Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 21
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora em postar o capítulo. Fiquei sem internet por duas semanas. Quase morri. Mas para todos que ficaram furiosos com o final do último capítulo. Acho que vão ficar mais furisos ainda com o final desse. Entendam, é para o desenvolvimento da história.
Bem, eu tava vendo algumas datas e percebi com espanto que vai fazer 1 ano que estou escrevendo Senhora Sulista. Comecei dia 12 de novembro de 2010. E também, ontem, terminei de escrever o capítulo 24. Caramba, já tenho as cenas do capítulo 25 na cabeça. Vai ser um final bem surpreendente.
Chega de papo. Aproveitem.



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Capítulo 21 – Dinnie Ray

Algo bateu forte em meu peito. Olhei-o para saber se tinha sido atingida, mas tudo o que encontrei foi o sangue de outros vampiros. Meu peito se contraiu e aquele mal estar passou para meu estômago. Era algum tipo de pressentimento. Sabia que tinha alguma coisa errada.

Daniel.

“Tem alguma coisa errada”, eu disse alto o suficiente para Luanne e Noah escutarem do lugar onde eles estavam. Senti o impacto no meu peito mais uma vez , só que mais forte.

“Dinnie, não tem nada”, Noah disse tentando me fazer voltar ao foco de lutar contra os Rebelde, mas eu não conseguia. “Dinnie, volte aqui.”, ele gritou.

Eu dei um passo para trás, em direção a porta com o impacto do tiro imaginário. Noah e Luanne, me deram um olhar estranho, mas não o sustentei por muito tempo e me virei indo em direção a saída. Era como se meu pés tivessem vidas própria. Ele me guiaram até a parte de baixo da varanda e como eu esperava, tinha ninguém a minha espera. Senti uma mão em meu ombro e me peguei encarando os olhos azuis brilhantes de Luanne.

“Ele não está aqui”, minha voz soava morta enquanto constatava o óbvio.

“Nós vamos atrás dele”, Luanne disse e me abraçou. Não movi nenhum músculo em sinal de retribuição a sua preocupação. Ela me segurou pelo ombro e me deu uma leve sacudida. “Nada vai acontecer com ele, está escutando?”

Assenti sem saber bem o porque. Era como se as palavras de Luanne fossem em uma língua tão antiga quanto o primeiro vampiro. Tudo o que passava em minha mente era a morte de Marco se repetindo na minha frente. Mas , envés do rosto de Marco, estava os cabelos escuros de Daniel. Olhei novamente para o lugar onde o deixei pela última vez, rezando para que minha visão estivesse ultrapassada. Não estava.

Ele realmente não estava ali.

Me encolhi, sentindo o buraco em meu peito abrindo. Minha cabeça girava e eu tinha que me segurar para não desmaiar ou vomitar ali mesmo. Eu iria perder Daniel. Algum vampiro, com certeza, passou por nós na estrada e o achou aqui. Daniel não tinha nada para se defender e deve ter sido levado. Oh meu Deus. Já conseguia sentir o bile subindo na minha garganta. Antes que o conteúdo vermelho e viscoso do meu estômago saísse, alguém me virou e deu um tapa forte em meu rosto.

Minha face começou a arder do lado que recebeu o tapa e eu pisquei, saindo do meu estado de torpor. Olhei para Luanne , ainda com a mão levantada e me surpreendi. Esperava que Noah fizesse isso, mas nunca ela. O tapa também tinha pego em minha mandíbula, me fazendo abri e fechar a boca, como se a massageasse. Balancei a cabeça e a levantei.

“Temos que procurar Daniel.”, Luanne disse, agora com a voz mais dura. “Não tire conclusões precipitadas com a sua ausência, Dinnie. Ele pode ter ido dar uma volta, ou ter ido embora.”

Assenti, mesmo são acreditando nas suas palavras. Aquela dor em meu peito me fazia duvidar. Noah apenas me encarava esperando eu dizer alguma coisa. Luanne abaixou a mão e a olhou como se não a reconhece. Olhei para os lados e me tremi com os intermináveis barulho de gritos vindos do lado de dentro do salão.

Tudo que tinha ao meu redor era escuridão. Farejei o chão, tentando achar algum cheiro incomum e que não deveria estar ali, mas tudo o que senti foi simples cheiro complexo cítrico de Daniel. Como um cão na caça, comecei a seguir seu rastro. Luanne e Noah seguiam em passo ligeiros atrás de mim. Meu nariz pinicava com a inúmeras misturas de cheiros ali e minha mente tinha o trabalho de separar o rastro de Daniel. Tudo em poucos segundos.

Quando percebi para onde aquela perseguição estava me levando, parei. Encarei o belo e cuidado campo de rosas a minha frente e xinguei mentalmente Daniel por entrar ali. Olhei para Luanne e Noah e pelos seus olhares , percebia que ele estavam pensando a mesma coisa que eu. Comecei a andar com passos forte em direção a entrada, sem pensar duas vezes.

O cheiro de Daniel, que era mais predominante para mim estava me guiando. Luanne e Noah apenas me seguiam com caretas. Eles odiavam quando seu olfato ficava confuso por causa da grande quantidade de rosas ali. Mas o meu não. Era certo.

Eu era atraída como um tipo de imã e não hesitava enquanto ia em sua direção. Foi quando eu estava mais ou menos no caminho que eu senti o novo cheiro. Uma mistura de ferrugem e sal que fazia minha garganta formigar e apertar. Meus olhos se arregalaram quando identificaram o cheiro. Pelos arfares atrás de mim, sabia que o cheiro estava bem forte.

“Sangue”, Noah sussurrou.

Meus pés quase flutuaram em direção ao cheiro, pela velocidade em que eu corria. Escutei vagamente o barulho de passos se afastando, mas não dei muita importância e nem me dei ao trabalho de seguí-los.

Pois Daniel estava no chão, morrendo.

Desacelerei , caminhando com cuidado até ele. Luanne e Noah frearam vendo a mesma cena que eu, mas, com certeza não sentindo a mesma dor. A cada passo, eu conseguia ver que aquilo era a mais cruel realidade. Sabia que tinha alguma coisa errada. Eu tinha sentido. Luanne arfou e Noah rosnou olhando para os lados, esperando o inimigo aparecer. Enquanto a mim?

Eu chorei quietamente ao mesmo tempo que ajoelhava ao seu lado e colocava minha cabeça em seu peito. Seu coração estava tão lento e baixo que mesmo eu, com uma ótima audição, tive que esforçar para escutar suas batidas. Senti seu peito subir e descer, respirando.

“Ele ainda está vivo”, Noah disse tentando me acalmar, mas não foi o suficiente.

“Não por muito tempo”, Luanne disse e fungou. As lágrimas que caíam de meus olhos, eram o dobro que caíam dos seus. “OMG! Daniel”, ela continuou se lamentando e Noah a abraçou.

“Eu disse que tinha alguma coisa errada”, chorei ainda mais no peito de Daniel. “Senti que ele tinha se metido em problemas.”, levantei minha cabeça e olhei para o seu pescoço dilacerado. A mordida tinha sido tão forte que parte dos seus músculos estavam do lado de fora. O sangue , grosso e convidativo, não parava de escorrer, viscosamente. Sujava o seu pescoço, descendo e sujando sua camisa até onde eu tinha deitado minha cabeça.

Minha garganta latejou e eu tentei me concentrar em outra coisa. Seu rosto, por exemplo. Toquei-o e senti sua temperatura estava quase igual a minha. Engoli a seco e o vi no esforço e abrir os olhos. Em parte, eu preferia que ele os fechasse, mas a ideia de ficar sem ver aquela luz prateada me fez ficar quieta. Eu levava aquilo como um adeus.

“Dinnie”, ele sussurrou. Sua voz parecia que iria se quebrar a qualquer segundo. As lágrimas caíram com mais força dos meus olhos.

Ele olhava para mim como se visse a minha alma, se eu ainda tivesse uma. Eu sustentei seu olhar , ainda sentindo as lágrimas caindo de meus olhos. Vi seus olhos oscilando dos meus para meus lábios e subindo rapidamente. Então, eu entendi. Ele estava tentando não olhar para si mesmo. Aquilo causou um aperto em mim. Coloquei meu dedo em seus lábios, não querendo que ele gastasse energia. Além disso, a luz de seus olhos estava apagando.

“Silêncio, meu amor”, eu pedi. Tentei fazer minha voz soar firma, mas ela tremeu. Antes que eu percebesse, tinha voltado a chorar novamente.

Senti sua mão fria se fechando na minha e a pressionando contra seu peito. Era como se ele tentasse dizer que seu coração ainda batia. Muito baixo e muito lento. Por pouco tempo, talvez, mas batia. E era aquilo que estava me impedindo de enlouquecer novamente.

“Daiene e Luke estão com os Rebeldes”, ele sussurrou. Minha mente estalou e eu estava começando a escutar coisas. Aproximei mais meu rosto do seu, sentindo sua respiração em meu rosto e para provar que eu não estava maluca. Ele realmente tinha dito de Luke e Daiene. “Eles foram para um galpão a uns metros daqui”, ele tossiu e um pouco de sangue desceu pelos seus lábios.

“Foram eles que te morderam?”, Noah perguntou.

Até aquele momento, eu não tinha pensado nisso. Quem o tinha feito isso, só que ele estava morrendo. Me inclinei em direção ao seu pescoço e cheirei o ar a sua volta. Além do convidativo sangue, tinha um outro cheiro. Era quase indetectável e , ao mesmo tempo, me lembrava alguma coisa pegajosa. Além de uma fragrância enjoativa e que eu já tinha sentido antes. Meus olhos arderam quando reconheci o cheiro, mas dessa vez, não de vontade de chorar, mas sim, de raiva.

“Daiene”, levantei meus olhos para Daniel, esperando sua confirmação. Minha voz parecia o rosnado de um animal raivoso. E incrivelmente, era como eu me sentia naquele instante. “Posso reconhecer o cheiro do perfume barato dela em qualquer lugar.”, um solavanco no coração de Daniel me fez suavizar a voz e focar em seus olhos cinzas, percebendo que estava perdendo o brilho de vida. “Vaia ficar tudo bem”, eu não sabia bem se estava falando aquilo para mim ou para ele.

E o mais clichê era que, eu tinha dito a mesma frase momentos antes, quando ele ainda estava em segurança. Daniel deu um sorriso triste, parecendo perceber que não era verdade. Eu me lembrava bem como era morrer e saber que Daniel estava fazendo isso lentamente era agonizante.

“Eu te amo”, ele sussurrou, só que mais baixo dessa vez e fechou os olhos.

Seu coração ficou quase que imperceptível aos meus ouvidos e sua respiração se cessou. A sensação era de que estavam arrancando cada orgão meu, sem anestesia. Eu preferia morrer a ver aquilo, mas estava acontecendo de novo. Estava perdendo o amor da minha vida. Será que eu não tinha direito de ser feliz, também?

Parecia um tipo de maldição. Será que era? Por eu ter tirado a vida do meu primeiro noivo eu não seria mais feliz com ninguém e ainda tinha que vê-los morrendo na minha frente? Aquilo era bastante injusto. Continuei chorando encolhida no peito de Daniel, escutando seu coração dando as últimas batidas.

Escutei os passos ao meu lado e abri meus olhos, vendo Noah se ajoelhar ao lado de Daniel e pegar seu pulso. Primeiro pensei em dizer que ele estava com os últimos suspiros de vida, mas, nenhuma palavra saía dos meus lábios. E se eu abrisse a boca, iria sair um grito agonizador aos meus próprios ouvidos. Meu corpo queimava em dor. Parecia que tinha me tacado na fogueira.

Nem quando Marco morreu eu fiquei assim. Torturei o vampiro que o matou e me senti livre. A dor que me acompanhou todos aqueles anos, tinha sido de ter abandonado Daniel tão pequeno. Depois, veio a culpa de nunca tê-lo criado. Acho que não tinha forças nem para ir atrás de Daiene e Luke para torturá-los.

“Chega!”

Levantei meu olhar para Noah e o vi frustado. Ele ainda segurava o pulso de Daniel e seu olhar era assustador e decidido. Estreitei meus olhos, quando algo na boca dele me chamou a atenção. Arfei quando percebi o que era e as suas intenções.

“Noah”, eu disse com o restante do meu ar. “Você não pode drenar Daniel só porque ele está morto. Eu não vou deixar”, tentei fazer com que minha voz saísse decidida, mas não consegui fazer um bom avanço.

Noah levantou sua sobrancelha e me olhou como se eu fosse louca. Luanne estava encostada na árvore apenas observando. “Não vou drenar Daniel.”, Noah disse como se fosse a coisa mais absurda do mundo. “Vou transformá-lo”

“O que?”, eu praticamente gritei.

“Dinnie, eu cansei de ver você sofre.”, ele esclareceu e seu olhos azuis pálidos se suavizaram. Incrivelmente eu fiquei um pouco assustada com AQUELE NOAH. “Se for sentir culpa depois, não tem problema, mas te ver assim.”, ele balançou a cabeça. “Sou um vampiro, não um sadomasoquista. Por isso tomei essa decisão desde que você foi atacada.”, ele não desviou seus olhos do meu nenhum segundo. “Ou você o transforma ou eu”

Ele pegou o pulso de Daniel e o estendeu na minha direção. Não presava nem pensar muito se Noah estava blefando. Ele não blefava. Olhei para Daniel em seus últimos suspiros de vida, e para Noah. Sem olhar conseguia saber que Luanne estava apreensiva com minha decisão. Ela ficava batendo o pé sem parar. Um plano se formou em minha mente. Fechei meus olhos para pensar melhor.

Tinha pouco tempo. Quais tinham sido as últimas palavras dele? Eu te amo. E as do seu pai? Cuide de Daniel e de Marisa. Não teria valido a pena salvar a vida de Marco. Além dele me odiar por toda eternidade, iria correndo para a sua mulher e me deixaria de lado. Mas , Daniel, não. Ele, de algum jeito já queria ser um vampiro. Não sabia quando ele tinha tomado essa decisão, nem quando, mas ele tinha. Eu deveria ter percebido quanto estranho era pedido de mordê-lo.

“Eu faço”, eu disse.

Me ajoelhei ao lado de Noah e ele me esticou o pulso de Daniel e eu o peguei. Olhei no rosto do meu amado mais uma vez e soltei o ar. Joguei minha cabeça para trás, impulsando minha presas a aparecerem e machucarem meu lábio inferior. Sem pensar mais, mordi a parte interna do pulso de Daniel e minha garganta agradeceu pelo incrível gosto de seu sangue. Era tão diferente do animal ou do roubado do banco de sangue. Era quente, assim como o primeiro que eu drenei.

Suspirei com o gosto que pinicava em minha língua, como um doce dos deuses. Me afastei, com um pouco de dificuldade e passei as costas da mão em meus lábios. Não hesitei em morder meu pulso e ver o sangue escorrendo. Luanne e Noah estavam um pouco distantes para que não ficassem tentados. Eu mesmo estava ficando tentada.

O sangue vampiro era mais grosso e viscoso que o dos humanos, além de ter uma cor mais puxada para o vinho. Coloquei meu pulso na boca de Daniel e vi o sangue saindo pelos cantos de sua boca. Segurei sua mandíbula e fiz com que o sangue deslisasse garganta abaixo.

O próximo passo foi a saliva. Lambi o lado interno de seu pulso e do meu. A marca de mordida sumiu quase que imediatamente. Me inclinei para o seu pescoço e lambi o sangue já seco. Tive um pouco de dificuldade para chegar as marcas que Daiene tinha feito, mas consegui lamber ali. Eu nunca descobri ao certo o que tinha na saliva de um vampiro, só sabia que tinha um imediato poder de curar qualquer ferida.

Me levantei vendo meu trabalho feito. Só faltava uma coisa. Daniel morrer. Em base, todos os vampiros eram, realmente, pessoas mortas que andavam. Para se tornar um, tem que ter a transferência de sangue (o vampiro toma o do humano e vice versa), lamber o do humano pescoço para deixar a marca de que área ele pertence. E matá-lo.

Sabia que não precisava iniciar o terceiro passo. Daiene já havia feito isso por mim. O coração de Daniel era apenas uma baixa batida sem ritmo e pronta para encerrar sua última melodia. Eu só não sabia se aguentaria observá-lo morrer aos poucos. Minha cabeça já estava no lugar, sim. Minha decisão por ele já estava tomada e não tinha como voltar atrás. Iria me fazer útil naquele tempo.

“Luanne”, chamei a vampira loira e ela apareceu na minha frente quase que instantaneamente. “Cuide de Daniel e o leve para um lugar seguro para que complete a transformação.”, ela assenti e se sentou ao lado de Daniel. Olhei para Noah que observava com um grande sorriso no rosto. Só ele me conhecia para fazer com que eu voltasse a ser a mesma Dinnie Ray de sempre.

“E nós? O que fazemos?”, Noah perguntou descruzando seus braços e tirando seu paletó.

“Nós vamos atrás de uns vampiros.”, eu disse.

Cinco minutos depois, eu e Noah estávamos pendurados em árvores. Eu na porta da frente do galpão e ele nas dos fundos. Minhas pernas balançavam no ar e minhas mão se fechavam em volta do galho. Minha sorte era que meu corpo era tão leve que o galho nem rangia com o meu peso. Me balancei forçando minha audição apurada a escutar cada palavra proferida li dentro por Luke e Daiene.

“Você se comporta como uma garota mimada, Daiene”, Luke a repreendeu. Mesmo eu não podendo os ver, conseguia o imaginar frustado. “Ainda bem que não era você tinha que se infiltrar no Quartel General de Dinnie Ray. Caso contrário, todo nosso plano teria ido por água abaixo.”

“Eu, você e seu amigo dançaríamos, não é?”, Daiene disse e riu. Fiquei confusa. Tinha mais alguém envolvido nisso? “Supere isso, Luke. Dinnie Ray nunca vai descobrir que fui que matei aquele verme. A uma hora dessa ela deve estar se lamentando.”, seu riso ficou mais alto. “Só de imaginá-la fazendo isso, me deixa tão bem. Tive um prazer enorme matando aquele verme.”

Meu sangue ferveu com as palavras de Daiene e minhas mãos apertaram o galho com uma força surpreendente. Tive que me segurar para não soltar um rosnado e estragar meu esconderijo. Dei um olhar questionador na direção de Noah e ele apenas balançou a cabeça. Ainda não estava na hora. Frouxei meus aperto no galho e esperei, segurando um suspiro.

“Você realmente não conhece Dinnie Ray.”, Luke disse. “Você acha que ela vai ficar a vida toda se lamentando. Quando ela descobrir que você a matou, vai fazer pior do que fez com meu filho, quando matou o pai daquele humano. Duas semanas de tortura vão ser poucas para você, Daiene.”

“Mas, você também está envolvido.”, a voz decidida de Daiene tremeu. “Quem reuniu o exército de Vampiros Rebeldes foi você. Quem passou a informação adiante foi você.”

“E quem matou o parceiro da Senhora Sulista foi você!”, Luke disse. Sua voz não tinha nenhuma variação de humor. Me perguntei se aquele medo que ele demonstrava quando chegava perto de mim era real. “Posso ser preso por traição e punido com tortura. Mas você”, ele pausou e eu o imaginava balançando a cabeça. “Dinnie só irá sossegar quando te tirar tudo. O trono, a confiança de todos os Senhores. A vida.”

Não poderia dizer que Luke estava errado. Realmente faria tudo isso e um pouco mais. A torturaria pelo resto da eternidade. Saber que Luke estava envolvido, não me abalou muito. Ele era um nada para mim. Mais um vampiro do Quartel General. Mas, o fato de saber que seu filho tinha matado Marco... Isso sim, me abalou. Aquilo era, em parte uma vingança. E também era um tipo de auxílio a um amigo que, pelo que entendi, nem Daiene sabia quem era.

“Deixe que de mim, eu cuido”, ela disse, tentando apagar a imagem de sua mente. A imagem de mim a matando. O que eu faria com bastante prazer. “Me fale de seu amigo. O que ele ganha com essa guerra?”

“O prazer de encontrar uma velha amiga.”, Luke disse e em sua voz, pude detectar um sorriso. “Será magnífico e estou contando os dias para presenciar. Não se agite, Daiene. Crie uma desculpa por estar inteira e seus guardas mortos. Além do fato que você mesma os matou.”

“Sorte que eu não convidei mamãe e papai. Seria uma pena matá-los. Se bem que, eu teria o trono garantido por um bom tempo.”, ela riu.

Garota mimada. Iria adorar arrancar o sorriso do rosto dela. Ainda não sabia como pessoas tão boas e doces, como seus pais, tinham dado a luz aquele monstro. Olhei para Noah mais uma vez, e seu rosto estava vazio. Ele deveria estar pensando em alguma manobra de batalha. Me balancei no galho , tentando chamar a sua atenção. Ele me encarou e eu levantei minha sobrancelha, uma pergunta em meus olhos. Ele olhou para a cabana mais uma vez e assentiu. Tirei uma das mãos do galho e levantei meus dedos em uma contagem regressiva.

3.

2.

1.

Dei impulso com a mão que estava no galho e entrei com tudo na casa. Noah entrou pelo outro lado, me encontrando. Daiene arregalou os olhos quando nos viu, então assumiu uma postura agressiva, se agachando e mostrando suas presas para mim. Luke fez a mesma coisa para Noah. E a dança da morte começou.

Eu e Noah nos preparamos para atacar e ficamos circulando nossos adversários. Uma diferença entre a minha luta com Daiene e a luta de Noah com Luke? Nós três, menos Daiene, tem práticas de batalhas. Então, a minha seria bem mais fácil. Vi os objetos pontiagudos nas paredes do galpão, e tive a ideia de matar Daiene como um caçador. Empalando.

As duplas foram feitas e se separaram. Eu e Daiene fomos para o fundo do galpão, cada vez mais perto das armas. Nenhuma abaixava a guarda. Consegua escutar os rosnados de Luke e Noah. Noah, estava bloqueando a porta para que Luke não fugisse. Não pude ver muito além disse, porque Daiene veio para cima de mim.

Ela veio correndo e me jogou no chão. Meus pés pousaram em sua barriga e a empurraram para longe de mim. Coloquei minhas mãos no chão e tomei impulso para levantar. Pude ver que Daiene tinha caído exatamente em cima das armas. Ela olhou para uma delas e pegou-a. Demorou um segundo para eu ver que era um facão. A vampira veio para cima de mim, o facão apontado e os rosnados incontrolados saindo de seus lábios.

Sua falta de práticas em batalhas, era envergonhadora. Quando estava a poucos centímetros de me alcançar, peguei a parte afiada do facão (com cuidado, é claro), e o girei, fazendo o que atingisse sua barriga. Seus olhos verdes se arregalaram e ela olhou para aquilo nela. O sangue grosso deslisava por seu vestido preto. Empurrei a faca mais fundo, sabendo que ela não iria morrer, mas que estava doendo como nunca.

Como se para comprovar que estava realmente doendo, ela soltou um grito agoniante e caiu no chão. Seus olhos não se desviaram do meu. Sua mão soltou o cabo da faca e eu o peguei. Minha vontade era de terminar de passar a faca por seu corpo, mas não o fiz. Sentia prazer apenas com seus olhos assustados e seus gritos. Os rosnados de Noah e Luke também haviam parado. Apostava que a luta deles havia sido mais emocionante que a minha, mesmo sendo tão rápida quanto.

“Dinnie, por favor”, Daiene pediu. De sua boca, saiu um pouco de sangue.

“Cale a boca, ou eu tiro essa faca de sua barrida e a enfio no seu cérebro.”, ameacei com um rosnado. Daiene tossiu sangue e seus olhos rodaram. Ela jogou sua cabeça para trás e desmaiou.

Olhei para Noah que tinha Luke preso, amarrado nos pulsos e nos tornozelos. Ele sorriu para mim, enquanto pressionava o rosto de Luke contra o chão com o pé. O perdedor reclamou e rosnou. Noah e eu rosnamos de volta para ele e nos preparamos para levá-los até a casa de Dorian, onde seriam julgados e condenados a morte.

E eu estava me preparando mentalmente para conhecer o novo Daniel.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse: Me odeiem.
Próximo Capítulo (surpresa), ainda essa sexta. Fui muito má e fiz vocês esperem muito. Por isso, sexta vou postar o capítulo 22.
Outra notícia, quando eu postar o capítulo 24, vou começar a colocar outra história em divulgação. Espero que todos acompanhem assim como acompanharam Senhora Sulista.
Ah é, deixem Reviews



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