fechei os olhos. Escutei o choro de Dinnie recomeçando e diminuindo aos meus ouvidos.

Minha alma se afastando do meu corpo, para sempre.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer com Daniel? E o que a Dinnie irá fazer agora? Uma pequena prévia para vocês:
Algo bateu forte em meu peito. Olhei-o para saber se tinha sido atingida, mas tudo o que encontrei foi o sangue de outros vampiros. Meu peito se contraiu e aquele mal estar passou para meu estômago. Era algum tipo de pressentimento. Sabia que tinha alguma coisa errada.
Daniel.
Tem alguma coisa errada, eu disse alto o suficiente para Luanne e Noah escutarem do lugar onde eles estavam. Senti o impacto no meu peito mais uma vez , só que mais forte.
Dinnie, não tem nada, Noah disse tentando me fazer voltar ao foco de lutar contra os Rebelde, mas eu não conseguia. Dinnie, volte aqui., ele gritou.
Eu dei um passo para trás, em direção a porta com o impacto do tiro imaginário. Noah e Luanne, me deram um olhar estranho, mas não o sustentei por muito tempo e me virei indo em direção a saída. Era como se meu pés tivessem vidas própria. Ele me guiaram até a parte de baixo da varanda e como eu esperava, tinha ninguém a minha espera. Senti uma mão em meu ombro e me peguei encarando os olhos azuis brilhantes de Luanne.
Ele não está aqui, minha voz soava morta enquanto constatava o óbvio.
Ainda estou esperando alguém perdir por uma continuação. E deixem Reviews. Até sexta que vem.



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