Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 12
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora de postar. Fiquei sem net, mas aí está o capítulo



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Capítulo 12 – Daniel Gonzales

Os dias se sucederam e Dinnie veio me evitando ao máximo. Já que o fechamento das divisas era apenas no entardecer, eu pudia ir trabalhar de dia. E assim se estabeleceu a nossa rotina.

De manhã eu ia trabalhar enquanto Dinnie ainda dormia. Voltava no entardecer, mas quando chegava em casa, ela já estava indo ao quartel general e só me dava um rápido “tchau” murmurado. Quando ela chegava de madrugada, eu já estava dormindo.

A privação de seu toque, sua voz e seu cheiro era uma verdadeira tortura. Na oficina onde eu trabalhava, vivia aéreo. Tanto que fui vítima de inúmeras gozações de colegas, que, por sua vez, também eram caçadores. Por isso, sempre usava o colar da proteção por baixo do macacão.

“Hei, Dan”, Ian, um colega baixinho e robusto me chamou a atenção. “Acorde, cara.”

Suspirei pela centésima vez naquele dia e me obriguei a deixar minha mente apenas no trabalho. Alguns dos meus colegas riram, mas outros se voluntariaram a me ajudar. Luan, o mais novo de nós, colocou a mão em meu ombro e deu o seu melhor sorriso jovial.

“Problemas no paraíso, Dan? Quer conversar?”, ele ofereceu. Mas logo foi cortado por Ian, de novo.

“Luan, cresça. Você mal saiu das fraldas”, então seu olhar foi para mim. “Se precisar de ajuda com mulher”, ele piscou. “sabe a quem pedir, não é?”

Ri nervoso e me tornei evasivo as suas perguntas. Se eles soubessem que tipo de problema eu estava vivendo, me matariam.

Meu Deus! Eu beijei uma vampira e por livre e espontânea vontade. E não uma simples vampira, mas a Senhora Sulista. Ainda sentia o gosto dela em minha língua e tinha certeza que se a beijasse novamente, por mim, não pararia ali.

Algo nela me atraía de um jeito que ninguém mais soube fazer. E eu gostava. Mas, as vezes, eu achava que ela tinha uns distúrbios de humor. Uma hora era mandona, outra ficava nervosa e começava a se desculpar. Outra ficava cheia de segredos e enigmas. Dessa última parte eu não gostava.

Já ia fazer uma semana que nós estávamos “morando junto” ( e ela me evitando) e eu fui mandado parar casa um pouco antes do entardecer.

Obviamente surpreendi Dinnie, porque ela não me esperava aquela hora. Fui direto para o meu quarto quando ouvi o barulho de uma porta sendo fechada. Me frustei com o tamanho da minha covardia.

Se tive coragem o suficiente de beijá-la, tinha que ter para arcar com as consequências. Peguei uma muda limpa de roupa e fui em direção ao banheiro.

E , acidentalmente, trombei com Dinnie Ray na entrada.

Eu tinha ouvido uma porta se fechando quando eu cheguei, só não sabia se era a do banheiro ou a do quarto.

Era a do banheiro. Ela estava saindo enquanto eu entrava e nós trombamos um no outro. Eu poderia ter dado espaço para ela passar e sair, tudo sem dizer nada, mas seria covardia demais.

Vendo que eu não sairia da sua frente, Dinnie tentou passar por um espaço mínimo entre mim e a porta, corada, tudo evitando me olhar diretamente nos olhos. Naquele momento, eu tive certeza de duas coisas.

Primeiro, ela tinha gostado do beijo, mas não conseguia admitir nem para mim e nem para si mesma. Segundo, eu não podia deixá-la escapar dessa vez. Eu tinha quase certeza que ela poderia me evitar o máximo de tempo possível.

Antes que ela se afastasse, agarrei seu ante braço e a fiz me encarar. Minha garganta secou, minha mão formigava, minha mente ficou em branco. Tudo por causa desse contato com sua pele.

A primeira coisa que eu reparei nela foi sua roupa estilo anos 80. Calça de cintura alta preta, por cima de uma blusa branca sem alças ou mangas e saltos. Os cabelos estavam soltos, escondendo sua gargantilha, a tatuagem e parte dos seus olhos vermelhos.

Ela sempre parecia elegante. E quanto a mim? Sempre parecia o seu escravo. Seus olhos estavam arregalados e por um momento eu não pude me mexer, apenas a admirando.

Era irônico que ELA estava assustada por eu a tê-la segurado. Como se eu fosse o predador e ela a presa indefesa. Conseguia sentir a tensão no ar por causa desse pequeno contato.

Limpei a garganta algumas vezes, mas quando fui falar, minha voz saiu mais rouca e rude do que eu queria.

“Dinnie”, eu disse. Senti ela estremecer e fechou os olhos.

“Sim”, respondeu, mas não abriu os olhos. Era tão prazeroso ouvir sua delicada voz novamente depois de quase uma semana de tortura.

E agora? Qual era o meu próximo passo? Beijá-la? Não, nem pensar. Abraçá-la? Não sei não. Talvez pudesse me desculpar. Faria tudo para poder ouvir sua voz mais uma vez.

“Me desculpe por, sabe, o beijo”, eu disse ainda a encarando. Minhas palavras a fizeram abrir os olhos e me estudar.

“Por que está se desculpando?”, ela perguntou. Dessa vez eu realmente me surpreendi. Ela tinha gostado de verdade. Algo em meu peito se esquentou e um sorriso brilhou em meu rosto.

“Não sei”, comecei a me aproximar mais dela quando ela se livrou da minha mão e partiu como um raio novamente para a porta, parando apenas para dizer:

“Estou atrasada”, e fechou a porta.

O sorriso continuou em meu rosto até a hora de dormir. Ver como ela se sentia atingida por mim enchia meu peito com um certo orgulho doentio. Teria aquela vampira de uma forma ou outra.

Mas, mal sabia eu que seria tão cedo, ou melhor, naquela mesma madrugada.

Eu estava tão distraído com lembrança de seu corpo em minha mãos que não me dei conta de ser observado. Arrastei meu olhar do nada para a porta e a encontrei ali, encostada no batente , me encarando.

Dinnie estava perfeitamente parada com uma blusa branca e um short preto que ficava bem acima da coxa. Para alguém tão formal como ela, vestir algo daquele tipo era novidade. Os cabelos ainda soltos enfeitavam seu rosto e faziam contraste com a pele de pêssego e aos olhos vermelhos.

“Sem sono?”, ela perguntou. Como se eu fosse a pessoa parada na porta da outra.

“Sim. E você, preocupada?”, me sentei. “Sente-se”, a chamei. Como se a casa fosse minha.

Ela hesitou por alguns instantes, mas se sentou a minha frente na cama, sempre mantendo uma distância segura entre nós dois, claro. E algo no jeito que ela se distanciava não me agradava em nada.

“Estou preocupada, mas não comigo”, ela deu um sorriso tímido que me deixou sem ar. “Com você”

Suas palavras me surpreenderam de um modo indescritível. Na verdade, no tempo que eu estive na casa de Dinnie, ela só tem feito me surpreender. Com seu jeito de ser comigo, seu jeito de agir com os vampiros. Como ela era amada, querida e respeitada por eles e por mim.

“Vire-se”, mandei de repente. Se ela sabia surpreender, eu também sabia.

Ela arregalou seus olhos, mas depois de um bom tempo me encarando, obedeceu. O que me deixou mais surpreso ainda.

Me aproximei de suas costas parando para admirá-las. De costas dava para ver seus cabelos caindo como cascatas, mas eu tive que coloca-los para frente para poder chegar mais perto.

Senti Dinnie se inquietar um pouco com meu toque, o que me instigou a dar meu próximo passo. Deixei meu rosto bem próximo de seu pescoço, de modo que ela sentisse minha respiração. Então, coloquei minhas mãos em seus ombros e comecei a massageá-los.

Ela estava tão tensa que chegava a endurecer os ombros, como se ela tivesse engolido em cabide. Eu não sabia se isso era de preocupação ou por minha aproximação ousada.

Quando vi os primeiros sinais de sua calma chegando, dei mais um movimento ousado. Colei minha boca em sua orelha e comecei a sussurrar:

“Se abra comigo, Dinnie. Me mostre quem você é de verdade”, se ela não me contaria seus segredos do modo fácil, seria do difícil. Essa mulher me intrigava de um jeito indescritível. Tanto que eu não conseguia mais vê-la como vampira, apenas como mulher e uma das mais lindas.

“Daniel, eu não posso”, ela empurrou as palavras. Senti seu corpo mais entregue, então comecei a beijá-la no pescoço, na sua tatuagem de raposa.

“Pode. Vamos lá, Dinnie”, eu dizia em meios aos beijos. “Se entregue a mim”

“Não posso. Você não entende as consequências”, ela disse, sua voz já fraca, então sua cabeça foi um pouco para o lado , expondo ainda mais seu pescoço e tatuagem.

“Não pense nas consequências, mas apenas no aqui e no agora”, e nisso eu já não estava mais satisfeito com o seu pescoço. Ansiava por sua boca, seus lábios nos meus.

Foi por isso que a virei para mim, de modo rápido e eficiente e a beijei de um jeito animal e urgente que nunca fez parte de mim.


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